Amy True: Mistério em Baltimore escrita por starpower Ander


Capítulo 2
Capítulo II – A Descoberta de um novo mundo ou Um plano diabólico?


Notas iniciais do capítulo

Foi muito divertido escrever esse capítulo, espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/665894/chapter/2

Capítulo II – A Descoberta de um novo mundo ou Um plano diabólico?

Daniel se dirigia a Matilde com muita cortesia enquanto a guiava pelo magnífico teatro Apollon. Ele falava sobre tudo o que aprendera sobre aquele lugar em que passava a maior parte do seu tempo e ficou satisfeito ao notar que a moça estava realmente interessada no que ele dizia. Ele a levou para todas as partes mais luxuosas que eram abertas ao público, bem decoradas, fazendo questão de mostrar cada detalhe ou parte interessante.

Os dois jovens conversavam com naturalidade e discutiam o que viam enquanto caminhavam pelos corredores luxuosos do Apollon. E andavam em direção ao lugar no teatro que Matilde mais ansiava em conhecer. Daniel havia deixado o espaço por último para aumentar as expectativas da moça, que já o tinha manifestado grande interesse em visitar.

Pararam ambos em frente de uma grande porta de mogno com candelabros de cada lado da parede. Matilde já imaginava o que seria, há muito tempo imaginava como seria o lugar e tinha dificuldades para esconder sua curiosidade e entusiasmo para aquele momento tão esperado.

_ Feche os olhos, quero que seja uma surpresa. – Disse Daniel calmamente. Matilde sorriu, fechou os olhos mantendo o sorriso. – Não abra agora, eu vou guia-la. – Depois de conferir se realmente ela estava com os olhos fechados, abriu a porta, pegou suas mãos e a conduziu lentamente para dentro do salão, levando-a ao local onde ela teria o melhor panorama do interior do salão. “Cuidado com as escadas” disse ele. Chegando ao ponto escolhido ele soltou as mãos dela e se posicionou ao seu lado e disse:

_ Agora já pode abrir – Matilde abriu os olhos e contemplou maravilhada. Ela não pôde conter o suspiro de admiração quando viu o lugar que era mais belo do que tudo o que ela havia visto até o momento. – Bem-vinda ao palco principal! – Apresentou Daniel com veemência.

Matilde pareceu não ouvir, estava completamente enfeitiçada pela beleza do salão, tinha uma expressão hipnotizada e parecia ter perdido completamente as palavras.

Ela estava em cima do palco do salão principal do teatro onde sonhava em se apresentar. Era muito mais lindo do que a jovem aspirante à atriz imaginava, parecia à realização de um sonho. E realmente era. Do palco, podia ter uma visão ampla de todo o salão, havia muitas fileiras de cadeiras cobertas de veludo vermelho, um tapete vermelho com bordas ornadas de dourado, inúmeros camarotes, e cada parapeito dos compartimentos eram ricamente decorados com estátuas douradas, tantos detalhes que Matilde não sabia para onde olhar, o palco tinha a bordas esculpidas e cobertas de dourado, e as cortinas vermelhas estavam fechadas, as paredes eram de uma cor clara e com adornos muito detalhados, o teto do salão nobre era branco e dourado com formato de abóbada com pinturas de anjos e de mitos gregos nas laterais e um majestoso lustre de cristal no centro.

Na visão ampla de Daniel, que já conheceu muitos outros teatros em outros estados do país, o teatro fora, de certa forma, inspirado na arquitetura da grande Casa de Ópera de Paris, e era decorado com muita harmonia e elegância, sem os grandes exageros que a maiorias dos outros arquitetos colocam nessas maravilhosas construções, mais com a medida certa de adornos e enfeites, e o rapaz sempre observou isso positivamente.

_ Será que eu estou sonhando? – Era tudo o que Matilde tinha a dizer, completamente perdida com a beleza do salão. – Eu vou mesmo me apresentar aqui? – Disse ela sorrindo amplamente, encantada – Este lugar é magnífico! – Era o lugar mais lindo que a moça já viu, não que... Uma simples garota do interior, que nunca saíra de sua pequena cidade, houvesse visto muitas coisas como o Teatro Apollon, mais era certamente uma experiência única para Matilde.

_ Eu concordo, mas... Depois disto, vamos conhecer a produção e a sala da contrarregra – Disse Daniel.

Depois disto ele levou um bom tempo para mostrar todo o salão nobre para sua nova amiga, que observou tudo em profundo encantamento, e então ambos seguiram para os bastidores.

