A história de um dragão chamado Sombra escrita por G S Bello


Capítulo 12
Um trágico inconveniente


Notas iniciais do capítulo

É... Nem tenho o que dizer, desculpe enrolar tanto, povo querido... Que lê minha história, bem, Capítulo novo, espero que gostem.



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  Aquela noite, após alguns momentos que terminaram a pizza e se arrumaram para dormir, com as camas separadas e Sombra logo ao pé delas. Fernanda estava deitada com os pés na cabeceira e a cabeça próxima aos pés da cama, encarando sombra dormir, ou quase isso.

 

— Você não acha que todas as pessoas que a gente viu estavam… meio estranhas ? - Fernanda perguntou, com uma voz meio sonolenta.

 

— Fer… eu nunca vi tantas pessoas assim juntas, mas se você acha que tem algo errado, e isso tira o seu sono , você pode me falar o porquê. - Ele olhou para ela, seus olhos pareciam brilhar um pouco no escuro -

 

— As pessoas não são tão robóticas, tem algo de errado sim, meu bom senso diz isso… aquele relojoeiro barato que parece ter visto as próprias propagandas na internet, e as outras pessoas ao longe na rua, apenas paradas olhando, encarando, sem se mexer… não passou quase nenhum carro… A gente deveria ir embora, eu não gosto disso… - Ela desabafou, olhando o seu quase irmão nos olhos.

           

 

Sombra não festejou muito, se encolheu… por um tempo, e acenou concordando com a cabeça… Continuou a olhar para ela, até a ver adormecer, então, se levantou sem fazer barulho algum, e, logo trotou devagar até a janela, que ficava próximo a porta do banheiro, ele puxou a corda da persiana com a boca, e a mesma abriu-se, subindo até o topo, ficava ali, um letreiro logo a direita, e mais a frente, a rua deserta que cortava a outra calçada onde havia um pequeno conjunto de apartamento, algo simples mais digno de uma periferia. Sombra se sentou na janela, olhando a luz piscar, as estrelas que não apareciam tanto no céu por causa das nuvens e a poluição luminosa. Ele respirou fundo e continuou a encarar, nada acontecia por aí, por ali, por aqui, em lugar nenhum… Ele respirou fundo de novo, e olhou a esquerda, ali tinha um cruzamento, sinais ligando e desligando, abrindo e fechando, momentos e momentos, ninguém passava por ali… Nada passava por ali… Sombra olhou seu relógio, que ainda o fazia sorrir, e viu que já haviam se passado duas horas desde que  se divertiu comendo pizza, ele abriu a janela, a levantando com sua cabeça e saiu do quarto, indo até a telha, ele se sentou ali mesmo, olhando ao redor, agora podia ver mais apartamentos, mais lojas, mais letreiros e um hospital, branco, bem ao longe… Era branco, com três andares e algumas janelas grandes no pequeno gramado falso tinha algo escrito, que uma pessoa normal não veria a essa distância… “memorial das vítimas do incêndio” estava em uma espécie de lápide de mármore, e por lá mais de vinte nomes, Sombra leu cada um deles…”Talvez tenha acontecido um incêndio ali no passado” ele pensou consigo mesmo, enquanto lia cada nome, homens e mulheres… Pensou ver movimento em um dos becos por volta das três da manhã, mas quando foi ver, não tinha nada.

 

  Sombra se viu deitando apenas as três e meia da manhã, onde se aconchegou nos pés da cama e adormeceu em menos de três minutos.

 

O dia amanheceu, quando Fernanda saiu do quarto após um curto banho naquele banheiro meio quebrado do hotel, ela olhou pela porta, em direção ao balconista, estranhou não ter ninguém lá.

 

  Pela tarde, quando todos já estavam acordados, Fernanda disse a Sombra que precisava ir se encontrar com seus irmãos, e que não poderia se atrasar. Guardou o dinheiro que tinha em uma bolsa debaixo da cama, e avisou para ambos, Louise e Sombra, se comportarem até ela voltar, que seria por volta das quatro da tarde  segundo ela.

