Le parkour: o percurso escrita por Andy


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Olá, leitores! :)
Então, finalmente chegamos ao último capítulo da fanfic. Quero agradecer muito a todos que acompanharam a história até aqui, que comentaram e que favoritaram. Significa muito. Obrigada!
Espero que gostem da conclusão da história! Por favor, comentem!
E até um dia, quem sabe, numa outra história... :3

Xoxo



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/665769/chapter/9

 

— Will...?

Ele se aproximou e beijou o ombro nu dela enquanto deslizava gentilmente a mão para sua cintura e a puxava para mais perto.

— Bom dia, Bela Adormecida!

— Que horas são?

— Não sei, umas cinco e meia... Por quê?

Ela se virou para olhar para ele.

— Cinco e meia da tarde?

— É. Por quê?

— Ah, não! Nós caímos no sono!

— Foi. O que é que tem?

— É que... Este é o nosso último dia juntos.

Uma careta de dor perpassou o rosto dele.

— Pensei que tínhamos combinado não falar disso.

— Eu sei. Desculpe. — Ela estendeu a mão para tocar a barba dele.

— Tudo bem. De qualquer forma... Ainda nos resta a noite. — Ele se aproximou e começou a beijar o pescoço dela devagar.

— Não, Will... — Ela o afastou gentilmente.

— Não? — Ele franziu as sobrancelhas.

— Não, eu... Esta noite, eu quero ficar sozinha.

Ele se sentou bruscamente na cama, olhando para ela perplexo. Ela não gostou da forma como a testa dele estava vincada.

— Por quê?

— Por favor... Tente entender, eu... Tenho algumas coisas que eu quero resolver e... E eu preciso fazer isso sozinha.

— Em, amanhã, você vai embora deste planeta! Não é como se você fosse para outro estado. Quando você acordar de novo, eu vou estar morto há bilhões de anos.

Ela se encolheu, já sentindo aquele conhecido nó na garganta de novo. Mas precisava ser firme se quisesse ir adiante. Ela mordeu o lábio com força para expulsar as lágrimas e se sentou também, puxando o lençol para se cobrir.

— Eu sei... Esse é outro motivo para eu querer me despedir agora. Se eu deixar para amanhã, não tenho certeza de que vou conseguir ir.

— Então não vá! Fique comigo! Nós podemos dar um jeito. Nem que eu tenha que matar alguém para conseguir um corpo para você, eu...

— Will!

— Desculpe. Mas, Em...

— Sem “mas”, Will. Por favor.

Ele a encarou. Ela podia ver que ele estava magoado. Ela sabia que seria assim.

— Por favor. — repetiu, impotente.

Ele a encarou por mais meio minuto. Depois, levantou-se da cama bruscamente, abaixando-se para pegar suas roupas no chão.

— Will?

Ele bufou e se virou para olhá-la:

— Tudo bem. Eu não quero que a última lembrança que você tenha de mim seja de uma discussão. Eu só vou tomar um banho. — Dizendo isso, ele entrou no banheiro e bateu a porta, deixando Emily sozinha com seus pensamentos.

~~ ♦ ~~

— Então... Então é “adeus”.

William estava parado do lado de fora da porta. A noite estava quente, o que não era tão comum naquela época do ano. Os olhos dele faziam a Emily todas as súplicas que ele tinha prometido não fazer verbalmente.

— Não... — Ela estendeu a mão para correr os dedos pelos cabelos dele. Eles continuavam permanentemente para o alto, como ela gostava. — Não, isso soa definitivo demais.

É definitivo, Em. — A voz dele soou levemente tremida, e ele tentou respirar fundo. Tinha prometido a si mesmo que não ia chorar.

— Não. Você sempre me terá. No seu coração. Nas suas memórias. No seu céu. — Ela apontou para as estrelas. — Eu sempre vou estar lá em algum lugar. Pensando em você.

Ele se aproximou e puxou a cabeça dela delicadamente até que suas testas se tocaram.

— Não é a mesma coisa.

