Safe-Zone escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 7
Dixon


Notas iniciais do capítulo

[NOTA DA AMÉLIA]
Hoje (28/07) é um dia muito especial, mas não é devido ao fato desse ser o primeiro capítulo com POV repetido, ou por ser um dos meus capítulos favoritos (juntamente com o 5), e sim porque é aniversário de uma das autoras dessa fanfic! Hoje, Agatha completa 15 anos de pura inteligência e paciência com suas irmãs mais velhas!
Esse capítulo é todo dedicado a ela e estou imensamente feliz que tenha sido este aqui. Aggie tem se empenhado muito com essa fic, tem participado muito da parte criativa (que geralmente é minha função) e ontem mesmo estava organizando um documento no Word para que nós não nos perdêssemos nesse mar de personagens (Safe-Zone tem 87 personagens originais, se minhas contas estiverem corretas).
Ela tem uma vida fora desse universo da escrita e leitura e a garota se sai tão bem nisso que eu tenho minhas suspeitas que ela seja um alienígena. Agatha é uma das poucas pessoas que me compreende e que está sempre do meu lado, sabe exatamente o que eu estou pensando na maioria das vezes. Eu não sei como minha vida seria sem minha irmã mais nova e por isso esse dia é tão feliz! Pode ser aniversário dela, mas eu e todos da minha família comemoramos por passar mais um ano de nossas vidas com essa menina tão iluminada.
Ok, depois desse textinho vamos ao capítulo. Dessa vez ficou bem grande e espero que vocês gostem! Não se esqueçam de ler as notas finais!
Boa leitura!



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Os últimos dias tinham sido muito agitados. Três dias atrás, Samuel saíra com o pai para caçar. Havia muito tempo os dois não faziam aquilo juntos, talvez mais de três anos. Na realidade, as caçadas mais importantes e memoráveis de sua vida foram as da infância, e ele não se lembrava de ter se divertido tanto desde então. Fora um acontecimento ímpar, três pessoas juntas à procura de animais nos arredores do Alto do Morro. Daryl estivera muito bem e praticamente monopolizara a empreitada; Javier mostrara o porquê de ter sido escolhido como substituto de Dixon; e Samuel não fora tão mal assim. Embora a maior parte do percurso tivesse sido feita em silêncio, as poucas conversas que tiveram foram bastante agradáveis. Também tinha sido bom o resultado da caçada: naquela noite, em casa, a família Dixon pudera saborear um dos cinco coelhos que tinham sido obtidos mais cedo.

O dia tinha sido muito bom, e servira para mostrar a Sam que ser caçador não era o seu futuro, o que o levava ao dia seguinte. Havia passado a manhã inteira se preparando para o encontro que teria com Tyreese Williams, pensando nas respostas que daria para as mais diversas perguntas e temendo que o homem não fosse capaz de descobrir a sua vocação. Tinha imaginado uma reunião bastante formal dentro de um escritório, quando, na realidade, o encontro fora bastante casual. Tyreese o levara para passear pelo Alto do Morro enquanto conversavam de maneira descontraída sobre assuntos corriqueiros.

Como sempre, temera o pior. Williams poderia estar muito bem caduco e com a idade avançada. Dixon se lembrava de que um dia Tyreese fora um homem corpulento, com força suficiente para carregar ele, Hesh, Grace e Brianna ao mesmo tempo. Anos depois, a massa corpórea tão característica havia sumido e tudo que lhe restara era a pele que estava em excesso. Talvez a única característica que tinha permanecido fossem as mãos. No Alto do Morro, ele era conhecido como Tyreese Três-Mãos. O pai de Sam lhe contara que, no início da guerra, ele tinha sido mordido por um errante e, para salvar a sua vida, tiveram que amputar a sua mão esquerda. Após a Guerra Total, Earl Sutton confeccionara três próteses de mão para Williams: um punho cerrado, uma mão posicionada para segurar copos e outra que possibilitava o uso de armas. O homem revezava o uso de cada uma delas; no dia da entrevista, estivera usando o punho metálico.

No final de tudo, depois de uma tarde inteira caminhando, quando Samuel tinha começado a se perguntar aonde toda aquela história levaria, Tyreese lhe dera uma resposta. Havia concluído que Dixon não se dava muito bem com armas, o que descartava trabalhos que envolviam segurança, no entanto os seus conhecimentos adquiridos na Fortaleza e nas caçadas com o pai não podiam ser ignorados. Além disso, Três-Mãos dissera que um período afastado de tudo poderia ajudá-lo a resolver seus problemas pessoais. Então ele havia lhe falado do novo grupo de apóstolos que Jesus estava recrutando, sugerindo que Sam tentasse uma vaga. Caso não conseguisse, possibilidade que Williams tinha praticamente descartado, Dixon poderia tentar se tornar mensageiro.

