Hopeless escrita por katiclover


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novinho!!
Obrigada a todas que leram e deixaram a sua opinião (e frustração haha) nos comentários. Atendendo a pedidos de muita gente que ficou curiosa e querendo mais, voltei rapidinho!

Boa leitura! :)

OBS: Para alguém que ainda estava com dúvidas, este capítulo está bastante esclarecedor. Em alguns pontos deste capítulo, já começo a me referir à Kate como Luiza, e a partir do próximo, isso será absoluto. (exceto,obviamente, para quando me referir a "antiga Kate").



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Anteriormente em Hopeless...

– Olá... Sou Henry Scott. – deu uma pausa, sorrindo. - Você é Luiza Scott, minha esposa. Tudo irá ficar bem, querida. Aqui está o nosso recomeço.

...

– Minha cabeça... E-eu... O que está acontecendo? – perguntou Kate em um leve sussurro, porém com um desespero notável em sua voz.

– Acalme-se, querida... Está tudo bem agora. – respondeu Henry, secando a lágrima que escorria na bochecha de sua esposa. – Nós sofremos um acidente de avião... Você bateu forte com a cabeça, foi levada imediatamente para cirurgia. Estamos em Nova York agora. Precisei fazer uma viagem a trabalho de última hora e você não deixou que eu viesse sozinho. Céus... Eu deveria ter insistido para que você ficasse em Londres. – finalizou o homem, escondendo-a do verdadeiro motivo pelo qual estavam na cidade.

Henry sabia que ele e Luiza estavam a meses conversando sobre uma possível solução para seus problemas. Algo que os reaproximasse e os mostrasse que eram melhores juntos. Que ainda se amavam. Porém ambos sabiam que isso não era verdade.

Quase sorriu ao finalizar este pensamento, contendo-se pelo olhar assustado que ainda pairava sobre si. Sabia que agora não precisaria mais lutar para salvar seu casamento. Poderia simplesmente reconstruí-lo e começar do zero. Com uma nova vida. Com uma nova mulher.

– Londres? Nós... Espera, você estava lá também? – perguntou depois de alguns minutos, olhando fixamente para o grande curativo na testa do homem que permanecia acariciando seu rosto.

– Sim... Foi um grande susto. Mal posso acreditar que estamos ambos vivos e bem. Não se preocupe meu amor, cuidarei de você. Irei pedir para que seja transferida para um hospital em Londres o mais rápido possível. Precisamos sair deste lugar.

– Qual o problema com Nova York? E quanto ao seu trabalho? – perguntou, com a voz um pouco mais forte após tomar alguns goles de água, sentando-se na cama.

– Precisamos fazer com que tudo o que você já passou durante a sua vida... Durante esse dia terrível, quero dizer... Fique para trás. Precisamos seguir em frente, e deixar esta cidade é o primeiro passo. – sentiu seu rosto queimar ao perceber o que quase deixou escapar. Precisava aprender a lidar com a situação que criara, e se acostumar com a ideia de ter uma estranha como esposa. – E quanto ao meu trabalho... Não se preocupe querida. Posso cancelar esta viagem. Você é a minha prioridade agora. Nós somos.

– Henry, eu não consigo me lembrar... É como se tudo tivesse sumido, e aquela enfermeira que vi ao acordar fosse a primeira pessoa que vi em minha vida. E se minha memória não voltar? Por favor, não me deixe sozinha. – pediu com uma voz chorosa, suas lágrimas ainda molhando seu rosto. Segurou firmemente a mão de Henry.

– Nós iremos passar por isso juntos. Nós iremos superar tudo isso. Só precisamos de tempo. Eu tirarei todas as suas dúvidas, querida. Mas antes, vou pedir para que te deem um calmante. Você precisa descansar.

– Promete que ficará aqui comigo? Promete que estará aqui quando eu acordar? – perguntou, olhando nos olhos do homem que sorria levemente.

– É claro que sim. – respondeu. – Irei chamar a enfermeira.

Após ter a certeza de que ela estava adormecida, Henry soltou sua mão e deixou o quarto. Andou em passos largos pelo corredor silencioso. Tinha muito a fazer.

Encontrou uma recepção próxima a sala de espera do andar. Uma moça loira encarou-o do outro lado do balcão, sorrindo.

– Posso ajudá-lo, senhor? – perguntou.

– Gostaria de fazer um pedido. Minha esposa está internada neste andar, e eu quero ter a certeza de que está segura. Sou o único com permissão para visitá-la. Seu nome é Luiza Scott. – falou, com a expressão firme e determinada.