— Eu vou ser sempre sua, Will. Sempre. Prometo, nunca haverá mais ninguém na minha vida.

— Nem na minha.

— Shh... Não, eu não quero que você prometa isso. Seja feliz, Will. Tenha um monte de filhinhos e dominem a cidade com o parkour.

Ele deu um riso nervoso e se afastou para olhar para ela.

— Você é louca.

— Só não com aquela Sonho-de-uma-noite-sei-lá-do-quê. Por favor.

Ele riu de novo.

— Se não for com você, não vai ser com ninguém, Em. Não adianta.

Ela sorriu.

— Duvido. Você é só humano. Daqui a uns dias, já vai ter se esquecido de mim.

Ele balançou a cabeça levemente, sentindo o coração pesando no peito.

— Acho que não fui um bom professor. Você não aprendeu nada sobre o amor humano.

— Aprendi sim. — Ela pôs as mãos atrás do pescoço dele e o puxou para um beijo. Ele retribuiu apaixonadamente.

Quando os lábios deles se separaram, eles mantiveram os rostos juntos.

— Você... Já se decidiu? Vai mesmo para o Mundo Cantor?

Ela não respondeu de imediato.

— Em?

— S... Sim. Acho... Acho que sim.

Ele se afastou para olhá-la. Ela desceu os olhos, olhando-o de alto a baixo. Ele a puxou e beijou a testa dela.

— Tudo bem. Eu espero que você seja feliz lá, Melodia Suave e Harmoniosa.

— Não... — Ela balançou a cabeça levemente. — Não, eu... Eu vou continuar sendo Emily. Para sempre. Emily... Emily Blake. — Ela corou levemente.

Ele abriu um largo sorriso para ela.

— Emily Blake... Eu gosto disso. Podia ter me dito isso antes. A gente podia ter dado um pulo em Vegas, ou coisa assim.

Ela riu e o abraçou.

— Eu te amo, Will.

— Eu também te amo. Para sempre.

Eles ficaram abraçados por mais alguns longos minutos, até que ele afrouxou o abraço e começou a se afastar devagar:

— Bom, agora eu acho que preciso ir... Já que você quer ficar sozinha... Não quero tomar mais do seu tempo, seja lá o que você tiver que resolver... Além disso, eu acho que seria bom eu dar um pulo no trabalho. Preciso resolver umas coisas, também. Minhas férias acabam amanhã.

Ela arregalou os olhos levemente.

— É verdade, Will... Você nunca me contou. Qual é o seu chamado?

Ele olhou para ela por um momento, como se estivesse tentando gravar cada detalhe do rosto dela. Depois, abriu um sorriso torto:

— Amar você.

Ela não pôde evitar sorrir também. Ele piscou travessamente para ela e se virou lentamente, pondo as mãos nos bolsos. Depois, caminhou em direção a seu carro sem olhar para trás. Ela não o chamou novamente.

~~ ♦ ~~

Emily respirou fundo, tentando ganhar coragem. Já fazia pelo menos trinta minutos que ela estava ali, dentro daquele carro. É tarde, ela repetiu pela trigésima vez. Não há nada que você possa fazer agora.

Ela soube desde o dia em que viu William pulando a janela do apartamento daquele homem para pegar aquela chave. Foi então que ela teve certeza: ela não iria voltar para o Mundo Cantor.

Não iria para lugar nenhum.

Definitivamente, ela não suportaria viver sem ele. Não queria abrir os olhos “depois de amanhã” (seria o que pareceria para ela) e descobrir que ele havia vivido e morrido enquanto ela dormia e que agora ele não existia mais, a não ser em suas lembranças. Se tinha de viver em um mundo sem Will, então preferia a morte.

Mas eles não lhe dariam essa opção. Se ela contasse a eles o que queria, eles iriam querer colocá-la em outro corpo humano. E ela não poderia aceitar isso. Não seria justo com as centenas de almas que estavam querendo vir para a Terra. Ela não era assim.

