Área 51 escrita por Fenix


Capítulo 1
O Mistério da Montanha Brown




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Em 1947, um objeto não identificado pousou em Roswell, Novo México, se tornando logo depois um dos acontecimentos mais bizarros já registrados na história da humanidade. Alguns anos depois, mais precisamente, 1951, os destroços encontrados foram movidos para uma base militar secreta situada no deserto de Nevada, Texas. Somente em 1994 o governo norte americano admitiu sua existência, mas o que contém lá ainda é um grande mistério. Essa é uma das bases mais avançadas do mundo, contendo um complexo subterrâneo e vários laboratórios de pesquisas. Com a finalidade de desenvolver ou testar tecnologia para as Forças Armadas dos Estados Unidos.

Desde o estabelecimento da base, algumas pessoas declararam ter visto estranhos objetos sobrevoando seu espaço aéreo e arredores, mas as autoridades sempre negaram os fatos. Contudo, um de seus próprios funcionários declarou que na base, além de projetos militares avançados, eles também desfrutam de uma tecnologia não criada pelo homem. Logo houve declarações ao governo norte-americano, informando que a base estava pesquisando algo muito além da compreensão de muitos. Algo que até hoje ninguém acredita, mas somente aquelas pessoas podem dizer o quanto é real. Como será que o mundo vai reagir ao descobrir que de fato não estamos sozinhos na Galáxia?

Essa base é a única responsável por encobertar todos os relatos e acontecimentos. Bem vindo a...

ÁREA 51

A seta do mouse clica em um vídeo 'Relato - Montanha Brown, 2013', situado na área de trabalho do MAC.

- Eu e meus Pais viajamos até o mirante da Montanha Brown para acamparmos... - Um vídeo roda na tela de um notebook. No instante em que a imagem aparece, a legenda surge no canto 'Polícia de Westfield: Thatiana, Relato Montanha Brown'.A luz clareia o rosto de um jovem com olhos castanhos e pele sem qualquer aparição de barba. O cabelo levemente arrepiado para trás e usando uma blusa preta de gola V. A sua atenção está fixa para a tela. - Meu Pai, ele... Ele estava de férias no trabalho. Fomos passar o 04 de Julho lá.

- Vocês não sabiam dos relatos aos redores da Montanha Brown? - Uma voz masculina soa de atrás da câmera.

- Sim... Mas não chegamos a subir a montanha - Responde a jovem visivelmente abalada, sentada em uma cadeira de ferro e coberta com um cobertor. Seu rosto está sujo de terra e lama, alguns cortes na superfície dos lábios e outros distribuídos pelo rosto. - Meu Deus, meu irmãzinho... Ele... Ele não queria ir - Seu choro volta a tona, fazendo-a abaixar a cabeça negando sem parar.

- Acalme-se!

O vídeo corta abruptamente para a cena seguinte, agora mostrando Thatiana mais controlada em frente à câmera. Seus olhos tão inchados que mal dá para dizer se estão abertos, com os arredores avermelhados e fundos.

- Nós... Nós vimos às luzes. Eram como estrelas, só que... Elas brilhavam mais forte, era como uma forma de pisca-pisca, mas nunca se apagavam. Seu brilho ficava forte e depois natural e então ficava forte de novo...

O rapaz que assiste ao vídeo faz algumas anotações em um bloco de notas ao lado do notebook.

- Poderia ser um avião, você acha que pode ter confundido?

- Não, eu sei o que eu vi. Aquelas coisas... Aquilo não eram aviões. Tinham três, elas se formaram em linha reta e depois foram desaparecendo no céu com um feixe de luz.

- Essas coisas podem acontecer de vez em quando. Talvez fossem constelações e vocês imaginaram.

- Não! Eu vi. Eu e meu irmão filmamos tudo.

- E onde está a câmera?

- Eles a levaram.

- Eles?

- Aquelas criaturas... - O medo espalha-se por toda a sua voz. Seus lábios tremulam ao lembrar-se dos momentos terríveis que passaram na Montanha Brown. - Meu Deus, eles não são humanos.

- A senhorita tomou algum medicamento para dormir ou algo do tipo?

- O que?! Não, é claro que não! Porque não acreditam em mim? Eu sei o que eu vi. Como vocês podem explicar o que aconteceu com a minha família?

- Eles podem ter se perdido na floresta.