O dia que viera depois desse tinha sido de procrastinação. Depois de se inscrever para os testes que Jesus faria, Sam não fizera nada significativo. Apesar dos protestos da mãe para que ele visitasse Brianna, o jovem optara por tirar o dia para pensar na vida, ignorando o fato de que a garota o aguardava em casa. Não tinha feito muito além de fumar pelos cantos e caminhar ao redor dos muros da comunidade. Acabara se arrependendo, na mesma noite, de não ter ido ver a amiga, jurando para si mesmo que iria no dia seguinte.

No dia seguinte, porém, toda a determinação da noite anterior se esvaiu. Samuel não estava muito a fim de fazer aquilo, contudo sabia que precisava. Já adiara muito aquele encontro e não tinha mais desculpas para dar. Na realidade, o que o impedia de ir ver Brianna era o fato de saber que a garota gostava dele, que seus sentimentos eram mais profundos do que de uma amiga. Descobrira isso pouco antes de ir para o serviço obrigatório, perto dos dezoito anos, quando a ruiva nem chegava aos quinze, mas suspeitava que aquela paixão fosse mais antiga.

 Aparentemente, aquela idade era propícia para garotas pensarem em namoro, enquanto Sam não tinha sido capaz de pensar em outra coisa a não ser o serviço obrigatório. O problema era que, depois de passar dois anos na Fortaleza, o jovem tivera tempo suficiente para perceber que não queria nada com Ford. Ele gostava dela como uma amiga e queria que a relação deles permanecesse dessa forma. A única razão que levava Samuel a evitá-la era o medo de que as coisas ficassem estranhas entre os dois. Ele não sabia se Brianna ainda nutria tais sentimentos por ele, mas alguma coisa lhe dizia que sim.

Dixon parou diante da porta da residência dos Grimes, suspirou e puxou a maçaneta lentamente. Atravessou a sala de maneira furtiva para que a mãe, que estava na cozinha, não o visse e subiu até o segundo andar, onde ficavam os quartos. O corredor estava vazio, assim como toda a casa. Sarah havia permanecido em Alexandria, acompanhando de perto o caso; Rick tinha ido para o Reino e ainda não voltara; e Grace estava de férias e Sam não sabia ao certo aonde ela tinha ido. Dessa forma, Brianna ficara sozinha na casa, sendo acompanhada por Gabriela e Maggie.

Samuel entrou com cautela no quarto da ruiva, que estava escuro e silencioso. A garota estava deitada em sua cama, e ele não conseguiu identificar se ela estava dormindo ou acordada. A mãe o alertara a respeito do estado dela: embora estivesse se recuperando bem, Ford ainda sentia tontura e dores de cabeça. Mesmo no escuro, Dixon reparou que Brianna estava muito bonita, diferente daquela garota de quinze anos que usava os cabelos presos de que ele se lembrava. Ela também parecia maior, embora fosse difícil afirmar isso de uma pessoa deitada.

— Sam? – a jovem se apoiou nos cotovelos e acendeu uma vela posicionada ao lado da cama. Sua voz parecia um pouco trêmula, talvez indecisa.

— Oi... Eu tentei vir ontem... – mentiu enquanto puxava uma cadeira para se sentar.

— Eu sei, sua mãe me avisou – Ford o cortou de maneira ríspida. A reação dela foi pior do que Samuel esperava. Brianna estava decepcionada com ele. – Tudo bem, você não veio nos outros dias, um dia a mais não muda muito.

— Estava resolvendo problemas do emprego.

— Avery está morando na obra e arranjou tempo para vir aqui, Glenn e os meninos vieram também. E até a Mika veio. Ela está animada com o bebê, quer que eu ajude no parto...

— Desculpa, Bri. Eu realmente tentei – ao menos tentara pensar no assunto.

Poderia ter parado para pensar que a amiga havia crescido, que não era mais uma menininha. Isso estava claro para ele. Talvez, alguns anos antes, ela tivesse aceitado as suas desculpas e tudo teria ficado bem, porém não mais. O jeito com que Brianna falava o deixou totalmente sem jeito. Suas palavras eram verdadeiras agulhas: sozinhas não pareciam fazer muito estrago, porém quando somadas faziam grandes perfurações. Naquele momento, olhando nos olhos azuis de Ford, ele percebeu que tinha errado. Brianna não era do tipo que se ofendia facilmente, mas, depois que isso acontecia... Ela parecia realmente magoada, não tinha conseguido apaziguá-la nem mesmo usando o seu apelido. Sam já havia praticamente estragado a sua amizade com Grace, não queria perder Brianna também.

— Como você está? – mudou de assunto.

— Agora eu estou bem. Só bati a cabeça e fiquei desacordada por alguns dias, mas já passou. Tudo por causa desse cabelo estúpido – Sam foi forçado a rir.

— Mas o seu cabelo é tão bonito, é diferente.

