A Lenda de Luttern escrita por Arabella


Capítulo 1
Capítulo 1 - Fogo e Criaturas


Notas iniciais do capítulo

Oiie :) Primeiro capítulo, espero que gostem! Em breve postarei mais!



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Havia fogo, criaturas negras e espessas que mais pareciam borrões e sombras, e bem... Um dragão.

Se fosse possível que existisse uma sensação de já ter visto certo dragão, Avy estava passando por isso no momento.

Ela tentou lembrar-se de quando, onde e como. Com toda certeza ela nunca havia se deparado com uma criatura daquelas, pelo menos não pessoalmente na vida real, talvez em sonho, quem sabe.

Estava difícil respirar. A fumaça negra havia tomado conta do seu corpo, ocupando o espaço do oxigênio nos pulmões.

Algo a agarrava e a tentava enforcar, como se ainda pudesse respirar com o fogo. Um tornado sombrio se formava no teto de algum lugar que ela já não reconhecia.

Na verdade, Avery Holtz já não distinguia quase nada.

A única coisa que conseguia ver pelo olho semifechado, embaçadíssimo estava o que parecia ser o dragão e suas enormes asas abertas se debatendo contra as criaturas, soltando um jato frio, contrastando com as altas e quentíssimas chamas, tentando destruí-las. Mas estava sendo em vão, centenas de sombras surgiam a cada segundo, muitas até mesmo para uma criatura mística.

Uma nuvem negra atingiu Avy, mas não era apenas fumaça. havia algo insuportavelmente mortal nelas. A garota sentiu o corpo explodir em um milhão de pedacinhos.

Avery Holtz acordou em um pulo. Seu cabelo estava molhado, seu travesseiro estava molhado, ela estava molhada.

O quarto cheirava a terra molhada, ouvia-se o cair da chuva e os trovões, e um relâmpago iluminava o quarto o tempo todo.

Apenas um sonho– ela pensou.

Seu coração estava acelerado. A sensação havia sido tão real, ela mesma podia sentir o arder do fogo rasgando sua pele. Os olhos familiares do dragão e...

Uma coruja branca estava a observando no peitoril da janela, debaixo da barulhenta tempestade que caía lá fora, ensopada.

Novamente, assim como o dragão ela teve uma sensação de que a conhecia. Por que aquilo vinha acontecendo? Se fosse a primeira vez, mas não era. Havia mais de um mês que as coisas andavam sem fazer sentido algum. Animais selvagens e exóticos aparecerem de repente já se tornara rotina. A cobra na sala de aula, o lobo no banco do metrô, o leão no shopping...

Quando a viu seu coração deu outro pulo, ela já devia ter se acostumado com a situação. A coruja ainda não era nada espantoso em comparação com o que já acontecera. De qualquer forma, causava um desconforto enorme, os olhos arregalados como se soubesse cada detalhe da vida dela, e ainda por cima debaixo de chuva, escolhendo se molhar apenas para a observar de madrugada. Qual a necessidade?

A garota fechou os olhos e se beliscou para ter certeza de que não estava sonhando.

Quando abriu os olhos novamente, o animal não estava mais lá.

Era sempre assim, um rápido segundo e logo despareciam de repente.

Ainda assustada, Avery se enrolou nas cobertas e tentou voltar a dormir observando o quadro em sua parede comprado em uma loja de decorações que dizia Lar é onde seu coração está.

Se ela ao menos soubesse que era a última vez que dormia naquele confortável quarto.

***

– Adivinha o que eu vi hoje de madrugada - Perguntou Avy a irmã, no café da manhã, a cozinha cheirava a torrada e café, o clima era de um friozinho pós-tempestade, as janelas e azulejos estavam úmidos - Você tem três chances e uma dica.

A irmã botou sua xícara de café na mesa e revirou os olhos.

– Quantas vezes já te falei para parar com isso?! Avy, não tem graça. É a brincadeira mais idiota que eu já vi. Você tem quantos anos? 15!

A menina bufou.

– Errou - disse Avery num tom amargo - Eu vi uma coruja branca e enorme. Laureen, eu já te disse que não é brincadeira. Não sei porque isso está acontecendo, mas é tudo verdade.

– Fala sério, um leão no shopping? Eu sei que é difícil para você entender, mas é tudo coisa da sua cabeça. Um amigo do Rodrick é psicólogo, e ele disse que vai marcar com ele uma sessão para você, se não assumir logo que é brincadeira.

