Área 51 escrita por Fenix


Capítulo 4
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April colocou o fone de ouvido após abrir o primeiro vídeo da pasta.

Oi, eu sou Taylor O'Brien, um astrofísico contratado pelo governo para trabalhar na base militar, Área 51... - Taylor apareceu na tela causando uma pequena tristeza no coração de sua filha. O vídeo foi filmado por uma webcam ou celular, devido a péssima qualidade da imagem. - Hoje chegaram na base dois corpos humanoides para analise. Consegui observá-los por um curto prazo de tempo... Não sei direto o que eram aquelas coisas, mas ainda estavam vivas.

A jovem respirou fundo enquanto assistia ao vídeo. Esse vídeo ainda não trazia as respostas que ela queria, e mesmo que ela fizesse algo com essas afirmações, não tinha como comprovar. Outros cientistas que já trabalharam na Área 51 e foram a público contar sobre seus experimentos, foram absurdamente ridicularizados na mídia e ignorados por muitos. Do que adianta a população querer acreditar que existe vida em outro planeta, se não acredita nem no ser da própria espécie? Esse vídeo poderia mudar a forma de pensar de muitos por ai, mas ainda não seria o suficiente para fazer os mais céticos crerem que nessa escura imensidão da galáxia não somos os únicos seres conscientes.

 April selecionou outro vídeo após seu pai terminar de relatar sobre os pequenos corpos humanoides, o que pra ela ainda é um pouco estranho, pois seu pai disse que os pequenos seres de 30 centímetros que se comunicavam entre si por um dialeto próprio e por telepatia com os humanos. Mesmo acreditando fielmente em tudo que seu pai dizia, April mantinha suas dúvidas em tamanha loucura, isso parece muita ficção científica para acreditar que seja real.

As pesquisas sobre a estrela KIC 8462852 retornaram após avistamentos de objetos não identificados rondando por ali e uma forte luz brilhar na galáxia. Algumas pessoas sugeriram que aquilo que ocorre por lá é somente o resultado de um enxame de cometas ao redor da estrela.  Porém, eu sei que se fosse mesmo devido a poeira de cometas, a diminuição do brilho deveria ser gradual, e não repentina, como foi o caso.

 Ela pausou o vídeo já abrindo o navegador do notebook. Assim que a página de pesquisa carregou, April digitou o nome da estrela e abriu o primeiro link que avistou. A notícia sobre a estrela KIC 8462852 batia com o que seu pai relatava no vídeo. Uma parte da notícia lhe chamou a atenção "A curva de luz da KIC8462852, de 1890 a 1989, mostra uma tendência altamente significativa nos últimos 100 anos, isto sendo completamente sem precedentes para qualquer tipo de sequência em estrelas do tipo F.  Tais estrelas deveriam ser muito estáveis quanto a seus brilhos, com sua evolução em escalas de somente muitos milhões de anos.  Assim, os dados de Havard por si mesmos provam que a KIC8462852 possui variações fotométricas de alta amplitude que são únicas." em outra palavras, a pesquisadora Britnay Schaefer, e Taylor O'Brien acreditavam que a anomalia tem diminuído gradativamente o brilho da estrela pelos últimos 125 anos.  Confirmando a tese da inteligência extraterrestre, e apoiando a hipótese de que ETs estejam engajados num dos maiores projetos de captação de energia do Universo.

Essa é uma estrela muito estranha, que me lembra quando descobrimos os pulsares. Eles estavam emitindo sinais de rádio bem estranhos que ninguém havia visto, e o primeiro a ser descoberto foi batizado LGM-1.  - O vídeo continuou com April focada nas palavras que seu pai dizia. Tudo que ele fazia ou via naqueles hangares eram documentados em vídeos, mas eis uma questão que April começou a se fazer, "por que se arriscar documentando tudo em vídeo se apenas anotações poderiam ser suficientes?" Talvez porque os vídeos não fossem para ele assistir.

Já quase no final do vídeo, um homem entra no dormitório onde Taylor gravava, ele olhou para trás como se não estivesse fazendo nada. April aproximou-se da tela, aquele homem lhe era familiar.

Patrick... Esqueceu alguma coisa?

É, eu não encontro meu celular em nenhum canto do escritório.