— Às vezes eu queria ter um cabelo da cor seu. Como o da minha mãe – a ruiva começou a divagar, com os olhos fixos no nada. – Gabriela me falou muitas coisas sobre a minha mãe.

— Você sempre pergunta sobre ela, desde que aprendeu a falar.

— Mas eu sinto que nunca é o suficiente. É como se eu não soubesse nada.

— Você não pergunta muito sobre o seu pai, o Abraham.

— Talvez seja porque eu tive muitos pais. Eugene, Harlan, Rick. Mãe mesmo foi só a Sarah.

— Eu só tenho uma mãe e já me estresso bastante com isso – lembrou-se de seus cigarros. Samuel pegara mais alguns no armazém, totalizando treze no seu estoque. Aquilo dera muito trabalho: havia esperado a saída da mãe para pegar os novos com Melanie, sua aprendiz. Fizera o máximo para escondê-los de Gabriela Hopper em seu quarto, no fundo da gaveta de roupas. E mesmo assim ela acabara os achando e jogando em um lixo bem distante de sua casa. Lá se vão vinte créditos que eu nunca cheguei a usar totalmente... — Mas acho que você é uma garota de sorte. Quatro pais e duas mães.

— É mais do que muita gente tem por aí – Brianna fez a mesma coisa que tinha feito havia um minuto: fixou os orbes azuis no vazio e ficou pensando. Dixon não sabia o que fazer, talvez ela não tivesse se recuperado completamente do ataque violento que sofrera, podia ser uma espécie de efeito colateral. Por não conhecer nada sobre Medicina, ele simplesmente deu um tempo a Ford, esperando que ela continuasse a conversa. – E Hesh? Como ele estava?

— Hesh estava bem da última vez que o vi. Só sei que ele está em Washington. Não posso dizer muita coisa sobre isso, nunca participei de uma missão – tocar no assunto ainda o deixava mal. Não conseguira nem sequer uma vaga entre os patrulheiros que foram para D.C. no ano anterior. Pensar que Grace e Hesh tinham conseguido não era muito animador.

— Por que não?

— Não sou bom o bastante.

— Você cobra muito de si mesmo, Sam.

— Mas não tem outra explicação. Malcom seleciona os melhores recrutas do ano para a missão, e eu não estava entre eles.

— Fazer uma patrulha não define uma pessoa. Eu fico feliz por você não ter ido. Ouvi dizer que é perigoso. Maggie está muito preocupada com Hesh, espero que nada de ruim aconteça a ele... Tem notícias da Grace?

Samuel também evitara, de maneira mais relutante, ver Grace Grimes, mas essa tinha sido uma tarefa mais fácil. Havia ficado contente por saber que ela tinha saído de férias, por isso não parara para pensar que aquele passeio estava demorando mais do que deveria. De qualquer forma, depois da conversa que tivera com Tyreese, Dixon até sentira-se inclinado a falar com ela, uma vez que não era mais tão indeciso quanto antes. Ver Brianna preocupada com a irmã o deixou mal, sentindo-se muito egoísta por tudo isso.

— Não. Ela não te mandou nenhuma mensagem?

— Não, isso é muito estranho. Ela disse que não ficaria muito tempo no Reino. Só espero que ela tenha um bom motivo para ter sumido.

— Com certeza ela deve ter. Não deve ter sido nada grave, se não já estariam procurando por ela.

— Rick e Sarah estão muito atarefados – nisso Sam deve que concordar. Já fazia algum tempo que a médica deixara de se envolver com política. Se optara por ficar em Alexandria ao invés de voltar para cuidar de Brianna, deveria ser algo muito sério. – Avery disse que vai haver um julgamento.

Sam escutara o mesmo. Era muito provável que o centro comunitário fosse inaugurado com o julgamento do assassino de Alexandria. Isso explicava o motivo de Avery estar praticamente morando na obra. Os líderes de todas as comunidades se reuniriam lá, assim como qualquer um que quisesse participar, enquanto o acusado e as testemunhas seriam interrogados e uma grande discussão seria feita a respeito da pena que seria aplicada.

— Você vai?

— Sim. Avery disse que eu sou uma testemunha de acusação.

— O que é isso?

— Significa que eu tenho provas que podem piorar a situação dele – a ruiva não disse nada por alguns instantes, provavelmente estava pensando no que ocorrera. – E o emprego?

— Vou ser um dos apóstolos do Jesus. Bem, pelo menos vou tentar.

Passaram mais algum tempo conversando antes que Gabriela aparecesse e o chamasse para ir embora, alegando que já estava tarde e Brianna precisava descansar. Só então os dois perceberam que a vela já estava quase desaparecendo. Samuel se despediu da amiga, prometendo voltar depois, e saiu de lá contente, com a certeza de que não deveria ter demorado tanto para ir vê-la.