– Sim, senhor. Todos os visitantes precisam de uma autorização para adentrar o corredor que dá acesso aos quartos da UTI. Irei me certificar de que o senhor seja o único a consegui-la. Preciso de seus dados e os de sua esposa. – disse, estendendo-o um papel com espaços para serem preenchidos junto a uma caneta.

– Ah! Eu também preciso entrar em contato com o médico responsável por seu caso. Doutor David.

– Irei chamá-lo para a recepção e ele virá assim que estiver disponível. – sorriu, voltando sua atenção à tela de seu computador.

Preencheu a ficha rapidamente entregando-a a moça, perguntando por último:

– Onde fica a lanchonete mais próxima? Preciso de algo para comer, mas voltarei a tempo para falar com o doutor.

– Sim senhor. Siga em direção à sala de espera e vire à direita. – apontou na direção à qual se referia.

Henry sorriu em resposta, se afastando.

Ao chegar à sala de espera rapidamente avistou a lanchonete. Porém antes de seguir em frente, uma voz o parou.

– Henry? – virou-se, encontrando o homem que o acompanhou até ali algumas horas atrás. Ele possuía o rosto vermelho, e os olhos fundos. Estava cercado por outras pessoas com a mesma aparência, ele percebeu. Sua voz era fraca, quase inaudível.

– Richard... – respondeu, sentindo seu rosto começando a esquentar, acompanhado de sua respiração agora descompassada. Suas pernas falharam por um instante, ao ouvir a pergunta que lhe era feita.

– Sua mulher... Como ela está? – sua voz permanecia como um rouco sussurro, mas ainda assim foi capaz de despertar todos os tipos de medo no homem que o encarava com expressão assustada.

– Ela... Ela faleceu. Não aguentou a cirurgia. Preciso ir. Sinto muito por sua noiva. – respondeu Henry, virando as costas para o escritor e seguindo em passos apressados em direção à lanchonete, entrando rapidamente no banheiro masculino do local.

Debruçou-se sobre a pia, tentando normalizar sua respiração. Ao ouvir a pergunta de Castle, paralisou. Respondeu a primeira coisa que lhe veio à mente, sabendo que havia sido uma escolha arriscada, já que sua aparência não era nem de longe a de um marido que acabou de perder sua mulher.

Encheu suas mãos com água gelada, levando-as ao seu rosto e sentindo o gosto salgado do suor em sua boca. Olhou-se no espelho, enquanto secava o rosto devagar.

O homem responsável pelo seu estado de desespero repentino estava desolado em uma sala de espera durante horas, chorando a morte de sua noiva. Kate Beckett, que estava viva e repousava em um quarto a poucos metros dali. Com o nome de Luiza Scott.

Pela primeira vez desde que adentrou o quarto da moça desconhecida, Henry pensou nela. Luiza Scott, a sua real esposa. Que havia realmente morrido. Ninguém estava chorando por ela.

Ele que deveria estar, no entanto, estava comemorando a chegada de seu tão desejado recomeço. Recomeço que custou o fim da felicidade de outro alguém.

Talvez seja por isso que, por um momento, sentiu todo o seu mundo parar e o chão desabar sob seus pés quando ouviu a voz de Richard Castle chamando seu nome. Talvez seja porque, no fundo, ele não conseguia sentir nada além de alívio, e até certa gratidão pelo homem.

Alívio por finalmente se libertar de sua própria vida, e gratidão por recomeçá-la ao lado de uma linda mulher que com o tempo ele ensinaria a amá-lo como acreditava merecer.

Finalizou seus pensamentos ao fechar a porta atrás de si. Lembrou-se de que precisava conversar com o médico de sua Luiza. Encaminhou-se rapidamente até uma máquina de café próxima e após inserir algumas moedas retirou seu copo cheio. Sentiu o liquido quente passar pela sua garganta após dar um grande gole na bebida.

Seguiu em direção ao caminho contrário ao que havia feito para a lanchonete. Um caminho mais longo, mas que não cruzava a sala de espera.

O homem de jaleco branco e com uma prancheta em mãos esperava por ele apoiado no balcão em frente à moça loira que o atendeu minutos atrás. Se aproximando, disse:

– Desculpe-me a demora. Precisei de alguns minutos de silêncio para processar tudo o que aconteceu nas últimas 12 horas. – disse, seguindo o médico em direção ao quarto de Luiza.

– Sem problemas, Sr. Scott. Entendo que seja muito para lidar ao mesmo tempo. Soube que estava a minha procura, em que posso ajudá-lo? Como Luiza está? – perguntou enquanto paravam em frente à janela de vidro no quarto da paciente que permanecia dormindo serenamente.

