Servos e Humanos escrita por Ed Henrique


Capítulo 19
Cúpido por um dia


Notas iniciais do capítulo

Um pouquinho do que se passa com nossos amigos no Japão.



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Sekhmeth: — A poderosa deusa com cabeça de leoa é filha de Rá, mas reflete o aspecto destrutivo do sol. Foi enviada por Rá para punir os humanos que passaram a adorar um deus em forma de serpente.



Dois dias haviam se passado, e nada de Sai acordar. A fim de esperar o amigo melhorar, montaram acampamento a alguns metros de um poço, aproveitando para descansar. Haviam praticamente criado uma casa do lado de dentro, então era confortável para o lugar. Infelizmente só não havia um ar-condicionado, mas esqueciam o calor passando o tempo treino.

Tiveram problemas no primeiro dia com bandidos, mas os afugentaram sem muito problema. Não havia bandido, mercenário ou ladrão que pudesse ganhar de Servos treinados desde o nascimento para lutarem.

— Parecem deuses gregos. – comentou Sakura, observando o treinamento, suspirando com o próprio comentário.

— deuses não, Servos. – comentou Hinata, acompanhando-a nos suspiros.

— Não sei o que veem tanto neles. – disse Temari, ao lado da segunda. – O Naruto pode até ser bonito, mas a beleza dele não funciona comigo. Sasuke até é bonitinho, mas não faz meu tipo.

— Só diz isso porque o Shikamaru não tem tudo aquilo. – falou a rosada, apontando para o peitoral desnudo do namorado. Temari suspirou, cansada.

— O que será que eles estão fazendo no Japão? – perguntou ela.

Servos e deuses –

— Mata, mata, mata. – pediu Hidan, vendo o assassino, o dos sonhos, não o maluco com dois metros, se aproximar por trás de uma garota, prestes a colocá-la em sua coleção.

Reunidos na sala da fraternidade, local que já virou ponto de encontro há muito tempo, todos os membros da mesma, e Ino, que praticamente morava lá, de tanto que ia, assistiam a um filme junto de seus casais. Talvez assistir “Fred Vs Jason” não fosse o melhor modelo de filme para casais, mas Hidan sempre ria quando alguém morria, Tenten sempre escondia os olhos de Neji quando uma menina aparecia seminua e Ino enforcava Gaara toda vez que levava um susto.

Com as garras preparadas para destroçar a menina, Ino e Neji sentiram a mão com a marca arder, chegando a queimar. Abaixaram-se na hora que as garras se cravaram na mulher, e a loira levou uma mão à outra, tentando conter a dor e o brilho.

Neji se levantou, saindo sem explicar nada, sendo seguido da namorada, e Ino usou a desculpa que iria ao banheiro molhar a mão que doía, e o namorado também a seguiu. Como as memórias dos que não eram Servos e sabiam sobre eles, e isso só significava Shion, – pois Hidan era completamente alheio a tudo – foram apagadas, precisavam manter o máximo de descrição possível.

Dando de ombros, a garota voltou a olhar para frente, fechando os olhos ao ver a mulher sofrendo, sabendo que o namorado estava gostando. Era estranho como Hidan e Shion davam certos, visto que ele gostava de ver pessoas sentirem dor, o que não incluía a namorada, era protetor, mas em uma ocasião como um filme, ele ria das mortes enquanto a namorada fechava os olhos. Um era sádico e a outra meiga, mostrando que o amor era realmente estranho, como a ex-Cúpido bem sabia.

— O que foi? – perguntou Gaara, parando atrás de Ino assim que chegaram a cozinha.

— Um monstro, e forte. – respondeu ela, olhando o mapa de Neji, que já estava ativado.

— Classe S? – perguntou surpreso, lembrando-se do outro que enfrentaram. O mapa não era claro quanto a classe, mas a última vez que viram um tão forte era.

— Vamos ver os outros. – Ino ativou a comunicação pela marca, ligando os outros como em uma só chamada. Vozes diferentes falavam ao mesmo tempo, impossibilitando que algo concreto fosse ouvido.

Da última vez que um classe tão alta apareceu fomos quase mortos.— falou a voz pertencente a Suigetsu.

— Sem pânico. – disse Ino.

Tem razão, ainda temos o Cúpido ao nosso lado.— falou alguém.

Se é assim não temos nada a temer.— outra voz falou, dessa vez uma feminina.