Na tarde do dia seguinte, Dixon se dirigiu até o hotel. Estava muito ansioso para o encontro que teria com Jesus, o encontro que poderia definir o seu futuro. O hotel era um prédio grande, o maior do Alto do Morro, obviamente construído antes do apocalipse. Havia muitas janelas espalhadas ao longo de seus vários andares e a pintura, apesar de antiga, parecia bem conservada. A primeira instrução que todos os candidatos receberam foram bastante claras: guardar seus pertences em um quarto previamente selecionado e esperar no saguão. Sam era um entre vinte, disputando doze vagas que só eram abertas uma vez a cada oito anos.

— Oi, eu sou Tom – um jovem falou ao se aproximar dele. Tinha uma aparência diferente, a pele com um tom escuro que Dixon nunca vira antes. Ele era alto, mesmo sentado, tinha cabelos negros, olhos castanhos e orelhas grandes. Dixon também reparou que havia um relógio pendendo do bolso da calça, semelhante ao que Glenn possuía.

— Sam.

— Está animado? Eu estou – o homem fez uma pausa e passou a mão pelos cabelos. – Desculpe. Eu falo demais quando estou nervoso.

— Estou mais curioso do que animado.

— Você é daqui, do Alto do Morro?

— Sim. Imagino que você seja de fora – Samuel se lembraria de alguém como ele se já tivesse visto.

— É, eu vim do Posto 3.

— E por que veio de tão longe? – nunca passara pela cabeça dele que outras pessoas saíssem de seus lares para tentar aquilo; muitos diziam que Jesus não percebia que já passara da hora de abandonar essa coisa de apóstolos. Nesse momento, Sam se deu conta de que suas chances eram menores do que pensava. As outras pessoas que estavam lá deviam ter se preparado a vida toda e estavam apostando alto naquilo, enquanto ele nunca pensara em se tornar um apóstolo até alguns dias atrás.

— Até um cristão se cansa da vida no Posto 3 – Dixon reparou que ele trazia um barbante repleto de bolinhas com uma cruz na ponta enrolado na mão esquerda. Scott chamava aquilo de terço, era o símbolo da religião que era seguida pelos moradores do Posto 3.

Algumas pessoas ainda seguiam religiões na Zona-Segura, mas Avery tinha lhe dito que aquilo era praticamente uma relíquia do passado. Antes do apocalipse, houvera centenas de religiões diferentes espalhadas pelo mundo, algumas com milhões de adeptos; nos tempos atuais, não existiam mais que meia dúzia delas, cada uma com poucas dezenas de seguidores. A maior de todas era a religião católica, que contava com toda a população do Posto 3, além de mais algumas pessoas espalhadas pela Zona-Segura. Scott seguira essa religião no passado, pelo menos até antes da Guerra Total.

— Como conseguiu esse relógio? – perguntou. Relógios de ponteiros eram muito raros.

— É uma relíquia de família. Ele é inglês.

— O que isso quer dizer?

— Ele é da Inglaterra. Uma ilha do outro lado do mar.

— Sua família também veio de lá?

— Acho que meu avô era de lá, mas antes minha família era de um lugar chamado Índia. Eu li em um livro que a Índia era um lugar muito importante e todo mundo queria ir pra lá.

Sam não teve tempo de responder. Todos se calaram e se levantaram quando a porta que dava para o interior do hotel se abriu, e Paul Monroe entrou tranquilamente por ela. Era definitivamente um homem estranho: mais baixo que Sam, ele tinha uma constituição física forte, olhos azuis austeros, cabelos de comprimento médio em tons que variavam entre castanho-claro, cinza e branco, uma barba com a mesma coloração e algo próximo dos sessenta anos. Usava uma blusa comprida de lã branca e calças do mesmo tecido, com uma bota de couro marrom por cima.

— Bom dia. Espero não ter feito esperarem por muito tempo. Por favor, sentem-se aqui – Jesus fez um sinal para que fossem até o centro do saguão e sentou-se de pernas cruzadas no chão. Todos fizeram o mesmo obedientemente e formaram uma roda no local. – O que temos aqui... – disse ele olhando para uma folha de papel em cima de uma placa de madeira que levava nas mãos. – Temos oito do Alto do Morro, cinco do Reino, dois de Alexandria, dois do Posto 1, dois do Posto 2 e um do Posto 3. Nada mal... Este é um ano atípico. Como já devem saber, tivemos problemas com as colheitas na Zona-Segura e houve o homicídio em Alexandria; isso tudo acabou me deixando muito sobrecarregado e cheio de problemas para resolver. Lamento em informar que não poderei ficar com vocês durante o treinamento. De qualquer forma, eu já estava pensando em fazer isso há algum tempo, então não foi algo tão inesperado assim.

— Vamos treinar sozinhos? – alguém fez a pergunta. Todos os presentes pareciam querer perguntar, mas não exatamente com aquelas palavras.