 

  O tempo começou a passar, os dois ficaram a maior parte do tempo observando pelas janelas, e sombra entendeu o que Fernanda quis dizer, as coisas realmente estavam mais quietas, cada dia mais quietas, desde o primeiro dia quando chegou na cidade, Fernanda já o assustava falando o quanto poderiam odiar ele, e é verdade, imagine o alvoroço de uma criatura como ele ao redor de tantas pessoas… Mas, cade essas tantas pessoas ?

 

— Lucy, você…. Quer conversar um pouco ? - Sombra pergunta tímido, se afastando dá janela e indo até a cama, onde ele se senta e olha para ela, que estava na janela do outro lado do quarto

 

—Sim, claro! Uh… Eu pensei que fosse ser mais barulhento. - Ela se sentou ao lado dele e colocou uma mão na barriga.

 

—Eu também pensei Lucy, bem, talvez esteja acontecendo algo, ou a cidade esteja de luto. - Ele observa os gestos de Lucy.

 

 

— Claro - ela resmungou e aperta sua barriga.

 

— Você já está com fome ? Acho que sobrou um pedaço, eu, posso pegar para você. - Sombra desce de cama e vai até a caixa da pizza que ainda estava em uma mesa, ele a abre, e realmente ainda tinha um pedaço, ele leva a caixa até a raposa, que pega o último pedaço comendo em silêncio…

 

  O tempo continuou a passar, Sombra ficava mais preocupado com Fernanda, ele ia até a janela, voltava, dava voltas no quarto. De lá para cá, tinha se acostumado a ficar trancado mas, aquilo era apertado de mais, ele olhava em seu relógio de minuto em minuto, e Lucy apenas ficava parado em um canto, as vezes eles davam um oi entre si, mas não seguravam nenhum assunto por muito tempo.

 

  Pouco depois das quatro horas, quando Sombra já estava bem nervoso, e Lucy encolhida em um canto da sala, ouvem se passos vindo pelo corredor, eles eram apressados, e quando menos se espera, durante um momento de tensão onde os dois encaram a porta, alguém começa a bater nela, batidas pesadas e rápidas.

 

— Fernanda?! - Sombra gritou, e então se afastou da porta, ninguém respondia, e, depois do grito as batidas só ficaram mais fortes.

  Lucy acabou dando um pulo, e indo na direção de Sombra, já ele, abriu a janela e pulou estabanado para o telhado, Lucy veio logo atrás, passando pela janela com maior maestria.  

 

  A porta do quarto acaba abrindo, quando figuras humanóides borradas na cor pastel do quarto saem de lá, elas olham ao redor, antes de correr em direção a janela, mas nesse meio tempo, Sombra puxa Lucy com ele, pulando do telhado, caindo com as patas firmes no chão e fazendo um barulho alto, Louise pulou logo atrás, torcendo a pata e dando uma uivada de dor. Sombra voltou e a ajudou a subir nas costas dele, então começou a correr, mas as figuras borradas haviam acabado de pular próximo a eles, e correram atrás dos mesmos; Outras coisas como aquelas começaram a aparecer de dentro de casas, outras ruas, quase todos os lugares, aquilo era desesperador. Sombra corria com a raposa em suas costas, até que viu mais daquelas criaturas no fim da rua, ele olhou para trás, e ainda mais delas, então quando viu já estava entrando às pressas no beco que havia visto o vulto ontem de noite, ele era estreito e dava a outra rua, mas na metade dele ele ouviu uma porta se abrindo, olhou rápido, e no desespero apenas pulou para dentro, respirava ofegante, olhou para frente e viu algumas pessoas vestidas de preto, mas não contou nem até três, alguém que estava ao lado da porta o atingiu na cabeça com um taco de baseball feito de alumínio, ele apenas apagou e ouviu um grito de Lucy.

