Premonição Chronicles 3 escrita por PW, VinnieCamargo, Felipe Chemim, MV, superieronic, Jamie PineTree, PornScooby


Capítulo 4
Capítulo 04: Me Ajude a Fechar os Olhos


Notas iniciais do capítulo

Escrito por João R.C. Melo.



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Anoitecer – Um dia antes do acidente.

Staring me down, news on the TV today

Making me feel small, 12 point font

Headlines with big words, big guns

Pointed at my small mind that can’t measure up

So I’m done

O garoto estava no topo do prédio de sua faculdade, ventos fortes sopravam seu cabelo castanho e seu rosto era levemente iluminado pelo sol que começava a se por no horizonte.

À sua direita via uma quantidade considerável de prédios, uma pequena porção desses apenas era residencial, porém. Essa parte cidade não parecia muito com o resto. Era mais calma e não tinha o ar de cidade grande, apesar do foco do comércio estar localizado pelas proximidades, o que fazia com que esse lado da cidade estivesse quase sempre cheio. Esse não era o caso no momento, isso era algo que intrigava o garoto. Por alguma razão a cidade estava mais vazia nos últimos dias, talvez fosse o surto da nova gripe que havia começado, mas ele não se importava com esses detalhes. Apenas gostava da vista que isso o proporcionava.

Erick era seu nome. Tinha 20 anos de idade e era estudante de Química. Estava em seu primeiro ano na faculdade e já conseguira se enrolar o suficiente para perder o sono à noite. O fato de estar ali em cima, durante o período de aula, evidencia que não havia aprendido sua lição ainda. Apesar disso, costuma se um garoto empenhado. É bastante curioso, sarcástico e levemente egocêntrico. Nada disso se tornou um problema grande para os outros. Mas o tornava uma pessoa bem difícil de se contornar.

Outro detalhe sobre ele, pensa muito nas coisas. Já não sabia a quanto tempo estava aqui em cima refletindo sobre a vida. Erick olhou o relógio de seu celular e soltou um suspiro.

– Tá na hora. - Sussurrou para si mesmo enquanto se encaminhava para a porta do terraço.

***

Alta, cabelos longos e negros, pele clara e olhos de um verde penetrante. Usava roupas do estilo clássico de roqueira, achava engraçado como as roupas de alguém podiam mostrar tanto da personalidade.

Amanda era seu nome, mas possuía muitos apelidos. Ter Adele como segundo nome não ajudava muito. Manda, Dele, Addie, Amy... Gostava de ser chamada de Mia, porém.

Mia era uma aluna destaque na faculdade de Direito. Algo obviamente relacionado a sua força de vontade e o desejo de trazer justiça, especialmente para casos de mulheres que sofriam abusos de quais eram ao fim consideradas culpadas.

A garota passava uma imagem de durona para as pessoas. Era sagaz, impetuosa, não levava desaforos para casa, o tipo de pessoa que tem sempre uma resposta na ponta da língua, sincera e direta. Mas também era leal, dócil, amigável e paciente com seus amigos.

Seu trabalho fazia com que seu lado duro fosse mais necessário. Era garçonete em um bar e casualmente lidava com o tipo de pessoas que não sabia como ainda estavam vivas. O nível de ignorância do ser humano pode chegar a níveis surpreendentes. Mas Mia sabia exatamente como lidar com esse tipo de gente e tinha que admitir, gostava de colocá-los em seu lugar.

O sinal tocou e assim se encerrava a última aula que a garota tinha pelo dia. E já estava quase atrasada para o serviço.

***

Lena estava voltando à sua cidade natal. Resolveu que precisava de um tempo com aqueles que ela considerava família, após tudo pelo o que passou. Precisava se afastar do clima da morte. Ela sabia que se remoer pela morte de Ruth não lhe faria nenhum bem e que, por mais cliché que parece, Ruth não iria querer isso.

A primeira coisa que iria fazer, agora que estava voltando, era encontrar a mulher que lhe apoiou quando realmente precisou. Helena Menezes. Uma mulher forte e com um coração que transbordava bondade. Características que fizeram Lena voltar a confiar nas pessoas.

Helena era dona de um restaurante no centro da cidade. Ele era bem frequentado, com uma clientela amigável, dócil e sociável. Fazendo os anos de garçonete de Lena serem alguns de seus melhores.

Aos 16, a garota fugira de seu orfanato e partira a procura de um emprego. Quando encontrou Helena e explicou sua situação, a mulher viu na garota a mesma força que via em si mesma. O mesmo espírito lutador.

Lena duvidava muitas vezes desse espírito.

Junto com o trabalho, Helena lhe ofereceu abrigo. A garota passou a morar com a mulher e seu filho, Erick. O garoto tinha apenas 13 anos quando o conheceu. Mas já possuía uma língua afiada e que abusava do sarcasmo com bastante rigor.

