Amargo Inverno escrita por Miss Ailee


Capítulo 2
Capítulo 2: No avião




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/66619/chapter/2

Eu já vi aquela cena antes, embarcamos de camisetas e sandálias, mas eu não me esqueci de colocar uma muda de calças, luvas, meias e casacos em minha bagagem de mão. O inverno em Nova York é bem rigoroso. A temperatura deve estar abaixo de zero nesta época do ano.

Então eu entrei na cabine do banheiro do avião, e ela estava sentada no chão.

Não, eu não podia pedir a ninguém que a tirasse dali. Porque apenas eu conseguia vê-la. Sim, ela estava morta.

E o pior, não cabíamos nós duas naquele banheiro minúsculo, ainda mais a minha bolsa cheia de agasalhos.

Acontece que para nós, mediadores, os fantasmas são de carne e osso. Eles não passam através de nós, como acontece com os outros humanos normais.

- O que você quer? – perguntei a alma penada, assim que consegui fechar a porta, com alguma dificuldade.

- Você está me vendo? – ela perguntou.

Por que é sempre assim? Haja paciência, mas todo defunto pergunta a mesma coisa. E eu tenho que explicar pela milésima vez que eu sou uma mediadora e que estou ali para ajudá-la a ir pra tal outra vida, e tudo o mais.

Mas a vontade que eu tinha era de levá-la para onde as almas exorcizadas vão, e eu faria isso, se não fosse pela dor de cabeça estúpida que sinto quando volto de lá, ou pela dor na consciência que eu carregaria por exorcizar uma inocente. Pelo menos até que se prove o contrário.

Blábláblá, e eu contei toda a parafernália de mediadora, e ela contou que morreu no banheiro, depois beber espumante envenenado pela comissária de bordo, a mando de seu ex-namorado.

E eu teria de colocar o ex dela na cadeia.

Mas o que ela não entendia, era que agora eu não moro mais na Califórnia. Estou voltando para NY, para o frio gélido, para longe do meu Jesse.

E estava pouco me lixando para a morte dela. De verdade. Mas eu não disse esta última parte a ela, óbvio.

Saí do banheiro suando baldes, aquela fantasma me obrigou a trocar de roupas em um espacinho minúsculo. Quando ela resolveu se desmaterializar, eu já estava vestida e pronta para sair dali, para que minha mãe se trocasse. Estaríamos em NY em menos de meia hora.

- Suzinha, por que demorou tanto, querida? – perguntou minha mãe assim que eu saí do reservado.

- Acho que o almoço não me caiu bem... – respondi tentando ser convincente em minha mentira. Eu era mestre em mentir, minha profissão exigia isso.

E voltei a sentar na minha poltrona, e observar pela janela da aeronave, as nuvens densas, e a paisagem branquinha de neve.

Meu corpo já sentia falta da ensolarada Califórnia, do mar gelado batendo contra meu corpo, das mãos quentes de Jesse dentro da minha blusa...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Não esqueçam da campanha: Deixe um review e faça uma escritora feliz! =)
Espero que estejam gostando da fic! Beijocas!!!