A produção, era a área em que não era permitida a entrada do público, não era tão bonita quanto à parte principal. Na verdade, a maior parte dela era feia e grosseira, exceto pelos corredores onde ficavam os camarins, salas de música, salas de dança e outros lugares mais “adequados” do teatro; Matilde notava um grande contraste entre o feio e belo, o luxuoso e grotesco no Apollon.

Na parte grosseira, Daniel mostrou a Matilde o sistema de cordas que seguravam as cortinas e engrenagens que sustentavam as enormes telas do cenário; todo aquele conjunto de estruturas podia não ser muito bonito, mais era bastante interessante para Daniel. Não havia nenhum assistente de palco trabalhando, pois ninguém estava se apresentando ou ensaiando. Afinal, no momento era muito cedo e a Primeira Atriz ainda não estava presente.

No entanto, o teatro estava longe de estar vazio. Daniel seguiu com Matilde e mostrou as salas em que escultores e marceneiros criavam os artefatos que fariam parte dos cenários, em sua maioria feitos de gesso ou madeira. Em outra ala – considerada uma das “adequadas” –, as bailarinas mais velhas ensaiavam em um ambiente coberto de espelhos e atrás de outra porta havia uma sala de música repleta de instrumentos musicais. Poucas pessoas também andavam pelos corredores, mas como todos os artistas estavam ocupados com suas atividades rotineiras, eram apenas os encarregados na limpeza e manutenção do teatro.

_ Gostaria de conhecer a sala de figurinos? – Perguntou Daniel. Matilde assentiu balançando a cabeça.

Mais ao chegar à porta da sala onde eram guardados os figurinos, descobriram que estava trancada, uma frustração para Matilde, que queria muito ver as roupas. Daniel também ficou irritado, mas disse que sabia onde estavam as chaves, e decidiu busca-las. “Voltarei rapidamente, por favor, não saia deste local” disse ele ao se despedir da jovem e deixa-la sozinha no corredor, enquanto seguia seu caminho em busca das chaves.

Matilde se sentiu aborrecida por ter de aguardar, não gostava nenhum pouco de ficar parada sozinha esperando o regresso de seu amigo. Estava, como se diz, roendo as unhas de curiosidade para conhecer o resto do teatro, e não se conteve a esperar. Desobedecendo ao pedido de Daniel, caminhou lentamente pelos corredores.

Enquanto caminhava, sentia uma estranha sensação de liberdade e aventura; a ideia de encontrar surpresas naquele lugar muito a animava. Sentia que aquele era o início de uma aventura – sua primeira aventura – como aquelas que ela havia lido nos livros. Era o sentimento de estar em um Novo e Maravilhoso Mundo, que se abria diante dos seus olhos pronto para ser explorado.

Entrou em uma das poucas portas naquele corredor que não estava trancada, onde estava escrito “Cenários”. E lá dentro encontrou esculturas feitas de gesso e madeira como antes vira os escultores criando peças parecidas. Supôs que, depois de usadas, as peças eram todas guardadas ali. Andava com cautela, como se esperasse que alguma coisa acontecesse. Nunca sentira tanta liberdade na vida como naquele momento. Era como se tivesse feito uma grande descoberta.

Há razão para esses sentimentos, a verdade é que nunca na sua vida tinha sido dada a ela tanta liberdade, quanto naquele momento. Pela primeira vez na vida, ela saiu na rua sozinha, sem a companhia de suas irmãs ou da sua tia, conversou sozinha com um rapaz, estava prestes a ter um emprego fora de casa. A sensação de independência, para uma moça como ela era inexplicável e agradável. Imaginou o que seu pai diria sobre isso. Ele não concordaria, disso ela tinha certeza. Ele diria: “A única vocação para uma moça de bem é a de ser esposa e mãe”. Pensamentos esses, que ele carregou até a sua morte, e por isso Matilde tinha certeza que seu amado pai no momento, deve estar se revirando no túmulo por ver sua filha seguir aquele caminho. Joseph Taylor, seu pai, era um bom homem, mais nunca entenderia a alma livre de sua filha.

Se tivesse ficado em sua pequena cidade, tinha certeza que sua mãe lhe arranjaria um noivo em pouco tempo, provavelmente um humilde fazendeiro com quem se casaria, e teria uma vida tão pacata e simples quanto a de suas irmãs. Mais ela não era como elas, desde cedo soube disso. Gostava de ler, tinha uma imaginação fértil, e as histórias que lia lhe levavam a lugares que suas irmãs nunca sonhariam. Queria conhecer o mundo e sempre sonhava acordada com esse dia. Estava determinada a ser atriz.