Os dois sempre gostaram um do outro, mas não tiveram muita chance de se aproximar com Lena empenhada nos estudos e no trabalho. Ela sentia falta da esperteza do garoto e esperava poder passar algum tempo com ele agora.

***

You better believe in voodoo, babe

I got a long list of your sins

There’s a word you might have heard of called payback

And I’m running out of pins

– Hey, Rosa! – A garota disse ao entrar no bar.

– Está atrasada, Ferrer. – A mulher respondeu sem desviar os olhos dos papeis em que mexia na bancada.

Rosa era a dona do bar e uma mulher muito forte. Mia a admirava, e apesar de toda dureza, sabia que Rosa gostava muito dela.

Pegou sua caderneta, passando e acenando para o Velho Sam, um senhor que sempre estava pelo bar e com quem conversava muito quando não havia muitos clientes a sobrecarregando.

Logo avistou um grupo de jovens já passando da conta pelo canto do bar. Cinco minutos de serviço e já queria evitar uma mesa.

A clientela do bar costumava ser fiel e Mia havia conquistado o respeito e confiança da maioria, porém uma vez ou outra alguns grupos novos surgiam e alguns vinham a causar confusão. A jovem esperava que essa não fosse uma dessas vezes.

– Ow, gostosa! – Ouviu um grito e sabia exatamente de onde vinha. Essa seria uma dessas vezes.

Ainda relutante Mia se encaminhou para a mesa de onde o grito viera e começara a anotar os pedidos. A maioria não estava bêbada como o rapaz que a gritara, mas estavam altos o suficiente para não fazerem nada para impedir o amigo babaca.

– Gata, - O rapaz começava, mas Mia não lhe daria mais chances.

– Eu tenho um nome, Mia. Faça bom uso dele. – Disse no tom mais seco possível.

– Mia... – Ele replicou, mais para si mesmo como se estivesse absorvendo a complicada informação. – Gostei. Me diga então, Mia, será que tem alguma coisa no menu tão boa quanto você?

O rapaz já ia aproximando a mão das perna da garota, quando ela empurrou-o rapidamente.

– Presta bem atenção, canalha. – Seus olhos estavam em chamas. - A única coisa que você vai conseguir se continuar assim é meu pé na sua cara enquanto te chuto para fora daqui. – E então se virou.

Bad karma, oh yeah
Baby, that's what you got

Bad karma, oh yeah
Whether you believe it or not

– Ei, volta aqui sua pira- O rapaz dizia ao tentar puxar Mia pelo braço. A garota respondeu chutando o joelho dele e dando em seguida uma rasteira.

O babaca foi ao chão sem nenhuma resistência e os amigos dele gritavam como gorilas em uma jaula, alguns aplaudindo.

Mia simplesmente seguiu seu percurso até o balcão.


You know what I think?
Damn, bad karma's a bitch

***

A garota andava agitada enquanto o rapaz calmamente a seguia.

– Não quero ter que enfrentar a mamãe ou o papai ainda. - Seus cabelos castanhos e ondulados brilhavam sob a pequena porção de luz que adentrava pelas janelas do aeroporto. Seus olhos azuis, sorriso e expressão serena costumavam enganar bastante.

Ellen chamava bastante a atenção das pessoas, não somente por sua beleza, mas também por seu levemente anormal, sarcástico, irônico, perigoso e teimoso jeito de ser. Com uma ênfase no sarcasmo. Era isso que seu irmão pensava pelo menos.

– Você tem que ao menos tentar entender o lado deles, Elly. - Stein respondeu finalmente acelerando o passo e alcançando Ellen. A diferença de altura deles era muitas vezes cômica para as pessoas, principalmente pelo fato do garoto ser apenas dois anos mais velho que Ellen. Ele era muito mais maduro, porém, o que o fazia parecer mais velho do era. - Isso tudo é porque eles se preocupam com você. Por mais que tente negar isso as vezes.

A genética da família não havia falhado com Stein. Olhos verdes claros, maxilar definido e um corpo bastante atraente. Chamava tanta atenção quanto sua irmã.

– Eles exageram bastante e você sabe disso. - Ela respondeu sem fazer contato visual. - E você está precisando muito de uma nova namorada, desde que terminou com a Jess parece que você largou o resto da sua vida e voltou a morar com a gente. Se preocupe um pouco menos com essa família.

Stein sabia que Elly não queria realmente isso, pelo menos não da parte dela. Ela gostava da companhia do irmão, isso era apenas sua preocupação com a vida pessoal dele. Stein colocou-se então no caminho de Ellen, se virando de costas e ficando de frente com ela, ainda andando.