 

  Não demorou para Sombra se ver em outro de seus sonhos bizarros, com figuras sem sentido, corredores psicodélicos e horizontes de neon… ele apenas andou em linha reta, as coisas se figuravam apenas quando ele chegava perto, o chão apenas aparecia sobre o toque de suas patas, o corredor para de piscar em tons claros, e de um segundo para outro tudo fica em um tom fúnebre, aquele corredor agora o era familiar, de outro sonho que havia tido. As paredes agora já estão cinzas, sem lâmpadas, e a luz entra por janelas avermelhadas. Ele continua a andar, andar… Sempre em linha reta, mas desta vez, ele vê uma pequena escrivaninha, onde havia uma pedra cinza encima, ele não sabe o porque, mas a pega, segura forte em sua pata direita, e então acorda.

 

  A sala era escura, tinha apenas uma lâmpada velha pendurada acima de sua cabeça, ele estava amarrado nas patas dianteiras e traseiras, inclusive suas asas que não usava muito. A primeira reação que tem é se sacudir, olhar para os lados desesperado, mas, ele não vê nada, fecha seus olhos e apenas sente, havia alguém ali, na sua frente, no escuro.

 

— Quem são vocês ? - a pessoa nas sombras perguntou.

 

— Pobres viajantes sem abrigo. Você teria um pouco de água ? - Sombra brinca.  

 

— Eu vou direto ao ponto, uma hora um de vocês vai falar, nem que eu tenha que torturar um por um da sua maldita espécie de merda. - Ele fala e se aproxima, tinha estatura baixa, por volta de um e sessenta e cinco. Segurava uma espada em mãos, sua pele era branca morena e seus cabelos eram curtos, e, bem negros.

 

— Ei, ou, calma aí,  não precisa de uma espada. Eu te falo o que você quer! - Sombra acaba enrolando o seu rabo em si mesmo, com medo.

 

— Hum… curioso, sabe que nenhum dos outros sentiu medo ? Ou ao menos falou até que eu começasse a arrancar os membros deles ? Aliás, isso é uma katana, Ka-ta-na. - ele pronúncia com raiva, mas mesmo assim curioso.

 

  Sombra permanece em silêncio, encarando a pessoa que o ameaçava.

 

— Vamos lá, vai me diz, de onde você vem ? - Ele imita o policial bonzinho.

 

— Eu, não sei de onde eu vim, a coisa mais antiga que me lembro foi acordar em uma caverna, piscar meus olhos, estar numa carroça, piscar de novo e me ver em um estábulo, onde eu conheci a minha irmã. - Sombra fecha os olhos com medo de ser ferido.

 

— Que ? - O Homem coloca as mãos na cintura encarando o dragão, não entendendo bem.



— Só não machuque a Lucy, por favor, eu salvei ela de uns malucos que queriam queimar ela num culto, ela ainda está um pouco traumatizada - Sombra volta a encarar ele, com um olhar triste

 

— Mas que história de retardado é essa ? - ele tira as mãos da cintura e se aproxima empurrando Sombra, o fazendo cair de costas. - Bem, vamos lá, você nasceu numa caverna, foi sequestrado por uma fazendeira e forçado a entrar numa família no meio do nada, então salvou uma garota raposa de um culto. Não me leve a mal mas eu não acredito em você. - Ele fala com sarcasmo.



— Eu estou falando a verdade! Eu não sei o que falar, nem eu sei quem eu sou! - Sombra grita nervoso.

 

— Olha só, a audácia desse filha da puta, não sabe nem a merda da própria espécie, vocês aberrações, apenas chegam e começam a trocar as pessoas como se fosse a coisa mais normal do mundo, vocês, malditos - Ele chuta o dragão no estômago - São apenas lixo. - fala com raiva.

 

  Sombra da um pequeno grito de dor, fechando os olhos com força. - Para! Para por favor, eu acabei de chegar na cidade, eu não sei oque esta acontecendo, eu acabei de perder a minha irmã, eu não sei onde ela está. Eu estou com medo! - ele grita, ficando cada vez mais apavorado.

 

— Vamos fazer assim. Vou ser bonzinho com vocês - ele vai até a porta, e liga as outras luzes, o quarto era pequeno, com cadeiras de ferro num canto, e por todo lado havia manchas azuis. - Ou, tragam ela aqui - ele bate na porta com força.