- PELO AMOR DE DEUS, ACREDITEM EM MIM! - Ela se levanta subitamente da cadeira, jogando o cobertor para trás. Sua mão bate na pequena mesa de canto ao seu lado, derrubando-a, e quebrando a xícara de café no chão.

Alguns policiais se aproximam rapidamente da menina e a tiram à força do local.

- ELES MATARAM TODOS, ELES MATARAM MEUS PAIS... - A câmera a filma sendo agarrada e retirada dali enquanto se debatia enlouquecida. - ELES VÃO MATAR TODOS NÓS! - Seus berros ainda podiam ser ouvidos. A insanidade transparecia em seus olhos semicerrados, mas no fundo, até mesmo aqueles que se diziam céticos, se perguntaram se ao menos alguma coisa dita ali poderia ser verdade.

As palavras daquela jovem não foram simples palavras ditas por uma pessoa com problemas psiquiátricos. Pelo contrário, foi como se algo tivesse entrado em sua mente, tivesse bagunçado cada parte do seu psicológico que a levou ter um surto inexplicável. Sim, eles já tiveram relatos sobre luzes outras vezes na Montanha Brown, mas de todas, essa era primeira em que se perguntavam 'Será mesmo que algo sobrenatural está acontecendo na Montanha Brown?'.

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Na manhã seguinte, o mesmo rapaz que assistia ao vídeo durante a madrugada, leva uma mala preta até o carro estacionado em frente a casa. Ajeita-a no banco de trás e fecha a porta.

- Já pegou a câmera? - Uma jovem sai da residência em sua direção. Seu cabelo ruivo e longo balança levemente com a brisa. Suas roupas pretas, jaqueta e calça jeans escura. Uma típica garota durona da Carolina do Norte.

- Sim, e também estou levando a pequena - Ele mostra uma filmadora amadora que retirou do bolso do casaco - Vai servir para captar imagens mais corridas.

- Liam, acho que sua namorada quer vir se despedir - Jennifer comenta ao avistar a menina se aproximando. Aquela jovem possuía um corpo escultural, mas não fazia o estilo de garota que agradava seu irmão.

Jennifer e Liam Lawrence, os dois são conhecidos na Carolina do Norte por sempre estarem em locais onde dizem ter acontecido abdução alien ou algo do tipo. É assim que ganhavam a vida. Dois irmãos tentando mostrar ao mundo que não estamos sozinhos.

- Ela não é minha namorada - Ele diz caminhando até a menina.

Jennifer põe seus óculos escuros durante a caminhada até o carro. Seu braço é apoiado no teto do veículo e seus olhos observam as pessoas que andavam por ali.

- O que faz aqui? - Liam pergunta curioso antes de chegar próximo a Kerry. Seus encontros nem sempre foram os melhores para ele, o último foi de fato o pior, que o fez não contar nem mesmo para sua própria irmã.

Como eles se conheceram em um bar de esquina e Liam tinha acabado de terminar com sua namorada de quatro anos, ele só queria amenizar a dor e por ter um ótimo coração, não conseguiu terminar rudemente com Kerry.

- Eu vim desejar boa viagem - Ela diz, animada.

- Como sabia que eu ia viajar?

- Você me disse.

- Não, eu não disse.

- Ta bem, eu vi no seu notebook que estava pesquisando sobre um caso na Montanha Brown e presumi que iram pra lá.

- Mexeu nas minhas coisas?

- Olha, não faça isso, deixa pra lá. Sabemos que a Montanha Brown não é um lugar seguro.

- Eu e minha irmã passamos grande parte da nossa vida atrás de evidências de extraterrestres. Essa pode ser a nossa grande chance - Seu otimismo é sempre o que mais se destaca em sua personalidade. Liam é aquele rapaz que sempre foi bom em esportes, malha sempre que tem um descanso nos casos, mas seu foco sempre ficou em primeiro lugar. Ele não tem muitos amigos, assim como sua irmã, os dois vivem em função dos acontecimentos inexplicáveis sobre Ovni.

- Não tem nada naquele lugar - Ela suplica tocando em sua mão na esperança de convencê-lo a ficar.

- Então não tem com o que se preocupar - Ele responde com um sorriso de canto.

- Liam, vamos! - Jennifer o apressa sem sair do local.

- Desculpa, eu tenho que ir - Ele puxa sua mão e afasta-se sem nem olhar para trás.

Kerry respira fundo e observa-o entrar no carro. Jennifer a encara por alguns segundos antes de sentar no banco e fechar a porta.