Só lamentava que William tivesse que sofrer. Mas ela havia deixado aquele bilhete explicando tudo. Eles o entregariam a ele. Ele iria entender... E de qualquer forma, ele ainda era jovem. Ela confiava que, com o tempo, ele superaria tudo. E seria feliz. Sim, com certeza. William estava sempre sorrindo. Ele saberia ser feliz como nenhum outro.

Sorrindo de leve, com esse pensamento em mente, ela ligou o carro. Agora era só uma questão de tempo. O monóxido de carbono ia fazer o resto. Ia ser como dormir. Muito mais fácil, mais suave do que Emily Seinfield havia tentado. Sem traumas. Emily afagou a cicatriz em seu pulso esquerdo e fechou os olhos, respirando profundamente.

Ela tossiu incomodamente apenas duas vezes. E depois foi como cair no sono.

~~ ♦ ~~

...

...

...

Primeiro, foram os sons. Alguma coisa zunia. Um mosquito? Também havia passos, mas eles pareciam distantes demais, como se estivessem fora do cômodo. Num corredor, talvez. Depois, veio o cheiro. Havia um cheiro curioso no ar. Era um cheiro muito limpo. Forte, mas não desagradável. Ajudou a clarear seus sentidos. De repente, ela sentiu que estava deitada sobre uma superfície quente, porém levemente dura demais. Mas ela se sentia estranha, como se seus membros estivessem... Esticados.

Então ela se lembrou.

Não!

Não era para ela estar ali! Não era para ela estar viva!

Ela abriu os olhos de uma vez, mas os fechou de novo imediatamente quando a luz a cegou. Era uma luz branca e forte, e ela se lembrou do que os humanos costumavam pensar sobre a luz que supostamente apareceria no fim, quando eles morressem. Bom, ela tinha certeza de que a tal luz não devia fazer os olhos doerem.

Não, ela definitivamente não estava morta, como devia estar.

Ela tentou reabrir os olhos lentamente agora, piscando para se acostumar com a luz. Então, ela virou a cabeça. O que viu foi uma janela aberta. Era dia, mas parecia meio cedo, como as primeiras horas da manhã. A parede em volta da janela era branca. Ela virou a cabeça lentamente. Tudo ali era branco, exceto pela bandeja prateada, com outros instrumentos prateados em cima. Como os bisturis.

Ah, não!

Ela estava numa estação de Cura.

Devagar, ela se sentou na cama dura e olhou ao redor. Num canto, havia um armário cheio de frascos que ela sabia que continham nomes como “Corta Dor” e “Limpar”. Imediatamente, sua mente forneceu uma série de outros nomes como “Purificar”, “Ajustar” e “Expulsar”, que ela não se lembrava de ter ouvido antes. Ela achou isso estranho, mas não se importou. Devia estar apenas confusa. Foi então que ela virou a cabeça para o outro lado e viu.

O espelho.

Não.

Não.

Isso só podia querer dizer uma coisa: ela estava numa sala de implantação. Ela havia sido reimplantada! Alguém a tinha encontrado na garagem e tinha chamado os paramédicos. Devem ter pensado que tinha sido um acidente. E quando viram que aquele corpo não tinha mais solução, eles a haviam implantado numa nova hospedeira. Ela só estranhou não haver um Curandeiro ali.

Ela olhou para o espelho em dúvida por alguns minutos, tentando decidir se queria ou não olhar. Por fim, achou que era melhor acabar logo com isso. Agora era tarde demais. Não havia remédio. Com cuidado, sabendo que demoraria um pouco para se ajustar ao novo corpo, ela desceu devagar da cama e foi andando em direção ao espelho.

Então ela entrou no ângulo certo e viu sua imagem refletida ali.

NÃO!

Ah, meu Deus!

Não não não não não não não não...

Já sentindo os olhos se enchendo de lágrimas, ela se aproximou desesperadamente do espelho, como se a proximidade pudesse tornar aquele pesadelo menos real. Porque só podia ser um pesadelo. O pior de todos.