Ah, ele esta aqui! — Taylor pegou o celular na mesa onde a câmera estava posicionada e obrigou Patrick a se aproximar, já que não levantou da cadeira para entrega-lo.

Jackson deve ter esquecido aqui.

— É, deve! — Taylor responde.

April pausou o vídeo quando o rosto de Patrick ficou em foco. Patrick Savior não era a pessoa mais conhecida, na Área 51, seu argumento e pesquisa eram sempre inconclusivos, até seu último projeto fazer uma grande diferença para a base militar. Após os boatos sobre o fim do mundo dominar a mente de grande parte da população, Patrick estudou o comportamento do Escritório de Coordenação de Defesa Planetária e descobriu que iram supervisionar todos os projetos financiados pela NASA para encontrar e caracterizar asteroides e cometas que passam próximos da órbita da Terra. Isso fez com que a Área 51 começasse seus projetos de defesa mundial, extraindo armas com tecnologia extraterrestre.

Ela procurou saber melhor o envolvimento de Taylor com Patrick, mas na internet não descobriu nada que ligasse os dois, nada que pudesse indicá-lo como o possível assassino ou delator. No entanto, sem descartá-lo, April imprimiu a imagem de Patrick pausada no vídeo.

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Liam e Jennifer estão quase chegando ao final do túnel quando avistaram uma viatura parada perto da parede.

— Liam! - Sua irmã correu até a viatura assim que a avistou. Vasculhou os bancos e testou o rádio que não funcionava - Merda! - Ela o jogou no chão.

— Nada? - Liam perguntou se aproximando após uma rápida corrida.

— Não funciona o rádio! - Ela disse sentada no banco com a cabeça apoiada na mão que repousava no volante.

— Não vai funcionar, isso aqui está lotado de energia eletromagnética... Nada funciona aqui.

— E não temos nada pra documentar o que aconteceu.

— Perdemos tudo - Liam encosta-se no carro - Como vamos falar pra família dela que ela...

— Não, Liam, não é hora de pensar nisso.

— Mas temos que pensar.

— Não, não temos! Temos que sair daqui - Jennifer olhou para os bancos de trás e avistou uma espingarda, rapidamente saiu do carro - Sai dai! - Ela puxou Liam e tentou abrir a porta que estava emperrada. Seu chute na janela foi a solução para o problema.

Com uma arma carregada em mãos, Jennifer está pronta para enfrentar seja lá o que os esperava do lado de fora daquele túnel. Séria, ela encarou, respirando fundo, a estrada em sua frente.

— Sabe que eles podem parar as balas, não sabe? - Liam pergunta.

— Isso vai retardar eles, ou vai servir de distração, não me importo... Só não quero sair daqui de mãos abanando! - Ela toma a dianteira.

— Só estou dizendo que...

— Ninguém pediu sua opinião! - Jennifer respondeu irritada.

O sol já nascia por entre as árvores da floresta que cercava a Montanha Brown. Os dois irmãos não faziam ideia de onde estavam e para onde deveriam ir, apenas seus instintos de sobrevivência lhe serviam agora. Porém não diminuía o perigo daquelas coisas que os perseguiam, pois se realmente era um OVNI, eles também aparecem durante o dia. Apesar de muitos acharem que é apenas durante a noite, já que ficam mais visíveis no céu escuro, eles também abduzem e aparecem a qualquer hora do dia.

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— April, você não vai acreditar no que eu descobri... - Noah parou de falar ao entrar de repente no quarto de April e se deparar com ela em frente ao notebook, com o cabelo preso em coque, uma caneca de café ao lado e folhas de jornais e artigos impressos de OVNIs espalhados pela cama - Meu Deus, o que ta acontecendo aqui?

— Noah! - April da um sorriso ao vê-lo.

— Você passou a noite acordada? - Ele perguntou se aproximando devagar.

— Não... - Ela respondeu.

— Então porque suas olheiras estão maiores que a marca dos olhos de um panda?

— Fiquei vendo uma coisa sobre meu pai.

— Tem haver com aquele pendrive que você me falou?

— Sim! - Ela respirou fundo - Realmente acho que meu pai foi assassinado.

— April, isso de novo? - Noah nega com a cabeça tocando em sua mão - Esquece isso, ta bem?

— Não, Noah, precisa acreditar em mim - April retirou sua mão debaixo da dele após perceber que ele não confiava no que ela dizia - Porque meu pai gravaria vídeos a respeito de tudo que acontece na Área 51?