– Você não pode continuar assim. - Ele começou. - Elly... Mamãe e papai já estão passando por alguns problemas, não podemos piorar a situação. - Continuava a caminhar de costas enquanto falava. - E eu não estou interessado em procurar outra garota no momento. Principalmente depois do qu-

Ellen levantou uma sobrancelha e abriu a boca, mas pudesse rebater, Stein trombou com um garoto, derrubando-o sem nenhuma dificuldade.

– Ai meu deus, me desculpa. - Stein disse, corando enquanto abaixava para ajudar o garoto. Estava completamente tomado pela vergonha. Esse era um detalhe muito marcante sobre Stein, sua timidez.

O rapaz não parecia ser muito mais jovem que eles. Um cabelo curto, levemente bagunçado e olhos castanhos. E um sorriso que estava deixando Stein ainda mais vermelho.

– Tudo bem, eu não estava prestando atenção por onde andava. - Ele respondeu, olhando fixamente para os olhos de Stein. Ficaram se olhando por mais um momento até o garoto falar novamente. - Eu... Eu preciso ir agora. - disse, colocando a mochila nas costas e seguindo em frente sem olhar para trás.

Stein continuou encarando o rapaz enquanto ele andava e Ellen percebeu seu gesto.

– Tente não perfurar ele com seus olhos. - Ela disse sorrindo.

– Oi? - Stein replicou, seu rosto corando novamente.

– O garoto... Já o vi antes no colégio, deve ser um ou dois anos mais novo.

– Você sabe o nome dele? - Esconder o interesse parecia ser inútil com Ellen.

– Não - Ela respondeu puxando o telefone do bolso e rapidamente tirando uma foto - Mas posso descobrir.

Stein olhou para o celular e a encarou imediatamente.

– Como você pretende descobrir quem ele é com uma foto da bunda dele?

– Estou mandando pra umas amigas do colégio, confie em mim. - Ele continuou a encarando com um olhar intrigado e de reprovação. - Não se preocupe, eu te mando a foto depois. - Ellen abriu um sorriso zombador em seu rosto enquanto Stein ficava mais vermelho.

Antes que ela tivesse a chance de falar algo mais para piorar a situação, mensagens foram recebidas e a garota repassou as informações para seu irmão.

– Hm, okay... O nome dele é Erick Mi-Me-alguma coisa, elas acham que é Marcos, Menezes, Meireles, algo assim. E ele tem vinte anos e faz arquitetura... - Ellen parou e sorriu novamente para Stein - Suas chances com ele acabam de aumentar.

***

Erick observava a multidão que desembarcava e procurava por sua irmã.

Lena tentava pegar seu celular enquanto segurava meia dúzia de tranqueiras em sua mão. Erick a avistou e correu de encontro a ela. Quando viu seu irmão se aproximar a loira largou todas suas bagagens e o abraçou. Ele a apertou bastante e Lena conseguiu sentir que ele não estava bem. Com Helena fazendo várias viagens de negócio, talvez o garoto se sentisse muito sozinho as vezes.

Preferiu porém não tentar tocar no assunto e animar seu irmão.

– Vamos. Você tem muito pra me contar e temos muitos planos a fazer.

Erick esboçou um sorriso no rosto e ajudou sua irmã com as bagagens.

– Você também tem que contar sobre a sua viagem. Deve ter sido uma loucura com tudo que aconteceu.

Lena não havia contado sobre suas amizades, nem perda delas, mas o garoto obviamente sabia sobre o acidente. A loira se questionava se algum dia contaria ao garoto sobre a lista da morte.

– Você primeiro. Como está a faculdade? - Os dois caminhavam em direção à saída do aeroporto. A noite pairava sobre eles e a cidade se encontrava mais quieta ainda. Pegaram um taxi e chegaram em casa alguns minutos depois.

O restaurante de Helena e a casa eram ligados formando um pequeno edifício. Eles passaram pela porta de vidro do restaurante, caminhando ao lado das mesas. Havia poucas pessoas no lugar, acompanhando o decrescimento de pessoas na cidade.

– A mãe disse que vai chegar amanhã de tarde. - Erick disse enquanto subiam as escadas. - Nós podíamos simplesmente dar uma volta pela cidade, relembrar alguns momentos.

Lena sorriu para ele como resposta enquanto abria a porta de seu quarto.

– Com certeza, mas... - A loira se sentou na cama e gesticulou para que o irmão fizesse o mesmo. - Posso estar a um tempo sem te ver. Mas consigo dizer quanto você não está bem. O que tá acontecendo?

O garoto soltou um riso tímido e se rendeu, sentando-se ao lado da irmã.

– Eu honestamente não sei. - Ele riu. - Parece que eu não estou dando conta da vida. Não consigo me focar nas aulas, não consigo dar atenção aos meus amigos... - Erick olhava para baixo e gesticulava com as mãos enquanto falava. Totalmente perdido em seus pensamentos. - A mãe passa tanto tempo fora e parece tão preocupada quando volta. Não sei o que incomoda ela e não sei como ajudar. Parece que tá tudo errado. - Ele riu novamente, seus olhos começando a lacrimejar.

