A semana passou-se muito lentamente. As horas não trespassavam o tempo, e os minutos não colaboravam. Porém, finalmente, havia chegado o dia em que iríamos pegar o avião e voltar para Forks. Eu estava extasiada. A única coisa que me abalou foram as despedidas com os meus amigos e com o meu — agora ex — ficante, Anthon.

Na verdade, eu nem gostava dele por ele ser muito chiclete.  Todavia, ele era o menino mais bonito e gostoso do colégio; então, éramos o casal perfeito. Eu, uma líder de torcida; e ele, o capitão do time de futebol.

Despedi-me de todos eles, cheguei a casa e deparei-me com todos os móveis já guardados em caixotes.

— Nossa! Como vocês arrumaram rápido! — exclamei para a minha família, que estava toda reunida com as malas prontas atrás deles.

— Velocidade vampiresca esqueceu, baixinha? — falou o tio Emmett, que eu adorava tanto e que implicava tanto comigo.

— Pois é! Esse é o bom de ter uma família vampira: você poupa trabalho. Nem precisei ajudá-los — sorri.

— É, filha, mas mudamos o voo e teremos de embarcar daqui duas horas. Temos de ir já para o aeroporto. — Meu pai já deveria ter lido os meus pensamentos; entretanto, mesmo assim, resmunguei:

— Sério? Mas eu nem almocei...— ou arrumei-me, continuei em pensamento. Precisava estar apresentável para o Jake. Sorri, só de pensar que o reencontraria.

— Você irá almoçar no aeroporto enquanto fazemos o check-in, OK? Estamos um pouco atrasados devido à quantidade de bagagem... — disse o leitor de mentes e balançou a cabeça negativamente como se não concordasse com que levássemos toda a bagagem.

— Bem, então vamos! Não aguento mais esperar para voltar para casa! — saí porta afora em seguida. “Adeus casa” foi o meu último pensamento.

Fazia tanto tempo que eu e o Jake não nos falávamos. Ele nunca andava com o celular; então, só nos comunicávamos por telefone fixo já que o computador dele pifara há mais de dois anos. O último telefonema nosso foi cerca de oito meses atrás quando ele disse que tinha entrado novamente na escola, junto com os seus amigos: Seth, Quil e Embry. Depois disso, ele nunca mais atendera ao telefone, mas eu nunca entendi o porquê.

Chegamos ao aeroporto com os quatro carros para levarem as bagagens e já havíamos fechado a venda dos automóveis. O único carro que iríamos levar por navio seria o Aston Martin Vanquish do meu pai. Ele não me deixava nem chegar perto.

Eu acabei almoçando McDonald's, pois não era muito fã de comida sueca. Para ajudar, o voo demorou um pouco; e, no embarque, havia uma longa fila de espera.

O avião finalmente saiu do chão, e eu não consegui dormir até a conexão em Washington, nos EUA. Eu fui a viagem inteira ao lado dos meus tios, Jasper e Alice, pois tio Jasper precisava controlar a minha ansiedade de perto.

Quando pegamos a conexão, eu estava mais extasiada do que de manhã — se isso fosse possível —, mas estava tão cansada que acabei dormindo.

Fui acordada por Alice, que deu um belo sorriso ao dizer que estávamos em Seattle. Eu acompanhei-a sorrindo por dentro e por fora.

Quando desembarcamos no aeroporto, eu vi um casal abraçando-se como se tivessem ficado muito tempo separados; e eu, não sei por quê, imaginei-me assim com o Jake. Ri comigo mesma pela ideia de eu ter um caso com o Jake, de ele ser mais do que apenas um amigo.

Pegamos um táxi no aeroporto e fomos direto para a mansão. Chegando lá, tia Alice chamou-me e disse para eu retocar a minha maquiagem. Assim fi-lo e fui para La Push com um vestido verde vivo, que acentuava o meu busto e que descia levemente pelo o meu corpo. Fui direto para a casa de Jake, pois não queria esperar mais e dei o endereço ao taxista.

Enquanto nos aproximávamos, comecei a sentir um frio na barriga e quase, a suar frio. Mas por que eu teria uma crise de pânico? Era só o Jake, o meu melhor amigo.

De repente, percebi que o táxi estava parado e que o taxista estava encarando-me esperando o pagamento. Rapidamente, entreguei o pagamento para ele e saí do táxi.