– Ela está confusa... Um pouco assustada com a situação toda, mas farei de tudo para que ela se recupere o mais rápido possível, o que me leva ao assunto com o qual gostaria de tratar com o doutor. Estamos ambos muito machucados, não só fisicamente, mas também psicologicamente. Estamos sozinhos aqui já que todos os nossos entes queridos estão em Londres. Acho que a recuperação de Luiza seria melhor e mais rápida se estivéssemos com as pessoas que nós amamos por perto. Quero saber quando ela poderá ser transferida para um hospital em nossa cidade, e pedir para que o fosse feito o mais rápido possível... Cada minuto que permanecemos neste local nos traz mais dor e desconforto. – finalizou Henry, dando um último gole em seu café agora já frio.

– Senhor Scott, entendo perfeitamente. Esta é realmente uma situação delicada e difícil de ser superada e esquecida. Precisamos que Luiza passe a noite aqui, pois finalizou uma cirurgia importante recentemente. No entanto, se ela permanecer estável até amanhã acredito que consigo agendar sua transferência para o período da tarde. – sorriu.

– Excelente! Muito obrigada, me sinto muito mais tranquilo. Vou entrar, preciso estar aqui quando Luiza acordar. Sou tudo que ela tem neste momento difícil. – disse Henry. Sorriu para o doutor que o observava enquanto balançava a sua cabeça positivamente.

– Sem dúvidas. Ela precisa de todo o apoio e compreensão do senhor nesse momento. Para qual hospital deseja que ela seja transferida, senhor Scott? – perguntou, levantando a prancheta que segurava, pronto para fazer a anotação.

– Apenas... Encaminhe-a para o melhor de Londres. Obrigada novamente.

– Tenha uma boa noite, senhor Scott. Estou de plantão esta noite. Caso precise de auxílio, aperte o botão azul à direita da cama de Luiza. Uma enfermeira me chamará imediatamente.

Henry respondeu com um breve aceno de cabeça, adentrando o quarto e se acomodando na poltrona próxima a cama onde Kate permanecia em um sono profundo. Minutos depois, adormeceu também.

A noite se passou tranquilamente, e o casal foi acordado quando uma enfermeira adentrou o quarto para medicar a paciente e entregá-la seu café da manhã.

– Bom dia querida... Como está se sentindo? – perguntou Henry se aproximando após estarem sozinhos.

– Bom dia Henry... Estou melhor, minha dor de cabeça desapareceu quase completamente. – respondeu, sorrindo para o homem que agora acariciava sua mão.

– São ótimas notícias meu amor... Sabe, tenho ótimas notícias para você também. Conversei com seu médico ontem e ele me disse que se você permanecesse estável, ele poderia transferi-la ainda hoje a tarde. Isso não é maravilhoso?! – disse animado, abrindo um largo sorriso.

– É sim... – sorriu de volta – Será que eu poderia tomar um banho antes do café da manhã? Sinto-me suja e estou cheirando a hospital. – perguntou, passando uma de suas mãos sobre seu rosto.

– Chamarei uma enfermeira pra lhe ajudar enquanto vou à lanchonete tomar o meu café da manhã para depois lhe ajudar a tomar o seu. Tudo bem? – perguntou, cobrindo a mão de Kate que permanecia em seu rosto, acariciando-a carinhosamente.

– Perfeito! – sorriu.

Já no banheiro do quarto, uma enfermeira a ajudava a retirar a camisola e encaminhá-la para o chuveiro.

Pediu para que a mulher se retirasse, alegando que a chamaria caso precisasse. Calmamente, sentiu a água quente cair em seu corpo e relaxou, aliviada por ter um momento íntimo e só seu pela primeira vez após tantas horas deitada.

Deixou o chuveiro minutos depois, enrolando-se na toalha e ignorando as pontadas de dor de cabeça e o ardor de alguns de seus machucados. Em frente a pia, encarou-se no espelho. Estava iniciando uma nova e longa jornada, sem saber o que a esperava.

Analisou seu reflexo no espelho por alguns minutos, antes de virar-se para a porta e bater levemente, chamando a enfermeira para ajudá-la com os curativos.

Kate Beckett não mais era a detetive de homicídios corajosa e determinada, uma das melhores da polícia de Nova York. A noiva feliz e realizada de Richard Castle, o escritor de mistérios que a conquistou com seu charme e sorriso encantador. A filha de Jim e Johanna Beckett, por quem lutou anos atrás de justiça para o assassino que tirou sua vida brutamente.

Kate Beckett agora era uma mulher fraca, cercada por medos e desconfianças, que se recuperava do maior trauma de sua vida. Sendo forçada a se tornar outra pessoa, passaria a viver uma vida que não lhe pertence. Sem ao menos se dar conta disso.


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Notas finais do capítulo

Espero vocês nos comentários! :)