Le parkour: o percurso escrita por Andy


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Ois! :3
Aqui está o capítulo da semana de "Le parkour"! Já estamos caminhando para o final da história. Só tem mais dois capítulos, depois deste. 3
Este talvez seja o capítulo mais fofo da história... Espero que gostem!
Até semana que vem! ♥
Xoxo



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Interior da loja Miette localizada em San Francico, Califórnia


— Boo! — Ela cobriu os olhos dele com as mãos.

— Ah! Quem será que é? — William sorriu, segurando a mão dela quando ela descobriu os olhos dele. Ele beijou a mão dela suavemente. — Bom dia, senhorita!

— Bom dia! — Ela sorriu para ele. — Espera! — Ela tirou a mochila dos ombros e puxou um pacote de dentro dela. — Para você!

— Um presente? — Ele ergueu as sobrancelhas, pegando o embrulho.

— Abre!

Ele rasgou o papel e dentro estava uma camiseta preta. Ele a desdobrou e sorriu.

— “Que a força esteja com você”*. — Ele olhou a etiqueta. — Da Gap?

— Eu dei uma passada lá ontem... Para compensar pela camiseta que eu destruí.

— Não precisava! Mas obrigado! — Ele se levantou e tirou a camiseta laranja que estava vestindo, sem se importar com os olhares que atraiu. Depois, pôs a camiseta nova e sorriu para Emily.

Ela riu e levantou os polegares para ele.

— Você bagunçou seu cabelo! — Ela se aproximou para arrumá-lo, mas ele segurou a mão dela.

— Meu cabelo é bagunçado. Ou você acha que eu fico horas na frente do espelho jogando ele para o alto desse jeito? — Ele deu língua para ela, e ela riu. — Falando sério agora, Em... Você ficou bem, ontem? Como foi com o Confortador?

— Tudo bem, não se preocupe.

— Tem certeza? Eu achei estranho você ter querido ir vê-lo... Fiquei preocupado se não tinha te deixado realmente traumatizada, ou coisa assim.

— Não. Eu estou bem.

— Que bom. — Ele ficou olhando-a com carinho por um momento. — Então... Pronta pra outra? — Ele apontou para as barras da rampa de acesso do metrô.

Ela sorriu, confiante:

— Pronta!

~~ ♦ ~~

As duas semanas seguintes pareceram voar para Emily. Ela e William voltaram a treinar todos os dias, de manhã até de noite, agora. Depois de alguns dias, eles saíram do metrô e voltaram às ruas. William a levou para conhecer vários lugares onde ele costumava treinar com seu antigo grupo.

— O que aconteceu com eles? — Ela perguntou, enquanto eles faziam uma caminhada leve para encerrar o treino do dia.

— Se casaram, se mudaram, entraram para a faculdade... Deram um rumo para as vidas deles.

— E você...?

— Eu continuo sendo o mesmo delinquente sem noção de sempre. — Ele sorriu.

— Acha que vai mudar um dia?

— Duvido!

— Não tem vontade? De se casar, ou... Sei lá?

— Tenho. Mas não vou abrir mão da minha vida por isso. — Ele começou a correr de costas, na frente dela. — A mulher da minha vida... Vai ser alguém que não vai me impedir de fazer o que eu faço... Mas que vai fazer isso comigo.

— Cuidado! — Ela se atirou sobre ele, derrubando-o na grama do parque em que corriam. No segundo seguinte, uma bicicleta passou onde eles estavam antes.

Ele riu quando ela ergueu a cabeça para olhar para ele.

— Você está bem?

Ele tirou uma folha de grama do cabelo dela.

— Ótimo!

Ela sorriu e se levantou, estendendo a mão para ajudá-lo a se levantar também.

— Obrigado. Você salvou a minha vida.

— É. Você me deve uma!

— Eu te pago qualquer dia desses. Quem chegar por último é um pirata bêbado! — Ele saiu correndo.

— Ei! Não vale!

~~ ♦ ~~

Quando eles deram por si, o tempo tinha se esgotado.

— Então... É amanhã.

Eles estavam parados olhando a água do pequeno lago artificial que decorava aquela praça e refletia a luz da lua cheia.

— É.