Subi as escadas da humilde casa e toquei na porta. Ninguém atendeu; contudo, eu podia ouvir um ronco vindo de dentro da casa. Não quis parecer intrusa, mas abri a porta só para ver se possuía alguém. Eu ouvia apenas duas respirações vindas do quarto do Jake e, um ronco estrondoso. Devia ser apenas o Billy vendo o Jacob dormir. Ou pegando algo no banheiro do Jake, algo do gênero. Quem mais poderia estar no quarto do Jacob?

Caminhei lentamente tentando não fazer barulho. Naquele momento, só queria ver a tranquilidade do Jake dormindo e a serenidade do tio Billy. Abri a porta e tudo o que presenciei foi a tão esperada tranquilidade ao lado de outra pessoa.

Certamente, sem uma sombra de dúvidas, aquela era a pior cena presenciada em toda a minha vida: Leah, atravessada no peito do Jake; os dois dormindo serenamente; e ela, com uma perna para fora do lençol, demonstrando que estava nua. Meus pensamentos não ficaram claros, e eu não conseguia pensar. Apenas gritei em um acesso de fúria misturado ao choro que se iniciava, descendente do choque:

— Jacob Black, como pôde? — saí correndo daquela casa, de perto daqueles dois.

Senti um ódio profundo de Jacob como se ele tivesse ferido os meus sentimentos. A única imagem que registrei dele foi a de ele dormindo. A meu ver, uma imagem desgastante.

Talvez ele não estivesse sabendo ainda da minha volta; não sei nem se ele ouviu o meu grito. Só sabia que nunca mais gostaria de vê-lo, de ver aquele desgraçado! Sentia-me traída mesmo sabendo que não tinha direito de senti-lo.

Estava muito confusa que acabei entrando na floresta e saí correndo com a minha velocidade anormal. As lágrimas acabaram por me cegar e eu não enxerguei o galho cuja eu tropecei. Claro que não me machuquei, mas caí e não consegui juntar forças para me levantar. Deitei na relva e fiquei ali, chorando em silêncio, até que ouvi passos correndo numa velocidade anormal. Depois cessaram e uma forma humana se aproximou.

Os meus olhos estavam secos e aposto que vermelhos de tanto chorar, e a pessoa se aproximou lentamente.

"Quem é?" -perguntei fracamente, pois não tinha nem força de levantar a cabeça.

"Sou eu, Renesmee." - uma voz rouca falou.

"Seth..." -sussurei muito baixo e senti ele se aproximar. Sentei com o resto de forças que me restavam e pedi: "Me abraça, Seth? Por favor, só te peço isso."

"Claro, Ness, mas depois precisa me dizer o que aconteceu. E aliás, você não tinha que estar na Europa?"

"Eu voltei pra ficar Seth, eu vou voltar a morar em Forks."

"Que bom, Nessie!"- ele me abraçou e aquela quetura era tudo o que eu precisava.- "Mas o que aconteceu Nessie? O Jake já sabe que você voltou?"- Seth indagou.

A única coisa que eu pude fazer foi chorar ao ouvir aquele nome. Como eu não conseguia mais falar, eu 'mostrei'ao Seth através do meu dom, a imagem do Jake e da Leah, quando eu iria fazer uma surpresa para ele.

"Ness, eu juro que..."- ele hesitou, não sabia o que falar, após ver aquela cena, afinal, ele era irmão da cretina da Leah.- "Nessie, eu preciso te dizer algumas coisas que aconteceram desde que você se foi."- assenti e tentei parar de chorar, mas tudo o que consegui, foi chorar menos.-"Quando você se foi ele ficou num estado depressivo e sempre quis ir te visitar, mas ele é o alfa do bando e não podia abandoná-lo. Ele brigava consigo mesmo, pois tinha que cuidar do pai, mas não aguentava mais sofrer, sentir um oco dentro dele, como ele dizia."- coloquei a mão no meu coração e entendi o que ele quiz dizer, eu tinha um oco, que agora não era mais oco. Estava cheio de sangue. Estava sangrando. Uma ferida aberta que nunca iria se cicatrizar. Um caco de vidro que rasgou o meu coração.- "Então a Leah cuidava dele igual a um bebê e ela começou a sentir uma 'queda' por ele."-ele continuou e fez uma careta-"Então, depois de um ano de babá, a Leah se cansou e se declarou para o Jake que ficou estremamente chocado pela situação. Ele pediu para pensar e depois deu um fora nela, dizendo que não tinha olhos pra ninguém"- ele me olhou de um jeito estranho e hesitou. Mas depois continuou: - " e ele tentou evitá-la. Ele desabafava tudo comigo e com o Quil, pois o Quil o entendia muito, e resolveu que iria dar uma chance para a Leah. Numa festa da fogueira, após um novo lobo se transformar por causa de uns vampiros nômades, ele a Leah ficaram. Foi insuportável aturá-la depois e niguém queria fazer ronda com ela. Então ela pensou que eles estavam namorando, mas ele negou e disse que foi só um 'lance'. Ela esperniou e gritou com ele, dizendo que ele era iguala todos os outros e que ele só se aproveitou dela!"