— Ótima pergunta, meu jovem. Qual é o seu nome?

— Andrew, Andrew Payne.

— Ótima pergunta, jovem Andrew. Não, vocês não treinarão sozinhos. Há muitos anos eu venho treinando uma aprendiz, e finalmente chegou a hora de testá-la. Kaya está comigo desde o primeiro grupo de apóstolos. Ela foi treinada desde pequena segundo os princípios do Bushido, e eu acho os métodos dela bem interessantes e aplicáveis.

— O que é isso, Bushido? – outra pessoa perguntou.

— Seu nome, por favor.

— Mina Endicott.

— Certo, Mina. O Bushido é um código de conduta muito antigo que era seguido por um grupo de guerreiros chamados samurais. Talvez um dia Kaya o ensine para vocês, seria muito bom. Enquanto ela não resolve aparecer, vou adiantar alguns pontos importantes. Eu queria ressaltar para vocês a importância desse trabalho. Vocês já devem saber do que se trata, mas, para não dizerem que eu não avisei... Os apóstolos são pessoas que saem da Zona-Segura e vagam por aí em busca de sobreviventes perdidos. Eu sempre acreditei que ainda há pessoas lá fora, por isso criei esse grupo. Às vezes nós encontramos alguém, às vezes não. É uma vida dura, não vou negar, porém tem suas recompensas. Vocês são jovens, não sabem como é a vida lá fora. Nós, mais velhos, conhecemos bem essa realidade. Saibam que a Zona-Segura, tudo isso, foi uma grande conquista, algo que eu gostaria de poder compartilhar com o maior número de pessoas possível. Talvez não pareça algo muito importante perto de todos os problemas que apareceram recentemente, mas, se eu puder salvar uma pessoa que está perdida em algum canto desse mundo, então é isso que eu vou fazer. Espero que vocês também compartilhem dessa ideia, ou pelo menos aprendam isso com o tempo. Como já devem saber, passarão o próximo ano, talvez mais do que isso, fora da Zona-Segura, aprendendo tudo que precisam saber para sobreviver lá fora e como encontrar pessoas. A partir daí, passarão períodos em casa entre uma viagem e outra. Agora vou responder suas perguntas. Quem gostaria de começar?

— Nosso treinamento será essencialmente lá fora? – Mina perguntou novamente. Ela parecia realmente envolvida com o assunto. Era a mais compenetrada da sala e, apesar de estar perguntando, aparentava ser a que mais sabia.

Quanto a Sam, ele se sentia perdido. Embora não tivesse muito conhecimento sobre o trabalho dos apóstolos, a ideia de ser treinado por Jesus o animara bastante. O homem era bastante conhecido na Zona-Segura e venerado no Alto do Morro. Além disso, Paul Monroe fora amigo de seus pais e o jovem já o conhecia. A recente descoberta de que não seria mais treinado por ele rebaixara consideravelmente o ânimo de Dixon. O outro motivo que o levara até lá não podia ser considerado forte: ser um apóstolo era uma posição de respeito, algo bem melhor que trabalhar como mensageiro.

Aquele era o trabalho da vida de Jesus. O líder do Alto do Morro não costumava ser visto andando por aí, passava a maior parte do seu tempo dentro do hotel, e quase nunca deixava a comunidade. Quando o fazia, geralmente tinha algo a ver com o trabalho de seus apóstolos. Se dessa vez Monroe optara pela política, o assunto deveria ser realmente sério. Outra coisa que chateava Samuel era o fato de ter outra pessoa de referência saindo da ativa. Primeiro o pai se aposentando, depois a mãe dando os primeiros sinais de que pretendia parar, e o mais recente era Jesus passando essa responsabilidade para a tal aprendiz.

Enquanto o líder falava, Sam teve um relance de um vulto parado na porta, e só então notou que de fato havia alguém lá. Era uma mulher alta e que já devia estar perto dos trinta anos, com traços parecidos com os da família Rhee, traços que Hesh chamava de coreanos. Mesmo com olhos amendoados, não havia nela tanta semelhança com a fisionomia de seu amigo ou de Suki, a coreana que morava na Fortaleza. Ela é diferente. Os cabelos longos estavam soltos e eram negros como carvão, os olhos eram castanhos e a pele, morena. Ao contrário de Jesus, a mulher usava roupas negras, trazia duas espadas presas na lateral esquerda da cintura e segurava uma bandeja metálica com um bule e várias xícaras.

O filho de Daryl já a vira antes no Alto do Morro, embora nunca tivesse reparado de verdade ou se importado com quem ela era. Quando mais novo, lembrava-se de uma garota atrás de Jesus e, com o passar dos anos, era uma mulher que o seguia para todos os lados, como uma sombra. Devido à aparente natureza silenciosa da mulher, Samuel nunca tinha prestado atenção nela, talvez a própria não quisesse chamar atenção.