– Sei exatamente pelo que você está passando. - Lena respondeu, passando os braços ao redor de seu irmão. - Você precisa ir com calma. Não dá pra fazer tudo de uma vez. E você definitivamente precisa de um tempo pra você também. Vá descansar um pouco agora enquanto eu preparo alguma coisa pra gente comer.

– Você realmente vai tentar cozinhar... - Ele começou. - Tendo um restaurante a disposição aqui em baixo? - Lena riu. - Não que eu não deposite alguma confiança na sua habilidade culinária, mas acho que o nosso seguro não cobre mais um incêndio.

– Chega de me depreciar. - Ela disse rindo enquanto se levantava e empurrava o garoto para fora do quarto. - Vá descansar e deixe o resto comigo.

O garoto se virou mais uma vez para a loira e a abraçou.

– Obrigado.

Lena retribuiu o abraço e então o garoto se encaminhou para seu quarto. Refletindo consigo mesma, a loira deixou uma lágrima escorrer.

"Parece que todos estão passando por dias sombrios."

***

I will lay down arms for you,

Turn me on

I will wear this crown for you,

Make me wrong

'Cause the fire don't burn me and my body is so cold

Henrique Fernandes e Juliana Torres abriram a porta e seus rostos misturavam traços de raiva e alívio ao mesmo tempo.

– Ela me enganou direitinho. – Stein disse sorrindo e dando de ombros.

– Onde diabos você estava com a cabeça Ellen? – Seu pai gritava. – Além de sumir sem nos avisar, arrastou seu irmão nessa sua bagunça.

Ellen simplesmente passou direto pelo pai e afundou no sofá da sala de estar. Henrique já estava se movimentando em direção a garota quando Juliana o parou, e olhou para Stein. Os dois seguiram em frente e Juliana afundou no sofá junto da filha enquanto Stein ficava eu seu lado.

– Você nos deu um baita susto filha... – Juliana tentou começar, mas logo foi cortada pela filha.

– Eu já cansei. Vocês não saem de cima por um minuto sequer. Desde que o Stein conseguiu o apartamento dele vocês voltaram a me tratar como criança. Sem contar todas as brigas em que vocês me arrastam...

– Eu entendo filha, e me desculpe se temos te sufocado demais. Mas você não pode fazer isso com a gente, você não sabe o quão preocupado ficamos.

– Eu só quero um pouco de paz...

Juliana assentiu com a cabeça e se levantou, levanto Henrique com sigo para a cozinha. Stein então se sentou ao lado de Elly, lhe dando um olhar de compaixão.

– Não preciso de um dos seus discursos agora, bom samaritano.

– Acho que você vai gostar desse... – Ele começou. – Sei que as coisas aqui em casa andam difíceis, você sabe que é por isso que tenho tentado passar tanto tempo por aqui. Quero poder ajudar.

– Ugh. Se o pai fosse um pouco menos idiota pelo menos. Ele não tenta nem ao menos entender o lado da situação que não seja o dele. Por isso estão sempre brigando.

Stein se sentiu meio apreensivo. Sabia onde Elly iria chegar com aquilo.

– Eu tenho medo... – Ela continuou. – Acho que eles podem acabar se separando. E a mamãe já passou por tanta coisa...

– Olha, você não precisa se preocupar com isso – Stein mentiu. – Os dois sempre foram meio duros na queda, mas sempre se resolvem, tenho certeza de que vão ficar bem. Você tem que se preocupar com o seu problema atual. Que você mesma está causando. – Ele riu passando a mão no cabelo da irmã e o bagunçando. - Papai e mamãe podem ser complicados de se lidar com, mas eles te amam, lembre-se disso. E se mesmo assim você realmente precisar se afastar, pode vir morar comigo por um tempo.

Ellen ficou boquiaberta e surpresa e emocionada. Abraçou seu irmão com força enquanto gritava de leve.

– Obrigado, mano.

– Mas você que vai ter que contar isso pra eles.

A garota tentou replicar, mas não tinha o que dizer.

– Tenho certeza que vão reagir bem. – O rapaz disse sendo o mais sarcástico possível e se levantando. – Boa sorte.

***

Manhã – Dia do acidente.

Camiseta justa e branca com listras pretas, jaqueta de couro com capuz vermelho, calça jeans preta detonada, e botas de couro marrom. Mia andava pela calçada, se dirigindo para a casa de sua amiga.


