A felicidade reinava para todos os lados que se olhava nas ruas de Chicago, especialmente nas residências dos Swan’s e Cullen’s. Aqueles tempos de prosperidade típica da Bélle Époque ainda estavam em seu auge. Era como se a guerra fosse um pano de fundo negro, distante, que era um assunto exclusivamente dos europeus, enquanto os americanos ainda viviam em sua Bélle Époque.

Bella poderia dizer com todas as letras que aqueles foram as semanas mais felizes de sua vida naquela cidade. A felicidade seria completa se sua mãe estivesse com ela, compartilhando também do seu êxtase.

Às vezes se pegava como um despertador tocando em hora indesejada, pensando e se lembrando da Sra. Renée, como ela ficaria feliz em ver a sua “pequena notável finalmente caindo de amores por um rapaz de boa índole”, como ela costumava dizer. Com a mãe, Bella não tinha segredos, porém não se podia dizer o mesmo com o pai. Em relação às coisas do coração, a moça era extremamente reservada e o Sr. Charlie não era de tocar nesses assuntos com a filha, apesar de já querer casá-la o mais breve possível.

Então, por enquanto, Bella resolveu que não contaria nada sobre Edward (que agora poderia chamá-lo pelo nome de batismo), que por sinal conseguiram encontrar um meio de se encontrarem às escondidas.

Soube pelo próprio rapaz que estava ajudando o pai no hospital e provavelmente voltaria para a universidade no ano que vem, “assim termino o curso de Medicina, trabalho junto com meu pai no hospital, juntando o meu salário, mais a minha parte da herança, como é meu direito, poderei sustentá-la, somando a isso o seu dote, poderemos nos casar sem problemas”.

O fato de o casal preferir segredo de seu relacionamento não impediu da Sra. Cullen acabar descobrindo. A mudança de comportamento de Edward, sua alegria sem motivos, principalmente a sua volta repentina de escrever poesias, confirmou as suspeitas da amorosa mãe. Sabia que o filho estava apaixonado, já tendo uma suspeita por quem. Porém, ficou só com sua investigação particular, não incomodando Edward com perguntas indiscretas e indiretas, como muitas mães costumavam fazer com seus filhos e filhas.

Numa bela manhã, Bella como de costume, foi dar o seu passeio matinal pelo Lago Michigan. Estava uma manhã fria, com um sol tímido despontando no horizonte, banhando o Lago. O vento chicoteava o rosto da jovem, levantando-lhe os cabelos.

A pequena praça, próxima ao Lago, estava tranqüila, com alguns pombos brincando em volta e turistas admirando o cenário.

Caminhava despreocupada, pensando em como sua vida mudou tão bruscamente. Há meses atrás parecia que tudo estava acabado, que não havia nenhum tipo de futuro para ela e para seu pai, somando isso mais a decisão de virem para Chicago foi a mais estúpida que já tomaram. Agora só teria que agradecer, pois se não fosse por essa decisão estúpida, não estaria noiva do rapaz mais dócil que conheceu...

Perdida em devaneios, não percebeu que um pequeno grupo se aproximava dela. Era Sr. Emmett McCarty e sua esposa, e a Srta. Alice Cullen. Estavam ainda há alguns metros de distância dela, mas o suficiente para notá-la, então a Srta. Alice acenou e Bella acenou de volta.

Quando viu de quem se tratava, as feições da Sra. Rosalie se tornaram repulsivas para o objeto de sua observação, e rapidamente ela se afastou, caminhando em direção à sua casa, que não ficava muito longe.

Aquela não era a primeira vez que Bella percebeu tal atitude por parte da Sra. McCarty, e isso a deixou intrigada. Nunca se quer trocou uma palavra com ela, portanto não haveria motivos para esta senhora não desejar-lhe sua companhia. Bella não ficaria preocupada se não se tratasse da irmã mais velha de Edward e também sua futura cunhada...

Entretanto, todos esses pensamentos se dissiparam com a aproximação da Srta. Alice e seu cunhado e este com sua camaradagem e amizade, passando os três caminharem juntos.

Era hilariante o relacionamento dos dois parentes. O Sr. Emmett tinha um caráter extremamente humorístico, com um pouco de sarcasmo, só que no bom sentido da palavra, adorando importunar a cunhada, principalmente com insinuações sobre o Sr. Jasper. Bella só observava a cena, rindo.

- Eu já lhe disse minha cara cunhada, que aquele rapaz tem sérios problemas de natureza psicológica. Além de um pouco de falta de elegância, principalmente no seu andar esquisito, parece manco. E o que aquele visual? Tão medieval! – Nessa hora, caiu no riso – Sinceramente, minha cara, o Sr. Jasper Hale é o rei da esquisitice! O que acontece com esses jovens quando eles entram no exército? Perdem completamente o cômico, ficam vazios...

- Pare com isso, Sr. Emmett! Sabe que não é verdade. Eles precisam ter disciplina...

- Ora, grande atributo! Disciplina! Odeio seguir regras, padrões. Não suporto. Sou um ser humano não um robô. O Sr. Jasper até que é uma exceção, pois ele pelo menos ri e conversa. Não posso dizer o mesmo de muitos por aí... O seu irmão, meu caro Sr. Edward... Por favor, Srta. Alice não o deixe ir para o exército. Vai virar outro babaca e seria desperdício!

Bella deu uma risadinha, enquanto a Srta. Cullen olhava feio para o cunhado que ria estrondosamente.