Avery levantou-se e bateu na mesa.

– Mas eu já falei que eu não estou ficando louca! Eu sei que é ridículo ter que acreditar em mim, mas você deveria, é minha irmã mais velha, Laureen você é minha família inteira! Aliás, você sabe que eu não confio nada no Rodrick.

A irmã olhou com pena para ela, meio que se arrependendo do que havia dito.

– Avy, eu sei que... Mas...

A caçula, já irritada pegou a mochila do braço da cadeira e saiu andando.

– Se eu não posso nem contar com a minha família, eu já não sei o que faço... Desculpa, mas infelizmente eu tenho aula hoje. - assim que ela disse, saiu e bateu a porta.

Geralmente, ela não era de se exaltar facilmente, sempre fora calma e controlada, mas os últimos acontecimentos a tiravam do sério. A irmã não tinha culpa de achar que ela estava louca, afinal, quem não acharia? Avy era a única que via os animais, e sempre que apareciam, a atenção deles estava toda voltada à ela. O que eles queriam, e porque a perseguiam, ela nunca soube dizer.

– É irmãzinha, infelizmente, a hora está chegando. - Laureen sussurrou para si mesma.

Avery já havia contado para a irmã todas as vezes que os animais apareciam, todos a observando fixamente, e todas as vezes, ela era a única que os via. Laureen nunca tinha acreditado em nada, sempre dizia que era loucura ou algum tipo de ilusão de ótica ou falha no cérebro. Mas Avy sabia que não estava louca. Os animais eram reais.

A garota tomava conta da irmã caçula desde que essa tinha 11 anos. Os quatro últimos anos da vida das duas foram sempre solitários e difíceis. Praticamente duas crianças morando sozinhas. As coisas poderiam ser tão melhores...

Toda noite, antes de cair no sono, Avy sempre se pegava pensando em como tudo poderia ser diferente enquanto olhava o piscar das luzinhas na parede de seu quarto. Ela queria ter uma vida como as meninas da sua idade têm. Ela queria ter uma mãe e um pai, queria poder fazer visitas no final de semana para a casa da avó, e com toda certeza, queria não ter que ir visitar o túmulo de sua família todo mês, sem falta.

Sua mãe faleceu em um acidente de carro quando Avery tinha 3 e Laureen 9 anos. Ela voltava de uma viagem à trabalho de Boston, um caminhoneiro bêbado amassara seu carro feito uma bolinha de papel, ou feito alguém que joga uma latinha no chão e depois pula em cima. Desde então, foi criada pela avó viúva, as coisas iam até bem, mas então outra tragédia aconteceu. Diferente do caminhoneiro, dessa vez ninguém teve culpa, a avó das meninas já pegou a guarda das netas em uma idade precária, e elas tinham de confessar que no fundo, sempre souberam que não duraria muito tempo e logo sofreriam outra perda.

Então, quatro anos para cá, foi sempre só as duas. Laureen se tornara uma segunda mãe, a perda faz as pessoas amadurecerem. As duas trabalhavam em um restaurante e com esse dinheiro pagavam o aluguel do apartamento e algumas despesas, ganhavam todas as refeições do chefe do restaurante, que com certeza tinha pena delas. Quando Laureen completou 18 anos, uma pensão pela morte da mãe ajudou bastante, mas ainda não o suficiente, pelo menos conseguiram comprar um carro, e agora Avy não precisava se preocupar em chegar encharcada no colégio em dias de chuva. A irmã começou a fazer uma faculdade de meio período, e isso pesava até hoje na consciência da caçula, porque, se tinha algo certo, é que Laureen era extremamente inteligente, do tipo que conseguiria entrar em qualquer faculdade que quisesse, mas por ter que cuidar da irmã, teve que se contentar com uma frajuta de meio período.

***

Neste dia, Avery voltara mais cedo do colégio, uma professora estava passando mal e garantiu uma aula vaga. Decidiu ir embora pelo metrô, que parava bem próximo ao seu apartamento, seguiu o caminho restante com seu guarda-chuva preto, desviando das diversas poças de água que encontrara no caminho. Dessa vez, nenhum lobo branco a perseguira.