— É ela? – Dixon sussurrou para Tom, sentado ao seu lado.

— Cara, você mora no Alto do Morro e não sabe? Sim, é ela – talvez Jesus tivesse lido seus pensamentos, pois reparou nela pouco depois.

— Não notei que estava aí, querida. Junte-se a nós.

A mulher assentiu e caminhou silenciosamente até a roda. Assim que se aproximou de Monroe, ela abaixou a cabeça em alguma forma de cumprimento estranha antes de depositar a bandeja no centro e sentar-se sobre as próprias pernas ao lado do homem. Kaya gastou alguns instantes observando cada um deles individualmente, como se os avaliasse. A cena o fazia lembrar-se de sua infância, na escola, quando os alunos sentavam-se em roda com o professor para aprender sobre algo. A diferença era que Sam nunca se sentira tão nervoso na sala de aula.

— Essa é Kaya, minha protegida e aprendiz. Ela será a mestre de vocês – a mulher deu apenas um aceno de cabeça. Sua face era dura como pedra, não demonstrava emoção alguma. A mulher, com sua postura impecável, excesso de cordialidade e maneiras estranhas, se assemelhava de alguma forma ao povo do Reino. – Você trouxe chá! Tem um aroma diferente, é novo?

— Sim, hortelã-brava. As folhas acabaram de chegar do Reino – ela falou pela primeira vez. Sua voz, assim como a sua aparência, era diferente.

— Muito bem, vou servir o chá para vocês – Paul parecia incrivelmente animado com aquele líquido esverdeado. – Folhas eles exportam, mas comida... Com todo o respeito aos súditos do Rei Ezekiel presentes, claro.

Assim que Jesus serviu o seu, Sam bebericou o chá cautelosamente. Ainda estava quente, porém não o suficiente para queimar a boca. Tinha um sabor estranho, meio aguado e incrivelmente refrescante. Mesmo depois de muito tempo, o sabor ainda ficava na boca. Embora não fosse ruim, Dixon também não podia dizer que havia gostado.

— Boa tarde. Parece-me que Paul já adiantou as novidades. Antes de começarmos nosso primeiro dia, gostaria de deixar algumas coisas bem claras. É muito importante que todos vocês saibam o que vão fazer daqui em diante; esse treinamento não é uma brincadeira. Nós temos regras aqui, regras que devem ser seguidas à risca. Quando se inscreveram, devem ter notado uma lista de instruções na porta do hotel – Kaya fez uma pausa, talvez adivinhando o que se passava pelas cabeças dos concorrentes. Sam se lembrava da lista de regras, mas não podia dizer que havia lido todas elas. – Deixamos bem claro que, caso alguém não seja capaz de seguir alguma delas, estará fora da equipe. Meus métodos já foram aprovados, de maneira que posso eliminar qualquer um de vocês por má conduta – ela olhou de relance para Jesus, que assentiu –, então seria bom que não me questionassem. Quem são os candidatos dos quartos 103 e 105?

— Eu – um deles levantou a mão despreocupadamente. Kaya o estudou por alguns instantes antes de tirar um pacote de algum lugar. Dentro dele estava um maço de cigarros.

— Pode me dizer o que isso significa?

— São cigarros – ele deu de ombros, quase zombeteiro.

— Exatamente. Você está ciente de que cigarros são proibidos para os apóstolos?

— Não... Estava mexendo nas minhas coisas?

— Eu pedi para Kaya fazer isso, com o intuito de evitar imprevistos – Jesus esclareceu. – Estava escrito nas regras que vocês teriam seus pertences vasculhados. Você, meu jovem, pode voltar para casa.

— Quarto 105? – a aprendiz de Jesus quebrou o silêncio que havia se formado. – Encontrei bebidas alcoólicas no quarto.

— Estou expulso também? – um homem perguntou, mas já sabia a resposta só de olhar para o rosto de Kaya.

— Acho que podemos prosseguir – ela disse quando os dois rapazes se retiraram sem dizer nada. ─ Este trabalho exige muita disciplina e ordem. Se não forem capazes de obedecer a regras, o lugar de vocês não é aqui. Saibam que eu não vou hesitar em mandar qualquer um embora. Estão de acordo?

─ Sim ─ todos responderam em coro. Sam, assim como os outros, ainda estava um pouco assustado pelo que acontecera. O treinamento mal havia começado e duas pessoas já haviam saído. A expulsão deles tinha sido no mínimo estranha, afinal, poderia ter sido qualquer um.