 

  Alguns segundos depois um outro homem vestido de preto entra, arrastando Lucy, que estava amarrada pelas patas, ainda inconsciente, eles a colocam em uma cadeira de frente para o dragão, então jogam algum balde de água fria nela, a fazendo acordar assustada, olhando ao redor desesperada. Mas, ela tinha a boca amarrada.

 

— Por favor, parem, parem, não machuque ela, batam em mim, ela não fez nada! - Sombra dizia, desesperado.

 

— Olhe só, mas é exatamente isso que eu vou fazer, sabe, eles tem sangue azul, e eu vou bater em você até você sangrar, se você não tiver sangue azul, você vive, machucado mas vive - ele mostra um sorriso sádico e da outro bico no estômago de sombra, o fazendo gritar de dor, ainda mais alto, ele poderia tentar morder o pé dele, mas estava em completa desvantagem ali.

 

— Vamos lá, bixinha, sangre! - Ele golpeia sombra mais três vezes, chutando em sua barriga, fazendo o dragão gritar de dor, até que ele coça o nariz e fala novamente - vamos lá, qual é o seu nome ? Nem me contou ainda! Você tem um ? - chutava de novo - deve ter um não?! - chutava mais uma vez - Eu - chutava - me chamo - chutava - Steve! - dava outro bico.

 

— Sombra… - o dragão sussurrou. A raposa observava a cena aterrorizada, seus olhos se enchiam de lágrimas, começando a chorar baixinho.

 

— Ora, ora, ora! Sombra o paspalho! - ele levanta a katana no ar e a baixa novamente, enfiando na perna dianteira de Sombra, cravando a lâmina entre as escamas, atravessando até quase encostar no osso. Sombra berra de dor, Louise se apavora ainda mais. A ferida que deveria jorrar sangue apenas escorre, um líquido de um vermelho grotesco tão escuro que quase parecia preto, era o sangue do dragão, viscoso como tinta quase seca.

 

— Senhor sombra, hoje é o seu dia de sorte! Agora é a vez da raposa - ele se vira levantando a katana no ar, fazendo o ferimento de sombra escorrer ainda mais, e então se vira para a raposa, que começa a gritar desesperada, muito desesperada.

 

— Hahahahahahahahah! - Ele ri descontroladamente e abaixa a espada - brincadeirinha, não vou não, olha, desculpe o ocorrido, não levem para o lado pessoal, vou chamar uma gente para cuidar dos machucados, vocês tem muita coisa para se explicar. - ele tira um pano do bolso limpando o sangue da espada e depois jogando no chão - bem… até logo - Ele sai do quarto, o outro rapaz que estava ali observando vai atrás de algumas pessoas para ajudarem com a sujeira.

 

O tempo voltou a passar, um casal de jovens que acabou ficando no quarto, eles limparam a ferida de sombra, e enrolaram uma tala, depois deixaram um pouco de gelo nos hematomas dá barriga. Para Lucy apenas a deram um pão com manteiga para comer, um pouco de água e também enrolaram a  torsão dela com tala, junto a uma pomada para contusão. Deram a sombra um pedaço de carne, crua, parecia pedaço do peito de um boi, ele já estava faminto a essa altura, e, acabou comendo tudo sem exitar.

— Steve odeia mutantes, não o leve a mal - falou a adolescente. 

No fim do dia, que sombra só sabia porque via a hora em seu relógio amarrado no cachecol pendurado na parede, eles já estavam um pouco melhores, sombra estava preso apenas por uma perna em uma corrente que ligava na parede, Lucy sentada, também presa por uma corrente na parede,ela ficava observando Sombra… Os dois estavam tensos com a situação, mas menos preocupados do que quando ela teve seu pico na tortura. Nisso tudo, o dragão não parou de mancar  em um segundo na pata machucada, pelo visto aquilo ia ficar feio, por um bom tempo.

 

  O quarto era frio. Durante a madrugada quando não puderam mais se conter. Acabaram dormindo, Louise abraçada de frente no pescoço do dragão. Que a cobriu com suas asas, e um olhar calmo de cuidado.







  


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, mais explicações no próximo capítulo.



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