Cold cut heart, torn apart
Lost on my vanity now

Elle era uma das melhores amigas de Mia, se conheceram pelos campos da faculdade e se tornaram próximas rapidamente. A garota lhe acolheu sem nenhuma dificuldade depois de tudo pelo que Mia havia passado e nunca sequer considerou a possibilidade de Mia não ter a razão. E também não forçava ela a falar muito do assunto, não querendo trazer lembranças ruins.


Born again, free from sin
Losing all gravity now

Depois de seu tempo de isolamento, resolveu mudar o curso para Direito. Seu maior foco era impedir que a justiça falhasse outras mulheres como falhou com ela. Às vezes parecia que seu irmão era o único a seu lado e por isso é muito grata a Elle por entrar em sua vida.


Magic you failed

Then all we can tell you've been dryin' out
But for the grace of

I go, I go

Ela bateu duas vezes na porta e aguardou um momento pra ser atendida.

– Oi senhora Torres. – Disse mostrando seu belo sorriso.

– Amanda, que bom ver você. – Ela respondeu, abraçando-a. – Veio pra levar a Ellen pra sua última refeição antes do julgamento? – As duas riram.

– Está tão sério assim?

– Ela e o Henrique parecem ter brigar um com o outro como o objetivo de vida. – Juliana suspirou e deixou Mia entrar. – Stein vai com vocês também. Espero que se divirtam.

Mia sorriu em resposta e se encaminhou para a sala, encontrando Elly em seu habitat natural afundada no sofá.

– Oi Loba! – Ela disse com um sorriso bobo na cara.

– Eu realmente não entendo por que você gosta de me chamar assim.

– É por causa desse seu estilo de Chapeuzinho Vermelho punk. – Ela respondeu dando de ombros.

– A Chapeuzinho e o Lobo são personagens diferentes. – Mia disse confusa.

– Não em Once Upon a Time – Elly replicou, sorrindo e se levantando. – Vamos! – Ela finalmente cumprimentou a amiga direito, dando-lhe um abraço e se virou para as escadas, chamando por Stein.

***

Fim da tarde – Dia do acidente.

Erick estava ansioso com a chegada de sua mãe. Com Lena agora de volta, poderia ter algum tempo em família.

O garoto sempre foi muito próximo da mãe, porém, Helena não tem tido muito tempo para o filho nos últimos anos. Erick compreendia isso por ver o cansaço de sua mãe com todas as viagens de negócio que fazia.

Ele acreditava que a estadia de Lena faria com que sua mãe conseguisse se organizar para ter um pouco de tempo para os dois. A tensão da faculdade não era pequena e Erick poderia usar um pouco de conforto familiar nesse momento.

Estava há alguns quarteirões de distância do restaurante quando a chuva começou. O fato de nunca estar com um guarda-chuva nessas horas o incomodava, ele era inteligente o suficiente para prever que isso aconteceria com o clima frio que rondava a cidade nos últimos dias.

Apesar da chuva não estar tão forte, a luz da cidade foi cortada. Erick estranhou a situação.

O garoto correu para perto de um beco, procurando abrigo da chuva. Foi então que viu uma pessoa, agachada em um canto. Parecia estar vomitando.

– Ei! Você está bem? - Ele disse enquanto se aproximava. Logo reconheceu que era uma mulher.

Ela então se virou. Mostrando um rosto desfigurado e pálido. Erick tomou um susto e se afastou imediatamente. Seja o que estivesse acontecendo, o garoto não conseguia ver nenhum traço de humanidade no olhar dela. A criatura se levantou e rosnou para o garoto.

Erick recuou lentamente enquanto ela se aproximava. E logo se pôs a correr.

***

She couldn't take it

Living with a heart that only wants to disappear

Keeping her feelings hid

Behind a smile that stretched from ear to ear

– Obrigado por me tirarem de casa. - Ellen disse sem desviar o olhar, com a cabeça deitada na janela do carro. A água da chuva encharcava seu cabelo, mas ela não se importava. Gostava da chuva.

– Você também pode admitir que se divertiu bastante hoje, graças a sua melhor amiga. – Mia disse do banco detrás.

– Tudo bem. - Stein se virou, respondendo com um sorriso de compaixão - Não faria bem nenhum continuar lá com aquele clima. O pai pode ser muito duro as vezes, mesmo.

– Ugh, por mim ele já pode cair mo- STEIN CUIDADO! - Ela gritou, fazendo Stein freiar o carro bruscamente.

Em frente ao carro se encontrava uma pessoa agachada, socorrendo o que parecia ser uma segunda pessoa.

– O que eles... - Stein começou a perguntar em voz alta. Bem quando a pessoa agachada começou a se levantar. Era um homem e ele não estava socorrendo a pessoa caída no chão. Suas mãos estavam cobertas de sangue e a dita segunda pessoa, aberta no chão com uma parte do intestino para fora, dentre outros órgãos.