— Está com medo?

— Não. — Ela balançou a cabeça levemente. — Confio em você.

Ele sorriu.

— Obrigado.

Eles ficaram em silêncio por um momento. Ela se aproximou mais dele e o abraçou, pondo a mão em sua cintura. Ele encostou o rosto na cabeça dela, sentindo o perfume de seu shampoo. Tinha cheiro de morango.

— Nunca tinha percebido o quanto você é baixinha.

— Ei! — Ela o afastou, fechando a cara. Ele riu de leve.

— Isso é bom... Faz de você... Fofa.

— “Fofa”?

— Aham. Você parece uma bonequinha. — Ele a puxou para seus braços. — É bom te abraçar.

Ela escondeu o rosto no peito dele.

— É bom ser abraçada por você.

Ele riu de leve, um som meio gutural. Emily sorriu.

— Você se importa de nós nos encontrarmos mais tarde amanhã?

Ela franziu as sobrancelhas e se afastou dele.

— Justo amanhã? Por quê?

— Eu preciso resolver umas coisas do trabalho. Minhas férias vão acabar logo...

— Ah. — O rosto dela se entristeceu. — Tudo bem.

— Ei! — Ele pôs a mão sob o queixo dela e a fez olhar para ele. — Nada de carinhas tristes! Amanhã é o nosso grande dia!

Ela forçou um sorriso para ele.

— Tudo bem.

— De qualquer forma, acho que vai ser melhor se nós estivermos mais descansados... A propósito, eu não sei você, mas eu vou saltar de jeans, amanhã.

— De jeans? — Ela arregalou os olhos. — Por quê? Eu pensei que não fosse apropriado!

— Nah! Um traceur de verdade pode vestir o que quiser. E eu estou cansado dessas roupas de academia.

Ela olhou para baixo, avaliando as próprias roupas. Vestia calças de ginástica azul-escuras, uma camiseta azul-clara e tênis de corrida novos. Além de suas munhequeiras pretas e de uma blusa de frio que tinha acabado de colocar, depois do treino.

— Tudo bem... Nesse caso, eu vou vir de jeans também.

— Eu contava com isso. — Ele sorriu levemente.

— Por quê?

— Por nada. Então... Amanhã às três, aqui nesta praça?

— Aqui? Por quê? Aonde nós vamos?

— Só... Confie em mim.

— William...

Ele sorriu e a abraçou de novo.

— Boa noite, Em! Até amanhã!

Então ele saiu correndo, saltou sobre uma cerca, virou a esquina e desapareceu antes que ela pudesse fazer mais perguntas.

~~ ♦ ~~

No dia seguinte, Emily já estava ficando impaciente quando William veio correndo. Como prometido, ele vestia uma calça jeans azul, uma camiseta preta com o desenho de um samurai e tênis pretos com detalhes em cinza. Além de sua eterna jaqueta jeans. Emily esperou que ele parasse para brigar com ele, mas em vez de fazer isso, ele segurou a mão dela e saiu correndo na direção de onde tinha vindo. Ela quase caiu e se esforçou para coordenar as pernas e acompanhá-lo.

— Will?

— Eu deixei o carro ligado!

Dois segundos depois, eles chegaram ao carro dele. Ele entrou e pôs o cinto, enquanto Emily dava a volta e entrava pelo outro lado.

— Oi, Em! — Ele deu um beijo no rosto dela, enquanto ela tentava lidar com o cinto, e deu a partida.

— Oi! O que está acontecendo?

— Nada! Só estou empolgado! — Ele sorriu para ela.

— Estou vendo! Aonde estamos indo?

— Linden Street!

— Por quê?

— De onde você acha que vamos saltar?

Ela fez uma pausa.

— Eu... Não tinha pensado nisso.

Ele riu.

— É a sua cara não ter pensado nisso! O que seria de você sem mim?

— Convencido!

Ele apenas riu de novo. Ela se virou para olhar pela janela. O dia estava bastante agradável: nem frio, nem quente demais. Apesar de o verão estar chegando. Talvez fosse o dia de sorte deles.

Alguns minutos depois, William estacionou o carro.

— Chegamos.