Entrou no elevador vazio e apertou para 8o. andar. Ainda estava um pouco brava com Laureen, mas no fundo sabia que era ridículo culpá-la. Ela não tinha culpa de não acreditar que a irmã têm visto animais estranhos pelas ruas de Nova York. Ninguém teria culpa. Talvez Avy estivesse mesmo ficando louca. Talvez um psicólogo ou psiquiatra devesse mesmo ser consultado.

Quando pensou na palavra psicólogo, a raiva voltou num instante, e ela se lembrou do que realmente havia odiado naquela manhã, Laureen disse: "Um amigo do Rodrick é psicólogo, e ele disse que vai marcar com ele uma sessão para você"

Aaargh, Rodrick.

E então era essa a principal fonte da raiva. Não a consulta com psicólogo - a esse instante, a própria Avy já estava prestes a marcar uma consulta - Mas o fato de Laureen ter contado tudo para Rodrick.

Rodrick, o namorado de sua irmã, até tentava ser legal com Avy. Mas sem saber muito porquê, a garota o odiava. Era algo meio que, se ele pegasse fogo e Avy estivesse ao seu lado com um copo de água fresca, ela beberia tudo em um gole só.

Ele nunca havia feito nada de ruim para nenhuma das duas, pelo menos não que elas soubessem, mas toda vez que o via, algo dentro de Avery gritava bem alto, chamando a atenção da garota como um grande luminoso piscante em uma estrada escura e vazia dizendo: Ei, não confie em mim!!– Como um sexto sentido ou algo assim.

As portas do elevador se abriram e garota caminhou até a porta de seu apartamento. Mas algo muito incomum estava acontecendo:

Laureen estava conversando com alguém lá dentro, alguém que não era nem Avy, nem Rodrick.

Em qualquer outra casa, isso não seria absolutamente nada demais, mas com elas era diferente, com elas tudo era sempre diferente. Nunca recebiam visitas, não tinham parentes para fazer isso, e a única amiga de Laureen que frequentava a casa delas era Taylor, mas o que se ouvia era uma voz de garoto.

E os dois pareciam extremamente apreensivos e nervosos na conversa.

Laureen: Ela ainda é muito nova...

Desconhecido: É a idade certa, ou é agora, ou é tarde demais.

Laureen suspirou.

Laureen: Não acho que Avy esteja pronta, ela, ela é só uma garota. Ela já sofreu demais.

Desconhecido: Avery Holtz, pelo o que eu já vi, é uma garota forte. o sofrimento torna as pessoas fortes. Ela está mais pronta do que muita gente.

Quem estava ali? Como sabia seu nome? E por que dizia coisas do tipo " Como eu já vi" ?

A garota sentiu uma enorme vontade de abrir a porta, mas sabia que se fizesse isso, a conversa acabaria e ela nunca saberia do que estavam falando.

Laureen: Quando minha mãe me disse isso, quando eu tinha uns 8 ou 9 anos, nunca achei que fosse verdade... Até um mês atrás eu achava que tudo isso era uma grande invenção de loucos.

Desconhecido: Vai contar a verdade para ela?

Laureen exitou.

Laureen: Até quando é o prazo?

Desconhecido: Até coisas muito ruins começarem a acontecer. E se continuar escondendo como está fazendo, coisas horríveis acontecerão muito em breve, muito em breve, então, seja rápida. Uma amiga minha sentiu que eles já estão por perto.

Laureen: Ela precisa mesmo ir?

Desconhecido: Ela é a única coisa coisa que pode nos salvar do fim.

Houve uma pausa.

Desconhecido: Espero que tenha entendido, agora, eu tenho mesmo que ir. Vejo vocês em breve.

Avery Holtz abriu a porta do apartamento.

Laureen ficou branca de susto, porém, não havia mais ninguém ali.

Tudo estava normal, as coisas pareciam em seu devido lugar, exceto a irmã mais velha parada em uma posição desconfortável, fracassando em "agir naturalmente", e a janela da sala estava aberta, deixando um frio vento forte e anormal entrar e balançar as cortinas e os cabelos semi-ruivos das duas.

– V-Você chegou mais cedo hoje... - afirmou Laureen.

– Minha professora passou mal e nos deu uma aula vaga... Aconteceu alguma coisa? Você parece assustada.

Embora a irmã tenha olhado nos olhos de Avy, a garota sabia que seu pensamento estava longe.

Laureen apenas balançou a cabeça negativamente.

– Melhoras para sua professora. - ela disse e seguiu para a cozinha.