- Ela não é tão feia - Jennifer comenta.

- Ai, não começa! - Liam retruca irritado.

A viagem até a Montanha Brown é um pouco longa devido ao local onde moram, mas o veículo está bem abastecido com os suprimentos necessários. Essa não é a primeira viagem dos irmãos Lawrence. Eles ficaram famosos na cidade por serem os únicos a conseguirem fotos em maior qualidade do que muitos dizem serem as naves espaciais. Seu maior caso ainda não concluído é o mistério que ronda a base militar em Nevada, Área 51, mas isso não quer dizer que ele foi esquecido.

Os irmãos descobriram o mais recente acontecimento na Montanha Brown, um dos principais pontos de aparições de Ovnis no mundo. Durante séculos centenas de pessoas desapareceram nos redores da Montanha Brown. Os moradores da região acreditam que os desaparecimentos estejam relacionados com as luzes que aparecem por lá. Dessa vez, uma grande família sumiu no local e Liam e Jennifer seguem a estrada em buscar de respostas.

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April O'Brien penteia o cabelo em frente ao espelho pendurado na parede de seu quarto. Logo põe a escova de cabelo na cabeceira da cama e respira fundo passando a mão na saia do vestido preto que está usando. Chega um momento na vida de todos em que perdermos alguém que mais amamos, e esse dia chegou para April. Há dois dias ela recebeu a notícia de que seu pai foi encontrado morto no dormitório de onde trabalhava, foi quando o mundo dessa jovem mulher de 20 anos caiu. Seu herói lhe deixou pelas garras da morte.

April sempre foi mais comunicativa com o pai, Taylor O'Brien, que, quando ela ainda era criança, se tornou um dos mais renomados astrofísicos do mundo. Enquanto arruma sua bolsa antes de sair do quarto, April lembra-se de quando ela se despediu dele no aeroporto. Seu pai passou os últimos oito anos trabalhando para o governo americano na Área 51. A curiosidade sobre o trabalho do seu pai só aumentava a cada vez em que ele não poderia falar sobre o que via naqueles complexos subterrâneos.

- Vamos! - Lauren, sua mãe, lhe aguarda no fim da escada. Seu sorriso tristonho tenta disfarçar diante da filha o quanto está destruída por dentro.

Ela desce a escada lentamente, com seu olhar ainda abalado e pensamentos confusos. Seus últimos momentos com o pai foram através do Skype, dois dias antes dele ser encontrado morto. Suas últimas palavras a ela foram "A verdade é como uma caixa bagunçada, uma hora você acaba a encontrando!". Isso ainda soa pela cabeça dela desde que acordou.

- A sua avó voltará mais cedo para preparar as comidas para os outros, se não se sentir bem, pode voltar com ela - Lauren diz para sua filha durante a caminhada até o carro.

- Está bem - A voz de April quase não pôde ser ouvida. Cabisbaixa, ela entra no carro, põe o cinto de segurança e olha fixo para frente. A notícia da perda de um pai pode ser devastador para qualquer pessoa, e pior ainda se ele era um dos seus melhores amigos.

Elas chegam um pouco antes do marcado com os outros parentes. Um rapaz se aproxima correndo do carro ao vê-lo estacionar no estreito caminho interno do cemitério. Com roupa de tons escuros, ele demonstra seu luto ao abrir a porta do carro e rapidamente abraçar April, que desaba em seu ombro.

- Vai ficar tudo bem, vamos passar por isso juntos! - Ele diz, abraçando-a forte e deixando que toda essa dor deixe de pesar em seu peito.

Lauren deixa os dois a sós e caminha em direção as cadeiras devidamente arrumadas em frente ao caixão. April afasta-se devagar dele.

- Obrigada, Noah! - Ela diz, limpando as lágrimas que escorriam pelo seu rosto.

- Você pode contar comigo, ok? - Ele se agacha um pouco para olhar no fundo de seus olhos e passar-lhe confiança. Aquele olhar que só o melhor amigo pode dar.

- Porque chegou aqui tão cedo? - April pergunta enquanto caminham sem pressa até as cadeiras.

- Eu queria chegar antes de você. Não deveria ficar sozinha hoje.

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Liam e Jennifer saem do carro e caminham até o bar em frente. A cidade de Wesfield não é mais tão calma como costumava ser antes desses boatos de extraterrestres começarem. O turismo na cidade e, principalmente, na Montanha Brown cresceu significativamente, o que gerou muitos lucros ao comercio local.