— Mesmo Cúpido não tenho poderes para luta. – lembrou-os. – Nosso trabalho será retirar pessoas que possam estar paralisadas nas ruas e, no máximo, atrasá-lo. Seja o monstro que for, quando os Akatsuki chegarem darão um jeito neles. Agora, todos aqueles no alcance da comunicação, sigam para a área onde o mapa mostra.

Com a ordem dada, Ino suspirou, imaginando que seria bom a ajuda dos outros agora. Não, eles haviam ido em uma missão perigosa, – não que nenhuma não fosse – em outro país, podendo correr o risco de esbarrarem com outros deuses desconhecidos. Não podia depender deles, visto que estavam em uma situação muito mais desfavorável.

— Neji. – chamou, vendo o mesmo se despedir de Tenten com um beijo. Conhecia bastantes Servos, estava a tempo o suficiente na cidade para dizer que conhecia, pelo menos um pouco, cada um, mas só era próxima dos que moravam ali na fraternidade, então seria difícil coordenar uma luta sem Shikamaru.

— Para onde? – perguntou a voz de Gaara, e já sabia o que ele queria.

— Você não vai, é perigoso!

— Sabemos que vou, então por que não poupar tempo? – seu tom de voz sério quanto a um assunto tão delicado a irritava. Gostava mesmo dele, mas já o pusera em perigo uma vez, não o colocaria de novo.

— Mesmo que usasse uma arma não os mataria, não pode ajudar. – o ruivo desviou o olhar, como se ela houvesse falado alguma verdade. – Não tem uma arma, tem?

— Não. – respondeu prontamente.

— Ino. – apressou-a Neji.

— O dia que morrer faço Hades fazer com que pegue o pior inferno. – avisou, estreitando os olhos, não conseguindo intimidá-lo. Era uma droga o fato de Gaara ser mais apaixonado por ela do que saber que ela não era uma simples humana e que podia facilmente cumprir suas promessas. – Vamos.

Servos e deuses –

Ao chegarem ao local combinado, todos os Servos mantinham uma distância considerável do monstro inimigo, fosse no chão ou sobre as casas. Ino tratou de começar a dar as ordens, visto que o monstro parecia não ter tomado qualquer atitude até aquele momento.

Indo para mais a frente da linha de combate, viu do que se tratava: uma mulher leoa. Não foi difícil descobrir que não era um monstro, e sim mais uma deusa desconhecida. Como dissera, seu trabalho era atrasá-la, não derrotá-la, e isso continuava. Esperariam um Akatsuki chegar, mas até lá não a deixariam fazer o que quisesse.

Mal sabia a loira que enfrentava a poderosa Sekhmeth, filha de Rá e que representa o aspecto destrutivo do sol.

— Se for um classe S pode deixar comigo. – voluntariou-se um garoto, Servo de Ares. – Eu serei promovido a S semana que vem, então posso cuidar dela se me cobrirem.

— Então você... – a fala foi interrompida pela velocidade incrível da deusa, que apareceu em frente ao garoto, lhe dando um soco na barriga, lançando-o para longe, o final da concentração de Servos no chão. – Servos de Atena, vocês tem dois minutos para pensar em algo. – disse ela, imaginando se dois minutos seriam o suficiente.



Sentia o quão ela poderosa, talvez não tanto quanto os outros, que se cansavam pela simples presença dela, mas era absurdo que aquela mulher leoa pudesse ter ganhado de praticamente todos os Servos classe A da cidade. Com a quantidade ali reunida, deveriam se comparar a um classe S, pelo menos, mas se nem isso era capaz de vencê-la, não sabia o que seria.

Sem nenhum classe S na cidade, e com duas divindades fora, nada podiam fazer. Dionísio poderia aparecer, mas não achava que um deus das farras seria útil para alguma coisa contra uma inimiga egípcia, Dionísio que a perdoasse. Enfrentara Toth, ou Djehuty, como ele preferia, pessoalmente em forma de Cúpido, conseguindo lutar de igual para igual, contudo, agora percebia que, sem ela, teria sido facilmente morta.

Era irônico como rejeitara o único poder capaz de salvá-la.

Com o pensamento, abriu um sorriso, imaginando como seria morrer. Não vivera séculos, mas tempo o suficiente para precisar pintar o cabelo, e acreditava que, quando morresse, iria para algum inferno de Hades reservado para o Servos, não comentado. Bom, queria ter tido uma vida “normal” e teve, na medida do possível, não possuía arrependimentos, exceto tristeza por deixar o namorado só.