– Ai meu deus. - Ellen soltou sem conter o pavor em sua voz.

– Que porra é essa? – Mia quase gritou.

– Liga pra polícia. AGORA ELLY! – O homem se virou para o carro e Stein engatou a ré, sem querer arriscar contato com aquele maluco.

– O celular tá sem sinal, Stein. - Ellen se exprimia contra o banco, sem saber como reagir.

– O que tá acontecendo? – Mia indagou, sem esconder o nervosismo em sua voz.

Stein não tinha a mínima noção e apesar de não mostrar, estava tão apavorado quanto elas.

O homem começou a se aproximar do carro e o rapaz pode vê-lo com mais clareza. Suas mãos não só estavam cobertas de sangue como seu rosto estava tomado de feridas quase o deformando. Não parecia mais humano. Era como um zumbi, mas não estava se alimentando de outros, simplesmente matando. Stein então pisou fundo no acelerador.

***

A chuva não cessava e a água estava começando a dificultar sua corrida. As criaturas continuavam atrás dele. Sim, criaturas. Outro havia se juntado a mulher que o perseguia, porém estava mais perto do restaurante de sua mãe agora.

Apesar de seu problema atual, não conseguia parar de pensar em sua família.

Erick virou rapidamente a esquina, quase derrapando, e acelerou seu passo. Já conseguia ver o restaurante.

***

Lena estava limpando as mesas do restaurante e organizando o lugar enquanto Helena não voltava. E no tópico de coisas que estavam para voltar, a luz não parecia ser uma delas, Lena pensou. A razão do apagão ainda era desconhecida para ela.

Achando ter ouvido alguma coisa, a loira andou em direção à porta e encarou o cenário ao redor. Além da falta de luz, não haviam pessoas pelas ruas e nem carros. Apesar de já estar quase de madrugada, era uma situação estranha. Lena não se lembrava da cidade ser tão calma.

Todos esses pensamentos se perderam em um instante quando um rosto surgiu na porta, assustando Lena e fazendo-a derrubar uma cadeira. Ela só pode perceber quem era quando um raio atravessou o céu, iluminando tudo.

– Erick?! - Ela gritou surpresa.

O rapaz socava a porta com pressa e ferocidade.

– Lena! Abre a porta, rápido! - Ele estava um pouco pálido e muito assustado. - Eles estão vindo!

"Quem eram eles?" Ela pensou consigo mesma. Não sabia do que ele estava falando, mas não podia deixá-lo do lado de fora.

Destrancou a porta e Erick entrou rapidamente, empurrando ela e correndo para a mesa mais próxima.

– Precisamos bloquear a entrada! Rápido, me ajuda.

Lena queria questionar, mas o desespero de Erick fez com que apenas ajudasse. Logo os dois estavam empurrando mesas contra a porta. Quando finalmente pronta a barricada, ela ameaçou perguntar o que estava acontecendo, mas duas criaturas surgiram do outro lado, socando as janelas e a porta.

Não conseguiu segurar um pequeno grito de espanto. Nesse momento, Erick segurou sua mão. Era tudo que foi preciso para seu senso de sobrevivência entrar em ação. Precisava proteger seu irmão e sabia que a barricada não resistiria. A loira agarrou uma cadeira e a jogou no chão, quebrando-a e então pegou os pés dela, entregando dois deles ao garoto. E a primeira janela foi quebrada.

Cacos de vidro voaram sobre eles enquanto o medo prosperava.

Lena então se lembrou. Havia visto essa cena na ilha. Não sabia por que, mas acontecera. Estaria Erick envolvido com a morte?

– Erick, pra cozinha, rápido!

Eles se agacharam atrás de um balcão e Lena resolveu que deveria lhe contar sobre o ocorrido.

– Olha, eu sei que é muito pra tentar entender, mas preciso que você me escute, okay?

– Okay... – O garoto respondeu incerto e confuso.

– O acidente na ilha, - Ela começou – Uma mulher conseguiu prever ele alguns momentos antes de acontecer e salvou a vida de algumas pessoas.

Erick acenou a cabeça e continuou escutando. Depois do que acabara de ver, visões não eram algo que parecia tão impossível.

– Dentre essas pessoas, estava uma garota que conheci durante o cruzeiro, Ruth. – A mudança na expressão de Lena fez Erick perceber o que a garota significava. Lena sorriu de leve para seu irmão, mostrando que ele estava certo e então continuou. – Ruth e todas as outras pessoas salvas do acidente começaram a ser perseguidas nas semanas que se passaram. Mas não foram perseguidas por algum maluco ou algo do tipo. Foram perseguidas pela própria morte.

O garoto fez uma expressão curiosa que parecia ser uma mistura de confusão e medo. Tinha dificuldade para acreditar na informação e não sabia por que Lena estava lhe contando isso.