— Não sei, pra um documentário, talvez?

— Ele sabia que se levasse isso ao público sem qualquer prova concreta, ele perderia tudo, sua imagem seria arruinada pela mídia - April vira o notebook para Noah - Aqui tem ele falando de muitos projetos, projetos que você deve conhecer.

— Ta legal, mas ele pode ter sido descoberto por isso, é quebra de contrato... Com o governo americano! - Noah diz - Porque você acha que esse assunto é tão ridicularizado pelas autoridades? Eles não podem deixar que isso fosse comprovado, então fazem chacota de tudo.

— Eu não posso fazer isso sozinha. Você é o único que conheço que sabe tanto sobre esse assunto.

— O que você quer fazer, entrar na Área 51 e procurar o culpado? - Noah riu de tão ridículo que isso soou.

— Isso!

— Perai, o que? - Ele pergunta surpreso - Tem noção do que é entrar na Área 51? É como... Como... Eu não sei, porque ninguém nunca conseguiu invadir aquele lugar.

— Então vamos entrar pra história - Ela dizia com uma expressão séria e confiante. April não fazia ideia do tamanho das coisas que seriam capazes de fazer só para chegar perto do local, mas nunca duvide do poder de um amor sincero tirado pelas forças do governo de forma tão covarde e injusta. Se a justiça não age por si só, April fará isso.

Noah levantou da cama com uma risada abafada pela sua mão sob a boca. Ele olhou para sua amiga, tão abalada por tudo que está acontecendo, e com medo de que fizesse alguma besteira, aceitou em ajudá-la. Afinal, como eles iriam entrar na Área 51? Não teria o que temer, eles não chegariam nem perto da área restrita.

— Meu pai tem os mapas de toda a instalação da Área 51 - April falou - Está tudo lá, os túneis subterrâneos, os hangares e salas de testes, tudo!

— Ai minha nossa, você quer mesmo invadir a Área 51.

— Eu tenho um suspeito de quem entregou meu pai para o governo ou sei lá... Esse homem - Ela entregou a foto de Patrick para Noah - Acho que ele dividia o quarto com meu pai. Esse homem apareceu em um dos vídeos.

— E porque ele teria entregado seu pai?

— Inveja, raiva, ou só por ser um babaca mesmo, não sei... Mas todas as pesquisas que ele fazia, a ideia era derrubada por uma teoria contraditória que meu pai fazia. Ele poderia ter feito coisas bem erradas se meu pai não tivesse avisado antes - Diz April - Meu pai falou que eles não se davam muito bem, então acredito que seja ele.

— Ta, mas e se não for ele? Vamos sair pelos corredores da Área 51 perguntando quem é o X9 da instalação? April, isso é loucura! - Noah responde inconformado com a ideia que ela enraizou em sua mente.

— Ai você ganha mais uma notícia pro seu site - Ela levantou da cama se aproximando de Noah - Vamos documentar tudo, mostrar a verdade da Área 51, mostrar que todas as teorias possam ser verdadeiras.

— Eles podem nos matar!

— Noah, eu não vou te obrigar a vir comigo. Mas estou cansada de deixar o governo americano decidir tudo. Nunca vão contar o que realmente aconteceu com meu pai, porque isso não convém a eles.

O rapaz caminho pelo quarto com a mão na nuca e aflição em seu peito. April está fora de si, ela não poderia fazer nada sozinha agora, mas é absurdamente insano tudo que ela estava dizendo. Se ultrapassarem o limite de segurança da Área 51 podem ser presos ou, até mesmo, mortos.

— Isso é realmente muito importante pra você, não é? - Ele perguntou ao se virar para ela.

— Sim! - April respondeu com aquele jeitinho que só ela conseguia falar. Tão doce que poderia convencê-lo de qualquer coisa.

Não foi diferente desta vez. Noah concordou em ajudá-la, mas se, e apenas se, ela desse ouvido a ele e soubesse o que era prudente fazer ou não. April deu um sorriso de canto e concordou com seus termos.

— O que faremos se entrarmos na Área 51? - Ele perguntou.

— Quando... Quando entrarmos na Área 51! - April o consertou - Não dá pra gente entrar lá sem uma chave de segurança.

— Chave de segurança?