- Quem vai nos levar até lá? - Jennifer pergunta.

- Ela disse que nos encontraria aqui - Liam analisa o local ao redor da mesa onde estavam. As pessoas que entravam e saiam dali não pareciam estar à procura deles.

- Como você encontrou essa mulher?

- Na verdade ela entrou em contato comigo há alguns dias.

- E você só me conta agora? - Ela levanta uma das sobrancelhas. Liam poderia ao menos ter contado algo a ela, e isso lhe deixou levemente irritada.

- O nome dela é Selena. Ela é conhecida de uma das pessoas que sumiram na Montanha Brown recentemente - Liam olha para a porta do bar e avista uma mulher analisando todos que estavam ali, obviamente à procura de alguém. Ele levanta para trocarem olhares, resultando num aceno e sorriso - Vamos, é ela!

- Hm... Até que é bonita! - Jennifer o acompanha até a porta.

- Prazer em conhecê-los - Selena os cumprimenta com simples aperto de mão - Na verdade, eu não achei que viriam.

- E porque não? - Jennifer pergunta.

- Ora, quem se arriscaria a ir a Montanha Brown em busca de dez pessoas desaparecidas? - Selena responde normalmente.

- E qual seu vínculo com isso? Porque nos chamar para um caso que obviamente seria da polícia local?- Jennifer a questiona. Ela espera algum deslize para ter certeza que não estão desperdiçando tempo com mais uma fraude.

Eles caminham para fora do bar.

- Meu meio-irmão - Ela responde sem hesitação - Ele foi pra lá com a namorada, que era amiga da filha do casal que foi ao mirante. A polícia local... Bem, eles nunca procuram da forma certa.

Liam liga a filmadora de mão e começa a filmar cada passo deles. Tudo era importante o suficiente para ser captado aos olhos da câmera com a qual ele já gravou tantos acontecimentos extraordinários. Como um caso recente de OVNI enquanto estavam de férias no Rio de Janeiro, Brasil. O rapaz registrou com sua filmadora de mão um objeto voador não identificado que cruzava o céu brasileiro durante a noite de Setembro.

- E como deveriam procurar? - Jennifer pergunta cruzando os braços e parando ao lado do carro de Liam.

- Por pistas de extraterrestres - Selena para de andar e vira-se para encará-la - Eles são tão idiotas que nunca se quer prestam atenção nas coisas que acontecem naquele lugar. Por isso chamei vocês.

- Não podemos prometer nada - Liam observa Selena pela tela da filmadora.

- E porque você acha que isso tem haver com OVNIs? - Jennifer pergunta.

- Qual é?! Só existe essa explicação. Desde que apareceram essas luzes, coisas estranhas acontecem na Montanha Brown, mas o governo sempre esconde o que realmente aconteceu com medo de algum tipo de paranoia mundial começar - Selena a responde e então olha para Liam - Eu sei que não prometem nada, mas não consigo ficar parada sem ao menos saber, o que aconteceu?

- Olha, não somos caça ET ou algo do tipo - Jennifer fala.

- Ninguém os encontrou... Nada... Nem mesmo o carro. Eu sei que o que aconteceu naquele lugar não foi um simples desaparecimento - A necessidade de saber a verdade tomava conta de Selena junto com a sua angustia que não lhe deixava um segundo sem pensar no que poderia ter acontecido.

- Está bem, entre no carro, vamos pra lá! - Jennifer diz abrindo a porta e sentando no banco.

Liam desliga a filmadora e corre para dar a volta no carro. Ele fecha a porta e da a partida.

- Obrigada! - Selena agradece. Apesar de estar sendo gentil, sua voz ainda é fria e transmite uma tensão que não se alivia com o tempo, é algo que já se fincou nela. Ao olhar suas roupas, dá pra saber que era uma boa garota e tão meiga, mas as circunstancias exigiram que ela se tornasse alguém mais forte do que costumava ser.

Após algumas horas em silêncio durante a trajetória até o mirante da Montanha Brown, Selena finalmente resolve falar um pouco mais sobre o assunto.

- As luzes da Montanha Brown são um fenômeno totalmente real - Selena comenta - Porque não acreditam?

- A maioria das pessoas só acredita naquilo que podem ver e tocar... - Responde Liam - Enquanto não confirmarem o fato de que os OVNIs são reais, ninguém vai realmente acreditar nisso.

- Eles poderiam ter me ligado se tivesse algum problema - Ela pensa em voz alta, cabisbaixa.