Viu a deusa parar em sua frente, levantando a pata para lhe atacar. Seu sorriso provavelmente a incomodara, então fez questão de alargá-lo.

— Morra.

— Pra Hades*. – jogou a mão para o alto, mesmo que fraca, jogando um frasco na deusa, que simplesmente o rebateu, fazendo com que a explosão errasse. Fazendo seu som característico, investiu contra a loira no chão e, a pouco de seu rosto, recuou com o tiro que lhe acertara o rosto. Podia não ser nada para si, mas o barulho alto irritava seus ouvidos. – Pensei que não tivesse uma arma.

— Não tinha.— respondeu o ruivo, caminhando enquanto atirava.

— Saí logo daqui, idiota. Da última vez o Cúpido interferiu ao custo da minha divindade, mas não há mais nada de igual valor para dar em troca.

— Ainda não entendeu que não vou? – perguntou ele, parando em sua frente. Deu um último tiro, ficando sem bala em seguida.

— Ruivos são os verdadeiros idiotas, não as loiras. – disse, tentando se pôr de pé, mas mal conseguia sentar.

— Você disse que não tem nada de igual valor para trocar, não é?

— O que está pensando? – com medo da resposta para essa pergunta, achou melhor fazê-la.

— Se precisa de algo em troca, então me use para salvá-la, Cúpido!

De onde estava, o deus arqueou uma sobrancelha, teletransportando-se até Dionísio. Fora tudo rápido, quase o tempo de um piscar de olhos para os humanos, e fizeram uma aposta nesse tempo. Abrindo um sorriso confiante, certo de que o melhor vinho deles já seria exclusivo dele por um mês, atendeu o pedido do humano que entretinha a ex.

— Está maluco?

— Não que eu a considere fraca, mas já decidi protegê-la. – respondeu, ignorando a pergunta anterior. – Então dessa vez, – sorriu fraco, virando um pouco a cabeça, olhando-a – deixe eu te proteger, está bem? – assim que terminou de falar, uma luz caiu sobre si, causando uma pequena explosão que apenas o envolveu.

— O que está acontecendo? – perguntou Kiba, surpreso como os outros.

Com o término da luz, os Servos, assim como a deusa, puderam ver Gaara com a aparência parecida com a do Cúpido: peito desnudo, com um par de asas pequenas nas costas, arco e flecha nas mãos, e descalço, vestindo apenas uma fralda.

— Sério? Uma fralda? – perguntou quando notou, vendo a mesma se tornar uma cueca box branca. Um assobio foi ouvido e Ino fez questão de fuzilar a garota que o soltou. – Melhorou. – mirou na deusa, que não ficou parada esperando ser acertada. Ao soltar a flecha, errou o alvo, sendo atingido por um soco, voando de encontro a um poste.

Ino fechou os olhos com força, não querendo ver o quanto havia doído.

— Isso dói mesmo. – pensou o ruivo, ficando de pé. A deusa investiu contra si novamente, mas deu um pulo alto, praticamente voando, mas voltara ao chão um pouco mais distante. Mirou outra flecha, conseguindo raspar o ombro dela dessa vez. – É mais difícil do que pensei. – admitiu em pensamento. A deusa correu em sua direção, mas voou, ou tentou. Conseguira se manter no ar, mesmo que com dificuldade.

A leoa retesou as pernas, tomando impulso no chão e pulando. Com uma flecha já preparada para acertá-la, disparou, vendo ela desviar, mesmo que custasse a volta dela para o chão.

A flecha seguiu, indo em direção dos Servos ali presente, provavelmente pronta para acertar um.

— Vai nos atingir. – disse alguém, desesperado.

— É branca, vai nos curar. – Ino os tranquilizou, vendo a flecha se multiplicar, atingindo o longo da rua. Usando seu poder, mais de uma forma intuitiva do que por saber o que estava fazendo, Gaara conseguiu fazê-las emitir um brilho cada, tomando a rua, curando os Servos no alcance.

Aproveitando da distração da divindade que se revelara, pulou novamente, acertando um chute que o jogara contra o chão com violência. As vantagens de ser uma deusa com a aparência de leoa.

Ino ficou assustada ao ouvir o barulho. Era loucura querer enfrentar uma deusa sem uma transformação ou uma armadura divina. Endireitou-se para ver melhor e conseguiu ver a deusa investir contra Gaara, batendo no mesmo enquanto estava no chão.