April mostrou algumas imagens dos arquivos na pasta do notebook para Noah. Ao lado de uma papelada, havia um cartão com a foto de Taylor, seu nome e um código numerado no final.

— Esse cartão deve ser as chaves das portas dentro dos hangares - Ela diz.

— Como as chaves de hotéis?

— Isso! Mas tem um problema - April voltou sua visão para Noah ao seu lado - Não entregaram essa chave com as coisas do meu pai.

— É claro que não! - Era tão óbvio que não iriam entregar que não lhe fez qualquer surpresa.

— Por isso temos que pegar de um colega dele - April volta a digitar algo no notebook.

— Oi? - Isso sim o surpreendeu - Como assim?

April abriu um site de pesquisa e sem demora digitou o nome 'Jones Marckley'.

— Esse é o amigo do meu pai que costumava chegar com ele no aeroporto nos dias de folga - April conta - O vi todas as vezes que fui com a minha mãe buscar meu pai no aeroporto.

— Em Vegas?

— Não, no aeroporto de Houston - Ela respondeu - Eu pesquisei e descobri onde ele mora.

— April, calma, deixa eu vê se entendi o que você esta querendo dizer... - Noah levantou da cama com um impulso sem acreditar do que ela pretendia fazer - Você quer que a gente sequestre o cara para pegar o cartão de entrada dele?

— Não, não vamos sequestrar ninguém! - Sua risada o tranquilizou por minutos - Só vamos invadir a casa dele.

— Ah, claro, isso faz tudo parecer muito mais fácil e seguro! - Ironizou.

— Olha, vamos chegar cedo, ele vai estar em casa e então vamos monitorar os horários dele. Quando ele sair de casa, a gente entra - Ela dizia como se tudo fosse ridiculamente fácil.

Noah da uma risada irônica andando de uma ponta a outra do quarto.

— Você já parou pra pensar em como vamos entrar na casa dele?

— Veremos na hora.

— Na hora... É, esse é realmente um bom plano! - Ele parou e a encarou assentindo com a cabeça - E às vezes ele pode até estar no trabalho.

— Ele não vai estar lá!

— Como pode ter tanta certeza?

— Porque depois de tanto ir buscar meu pai no aeroporto, eu contei os dias que ele trabalhava e os dias de folga, contando também as horas de atraso de alguns voos e dias que ele não chegava por conta de algo no aeroporto ou no trabalho mesmo. Meu pai tinha quatro dias de folga após oito dias trabalhando na Área 51.

— Okay, mas se ele mudou os dias? Trocou com alguém ou algo assim?

— Olha aqui - April pegou o notebook no colo e o levou até Noah, abriu o vídeo e o pausou na hora em que Patrick entra na sala - Ta vendo o calendário no fundo? Meu pai marcou todos os dias que tinha folga e deixava em branco os dias que tinha que trabalhar.

Com a teoria indiscutível de April sendo analisada pelos fatos, então o Jones voltaria para casa amanhã.

— E o que você pretende dizer pra sua mãe enquanto vai nessa ideia louca de entrar na Área 51? - Pergunta Noah.

— Eu me resolvo com ela depois - April colocou o notebook de volta na cama e olhou para Noah - Então, vamos fazer isso?

— Ta bem... Vamos fazer isso! - Ele respirou fundo antes de responder. Mesmo achando que tudo pode dar errado, ele aceitou pois sabia o quanto deve estar sendo difícil para April superar a morte do pai e não poderia deixá-la sozinha com essa ideia na cabeça.

April o abraçou com um alívio no peito. Ela se sentia um pouco de ter seu fiel amigo ao seu lado, mas nada que tirasse completamente a dor da perda. Isso vendo destruindo-a por dentro, pois nunca pode se despedir de seu pai... Afinal, nunca sabemos qual é a ultima vez que vamos falar com alguém.


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Notas finais do capítulo

Pessoal, queria divulgar o evento que eu fui convidado no Rio de Janeiro.
Vai acontecer um debate sobre literatura nacional e muitos outros autores incríveis. Vou falar sobre 'Área 51' e 'Stay With Me'. Vocês poderão fazer perguntas para mim e terei o maior prazer de responder todas.

Para saber melhor sobre o evento, só entrar no link 'facebook.com/events/216010178733939/' e confirmar a presença. Conto com vocês!



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