- Não, eles não podiam - Jennifer responde - Quando esses fenômenos geralmente acontecem, causa uma interferência eletromagnética. Mas isso não afirma que eles tenham sidos raptados lá.

- Mas existem probabilidades de que sejam OVNIs, certo? - Selena pergunta - De que algo os pegou.

- Não sabemos ainda. Nem sempre a culpa é dos OVNIs - Jennifer folga-se no banco e apoia sua cabeça no vidro do carro. Pra ela é só mais um dia de trabalho, depois disso, eles voltam pra casa e relaxam no quarto assistindo ao Netflix.

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- Sinto muito! - Um senhor diz ao abraçar April que estava em pé ao lado da mãe no funeral.

Ela assente com a cabeça e um sorriso tristonho de canto. Tudo isso é dispensável em sua mente, pois tem gente ali que nem se quer falava com seu pai direito e vieram chorando antes mesmo do padre começar a falar. April observa quieta cada pessoa em volta, aquelas que sentiam completamente a perda do ente querido, e aquelas que só estão ali para não fazer desfeita. Noah senta ao seu lado e segura sua mão delicadamente, o olhar da jovem vira-se para ele e seu coração desacelera por alguns instantes.

Os olhos cinza de Noah lhe encantam desde que tinham cinco anos e brincavam no jardim dos fundos da casa de April. Ela sempre foi a amiga que escolhia as meninas com as quais ele deveria sair, mas para o baile do colegial ele a convidou. Foi uma surpresa, pois April poderia jurar que ele convidaria a menina mais popular da escola. Com uma amizade verdadeira como a desses dois, é difícil alguma coisa abala-la.

Eles ficam em silêncio enquanto Lauren dizia suas palavras sobre seu falecido marido. April respira fundo e deita a cabeça no ombro de Noah, deixando que a tranquilidade de estar com ele acalmasse seu agitado coração.

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Todos já estavam na casa de April após o funeral. April está sentada no banco da varanda, observando a rua e o movimento de pessoas que entravam e saiam da casa.

- Trouxe pra você! - Noah senta ao seu lado com um prato em mãos. O sanduiche parecia apetitoso e a fez repensar se o comeria ou não.

- Obrigada - April pega o prato e segura o sanduiche.

- Feito só na manteiga, como você gosta - Ele diz com aquela sua voz levemente rouca e sedutora.

- Você é um anjo.

- Eu sei! - Ele brinca, fazendo-a dar um leve sorriso. Mesmo com toda aquela dor, ele ainda tirava o melhor dela.

Durante a conversa, April avista dois rapazes de terno preto se aproximar da casa com uma caixa de papelão em mãos. Noah segue seu olhar e os avista indo em direção a casa. Geralmente fazem isso para avisar a família sobre a morte da pessoa, e não no dia do funeral. April e Noah levantam-se e bloqueiam a passagem dos homens na porta da frente.

- Desculpa, mas vocês são...? - April pergunta.

- Gostaríamos de falar com Lauren O'Brien - Responde friamente um dos homens.

Noah analisa os ternos a procura de alguma identificação, mas infelizmente uma procura sem sucesso. April estranha um pouco e observa a caixa na mão do rapaz ao lado do que lhe respondeu.

- Eu volto já! - Ela afasta-se entrando na casa.

Noah continua parado com as mãos no bolso e olhar sério. Afinal, ele precisa manter a mesma postura que os dois.

- Mãe! - April a retira do grupo de conversa que estava e a leva para o canto da sala - Tem dois homens ai fora e estão pedindo para falar com você. Acho que são do trabalho do meu pai.

- Mas porque eles viriam agora? - Lauren se questiona.

As duas caminham em direção à porta

- Boa tarde, rapazes! - Lauren os cumprimenta.

- Boa tarde, senhora Lauren O'Brien?

- Sim! - Ela responde.

- Somos da empresa em que seu marido trabalhava. Sentimos muito pela perda e viemos lhes trazer seus objetos pessoais deixados na base - O homem entrega a caixa nas mãos de Lauren - Lamentamos muito! - Então saem dali.

Noah e April se perguntam sobre os dois marmanjos que pareciam ter surgido do nada. Lauren muito menos fez questão de se perguntar, apenas não queria mais ter algo sobre o que chorar. Ela entrega a caixa a April e pede para que a leve para o quarto deles.