Na sala em que Matilde entrou havia tudo o que se esperava encontrar em uma “dispensa” para material cenográfico: armações para vários tipos coisas, árvores falsas, colunas falsas, e muitas outras quinquilharias.

Em outra direção, observou que uma luz proveniente de uma janela clareava um pequeno sofá e duas cadeiras confortáveis postas em um retângulo, ao redor de uma mesa de centro. Embora a maioria dos objetos na sala estivessem cobertos por uma fina camada de poeira e de teias de aranha; as cadeiras, a mesinha de centro e todos os objetos a sua volta, estavam completamente limpos. Isso prendeu a atenção de Matilde por algum tempo.

“Alguém vem sempre aqui.” Pensou ela.

Se perguntou por que alguém escolheria um lugar como este para passar o tempo, quando haviam lugares mais agradáveis e bonitos no Teatro.

Mas logo sua atenção foi desviada para outro objeto curioso na sala. Um sarcófago egípcio. Um sarcófago egípcio cenográfico, colocado em pé no quarto. Lindo, mas tão falso quanto os outros objetos na sala, isso era bem óbvio. Parecia-se muito com as tumbas mortuárias que vira desenhadas nos livros de história; tinha tons de dourado, vermelho e verde, e estava limpo. Interessante... Curiosa para saber se o sarcófago estava vazio, ela empurrou a tampa, abrindo-o. Mais o que ela descobriu dentro dele a fez gritar de susto...

–------------------------------

_ Aaah! – Gritou Matilde. Seguido logo depois pelo grito da menina que havia descoberto dentro do sarcófago – com os olhos fechados em algum tipo de meditação – que também se assustou com a moça.

_ Aaah! – Gritou a menina mais jovem.

Gritaram uma para a outra novamente, até que, passado o susto, a menina estranha colocou a mão no coração, que estava muito acelerado, e sua respiração era ofegante. Matilde permanecia imóvel, observando com os olhos arregalados a jovem menina. Ela não estava esperando por isso.

Quando a garota parou de ofegar, olhou para Matilde meio irritada e perguntou:

_ Por que não bateu? Não é educado abrir sem permissão. – Matilde observava petrificada, e quando ela não respondeu, a menininha saiu do seu estranho esconderijo e perguntou novamente cruzando os braços: – O que há com você?

Matilde observou a menina que estava na sua frente, ela usava um vestido azul escuro, uma fita vermelha no cabelo e um casaco da mesma cor. Uma combinação muito simples, mas que a deixava encantadoramente adorável, e isso somado a um rostinho de anjo, penetrantes olhinhos brilhantes, e uma postura de adulto. A mais jovem continuou a observar a moça mais velha com os braços cruzados, esperando uma resposta.

Quando Matilde finalmente se recuperou do choque e foi capaz de formular algum pensamento racional, disse:

_ Perdão... Eu sou nova aqui... – respondeu a moça nervosa – Mas... Não quis assusta-la... Eu me chamo Matilde... Matilde Taylor. – disse rapidamente a embaraçada Matilde.

_ Prazer, então você é nova no teatro... – Não era uma pergunta, era uma afirmação – Realmente... Por isso não bateu. - Ela riu - Além disto, eu, com certeza já teria visto a senhorita em algum momento anterior. – Respondeu a menina observando Matilde detalhadamente, enquanto coçava o queixo e pensava – Você deve ser o novo contralto! – exclamou a menina – ...Que foi convidada para fazer o teste na semana passada, estou correta?

_ Sim. Mas... Mas como você sabe? – Perguntou a moça surpresa.

Pensei que essas coisas fossem restritas! – Pensou Matilde.

_ Poucas coisas me escapam neste teatro. – respondeu ela com convicção. – O que me leva a aconselha-la a ter cuidado, talvez não comigo... Mais com seus rivais, que os terá com toda a certeza, pelo menos se quiser estar no Apollon.

_ Mais eu sei que não vou ter nenhum rival... – respondeu Matilde insegura e odiando a própria incerteza.

_ É uma apaziguadora ou está muito segura de si? – Questionou a menina arqueando uma das sobrancelhas. – Isso é inevitável no ramo teatral sabia?