Emily olhou em volta. Do lado de William, havia uma lixeira grande de plástico azul, que estava lotada e com vários sacos de lixo em volta. Ela estava em frente a um prédio residencial verde. A tinta, que já estava descascando em alguns lugares, tinha um tom feio, na opinião dela. Do outro lado da rua, olhando por sua janela, Emily podia ver um prédio bem mais alto, num tom opressor de marrom escuro. As duas construções tinham janelas e portas estreitas, o que era comum naquela parte da cidade. Na verdade, a própria rua parecia meio estreita demais. De modo geral, não era o que Emily vinha imaginando.

— Então... Vamos saltar deste prédio para aquele?

— Quê? Não seja boba! Vamos saltar mais ali adiante, daquele prédio bege alto para aquele outro mais baixo.

Ela olhou para onde ele estava apontado. O prédio alto, cor de creme, era muito mais bonito. As janelas tinham contornos em vermelho escuro e a pintura parecia muito mais recente. O outro prédio, mais baixo, tinha uma cor amarelada e uma fachada que imitava a textura de madeira. A aparência parecia algo que se veria em filmes de faroeste. Mas o que realmente chamou a atenção de Emily foram duas coisas: a distância entre os dois prédios, que era a largura da rua, que de repente não parecia tão estreita assim... E a diferença de altura entre eles.

— Aquilo não é bege, é creme. Mas... A diferença de altura... Não vai ser complicado?

— Dane-se a cor. Bom, é claro que vai ser complicado. Estamos falando de salto entre prédios! Mas um roulade resolve o problema. Pense só: pelo menos vamos do mais alto para o mais baixo, e não o contrário.

— O contrário é possível?

— Não sei. Acho que nunca vi ninguém fazendo. Talvez eu deva tentar um dia.

Emily apenas balançou levemente a cabeça.

— Por que você não parou em frente ao prédio?

— Você nunca viu filmes de ação? Nunca pare o carro em frente à cena do crime.

— Que crime?

— Bom... Eu não exatamente sou amigo dos donos desses prédios, sabe?

— Nós... — Ela o encarou. — Nós vamos invadir?

— Eles não estão em casa. Estão no trabalho. E ninguém tranca as portas, neste novo mundo sem crimes.

— Nós vamos invadir?

— Por favor, Em... Não estamos fazendo nada de errado. — Ele saiu do carro. Ela o imitou.

— Mas isso é errado!

— Ah, me poupe, D. Alma! Não vá ter uma crise de moralidade agora! É só diversão! Não vamos tocar em nada. Só vamos pular e ir embora, está bem?

De repente, Emily começou a se sentir nervosa. Ela ficou olhando para William por um momento. Os olhos dele brilhavam. Ela sabia que não ia conseguir decepcionar aqueles olhos.

— Tá. Vamos logo com isso, então. — Ela começou a andar na direção do prédio mais alto, mas William se apressou e segurou o pulso dela. Ela se virou para olhá-lo.

— Por que a pressa? Vamos fazer um lanche primeiro!

— Um lanche?

— É! Pra comemorar! Afinal, é um grande dia! — Ele desceu a mão até segurar a mão dela e entrelaçou os dedos aos dela. Antes que ela pudesse protestar, ele começou a subir a rua. Sem escolhas, ela o acompanhou.

Emily já estava para perguntar aonde eles estavam indo, quando William a fez atravessar a rua em direção à loja de esquina. Ao ver a parede cor-de-rosa, ela de alguma forma soube que era ali. Quando eles contornaram a esquina, havia uma pequena extensão de parede pintada num tom alegre de amarelo, e logo depois mais uma parte cor-de-rosa, onde ficava a fachada da loja. Havia duas mesinhas brancas, encimadas por um toldo rosa claro em que se lia “Miette”.

— Que fofo! — Ela exclamou, sem conseguir se conter.

— Você gostou? — William sorria, ao ver a expressão fascinada no rosto dela. — Foi por causa desse lugar que eu escolhi Linden Street, na verdade.

— Sério? — Ela olhou para ele com um sorriso enorme no rosto.

— É. Eu esbarrei nesse lugar uma vez... E desde que te conheci, não paro de pensar nele. — Ele a abraçou. — Afinal, você parece uma bonequinha. E este lugar combina totalmente com você.