─ Vocês ficarão aqui no hotel até que a equipe já esteja formada. Durante esse período, não poderão sair daqui em hipótese alguma. Depois terão um dia livre antes de sairmos para fora da Zona-Segura. Vocês são dezoito ao todo; apenas doze serão selecionados no final dessa jornada. Apesar da seleção, o treinamento não é uma competição. Estou formando uma equipe e quero que aprendam juntos e que ajudem uns aos outros. Quero que cada um tenha isso em mente: se você vai passar ou não, isso depende de você, não dos outros. Saibam que, quando nós sairmos daqui, a vida de vocês vai depender dos seus companheiros. Por essa razão eu gostaria que vocês se conhecessem melhor. Paul disponibilizou o saguão do hotel para vocês. Podem fazer o que quiserem, desde que não quebrem nenhuma regra. Retornarei mais tarde com novas instruções. Estão dispensados.

─ Vai nos deixar aqui sozinhos? ─ Andrew indagou antes que ela tivesse tempo de se levantar.

─ Sim. Vocês precisam socializar, e a nossa presença aqui poderia inibi-los de alguma forma.

─ Mas... E quanto à comida? ─ a maneira dramática com que o rapaz perguntou conseguiu surpreendentemente arrancar um pequeno sorriso do rosto de Kaya.

─ Não se preocupe, deixaremos alimentos aqui embaixo para que não passem fome.

Assim que Jesus e Kaya se levantaram, Samuel percebeu que se enganara em relação à mulher. Ela não era alta como aparentava, muito pelo contrário: ela conseguia ser mais baixa que o líder do Alto do Morro, talvez tivesse a mesma altura de Gabriela. Os dois formavam uma dupla incrivelmente estranha: pareciam entrosados com aprendiz e mestre deveriam ser, porém pareciam opostos, do vestuário às maneiras.

Os dois saíram, deixando os dezoito concorrentes sozinhos no saguão. A comida veio depois, como prometido, e Sam jurava que seria mais alguma coisa feita de folhas, pois aquilo seria uma coisa que Paul Monroe faria, porém não foi isso que lhes foi servido.  A carne de cervo desfiada estava muito bem temperada e a bebida para acompanhar era novamente chá, dessa vez um de sabor adocicado que combinou com o prato salgado.

Em seguida, uma grande roda de jogo se iniciou. Samuel ficou claramente com um pé atrás, estava disposto a não sair da linha para conquistar aquele emprego, e só foi jogar depois de muita insistência de Tom. O dono do baralho, Jack do Posto 1, jurou ter lido as regras e visto que aquilo não era proibido, desde que nada fosse apostado. O jogo foi divertido, principalmente quando todos os presentes na sala se dispuseram a jogar, mas depois de um tempo se tornou enjoativo e, aos poucos, algumas pessoas foram abandonando a roda. Sam não demorou muito para fazer o mesmo, juntando-se a Tom no sofá para conversar. Mais tarde, Andrew e Mina também se aproximaram.

─ Só fico mal por causa dos cigarros ─ Dixon comentou quando o assunto se voltou para as expulsões que tinham ocorrido mais cedo. Aquilo era muito estranho para ele. Logo Samuel, que sempre sentira prazer em quebrar regras, estar disposto a não sair da linha por causa de um trabalho. Mas, de alguma forma, a conversa que tiveram com Jesus o animara um pouco, dando a ele a certeza de que era aquilo que ele queria para a sua vida. ─ Qual é o problema deles?

─ Eu até que gostei das regras, principalmente do confinamento no hotel. Não pretendo voltar pra casa tão cedo ─ Payne vinha do Posto 1, o mais próximo da Fortaleza. Era bastante incomum que pessoas dos postos se mudassem para as comunidades, geralmente o que ocorria era o oposto: moradores das comunidades que saíam para a reclusão dos postos em busca de uma vida mais calma.

─ Parece que todo mundo veio pra cá querendo fugir de casa.

─ Eu gosto da minha antiga vida ─ Mina rebateu.

Era uma jovem de estatura mediana, um pouco maior que as mulheres da família de Sam. Ela tinha cabelos castanhos ondulados que passavam um pouco dos ombros e que estava trançados de uma forma estranha à moda do Reino. Seu rosto era forte e, ao mesmo tempo, delicado. Endicott era a única mulher do grupo, mas não era por isso que Sam a achava atraente. Talvez fosse pela beleza dela, ou pela determinação, ou pelos dois.

─ Mas você veio do Reino. Com certeza é melhor que a minha vidinha lá no Posto 1, ou a do Tom no 3. Se eu não tivesse saído, teria me tornado agricultor, como todas as outras pessoas lá... Calma, vocês plantam no Posto 3, ou só constroem igrejas?

─ Um monte de coisas. Milho, beterraba, algodão, tomate, soja, uva... Mas alguns dizem que vivemos da nossa fé ─ o rapaz de pele escura pareceu aborrecido pelo comentário. Os moradores do 3 tinham muito orgulho de seu posto, que era o maior da Zona-Segura. ─ E nós só temos duas igrejas. Estão construindo a terceira agora.