Parado ali, ainda com a camiseta azul e a jaqueta jeans que ela se lembrava, estava William, olhando para ela com um olhar desesperado.

Havia círculos prateados se destacando contra o azul dos olhos dele.

NÃO!

Ela estendeu a mão para tocar a superfície do espelho, e os dedos de Will vieram de encontro aos dela.

Não não não não...

— Will? — A voz dele chamou, passando através dos lábios dela.

Will...? Will?!

Ela esperou, prendendo a respiração. Dez segundos se passaram. Quinze...

BOO!

Ela arregalou os olhos, e outra lágrima escorreu.

Ha! Te assustei, não foi?

WILL?!

Ela observou no espelho, assustada, enquanto sua mão... Enquanto a mão de William se erguia para limpar a lágrima que tinha escapado.

Hnm... Interessante.

Ah, meu Deus, Will! O que você fez?!

Na teoria é uma coisa... Na prática, é bem mais interessante. Olhe, chegue para lá, Em.

Ela observou enquanto William sorria no espelho, um sorriso de puro deleite.

Viu? Se passar por aqui, eu posso...

O QUE VOCÊ FEZ, WILLIAM?!

Ai. Não grite!

...

Olha... O lance é o seguinte: eu entendo que você é uma alma pura e bondosa e que jamais poderia exigir outro hospedeiro para você... Mas EU sou humano. O que quer dizer que EU posso ser um bastardo egoísta quando bem entender.

...

Além disso, você mente MUITO mal. É patético.

...

Em?

Você... É COMPLETAMENTE louco!

O sorriso no espelho se ampliou.

Eu sei. Você já me disse.

Mas... Como você...?

Ela vasculhou a mente dele.

Você é CURANDEIRO?!

Ele bufou.

Você está tão surpresa que chega a ser ofensivo.

Não é isso, é que... Você é tão jovem...

Ela parou, enquanto novas informações surgiam, vindas da mente dele.

Espera... Você é AQUELE William Blake?! O William Blake?

Quantos “William Blake” você acha que existem em San Francisco?

Mas você é O William Blake que descobriu a chave da ligação entre...

A alma e a mente humana, aham. Como você acha que eu estou fazendo isso?

O reflexo de William no espelho ergueu a mão para tocar o próprio rosto, depois fez uma careta e deu um sorriso presunçoso.

Por que você não me contou?

Não era importante.

Não era IMPORTANTE? Você é um gênio!

Talvez, mas eu não pude curar você. Talvez se tivesse tido mais tempo...

Ah, meu Deus... Tommy vai ficar encrencado por me implantar, não vai?

Não se eu o defender, como pretendo. Ele é um bom amigo.

Seu melhor amigo.

É. Depois de você.

Você nunca me viu só como uma amiga.

Epa. ISSO não era para você ter visto.

Não, espera! Sai pra lá, deixa eu ver!

Ela se calou, enquanto via a si mesma através dos olhos dele. O coração que agora eles compartilhavam começou a bater mais rápido, enquanto aquela conhecida sensação, como se estivessem sendo aquecidos de dentro para fora, tomava conta deles.

Em, vai com calma, ou vamos explodir.

Ah, Will!

É possível morrer por overdose de amor? Nota mental: pesquisar.

Will! Eu te amo tanto!

Eu sei.

Eles ficaram quietos novamente, enquanto compartilhavam mais imagens. Cada um de seus momentos juntos, agora sob a perspectiva dela.

Eu pareço incrível nas suas memórias.

Você É incrível. O cara mais incrível do mundo.

Ah, são seus olhos!

Ela riu.

Bobo!

Eu te amo, Em.

Eu também te amo, Will.

E agora nós vamos estar juntos para sempre.

Até o fim da nossa vida.

...

...

...

...

Você ainda não fez a pergunta mais importante.

Que pergunta?

De qual prédio nós vamos pular primeiro?

O rosto no espelho deu um sorriso travesso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Le parkour: o percurso" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.