Amargo Inverno escrita por Miss Ailee


Capítulo 1
Capítulo 1: Na estrada




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Então era isso. O taxista dirigia, mamãe resmungava, enquanto que eu apenas recordava, de olhos fechados, o meu último encontro com Jesse, na noite de ontem...

Ele estava na porta da Missão Junipero Serra – minha antiga escola, onde concluí o ensino médio –, onde ele mora com o padre Dominique – mas que todo mundo chama de padre Dom –, com aquela camisa branca, aberta até a altura do peito, deixando à mostra aquela pele morena e aquela musculatura definida, que faziam minha imaginação voar...

Então ele me viu, e estendeu a mão para mim, sempre muito educado, como ditam as normas de conduta do século retrasado. Padre Dom saiu da sala da reitoria para nos deixar mais a vontade. Então, creio eu, que Jesse teve uma pequena amnésia, quanto à época em que ele nasceu, porque nosso namoro não foi nem perto do que seria um namoro aos moldes daquele século. Havia muita atividade sob as camisas. De ambos. Enquanto nos beijávamos.

Então ouvimos alguns pigarros da parte do padre Dom. Ele sempre fazia isso. Sempre que o clima começava a ficar bom naquela sala.

Não podíamos perder o respeito, estávamos dentro de uma instituição religiosa.

Mas o amor não é algo divino?

Deixei esta pergunta se perder em minha cabeça, e olhei nos belos olhos de ônix do meu Jesse.

- Está olhando o quê, mi hermosa? – perguntou ele.

- Seus olhos. Como sempre.

- Suzannah...

- Jesse...

- Tenho algo a lhe dizer. Mas não sei como...

- Pode falar, Jesse! Sou toda ouvidos! É algum fantasma bunda-mole te perturbando? Se quiser ajuda, é só falar que eu dou um pé na bunda da alma penada e...

- Não é nada disso, Suzannah. É apenas a respeito de um anel que eu comprei com o meu primeiro salário. Agora que estou trabalhando, tenho perspectivas de formar uma família, se é que me entende... não pretendo morar com o padre Dom para sempre!

- Ah, que ótimo! Deixa eu ver o anel? Engraçado, eu nunca imaginei que você fosse do tipo que gosta de jóias, Jesse!

- Hermosa... eu comprei um anel para você também... mas não sei se vai aceitá-lo... ainda... com toda a situação... só terei condições de comprar uma casa dentro de dois, ou quem sabe três anos. Esperaria por mim?

- Jesse, eu quero ver meu anel! Como ele é?

- Calma, Suzannah, já vou lhe mostrar... eu só tenho que te perguntar uma coisinha antes. Antes de colocar o anel no seu dedo. Eu preciso saber se você aceita... aceita... aceita ser a Sra. De Silva?

Eu fiquei observando-o incrédula. Então tudo fazia sentido. Jesse, ou melhor, Hector De Silva, acabara de me propor casamento. Isto sim soava Jesse, soava o cara conservador que eu conhecia.

E eu não tinha mais nada a fazer além de aceitar, é claro.

Afinal, nós nos amamos.

Mas minha mãe não sabia disso. Não sabia, porque simplesmente Jesse iria HOJE até nossa casa formalizar o pedido.

Por esta razão a aliança de noivado que ele me deu está no meu cordão, escondida por dentro da blusa, e não no meu dedo, que é o lugar certo para ela.

Mas não é o que parece estar nos planos da minha mãe, já que ela está me levando de volta para o Brooklin, em Nova York.

Chegamos ao aeroporto, e eu ainda nem tinha conseguido decifrar se o olhar do Jesse era surpreso, alegre ou tenro quando eu aceitei ser sua noiva.


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