─ A Zona-Segura é cheia de estereótipos ─ Mina disse. Talvez ela mesma não gostasse do rótulo que os moradores do Reino recebiam. ─ Parece que as pessoas adoram criar histórias para as coisas. Já ouvi pessoas dizendo que Jesus encontrou a Kaya em Washington, e que antes disso ela tinha vivido completamente sozinha em um lugar chamado Monumento aos Veteranos do Vietnã, era quase uma selvagem.

─ Ela já matou um homem na Fortaleza. Arrancou a cabeça dele com a espada ─ Andrew comentou de forma sombria. ─ E não vamos nos esquecer daquela bebida estranha que ela trouxe.

─ Aquela mulher é esquisita. Nunca ouvi falarem nada sobre ela aqui no Alto do Morro ─ Sam admitiu. ─ Eu preferia ter esse treinamento com Jesus.

─ Não que o Jesus seja muito normal ─ Tom comentou. ─ Ficar sentado de pernas cruzadas na sala não parece algo que um líder faria.

─ Ele é um cara legal ─ Dixon discordou. Acima de tudo, Paul Monroe era um herói. ─ Talvez só um pouco excêntrico.

O tempo parecia se arrastar, e jovens ociosos costumavam ter as piores ideias imagináveis. Não demorou muito até que começassem a jogar Verdade ou Consequência, mas foi questão de tempo até que se entediassem outra vez. Mais tarde, tentaram fazer guerra de travesseiros usando as almofadas do sofá, o que acabou não dando muito certo. Alguns começaram a sugerir jogos que tinham aprendido na Fortaleza para passar o tempo, e só então os concorrentes conseguiram se distrair. O Sol já terminava de se por quando Kaya finalmente voltou. Assim que a mulher surgiu no saguão, todos se calaram, esperando que ela dissesse algo. Mas ela não falou, apenas avaliou minuciosamente o espaço, reparando na bagunça que havia se tornado o local.

─ A primeira lição de vocês foi socializar, e parece que se saíram bem ─ Sam tentou procurar alguma expressão em seu rosto, porém ela não se alterava. Os olhos sempre demonstravam austeridade e, acima de tudo, serenidade, a última característica algo que ele mesmo nunca alcançaria. ─ O primeiro passo para que se tornem apóstolos é aprender que os afazeres de pouca importância devem ser levados a sério. Assim vocês manifestarão sua atenção, vontade e paciência e recuperarão o potencial humano. De hoje em diante, a limpeza do hotel ficará por conta de vocês. Podem começar limpando a bagunça que acabaram de fazer. Muitos podem discordar disso, podem pensar que não faz sentido algum, mas, para se tornarem apóstolos, vocês precisam de comprometimento, e começarão a provar isso com essas pequenas tarefas. Caso alguém se sinta incomodado, a porta está aberta.

Eu estou incomodado, foi o primeiro pensamento de Samuel Dixon. O jovem pensava que, se algo parecesse realmente errado, ele mudava. Era esse o argumento que Sam usava quando a mãe tentava forçá-lo a limpar seu quarto. Ao olhar para o saguão, ele percebeu que toda aquela bagunça parecia muito errada, chegava a ser incômodo. Obviamente a ideia de limpar tudo aquilo não o agradava nem um pouco, contudo o homem não desistiria de ser um apóstolo por causa disso. Se tivesse que limpar, então ele limparia.

Assim que Kaya os deixou, todos os protestos tomaram voz. Mesmo contrariado, Dixon foi o primeiro a seguir Mina na arrumação do ambiente, e, aos poucos, todos começaram a se conformar. Uns contribuíram mais que outros, todavia, depois de algum tempo, o saguão parecia habitável novamente.


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Notas finais do capítulo

Tivemos várias apresentações nesse capítulo e, como ele é especial, eu fiz alguns aesthetics. Não deu tempo de fazer do Andrew...Então só temos três.
Mina: 67.media.tumblr.com/b4b46797e44af41534e859b676ed2938/tumblr_ob04z23DGM1txro7no2_500.jpg
Tom: 66.media.tumblr.com/cb4273a36d48cf03d335888448675ce6/tumblr_ob04z23DGM1txro7no3_500.jpg
Kaya:
67.media.tumblr.com/a0ae6819865506cc91f2a6c864977bf0/tumblr_ob04z23DGM1txro7no1_500.jpg
Bem, por hoje é só. Espero encontrar vocês nos comentários, eu gostaria muito que todos os leitores comentassem, deixassem só um recadinho para a Aggie e falassem o que mais gostaram ou o que menos gostaram. Comentários nos motivam muito a escrever, não pelo número deles e sim por seu conteúdo, ficamos muito felizes em saber que gostam dessa fanfiction.
O próximo não tem previsão de postagem, porém já começamos a escrevê-lo. Até mais!!