– A maioria não conseguiu se salvar, inclusive Ruth.

– Eu lamento, Lena... – Erick começou, mas sua irmã não lhe deixou terminar.

– Eu estive com eles por todo esse tempo, se tornaram meus amigos e eu vi cada um deles partir e tentei impedir. Eu tive uma visão desse momento no restaurante. – Erick tremeu com o que ouviu, depois de toda a história já contada. – Essa exata cena de você chegando, acho que era um aviso. Talvez a morte esteja puta por eu tentar intervir nos planos dela, não sei. Mas você tem que sair daqui, precisa se afastar de mim.

O garoto não conseguia assimilar tudo que ela estava contando e definitivamente não iria aceitar algo assim.

Antes que pudesse responder, as criaturas surgiram e partiram pra cima de Lena. A garota se levantou e conseguiu acertar uma delas em cheio na cabeça com o pedaço de madeira em sua mão e proferiu um bicudo no estômago da outra.

– Suba as escadas e saia pela janela lá de cima, - Ela ordenou - Do beco você vai ter acesso às escadas de incêndio de outros prédios. Vá o mais longe que puder. Consiga ajuda e se salve.

– Lena... - Ele sabia a intenção dela. - Não posso deixar você aqui.

– Você precisa, VAI! - Erick tremeu com seu grito - Vai. Eu não pretendo morrer tão cedo. - Lena respondeu com um sorriso no rosto e lágrimas nos olhos, sabia que não conseguiria convencer ele disso.

Os olhos do garoto começaram a ficar vermelhos e ele estava prestes a chorar. Foi então que as criaturas se levantaram.

Lena agarrou o braço de Erick e o arrastou até a escadaria.

– VAI!

Em seguida, correu até a cozinha novamente e fechou as portas. Foi em direção aos fogões e chapas, ligando tudo o que podia.

Quando resolveu voltar para a cidade natal, Lena planejava poder passar um tempo com a sua família e aproveitar um pouco mais sua vida. Ela definitivamente não pensava que poderia morrer nesse tempo, mesmo com tudo que passara nos últimos meses. Não teve nem a chance de rever Helena. Mas tudo que passava na cabeça da loira era poder salvar seu irmão.

Erick correu o mais rápido que pode pelo corredor, até alcançar a janela. Ele saltou em cima de uma caçamba de lixo e pulou em direção à escada de incêndio, subindo o mais rápido que podia.

Até que algo fez a estrutura toda do prédio tremer. Uma explosão. Erick foi lançado contra o chão e por lá ficou, ainda segurando a perna da cadeira. Encarando o fogo que saía pela janela em que estava à tão pouco tempo atrás.

– Lena...

A fumaça subia e se dissipava no céu, junto com os pensamentos de Erick. O garoto não sabia como reagir.

Antes que pudesse fazer qualquer coisa, um carro parou na esquina e sua porta fora aberta. Um rapaz desceu rapidamente e foi de encontro a ele.

– Vamos, Erick. - Ele disse.

– RÁPIDO! - A garota no banco de carona gritava.

Eram as pessoas que tinha encontrado no aeroporto. O rapaz o ajudou a levantar. Erick foi carregado até o carro se apoiando nele, ainda sem voltar totalmente a realidade.

Uma outra garota abriu a porta pra ele e o apressou. Uma vez que todos estavam dentro do carro, o rapaz acelerou o máximo que pode, saindo do lugar o mais rápido possível.

– Você está bem? - O rapaz perguntou, olhando para Erick pelo retrovisor.

– Obrigado... - Erick respondeu, ignorando a pergunta de certo modo. Ele ainda estava meio fora de si, não conseguindo processar a cena. - Eu... Eu não sei seus nomes.

– Ellen. - A garota no banco do carona respondeu, apontando para o rapaz em seguida. Sabia que o irmão teria dificuldades de começar uma conversa assim. - Ele se chama Stein, somos irmãos. E essa garota do seu lado é a Mia, minha amiga.

Mia tentou esboçar um sorriso para o garoto.

– O que aconteceu lá dentro? - Stein perguntou, trazendo um clima pesado de volta.

– Minha irmã... - Foi tudo que Erick pode dizer.

– Eu... Eu sinto muito. - Stein respondeu. Mia apoiou a mão sobre o ombro do garoto e Ellen apenas abaixou a cabeça.

– Como vocês me acharam? – Perguntou.

– Achamos ter visto alguém correndo de dois... Dois deles. Estávamos nos aproximando quando vimos a explosão.

Enquanto passavam por outro bairro, puderam notar várias pessoas carregando carros e saindo de casa. Pareciam todos desesperados e com pressa.

– O que diabos está acontecendo? - Ellen questionou.

– Não sei. – Stein respondeu confuso.