Avery não conseguiu acreditar que Laureen estava mesmo tentando esconder algo dela. Algo importante, que conforme o tal garoto desconhecido havia dito, coisas horríveis aconteceriam se a garota não soubesse o quanto antes.

Mas o que seria essa tal verdade, o que seria tão intenso a ponto de Laureen arriscar colocar a vida de todos em perigo, ao invés de simplesmente contar a Avy?

O que aconteceria se Avy descobrisse?

As coisas andavam tão confusas para a garota. Animais que não se veem facilmente a perseguindo, pesadelos para lá de esquisitos, a irmã conversando com um desconhecido sobre coisas que não faziam sentido algum...

Algo ruim com certeza estava para acontecer. O sexto sentido de Avy gritou novamente.

– Laureen, você tem alguma coisa para me contar? - ela tentou novamente.

Laureen apertou os lábios, olhou em volta exitando, mas quando foi abrir a boca para falar algo, seu celular tocou.

Maldito celular.

– Oi, Taylor? - ela atendeu - Ah, caramba! Eu, eu havia me esquecido totalmente! Droga.*** Mas, hoje à noite?! Não, eu não posso, não tem ninguém para ficar com a Avy... *** Tá, eu sei que é para amanhã, mas...

– Ei, ei! - interrompeu Avery.

– Um minuto - disse Laureen ao telefone - O que foi, Avy?

– Não deve deixar de fazer algo por mim. Pode ir, eu fico aqui em casa sozinha.

– Tá, mas mesmo assim...

– São só algumas horas, eu me viro bem.

Laureen examinou a menina.

– Ok - disse de volta ao telefone - passo na sua casa às oito.

– O que foi? - perguntou Avy, logo após sua irmã ter desligado o aparelho.

– Eu tinha marcado de me encontrar com Taylor na biblioteca hoje para terminar um trabalho da faculdade... Eu me esqueci totalmente. Devia ter procurado alguém para ficar com você.

– Que isso, eu sei passar algumas horas sozinhas, não precisa se preocupar... você se preocupa muito comigo, eu agradeço, mas...Sério, não precisa. - a caçula disse deixando a cozinha.

Laureen suspirou e se jogou na parede.

– Ah, Avy... se você soubesse o que está acontecendo, não diria isso - ela sussurrou para si mesma.

***

Devia ter se passado uma hora desde que Laureen saiu. A garota insistiu que Avy trancasse a porta e não a abrisse para ninguém. Agora ela estava sozinha.

Havia macarronada requentada esfriando dentro do microondas. Avery estava assistindo a uma maratona de uma série de vampiros passando na tv, quando um vento frio e forte soprou vindo de seu quarto. Ela estranhou, mas isso não a fez se preocupar muito, era outono e ventos surgirem do nada era uma atividade comum.

Porém, logo depois do vento, um ruído forte demais para sair da televisão soou. Algo parecido com um sussurro áspero e alto. A garota olhou em volta procurando a fonte, mas tudo o que viu foi algumas luzes piscarem, até elas e a tv desligarem de vez com um estouro.

Com o susto, a garota levantou-se do sofá e usou a luz da tela do celular para iluminar enquanto ia até o interruptor acender as luzes.

Ela tentou três vezes, ligando e desligando. Nada. Quando olhava para a janela do apartamento, via que nos outros prédios não estava faltando luz, apenas o dela.

Algo estava muito errado.

Parada ao lado do interruptor, sentiu novamente a brisa fria que sentira antes, vinha do seu quarto, a janela estava aberta e as cortinas balançando.

Avery se lembra muito bem de tê-las fechado horas antes.

De qualquer forma, voltou para seu quarto para fechá-las. Enquanto uma das mãos segurava o celular para iluminar e a outra para forçar a janela, a garota ouviu a porta do quarto fechando bruscamente atrás dela. Rapidamente, jogou a luz do celular procurando o que havia acontecido, quando o feixe de luz o iluminou, ela não gostou nada do que viu.

Rodrick estava com os braços cruzados encostado e descansando na porta fechada com um sorriso falso no rosto.

– O que você está fazendo aqui? - perguntou a menina.

Rodrick riu de forma descarada.

– Laureen me disse que teria de sair, não acho correto você ficar sozinha em casa.

– Pessoas estão sempre sozinhas em casa e nada ruim acontece com elas, eu estou bem, ou estava bem... Como foi que entrou aqui?! Laureen trancou a porta.