A jovem aspirante se impressionou com a menina, ela falava sem nenhuma hesitação e com uma segurança muito incomum para a idade e que Matilde invejou. Possuía voz embora infantil, melodiosa e muito suave; falava como uma moça crescida, muito segura de si e de suas opiniões. Invejou também, a graciosidade que da menina e sua aparência tão encantadora que parecia uma bonequinha. Ao contrário dela, que sempre fora tímida e atrapalhada. Ao olha-la mais atentamente, ela notou uma mancha vermelha contrastando com o branco da meia da menina e percebeu outras manchas no vestido – maiores, porém menos notáveis por causa da cor escura do tecido – e pequenas manchas nas mãos e na barra do casaco.

_ Meu Deus! Você está machucada! – Exclamou Matilde se aproximando dela preocupada. – Onde você se feriu? – A mais nova olhou para a mais velha com uma expressão totalmente confusa, até notar também as manchas por si mesma com surpresa. Ela se afastou rápido de Matilde e parecia nervosa.

_ E-eu estou bem. – disse ela colocando as mão para trás e agindo de maneira inquieta. – N-não se preocupe comigo.

_ Mas você está sangrando! – Disse a mais velha se aproximando novamente. – Me deixe ajudar você, por favor...

_ Eu estou bem, não é nada. Não se preocupe comigo... – Disse ela se afastando.

_ Mas... – Tentou argumentar Matilde.

_ Eu tenho que ir! Tenho coisas a fazer e estou muito atrasada... – Disse a menina preocupada – Tenho que ir. Foi um prazer conhece-la senhorita e esta conversa foi muito agradável, mais estou atrasada... Adeus! – Despediu-se rapidamente, parecendo muito ansiosa quando correu o mais rápido que conseguiu em direção aos corredores.

_ Espere! – Gritou Matilde antes de correr também, seguindo atrás dela.

A garotinha não deu atenção ao grito da moça e continuou sua corrida pelos corredores em ritmo acelerado. A jovem aspirante a perdeu de vista quando a pequena virou a esquina no corredor, Matilde seguiu fazendo o mesmo, mas se surpreendeu quando de repente se viu sozinha em um corredor sem saída.

A jovem se chocou muito com aquilo, viu que havia apenas uma porta naquele corredor, mais quando tentou abrir, ela estava trancada. Não havia como ela ter desaparecido. Afinal, era Daniel quem estava com as chaves, e mesmo assim ela não poderia entrar e trancar tão rapidamente e sem nenhum barulho, então não havia como desparecer dessa maneira! Matilde sabia que não era um fantasma ou uma alucinação, por que ela não era louca e tinha tanta certeza da presença da menina quanto tinha antes da presença de Daniel. Como é possível uma pessoa desaparecer assim?

Sua busca por respostas e uma explicação razoável foram interrompidas pela voz de Daniel chamando seu nome. “Eu estou aqui!” respondeu de volta, pois não poderia sair à procura do jovem sem se perder no labirinto que era o teatro. Ainda estava chocada com o que acabara de testemunhar. O encontro com a garota lhe trouxe muitas surpresas. O rapaz veio até ela parecendo um pouco irritado por ter sido desobedecido, o que fez Matilde se sentir-se um pouco culpada, e ao mesmo tempo aliviada por rever os olhos verdes do amigo.

_ Por que não esperou? – perguntou Daniel cruzando os braços, um gesto muito parecido com o da menina misteriosa.

_ Perdão... Eu não consegui esperar. – Foi a desculpa de Matilde. – Oh! Você não vai acreditar no que eu vi! – Disse ela alarmada.

_ Hum... Duvido muito, mas prossiga. – disse ele sério levando a mão para o queixo, novamente igual ao gesto da menina que a moça conheceu. Ela ignorou esse pensamento e contou o que viu.

_ Eu entrei na sala dos cenários, e... Tinha uma menina dentro de um sarcófago! Um sarcófago. Eu me assustei, ela também, nós conversamos e depois ela correu por aqui... E... Desapareceu! – Resumiu rapidamente a história a jovem muito alarmada. Daniel ficou um longo tempo olhando para ela sério, inexpressivo, coçando o queixo. Matilde pensou que ele não estivesse acreditando – É verdade! Eu vi! Eu não sou louca!

_ Eu não disse nada disso, menos ainda que não acredite na senhorita. – Ele finalmente se manifestou, depois de um longo silêncio.

_ Então acredita? – perguntou ela esperançosa.

_ Não tenho razões para não acreditar – respondeu pensativo. – Deixe-me ver... Sarcófago, susto, desaparecer... Você deve estar falando da Amy. – Concluiu Daniel.

_ Amy? – Matilde repetiu surpresa, finalmente percebendo que não tinha perguntado o nome dela.

