— JOHANNA? JOHANNA MASON? - gritei fazendo-a rir.

        POV KATNISS

        Confusão é a palavra que me resume no momento. Peeta e eu estávamos no maior clima, conhecendo nossos corpos além do que eu pensei algum dia de minha vida. Nos beijamos como se não houvesse amanhã e eu estava amando aquilo, nunca me senti assim com outro cara. Íamos ultrapassar aquela linha imaginária de “somente amassos e beijos” para um contato mais físico e com mais amor.

        Me surpreendi com a experiência de meu namorado em conseguir controlar tão bem a situação. Nesses 12 anos que nos conhecemos, Peeta nunca demonstrou que era bom de cama ou algo do tipo. É claro que nós falamos sobre sexo, nossa amizade nunca teve tabus, sempre fomos extremamente íntimos.

        – JOHANNA? JOHANNA MASON? - ele gritou. Quem é essa mulher batendo na porta?

        Por um momento achei que era um ladrão ou sei lá. Effie e Haymitch não estavam em casa, a porta principal estava trancada e ainda haviam seguranças. Estávamos no terceiro andar e duvido muito que fizemos algum barulho. Como alguém poderia ter entrado sem ao menos ser conhecido? O porteiro teria avisado.

        – Quem é, buddy?

        Esse imbecil nem fez questão de me responder. Levantou-se e recolheu suas roupas do chão, vestindo-as. Fiquei olhando para ele com cara de idiota, e parece que ele nem percebeu. Estou tão brava! Essa mulher tinha que ser especial demais para ele interromper um momento comigo, mas que mulher era mais especial que eu? Sou a única da vida de Peeta, e sempre fui. Tinha que ser justo agora para nos atrapalhar?

       Peeta abriu a porta e logo fechou, provavelmente escondendo que eu estava aqui dentro. O quarto era grande, dificilmente essa tal de “Johanna Mason” conseguiria me enxergar.

        – Como eu senti sua falta, conquistador.

        Me encostei na porta para escutar melhor a conversa. Isso soa egoísta e possessivo da minha parte, mas o namorado é meu e tudo que tenho preciso cuidar. Senti dificuldade em ouvir o que estavam falando pela distância que os dois se encontravam da porta, parecia que tinham se afastado do quarto para conversarem.

        – Aconteceu tanta coisa nesses anos, - diz Peeta - afinal não te vejo há muito tempo.

        – Foram nove longos anos para mim Mellark, senti muito sua falta.

        Agora só escuto um silêncio, ou seja nada. Me senti traída por um instante, por qual motivo Peeta não me contou sobre ela? Se fazem nove anos que ele conhece Johanna, eu deveria saber da amizade entre os dois, afinal fazem doze que eu o conheço. Silêncio, ainda. Algo me diz para abrir a porta. E se os dois estiverem se abraçando, ou se essa mulher for atirada e de repente beija meu namorado? Não, Katniss. Peeta não faria isso com você.

        Esse pensamento não me impede de sair desse quarto e mostrar minha cara para essa Mason, ela deve saber quem eu sou. Katniss Everdeen, família rica, capa de revista, entrevistas? Óbvio que me conhece. Coloco minha mão na maçaneta e abro com afobação.

        – Meu amor, que demora. - encaro Johanna e olho com desprezo - Olá, te conheço?

        Alta, cabelos escuros e olhos claros. Aparenta ser mais velha, mas só perguntando para saber. Tem jeito de ser grossa e desprezível, primeira impressão não foi boa. Definitivamente não faz o estilo de meu namorado, sem preocupações. Meu instinto de mulher bateu agora, risos.

        – Kat, me desculpa. - me dá um selinho - Essa é minha amiga, Johanna Mason. Ela é irmã do Cato…

        Ele hesita em continuar, e eu sei exatamente o motivo. Tive um caso com Cato antes de Gale, foi namoro de criança mas lembro de Peeta ficar furioso. Era ciúme, eu sou ciente disso agora. Foram só cinco meses, mas foi tempo suficiente para meu melhor amigo se afastar de mim e sair com qualquer garota que aparecia. Muito infantil da parte dele, principalmente para alguém como Peeta que nunca foi de ser ciumento. Me senti rejeitada na época, mas sei que foi uma fase.

        – Não lembro de Cato falar que tinha uma irmã, mas prazer. Katniss Everdeen, namorada e melhor amiga desse garoto aqui. - estendi minha mão para ela e me puxou para um abraço, credo.

        – Amiga do Mellark é minha amiga também, fofa. - me encarou nos olhos - Filha dos Everdeen então? Vocês dois se merecem mesmo.

        O que quis dizer com isso? Só porque somos ricos nos merecemos, então é assim que a sociedade enxerga um namoro: dinheiro. Completamente hipócrita da parte dela esse comentário.

        – Nos conhecemos desde os cinco anos, sabemos tudo da vida um do outro. Estranho é Peeta nunca ter me falado de você. Algo a dizer, querido?