Eles sobem a escada e fecham a porta do quarto ao entrarem. April deixa a caixa em cima da cama e pega uma tesoura para abrir o lacre.

- Você vai abrir isso agora? - Pergunta Noah.

- Sim! - April responde já cortando a fita.

Ela remove a tampa da caixa e retira alguns objetos ali guardados. Como um jaleco que ele deveria usar durante o trabalho, fazendo-a chorar ao vê-lo.

- April... - Noah se aproxima e toca em seu ombro.

Ela respira fundo e o põe na cama. Então pega um álbum de fotos, algo que ele poderia recordar de casa e não se sentir tão solitário durante o confinamento na base da Área 51.

- Seu pai foi uma pessoa brilhante.

- Ele foi incrível - Ela diz ao meio do choro.

April olha as fotos ao lado de Noah e nota algo que lhe chama atenção. Logo volta duas fotos na qual Taylor esta usando o suposto jaleco que estaria com eles agora. Rapidamente pega o jaleco jogado na cama e o estica para analisá-lo.

- O que foi? - Noah pergunta.

- Olha isso aqui - April aponta para o nome de Taylor bordado no jaleco em suas mãos.

- É o nome do seu pai, e dai?

- Agora olha na foto - Ela aponta para o nome bordado no jaleco, mas com uma caligrafia diferente. A letra 'Y' foi a que lhe chamou mais atenção.

- O que tem? - Noah pergunta sem entender aonde ela queria chegar.

- Noah, não é o mesmo jaleco que meu pai está usando nessa foto - April afirma.

- Como não?

- Esta vendo o Y aqui? - Ela aponta - Observa a volta dele bem acentuada aqui na foto, e olha aqui... - Sua mão estica o jaleco e lhe mostra o nome bordado - A letra está praticamente de forma.

- Ele não poderia ter mais de um jaleco pra trabalhar?

- Porque não mandaram os dois?

- O local onde trabalha tem problemas demais para se preocupar com jalecos, você não acha? - Noah senta na cama - Afinal, você nunca me disse na verdade onde ele trabalhava.

- Você não vai querer saber - Ela responde.

- Caramba, falando assim parece até que ele era um espião internacional - Noah da uma risada debochada para descontrair o clima tenso que se formou.

- Meu pai trabalhava na Área 51 - April lhe responde seriamente. Mesmo sabendo que é contra qualquer regra estabelecida pelo governo, sua revolta pela morte súbita de seu pai lhe cegou para qualquer tipo de consequência.

- Área 51? Seu pai trabalhava na Área 51? - Noah põe a mão na cabeça e arregala os olhos - Meu Deus... Você sabe o que eles fazem lá?... Minha nossa, seu pai trabalhava na Área 51.

- Eu já ouvi esses boatos, mas não acho que sejam reais.

- Alguma vez seu pai já falou sobre isso com você?

- Não. Ele nunca falava sobre seu trabalho com ninguém. Parece que você assina um contrato de confidencialidade ou algo do tipo.

- O governo diz que a Área 51 é utilizada apenas como teste de tecnologias aero militares. Mas, o que a gente escuta por aí a respeito dela vai muito além de testes, não é mesmo?

- Noah, não começa - April senta na cama ao outro lado da caixa. Já não basta estar confusa e ele faz com que sua mente crie ideias loucas a respeito da morte de seu pai. Sua negação é para evitar que algo se concretize em sua cabeça e lhe faça procurar por respostas.

- A grande teoria sobre o lugar é que o governo americano o teria construído para estudar e guardar segredos sobre os alienígenas, e até hoje os EUA negam a existência de tais operações no lugar. É por isso que eles têm aqueles hangares enormes - Suas teorias sobre extraterrestres sempre foram questionáveis, mas ele sabe como argumentar bem seus palpites. Noah desde pequeno acreditou que existisse vida em outro planeta. Já criou pesquisas sobre o assunto e até mesmo um blog onde postava suas ideias e as compartilhava com o mundo.

- Achei que você tivesse parado com isso - Diz April - Lá é onde os EUA desenvolvem aviões secretos e por isso é cheio de hangares.

- Tem certeza? - Ele da uma risada e lhe empurra no ombro - Eu estou só brincando. Eles podem ter perdido o jaleco, relaxa!

- É... - April o segura em mãos e lhe analisar pensativa.

E se Noah estivesse certo? E se a Área 51 pratica mais que simples testes militares? E se seu pai soubesse de algo que não deveria saber e sua morte foi premeditada?


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