– Ah, garotinha... Você não é como as outras pessoas... Foi um grande erro sua irmã tê-la deixado sozinha. - disse Rorick sem responder Avy.

Avery olhou para os lados já desconfiada e assustada.

– O que você quer dizer com isso?!

Rodrick riu novamente.

– Ainda não te contaram, não é?! Puxa vida... é realmente uma pena que você não viverá para descobrir a verdade. - A voz dele foi engrossando aos poucos até que na última palavra, Rodrick não tinha mais uma voz humana, Rodrick não era mais um humano, seu corpo entrou em chamas e sua forma tornou-se indefinida, sombras pretas surgiram do teto que depois entrou em chamas. Avery gritou, mas em nada adiantou, as chamas só aumentaram e chegavam a um altura elevada, a garota sentia seu corpo queimando e seus pulmões virarem fumaça. Ela se arrastou até a porta. Estava trancada.

O quarto transformou-se em uma lareira gigante, fogo por todo lado, fumaça negra, e sombras que ruíam alto de forma áspera.

Rodrick se aproximou e sua presença quase que fez Avy desmaiar.

– O que é você??!! - ela gritou, tossindo entre as palavras.

– Eu sou o início do seu pesadelo - a voz sobrenatural disse e ergueu chamas para lançar em direção a menina. Avery já podia sentir o arder de seu corpo virando pó.

Mas isso não aconteceu.

Antes que o fogo a atingisse, algo surgiu em sua frente como um escudo, na hora, ela não conseguiu distinguir o que era, mas quando olhou mais adiante, no que era o quarto dela, estava um dragão, violeta, com asas enormes se debatendo contra a criatura que fora Rodrick e algumas sombras.

Então uma sensação de dejavu invadiu sua cabeça, mas não era dejavu, era realmente um sonho. Um sonho que Avy tivera naquela noite. Ali estava, seu corpo nos últimos suspiros, e o dragão quase não conseguindo lutar contra todas as sombras.

uma critaura negra avançou em direção a ela, mas ela giru para o lado e escapou por pouco, porém do chão, sentiu algo a puxando para baixo, como se quisesse que ela atravessasse o chão, nquanto se debatia contra as sombras que pareciam nada se incomodar, um vulto negro a atingiu e ela sentiu seu corpo estilhaçar, e era nessa hora que seu pesadelo acabara.

Mas naquele momento, um clarão branco surgiu no meio do que um dia fora um quarto.

O clarão explodiu com tanta intensidade que se Avy não morresse, ficaria cega. No meio da luz, ela sentiu como se tivesse passado por uma limpa, seu corpo não ardia mais, ela pôde respirar novamente e se sentir salva.

Quando a luz cessou, não havia nada além de seu simples e adorável quarto de sempre, sem chamas, sem Rodrick e sua forma monstro, sem sombras, e sem dragão.

Sem nenhum vestígio do caos que havia ocorrido.

Fatigante, sem ar e desorientada, ela caiu contra a parede agora limpa como antes, desejando desmaiar ou apenas esquecer o que acontecera a segundos.

Avy pôde ouvir algo abrir a porta e logo preparou-se novamente, pegando um abajur de sua cabeceira - como se um abajur fosse a proteger de algum ataque.

Os passos iam se aproximando do quarto, e quando abriram a porta, a garota disparou.

– Não dessa vez! - gritou ela, com o abajur no alto para atacar.

Mas teve que recuar.

– Ei! - Avery ficou aliviada de ver que era apenas Laureen - calma, sou só eu - Antes dela terminar a frase, a caçula a abraçou e as lágrimas caíram involuntariamente de seus olhos, tremendo.

– Essa não - disse Laureen - Avery, o que aconteceu aqui?!

– Eu não sei, Lauren... E não sei de mais nada... Não sei o que está acontecendo, ou porquê, não sei o que eu sou, não sei porque apenas eu vejo essas coisas, não que você está escondendo... Eu não sei!

– Avy...

– Sei que não vai acreditar em mim... Mas essa casa estava em chamas a pouco segundos, Rodrick se tornara um monstro, e tinha sombras, e... E um dragão!

Laureen olhou em volta, quase não acreditado no que a irmã dissera pelo estado do apartamento, mas respirou fundo e disse:

– Avy, arrume suas coisas, tem uma coisa que precisa saber... Mas não pode ser aqui. Partiremos amanhã de manhã.


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