        – Johanna pouco se encontrava comigo, morava numa cidade vizinha, então mantinha pouco contato com ela. Quando eu tinha oito anos, ela saiu do país com o pai e uns anos depois, Cato foi com a mãe.

        A mulher tinha um semblante que não conseguia decifrar. Alegria? Talvez, porém estava mais para alguém que estava precisando de ajuda. Aquela velha história de cachorrinho que caiu de um caminhão de mudança, mas não tão exagerado. Ela procurou meu namorado por algum motivo e com o tempo irei descobrir. Já ia respondê-lo quando escutei uma buzina de carro na frente de casa, parece que os dois perceberam também pois colocaram o olhar no primeiro andar. A casa é dividida em três andares, dois lances de escada e cada andar tem um tipo de “mezanino” que é possível enxergar o que está abaixo de nós.

        – Vamos descer. - disse Peeta.

       “É verdade que está namorando a Everdeen?” “A quanto tempo vocês escondem o relacionamento?” “Katniss traiu Gale?”

        Perguntas e gritos vinham do lado de fora. O motivo desse assédio é claro: paparazzis. As pessoas que invadem nossa privacidade e me tiram do sério. O estranho é que fazia tempo que não acontecia isso conosco, parecia uma espécie de trégua com nossas famílias. Eu definitivamente estava errada.

        – Johanna, sai daqui agora - grito e vejo seu olhar incrédulo com minha fala - quero dizer, se tranca num quarto e não sai de lá.

        Ter essa mulher aqui traria muito mais confusão e especulações da parte da imprensa. Eu e Peeta nunca precisamos de publicistas ou uma equipe para cuidar da nossa dita “fama”, nossos pais eram suficientes para desmentir certos boatos. Amo ser da família que eu sou, mas assédio é uma parte que não tem como suportar.

        Após Mason subir, por obrigação minha, coloquei minha mão na maçaneta e abri a porta. Milhares de flashes e câmeras apareciam de todos os lados, repórteres e mais repórteres colocavam seu microfone na nossa cara. Eles são tão abusivos que cheguei a ponto de quase cair para trás, mas por sorte Peeta me segurou.

        – Posso saber como entraram?

        – Descobrimos a entrada de empregados do condomínio. - disse um paparazzi na maior cara de pau - Então Katniss Everdeen estava aos amassos com Peeta Mellark em sua casa… sozinhos? Usem camisinha, crianças.

       Teria usado se não tivesse sido interrompida, pensei.

        – Chega! Filhos da… - hesitou em continuar - Saiam daqui agora!

       E como qualquer outra estrela de Hollywood, Peeta fechou a porta na cara desses imbecis. Fez mais do que certo, eles não têm nada que ver com o que eu faço ou não com meu namorado. Ridículos.

       – Tudo bem Kat? Eles te machucaram?

        – Não, tá tudo bem. Você foi meu super-herói! - rimos - A única coisa que está na minha cabeça me corroendo, é por qual motivo sua amiga voltou. Johanna não teria saído do país por qualquer coisa, Peeta.

        – Eu sei e depois conversamos… Vamos chamá-la? Ela já deve ter cansado de ficar presa naquele quarto.

       Subimos a grande escada que separava o primeiro do segundo andar, e caminhamos até o primeiro quarto que estava no corredor. Se eu não me engano, aquele cômodo era o que Haymitch e Peeta jogavam suas partidas de cartas, sinuca e toda aquela besteira que homens fazem quando estão se divertindo.

        Johanna estava sentada num pufe, toda atirada, assistindo televisão. Recém chegou na casa e já se sentia a dona, mi casa es su casa. Provavelmente deve ser seu lema de vida. Isso que eu chamo de bons modos, só que não.

        – E aí Joh, aceita dar uma volta pela cidade?

        – Que pergunta, Mellark. Como recusar esse convite do casalzinho mais badalado de Beverly Hills? - respondeu.

        Admito que sair com a Mason não seria um dos melhores programas a se fazer. Mesmo que eu não tenha tido uma boa simpatia com ela de cara, é amiga de Peeta e preciso aturá-la pelo menos. Logo que fomos nos preparando para sair, Johanna recebeu um telefonema e se afastou.

        Seu rosto tinha mudado de expressão de uma hora para outra, só com o olhar que colocou ao ver quem estava lhe ligando. Não sou metida nem nada, mas fiquei curiosa. Peeta tentou se aproximar, mas parece que a conversa estava séria demais então recuou.

        – Eu… E-eu… Eu preciso ir! - falou Johanna, gaguejando.

        – Espera! O que aconteceu?

        Era tarde demais. Já tinha saído da casa às pressas, sem nem olhar para trás. O quão grave tinha acontecido para sair desse jeito? Muito estranho… Infelizmente, algo estava ali para ficar ainda pior. Os paparazzis não haviam ido embora, desobedecendo a “ordem” de Peeta. Holy crap.