Ela retribuiu o abraço. O coração dela batia acelerado, e suas bochechas já estavam começando a doer de tanto sorrir, mas ela não conseguia parar.

— Eu... Nem sei o que dizer.  

— Não precisa! — Ele bagunçou o cabelo dela, brincando. — Vem, vamos entrar!

Quando eles entraram, um pequeno sininho tilintou e Emily se sentiu como se estivesse entrando em outro mundo. A loja era a coisa mais fofa que ela já tinha visto na vida. Parecia realmente uma casa de bonecas! As paredes eram decoradas com um papel de parede com desenhos de flores cor de rosa e havia três mesas baixinhas, uma cor-de-rosa, uma azul e uma verde, cheias de cupcakes e outras guloseimas. A um canto, havia um balcão cor-de-rosa com um mostruário onde se encontravam os bolos mais lindos que ela já tinha visto. A outra parede era inteiramente ocupada por uma estante verde-clara que ia do teto ao chão, com potes e mais potes de confeitos coloridos. No outro canto, havia um balcão com potes de vidro cheios de biscoitos, macarons e docinhos. Era tudo tão lindo que Emily nem sabia para onde olhar. William ficou apenas sorrindo, observando a reação dela.

Uma mulher que Emily nem havia notado saiu sorrindo de trás do balcão. Ela tinha os cabelos castanhos cortados em um corte chanel e vestia um avental marrom sobre a blusa branca.

— Boa tarde! Posso ajudá-los?

— Essa é a loja mais linda que eu já vi na vida! — Emily exclamou, sorrindo para ela.

— Obrigada! É a primeira vez que vem à Miette?

— É!

— Ah! Essa reação é bastante comum! Gostaria de dar uma olhada?

Emily olhou para William. Ele sentiu o coração batendo mais forte ao ver o brilho nos olhos dela.

— Divirta-se, Em.

Emily o surpreendeu com um abraço rápido, depois seguiu a mulher enquanto ela lhe mostrava tudo o que tinham na loja. Ela ouvia fascinada enquanto a mulher lhe contava a história de como a loja tinha surgido e depois lhe falava sobre as receitas especiais delas e sobre o cupcake que havia sido eleito “O Melhor Cupcake da América” pela The Food Network. William ficou esperando pacientemente, olhando ao redor de maneira distraída. De vez em quando, ele olhava para Emily só para vê-la sorrir. Se soubesse que ela ficaria tão feliz assim, ele a teria levado ali antes.

Alguns minutos depois, Emily voltou até ele:

— Esse é o lugar mais lindo do mundo, Will!

— Fico feliz que tenha gostado! E aí, já pensou no que quer comer?

— Ah, eu não sei, é tanta coisa...!

— Posso fazer uma sugestão? — A vendedora se intrometeu. — Que tal o nosso cupcake de gingerbread**? Ele foi considerado o melhor cupcake da América! — Ela pôs as mãos na cintura de um jeito orgulhoso.

— É mesmo...? — Ele ergueu uma sobrancelha para Emily.

— Eu... Ahnm... Não sei... Eu queria experimentar esse, mas não sou muito fã de gingerbread, então...

— Eu peço esse. — William interrompeu. — Aí você experimenta, e se não gostar, eu como o resto.

— Você faria isso? — O rosto dela se iluminou. — Obrigada! Então... — Ela se virou para a vendedora. — Eu vou querer dois cupcakes, um de chocolate com baunilha e outro de baunilha com creme.

— Ei, gulosinha! — William fez cosquinhas nela. — Eu vou querer um de gingerbread e um “old-fashioned”, seja lá que gosto tiver isso.

A vendedora sorriu e puxou um bloquinho cor-de-rosa do bolso do avental, onde começou a anotar os pedidos.

— E para beber?

— Hnm... Água? — William sugeriu.

— Definitivamente água! — Emily concordou.

— Tudo bem. — A mulher anotou. — Certinho. Se vocês puderem se sentar lá fora, eu levo tudo para vocês em um minuto.

— Obrigada!