Gaara tentou materializar uma flecha e, quando começou, sentiu o poder lhe percorrer mais intensamente, não sabendo que materializava uma flecha dourada. Rapidamente o Cúpido se apressou para mudá-la, afinal era passar dos limites dar uma flecha capaz de matar deuses para ele, um simples humano.

Quando Gaara terminou, passou o coração da deusa com uma flecha comum, ouvindo um rugido de dor da mesma. Ela fez menção de atacá-lo ainda mais, porém, girou a flecha, cravando-a mais forte.

Com mais um rugido de dor, a deusa desapareceu. Não era o suficiente para matá-la, mas chegava quase, e isso a mandaria para casa, longe o suficiente para não voltar.

— Ele... conseguiu. – falou Kiba.

Os Servos se levantaram, respirando mais aliviados

— Tudo bem, Gaara, agora volta ao normal. – pediu Ino, aproximando-se.

— Normal? – perguntou, olhando para o arco em sua mão. – Voltar ao normal?

— Isso. Ao normal, o Gaara humano. – parou atrás dele, esperando que ele o fizesse para testar se estava mesmo bem. Nunca ouvira falar de um humano ganhando divindade.

O ruivo segurou o arco mais forte.

— Por quê? – a pergunta a surpreendeu, viu isso quando se virou para olhá-la. – Agora eu tenho poder para protegê-la. Você não precisa mais se arriscar lutando, não precisa mais sofrer.

— Mas essa sou eu, Gaara. Não lutando, mas é inevitável que eu encontre perigo. – falou. – Sou uma Serva, afinal. Não pode ficar comigo para sempre.

— Claro que posso. Só precisamos ficar juntos o tempo todo, não é difícil.

— Não é assim, Gaara do Deserto. – respondeu, séria. – É por isso que estava infeliz com o Cúpido, porque ele achava que poderia me proteger de tudo, e isso não é verdade. Eu vou me ferir, mas quando melhorar espero que esteja lá para me ajudar. – tudo bem, era mentira. Era infeliz porque achava que o Cúpido não ligava para ela e só casou com a mesma para poder lhe passar o trabalhado de Cúpido.

— Mas...

— Poder não é tudo, Gaara, e se é como o Cúpido, acho que me enganei sobre você. – admitiu, decepcionada e, prestes a se virar, viu-o cair para frente, apressando-se para segurá-lo. Não era tão pesado, ela estava em uma barreira, afinal.

Sua roupa havia voltado, sinal de que a transformação acabara, e sua respiração pesada mostrava que aquilo exigia demais dele. Voltara ao normal.

— Ele está bem? – perguntou Neji.

— Vai ficar. – respondeu, orgulhosa pela escolha dele. – Vou levá-lo para descansar, os outros podem ir. Explicações ficam com os deuses amanhã.

Servos e deuses –

— Tsc. – o deus mais velho riu da falta de paciência do mais jovem.

— Ainda precisa viver mais uns séculos antes de entender melhor os humanos. – falou, levando a taça à boca. O Cúpido, em forma de bebê, largou a sua, irritado. Estava certo que o humano cederia ao poder, afinal eles eram seres gananciosos, ainda mais imposto a um poder como aquele, o mais perigoso: o amor.

— Não quero trabalhar em sua boate, é chato! – cruzou os braços.

— Trabalhar ou me dever. – propôs.

— Te vejo no próximo final de semana. – respondeu, indo embora.

— Tão fácil ganhar dele. – sorriu, desaparecendo também. Procuraria alguma festa para ir.

Os deuses foram comunicados sobre a invasão e o ataque aos Servos, dizendo que tomariam uma atitude para prevenir que não seriam atacados novamente. Os Servos achavam que era um monstro, e continuaria assim. Ino era a única que sabia o que aquela coisa realmente era, e não seria ela quem contaria aos outros.

Uma resposta a rondava, e não era só o fato de nenhum Akatsuki ter ido ajudá-los, e sim o fato de que achava que era um monstro classe S, sendo que os Akatsuki são SS. A pergunta era: por que existiam Servos acima da classificação máxima de monstros?


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Notas finais do capítulo

“Hades” também é como é chamado o inferno ou como pode ser, não me recordo exatamente, mas lembro que é por isso que esse é o nome do deus, uma associação.



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