– Ei, consegui algum sinal por aqui. Meu irmão mandou uma mensagem. – Mia exclamou. – Parece que está acontecendo uma epidemia, estão querendo colocar a cidade em quarentena.

– Precisamos sair da cidade então. – Stein disse.

– Mas e a mãe e o pai? – Ellen retrucou.

– É mais seguro sairmos da cidade primeiro. Eles provavelmente vão fazer o mesmo por conta do problema com os celulares.

– Meu irmão também disse pra sair da cidade e nos encontrarmos do outro lado. – Mia falou.

– Minha mãe... – Erick começou e todos se voltaram para ele. – O voo dela estava para chegar agora no final da tarde.

– Todos os voos já foram cancelados. Sua mãe provavelmente está segura e devemos conseguir falar com ela quando sairmos da cidade.

Erick acenou com a cabeça, concordando e então foi a vez de Stein falar.

– Vamos dar o fora daqui então e esperar que todos estejam bem. - Stein olhava para Erick pelo retrovisor mais uma vez, sabia que ele acabar de perder a irmã e que todo esse assunto o incomodava. O garoto levantou a cabeça e viu os olhos verdes que o encaravam.

***

Como de se esperar, o trânsito estava parado. Várias pessoas desciam de seus veículos e tentavam terminar o percurso do túnel a pé, outras buzinavam como se fizesse alguma diferença.

Engole essa buzina, desgraçado! - Eles puderam ouvir de dentro do carro. Elly sorriu de leve para isso.

Erick estava encarando suas mãos e o pedaço de madeira que nelas jazia. Stein percebeu o gesto e algo dentro dele se revirava. Queria perguntar se o garoto estava bem, mas já sabia a resposta e sabia que não podia fazer nada pra ajuda-lo.

– Ei! O que tá acontecendo ali na frente? – Mia perguntou e todos mudaram seus focos. – Parece fogo?

Erick logo percebeu que sim. Atearam fogo em uma senhora.

– Ai meu deus. – Elly soltou com lágrima escorrendo de seu rosto.

O garoto desceu do carro imediatamente e começou a correr.

– Espera aí! – Stein gritou também descendo do carro. – É perigoso demais.

Erick correu por poucos metros antes de perceber que era tarde demais. Sentiu uma mão em seu ombro e percebeu Stein a seu lado.

— Vai haver um acidente e uma grande explosão! – Ouviram alguém gritando mais a frente.

Elly e Mia logo desceram do carro também, observando de onde estavam.

Um cara de touca estava em cima de um carro, gritando com um megafone.

Vocês precisam correr na direção oposta!

Stein pegou Erick pelo braço gesticulando que deveriam voltar para o carro.

Um caminhão transportando gasolina vai bater e explodir! Vai vazar todo o líquido e vai acontecer uma explosão gigante! Voltem!

Não sabia se Stein acreditava ou não no cara, mas resolveu ir com o rapaz. E então ouviram uma batida.

Outras pessoas desciam de seus carros e começavam a correr. Erick e Stein mal tiveram tempo de chegar até o carro quando aconteceu a primeira explosão.

– Vai! – Stein gritou para as garotas e elas começaram a correr, se encaminhando para o que parecia ser uma sala de manutenção.

Os dois não estavam muito longe quando Erick resolveu voltar e ajudar uma senhora no meio da confusão.

A segunda explosão ocorreu então. Olharam para trás e viram uma parede de fogo avançando na direção deles. Stein tentou correr atrás de Erick, mas Elly e Mia o puxaram para a sala.

Erick e a senhora conseguiram chegar a tempo antes da parede de fogo os alcançar e poucos segundos depois alguém fechou a porta.

***

Help me close my eyes
I don’t wanna see what this day was like
Help me close my eyes
I want to sleep without dreaming
Cause I'm scared to see them

Erick não sabia por que, mas estava se sentindo seguro nos braços de Stein. Não entendia a preocupação do rapaz por ele, mas não queria questionar. Talvez fosse compaixão, com tudo que lhe acontecera... Não... Não queria pensar nisso. Estava exausto, e tudo que queria era poder fechar os olhos e descansar. Ali mesmo no embraço quente de um estranho. Mas não podia.

I want to hide but trees are falling down
I want to hide but mountains are melting
I want to hide but every cliff is getting eaten by the sea
I want to sleep without dreaming

Não queria rever tudo que passou. Não podia. Não conseguiria. Tinha medo de fechar os olhos, sabia que os pesadelos iam persegui-lo essa noite.

I want to hide, I want hi-i-ide

I want to hide, help me close my eyes


***

A garota se levantou dos destroços pouco antes do acidente. Não fazia ideia de como estava viva ou o que era essa sensação de angústia e ansiedade que crescia dentro dela. E então gritou.

Gritou como nunca havia gritado antes.


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Notas finais do capítulo

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