Os dois se sentaram em uma das mesinhas na calçada e ficaram olhando o movimento. Mal tiveram tempo de observar qualquer coisa, e logo a mulher chegou com uma pequena bandeja com os pedidos deles.

No fim das contas, o cupcake de gingerbread era delicioso, e William teve que pedir outro para ele, porque Emily comeu tudo. Ele não se importou, porém, contente ao ver como ela estava sinceramente feliz. Depois de terminarem de comer, eles ainda ficaram algum tempo sentados conversando, e por fim, William pediu dois pirulitos de chocolate, que eles comeram devagar. Só quando já eram quase 17h30 foi que ele sugeriu que eles se levantassem e tomassem seu caminho. Emily voltou ao interior da loja para cumprimentar a vendedora e agradecer, e depois eles saíram e começaram a subir a rua lentamente em direção ao prédio cor de creme.

— Eu amei de verdade aquela loja, Will! Obrigada por me trazer!

— Não precisa agradecer... Se eu soubesse que você ia ficar toda sorridente desse jeito, teria te trazido aqui há um mês atrás! Suas bochechas não estão doendo?

— Estão! Mas eu não consigo parar!

Ele riu.

— Que bom. É bom ver você assim.

— A culpa é toda sua.

— Melhor ainda! Ei, chegamos! Aja naturalmente, como se a casa fosse sua!

Ele subiu os degraus da lateral do prédio e entrou casualmente. Emily o seguiu tão naturalmente quanto conseguiu, apesar de estar sentindo as palmas das mãos molhadas de suor frio. Lá dentro, William começou a subir as escadas, sem nem olhar para os lados. Ele parecia seguro demais, como se já tivesse passado por ali milhares de vezes.

— Will? — Emily sussurrou. — É impressão minha, ou você já esteve aqui antes?

— Por que está sussurrando? Não tem ninguém aqui! — Ele continuou subindo, até parar próximo a uma janela. — Sim, eu já estive aqui antes. Investigando. Do lado de fora dessa janela, há uma escada que dá para o terraço.

— Você é completamente louco!

Ele sorriu.

— Você já me disse isso milhares de vezes. Aqui! — Ele deu um puxão pela janela aberta, e uma escada branca apareceu. — Damas primeiro. Eu faço questão.

Emily olhou em dúvida para a escada por um momento, mas respirou fundo para tomar coragem e aceitou a ajuda que William lhe oferecia para subir no batente da janela. Depois, com cuidado para não bater a cabeça, passou o corpo pela janela, evitando olhar para baixo e segurando com as duas mãos a escada. Uma vez que conseguiu se firmar, subir foi surpreendentemente fácil. William a seguiu logo depois.

Quando os dois ficaram em pé lá em cima, Emily não pôde evitar um suspiro.

— É lindo, não é?

Para onde quer que eles olhassem, San Francisco era um mar de prédios a perder de vista. Eles podiam ver os carros e as pessoas se agitando nas ruas, e manchas verdes aqui e ali, onde ainda existiam árvores e parques. Era realmente lindo, à sua maneira.

— Olhe. — William apontou para a esquerda. — O sol logo vai se pôr.

— Vamos ficar para ver?

Ele balançou a cabeça.

— Não, é melhor saltar com luz. Nós podemos ver do outro lado.

— Ah... Certo. Tem razão.

— E aí... Pronta?

Emily se aproximou devagar da frente do prédio e olhou para baixo. A distância dali para a rua era maior do que ela estava esperando. E dali para o prédio do outro lado também. Ela olhou o teto do outro prédio, lá embaixo. Havia uma antena e algum entulho, num canto.

— Se você quiser, pode desistir. Não tem problema. — William se aproximou, parecendo absolutamente calmo.

— Não eu... Eu não vim até aqui para desistir.

— Essa é a minha garota. — Ele sorriu. — Eu soube que você era diferente desde o momento em que pus os olhos em você.

— Quando me atropelou com aquele paraquedas?

— É. Sempre soube que você era insana. — Ele tirou a mochila das costas e a colocou no chão. — Tudo bem, você ou eu primeiro?

Ela olhou para baixo de novo.

— Você.

Ele riu baixinho.

— Tudo bem. — Ele a puxou e lhe deu um beijo na testa. — Se eu morrer, você se lembra de mim como eu era, tudo bem?