A insinuação do Sr. Emmett sobre Edward no exército perturbou a jovem Swan. Desde que noivaram nunca conversaram sobre isso, o que a deixou desconfiada.

Edward ainda planejava ir à guerra, mesmo tendo uma noiva que o esperava?

Despertou de suas reflexões com o comentário do Sr. Emmett:

- Acho pouco provável que o Sr. Edward seja tão tolo de ir à Europa nessa época do ano. A situação por lá é de calamidade, mesmo com a guerra ainda não ter sido anunciada oficialmente, o que acho que não vai demorar. Porém duvido que agora ele esteja pensando nisso. Desde que os Swan’s chegaram à cidade, meu cunhado anda muito distraído...

O olhar cheio de suspeitas dele mais a risadinha da Srta. Alice fez Bella corar. Ele era pior que sua avó em insinuações: ele era direto. Esperava que também que ele não fosse impertinente como a Sra. Helen Swan.

Com toda a elegância, respondeu despreocupada:

- De fato Sr. McCarty, não tenho muito contato no dia-a-dia com o Sr. Edward para saber.

- Ora, Srta. Swan não se faça de ingênua. Os dois foram alvo de comentários no baile na casa dos Cullen’s. É muito suspeito que tenham os dois sumidos da festa...

Bell percebeu que estavam entrando em um assunto perigoso, e agradeceu aos céus pela Srta. Alice intervir:

- Como o senhor é sem etiqueta, Sr. Emmett! Por Deus! O senhor é pior do que as velhas fofoqueiras da cidade!

O Sr. Emmett caiu na gargalhada, enquanto Bella ria de puro alívio. Ainda não sentia segurança o suficiente para afirmar que naquela noite ficou noiva de Edward, se bem que a Srta. Alice parecia também querer que o cunhado arrancasse a verdade dela.

Continuaram o passeio conversando alegremente, mas não veio à baila nenhum assunto que se referisse a algum tipo de noivado ou coisa do gênero. O que permaneceu foi a implicância do Sr. Emmett com a cunhada, o que era no todo inevitável.

Depois daquele passeio agradável, Bella voltou para casa, feliz por ter ganhado o bom conceito do Sr. Emmett, apesar das suas insinuações; deixando-a ainda mais satisfeita a amizade da Srta. Alice. Já era um bom começo.

À tarde, como era de costume, Bella foi para a varanda a fim de aperfeiçoar seus hábitos de leitura. O Sr. Charlie chegou mais cedo do trabalho, fazendo companhia para a filha naquela deliciosa paz e tranqüilidade. Só comentavam algumas notícias, o que fez o dia inteiro e depois cada um voltava para a sua leitura.

O silêncio foi quebrado com a governanta anunciando que o Sr. Edward Cullen veio visitá-los, trazendo o rapaz à presença deles. Bella sentiu um calafrio e grande desconforto: tinha medo que seu pai suspeitasse de algo, se é que ele não já suspeitasse, ou que Edward fizesse algum comentário imprudente.

Bella nunca ficaria não deslumbrada toda vez que olhava para Edward. Tudo nele ainda e sempre a encantaria, o que seria difícil acostumar-se com a idéia de ser tão afortunada.

Depois dos cumprimentos, os três sentaram-se tendo a conversa iniciada com o Sr. Charlie:

- A que devo a honra de sua visita, Sr. Edward?

- Estava de passagem e achei que seria muita má educação não vir cumprimentá-los... - Edward olhou sugestivamente para Bella que entendeu o significado: veio até a sua casa com o único objetivo de vê-la.

  - Ficamos muito agradecidos com sua gentileza, Sr. Edward. O que seria de nós sem nossos amigos?

Edward sorriu, acompanhando a linha de raciocínio.

- Creio Sr. Charlie, que a amizade tem que ser conquistada, sem nenhum tipo de intenção ou interesse. Não se deve forçar uma amizade e creio que o senhor é ótimo em fazer amigos. O senhor cativa as pessoas.

- Ora, muito obrigado Sr. Edward. Tento ao máximo não ser vaidoso nessa questão, mas é algo que eu gosto em mim mesmo. Mas não acho que meus modos, minha idade e nem meus atributos são cativantes, isso transfiro para minha Bella, que além de tudo o que citei, é inteligente e sensata.

- Com toda a certeza. E com todo o respeito, a Srta. Swan é cativante até demais... – O jovem deu uma risadinha, enquanto Bella corava. Esta respondeu:

- Obrigada pelo elogio, Sr. Edward. Fico honrada em saber que eu tenha essas qualidades, porém discordo de papai sobre a juventude influenciar a personalidade social. Existem muitos jovens de boa aparência nada cativantes ou interessantes para se conversar, enquanto existem pessoas mais maduras muito mais cativantes e inteligentes em uma conversa. É só uma questão da pessoa em si.

 O Sr. Charlie até que concordou com o pensamento da filha, mas não por inteiro, enquanto Edward concordava plenamente, pois Bella era um exemplo de uma jovem cativante, mas ao mesmo tempo com amadurecimento. Ele, se achando tão imaturo, ter em companhia e futuramente esposa uma senhorita tão cheia de qualidades como Bella era tudo o que ele precisava, ficando assim plenamente satisfeito.

Queriam muito um momento a sós, só que sabiam que seria impossível, então se contemplavam, não passando despercebido do Sr. Charlie, que já começava a alimentar suspeitas há muito tempo.