Bela tentação

Estava chovendo quando Gina levantara da cama. A ruiva espreguiçou-se e olhou ao redor do quarto. Todas já haviam saído. Suspirou. Deve ter perdido a hora e, muito provavelmente, o café também.

Após tomar um demorado banho e vestir-se, Gina decidiu retornar para o seu Salão Comunal e concluir um trabalho de DCAT, que era para o primeiro horário de Segunda-feira.

Caminhava distraída quando encontrou as irmãs Patil sentadas em um banco, conversando alegremente. Não pôde deixar de pensar em como seria bom ter irmãs para compartilhar momentos e segredos, afinal, na sua casa, com exceção dela e de sua mãe, só havia homens. Gina não tinha tanto problema com isso na maior parte do tempo, mas observar Parvati e Padma a fez ficar um pouco triste.

– Ei, Gin – Padma chamou, acenando com a mão. Gina se aproximou das duas e as cumprimentou. – Não te vimos no café.

– Aconteceu alguma coisa? – Parvati perguntou, quase completando a frase da irmã. “Como George e Fred”, pensou divertida.

– Não. Apenas perdi o horário mesmo. Sabem como meu sono é pesado... – falou.

Longe dali, mas não tanto, um par de olhos negros observava a ruiva. Harry passou a reparar em Gina de uma forma diferente ainda naquele ano. A garota havia, digamos assim, crescido bastante de uns meses para cá e Harry não pôde deixar de observar. Sem contar, também, que a sua entrada no time de Quadribol deixou o moreno ainda mais encantado.

– Tsc, tsc. – Harry ouviu alguém pigarrear e virou-se.

– Oi, Rony.

– Harry, precisamos conversar sobre Hermione.

Harry piscou os olhos rapidamente e consertou a postura.

– Como assim?

– Você não tem reparado que ela está diferente com a gente? Não tem conversado mais, está distante...

– Conversei com ela de manhã e ela estava diferente mesmo...

– Por que será?

– Talvez porque vocês esqueceram o aniversário dela, idiotas.

Draco Malfoy entrou no campo de visão dos grifinórios e Harry arqueou uma sobrancelha.

– Que falta de educação, Malfoy – Harry retrucou, mas logo em seguida pensou no que o loiro disse. Merda. Tinham esquecido o aniversário de Hermione!

– Merda, Harry – Rony murmurou para si mesmo, colocando o pensamento do moreno em palavras audíveis.

– Pois é – o sonserino cruzou os braços. – Espero que tentem se redimir. Ela está mal.

– E por que você se importa com ela ou com o que ela pensa de nós? – Harry perguntou com a voz ácida.

– Não devo explicações para você nem pra ninguém, santo Potter – disse as duas últimas palavras com desprezo e saiu dali.

Os amigos se olharam e suspiraram. “E agora?”, indagaram-se.

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19 de setembro de 1991

“Olá, diário! Hoje é um dia muitíssimo especial pra mim: é meu aniversário. Para minha surpresa, Ron, Harry e Gina fizeram um pequeno bolo pra comemorarmos e depois vários alunos e professores me desejaram parabéns. Quem diria, hein? Depois de uma primeira semana conturbada e isolada, meu aniversário não foi esquecido. Sei que pode ser idiotice, mas ser lembrada por eles é algo muito gratificante.”

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Gina estava ajudando Harry e Rony a ornamentar o Salão Comunal da Grifinória para a festa surpresa atrasada de Hermione. Por pouco a ruiva não ajudava, uma vez que estava chateada com os dois por terem esquecido a data.

Assim como Hermione, pensou que eles estavam planejando algo. Bom, não foi o caso. Pensou em reclamar com eles, xingá-los por isso, mas logo os professores passaram a mandar trabalhos e mais trabalhos de uma vez e isso acabou deixando a ruiva cheia de coisas para fazer.

Talvez tenha sido por isso que resolvera ajudá-los. Sentia-se mal por não ter puxado a orelha dos dois.

Enquanto colocava as bexigas em uma das janelas, mais alunos chegavam e auxiliavam. Por sorte, Hermione não havia aparecido no Salão Comunal durante todo o dia, o que facilitou a arrumação.

Haviam encomendado alguns salgados em uma loja de Hogsmeade, os doces ficaram por conta de Fred e George e Gina fizera o bolo. Quando o ambiente estava totalmente arrumado, a ruiva suspirou contente. “Tomara que Hermione goste.”.

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“Finalmente!”, Hermione pensou assim que terminou o trabalho de História da Magia. Soltou a pena na mesa e encostou-se na cadeira, relaxando os músculos. Havia tempos que uma atividade escolar não a deixava assim.

Guardou seu material na mochila e olhou para o relógio. Estava ali desde que saíra do Salão Comunal e a breve conversa com Harry havia deixado a castanha balançada, até perdera a fome. Acabou não almoçando também.

Já era quase hora do jantar e, após uma audível reclamação do seu estômago vazio, Hermione levantou-se para ir guardar sua mochila no dormitório. Ainda faltavam três noites para a detenção acabar e, honestamente, ela não queria olhar na cara de Malfoy hoje a noite.

– Cuidado, Granger – Draco reclamou quando a castanha esbarrou-se nele.

Sem dizer nada ou fitá-lo nos olhos, Hermione fez menção de continuar caminhando. Queria ela.

– Ei, ei – Draco segurou seu braço antes que ela pudesse deixá-lo para trás.

– O que quer? – tentou soar fria e inatingível. Mas percebeu que a tentativa fora em vão, já que o sonserino sorriu levemente.

– Nada demais – respondeu sincero e Hermione franziu o cenho, sem entender o que estava acontecendo. – Por que saiu correndo do banheiro hoje de manhã?

A castanha soltou-se do aperto de Draco e colocou uma mexa do cabelo atrás da orelha, antes de responder.

– Talvez porque eu não queria arranjar problemas pra mim se alguém nos visse lá – falou impaciente, cruzando os braços na sua conhecida pose mandona. O sonserino passou a mão no cabelo sem tirar os olhos da garota, e esse ato fez Hermione desarmar.

Por que aquele garoto tinha tanto poder sobre ela?

– Quer dizer, então, que se estivéssemos em um local sem perigo iminente você permaneceria comigo? – a voz dele era arrastada e sedutora. Hermione engoliu seco e olhou para os lados. Alguns alunos encaravam os dois; a maioria estava incrédula. A grifinória e o sonserino, que há tanto tempo se engalfinhavam por qualquer ou nenhum motivo, conversavam pacificamente no meio do corredor.

A castanha voltou a encarar Draco e sua voz havia sumido.

Droga.

Ele estava se aproximando.

Não. Pare.

Pare.

Tarde demais.

Draco colocou as mãos em cada lado do rosto de Hermione, acariciando-o com o polegar, enquanto aproximava sua boca da dela.

– O que você fez com Igor não vai adiantar de nada se continuar chegando perto, Malfoy – Hermione sussurrou rouca, já que não tinha forças para afastar Draco ou para se afastar do garoto.

– Foda-se – o sonserino falou um pouco alto demais e tomou os lábios de Hermione nos seus.