— Claro.

Ele sorriu e se afastou da borda, preparando-se para correr para tomar impulso. Ele estava se concentrando, quando ela o chamou:

— Will?

— Hnm?

— Não morra. Por favor.

Ele apenas sorriu para ela de novo e voltou a olhar para a frente. Ele estava quase começando a correr quando Emily veio para o lado dele. Ele olhou para ela:

— O que foi?

— Juntos. — Ela se abaixou como ele, para se preparar para correr. A voz dela soou ligeiramente trêmula, mas ela parecia determinada.

Ele sorriu para ela e assentiu, tornando a olhar para a frente.

William respirou fundo, tentando conter o medo e já sentindo a adrenalina correndo em suas veias, acelerando seu coração e sua mente. Sem se dar o tempo para hesitar, ele correu em direção à frente do prédio e saltou. Ele esperneou no ar por alguns segundos, e logo aterrissou com os joelhos dobrados no topo do outro prédio. Imediatamente, ele inclinou o corpo para a frente e rolou para amortecer o impacto da queda. Logo em seguida, ele se reergueu com um pulo, respirando aceleradamente e olhou em volta. Emily estava caída a pouco mais de um metro e meio de distância dele.

— Em?! — Ele correu até ela.

Ela rolou para ficar de barriga para cima e encontrou o olhar dele:

— N... Nós conseguimos? — Ela se sentou e olhou em volta. Os olhos dela bateram na pilha de entulho no canto. — Nós conseguimos! — Ela se colocou em pé de uma vez. Ela ainda estava ofegante e tremia loucamente. Podia sentir a onda de adrenalina dominando-a, aguçando seus sentidos.

— Conseguimos! É claro que conseguimos! — William sorriu. Ele também ainda se sentia ligeiramente trêmulo.

— Nós não morremos! — Ela olhou para ele com os olhos arregalados, como se ele fosse um fantasma.

— Não, Em! Você não morreu! Você conseguiu! — Ele a abraçou. — Você foi incrível!

Ela demorou a retribuir o abraço, ainda sentindo-se meio tonta.

— Eu... Eu consegui! Eu pulei de um prédio!

William a afastou ligeiramente para olhar o rosto dela. Ela olhou para ele e sorriu ao encontrar seus olhos.

— Essa... Essa foi a coisa mais incrível que...

William a calou com um beijo. Ela enrijeceu com o choque, mas não o afastou. Os lábios dele eram urgentes nos dela, e ela sentiu quando a língua dele os pressionou gentilmente, pedindo por mais espaço. Ela começou a ceder, sem saber ao certo o que estava fazendo, mas então percebeu o que estava acontecendo e o empurrou com as duas mãos. Ele cambaleou dois passos para trás, e olhou para ela confuso, ofegando levemente.

— Não! Isso não... Isso não podia ter acontecido!

Um sorriso de desafio se espalhou pelo rosto dele.

— Por que não?

— Nós não... Eu não... Nós não podemos...

— Por que não? — Ele se aproximou dela, estendendo os braços para puxá-la para si de novo. — Eu não me importo! Não sou alienigenofóbico, Em! — Ele sorriu, puxando-a de novo, já inclinando o rosto.

Ela o empurrou de novo, se desvencilhando dele.

— Só o fato de você usar essa palavra... — Ela balançou a cabeça, tentando clarear a mente, mas tudo parecia rodar.

William riu, provocando borboletas no estômago dela, e se aproximou de novo.

— Não! — Ela o empurrou mais uma vez e passou correndo por ele, indo em direção à única porta que havia ali, no terraço. Como esperado, ela estava destrancada. Ela a abriu e desceu o mais rápido que pôde pela escada estreita que havia ali. William não a seguiu, confuso demais para se mover.


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Notas finais do capítulo

* “May the force be with you”. Sim, essa camiseta existe.

** “Pão de especiarias”. É uma massa feita com melaço e aromatizada com gengibre. De acordo com o Google Tradutor, pelo menos.
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Como extra deste capítulo, deixo o link do site da Miette, para quem quiser conhecer: https://www.miette.com/ (AVISO: Dá fome! Hahah!)



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