_ Minha irmã. – Respondeu, deixando a moça ainda mais surpresa. – Ela é assim mesmo... Não se incomode com ela. – disse despreocupado, ignorando a expressão da moça

_ E... Ela estava ferida... – Disse ela.

_ Ferida? – Os olhos de Daniel expressaram preocupação – Onde? – Perguntou ele.

_ Não sei, ela não me deixou ver... Fugiu de mim quando eu perguntei, mas tinha manchas de sangue em todo o seu vestido.

_ Manchas de sangue? – Perguntou ele, “sim” Matilde respondeu, Daniel levou a mão para o queixo e ficou pensativo novamente. – Bem... se você diz que ela fugiu então há pouca coisa que nós possamos fazer por ela.

_ Mas... Nós temos que ajuda-la, pode ser grave, não está preocupado com sua irmã? – Perguntou ela.

_ Sim, eu estou. – Respondeu ele. – Mas quando a Amy está escondida não há ninguém em todo o teatro que pode encontra-la, nem mesmo eu. Se ela aparecer eu cuidarei dela, mas não posso fazer nada se ela não cooperar.

_ Eu queria que ela tivesse me deixado olhar, pelo menos... – Disse ela preocupada.

– Se ela fugiu então não deve ser nada tão perigoso. – Disse Daniel – Vamos continuar o nosso passeio, eu tenho as chaves agora. – completou balançado uma porção de chaves, e depois estendeu educadamente o braço para Matilde segurar. Ela assim o fez, e continuaram seu caminho pelo teatro. Mais a moça não conseguia parar de pensar nos momentos que haviam acontecido minutos atrás.

Realmente, um novo mundo a ser descoberto.

______________________________

A pequena Amy andava bisbilhotando o teatro dentro das sempre, escuras e empoeiradas passagens secretas do Apollon; e que nesta época do ano, também se tornavam frias, úmidas e ficavam com um cheiro estranho de mofado. Mais Amy não se importava. Teve dois anos para se acostumar completamente com os túneis, e agora parecia tão natural quanto andar em sua própria casa. Memorizara rapidamente cada abertura, cada fenda secreta no teatro, onde podia ver e ouvir as conversas de todos os seus habitantes.

Não se sabe o porquê dessas passagens existirem, elas simplesmente estavam espalhadas por todo o teatro. Grande parte delas era muito estreita e quase não havia ar suficiente, e uma pessoa adulta, de altura e porte médio, jamais passaria por elas. Às vezes Amy tinha que se apoiar nos cotovelos e se arrastar pelas passagens. Elas podiam levar a jovem bailarina de um canto a outro no teatro rapidamente, tornando possível para a menina desaparecer e reaparecer em lugares diferentes em pouco tempo. Os habitantes do Apollon sabiam, que quando a pequena desejava se esconder, sumia por horas e ninguém tinha notícias dela e nem dos caminhos que percorria, só para reaparecer no final do dia com teias de aranha no cabelo cacheado, toda suja de poeira (e outras coisas) e muito feliz.

As outras moças do teatro chocavam-se com o comportamento dela, que não era adequado para uma jovem dama, só que por mais elas ou qualquer outro tentasse afasta-la dos túneis mais sua curiosidade por eles aumentava. Era divertido para uma criança espionar o que os outros faziam sem que fosse vista. E mais divertido ainda, era engana-los com suas brincadeiras ardilosas. Já tinha feito todos os tipos de prendas, e troçado da maioria dos frequentadores do teatro. Ela própria se considerava uma “pregadora de peças prodígio”.

“Péssimo momento para você me descobrir” Pensou consigo mesma lembrando de Matilde. “Você vai me atrapalhar agora?”

O encontro com Matilde a deixou preocupada, ela não podia acreditar no quanto foi descuidada e na sua falta de sorte, agora estava obrigada a adiantar os seus planos para que não houvesse falhas e que os outros só suspeitassem quando fosse tarde demais. Ela não pode mais permitir que tais erros aconteçam de novo no futuro. A razão por sumir com tanta pressa da vista de Matilde seria, pelo motivo de estar trabalhando em seu mais novo plano diabólico.

Só que desta vez, ela pode ter ido longe demais.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Isso é tudo por hoje. Qual o plano da Amy? O que ela estava fazendo naquele sarcófago? Como Matilde vai se ajustar a nova vida? Por que o vestido da Amy está manchado? Descubram nos próximos capítulos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amy True: Mistério em Baltimore" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.