Seth estava olhando para a praia ao falar isso e olhei para o seu rosto, sereno, calmo e bem traçado. Ele era muito bonito e parecia não ter envelhecido. Ele continuou:

"Jake pediu desculpas, mas disse que ela tinha que entender o porque dele e eles não se falaram por dois meses, sem fazer rondas juntos e sem se verem. Eles se evitavam ao máximo, até que Leah tomou coragem e foi pedir desculpas por ter meio que obrigado-o a viver aquela situação. E depois pediu desculpas pelos os chingamentos que ela tinha dito pra ele e ele aceitou as desculpas, mas foi frio com ela. Ela meio que se declarou novamente, dizendo que o beijo tinha sido inesquecível, e que ela ainda sentia o gosto dele em sua boca. Desculpe, Nessie, mas eu estou sendo sincero"

"Tudo bem, Seth,"- acareciei o seu cabelo e sorri, em meio a uma lágrima que ainda caia - "pode continuar. Eu não me importo com o que ele fez, mas aquela imagem me chocou. Eu também tive muitos namorados sabe, mas nenhum sério, como parece ser o caso dele com a Leah. Eu também nunca transei com nenhum namorado que eu tive e ver aquela cena me chocou um pouco, mas nem sei o porque eu me importei tanto, senti como se o Jake tivesse me traído, mas na verdade ele é" - ERA? - "apenas o meu melhor amigo!"- sorri e no fundo percebi que eu queria muito mais do que apenas isso.

"Ness, bem... Eu vou contar o que aconteceu. Eles ficaram novamente e começaram a namorar, mas o Jake continuava te ligando e isso irritava profundamente a Leah, por ele não largar a sua lembrança. Eles brigavam quando Leah dizia que você nunca ia voltar e depois de um tempo, há uns 8 meses, ela conseguiu mudar o telefone da casa dele, sem ele percebesse por detrás de sua intenção. Ela disse que o telefone estava muito velho e deu um jeito de trocar o número, na hora de comprar um novo."- ele pausou, olhando a minha reação.

"Por isso, não conseguia telefonar pra casa dele, tava sempre ocupado!" - a ficha finalmente caiu. Renesmee sua tonta. Ai, que ódio mortal da Leah. Não posso falar isso pro Seth, ele é o irmão daquela serpente como gente.

"Exatamente. Eles aprofundaram no relacionamento, se é que você me entende e depois ficaram inseparáveis. Eu briguei com a Leah por tudo o que ela fez, e também porque eu sabia a dor que ela sentiria quando ele a deixasse. Ela dizia que isso não interessava, ela só precisava 'curtir'"-ele fez aspas com as mãos.-"Então eles estão assim até hoje, e a Leah e ele só não ficam juntos na aula, pois ela não precisava acabar a escola, pois ela já fez. Então você viu aquela cena por causa disso tudo, entendeu?"

Apenas assenti com a cabeça. Nossa, já estava escurecendo, eu via o lindo pôr-do-sol, sentada ao lado do Seth, ele me abraçando e eu o abraçando, os dois rostos tão próximos, virem para encará-lo e ele estava me olhando.

Me perdi nos seus profundos olhos negros e sua boca ficou entre aberta. Seu hálito batia em minha cara, um hálito quente, que me puxava pra si. Eu sabia o que estava por vir. Ele se aproximou e eu estava tão confusa com os acontecimentos, que, com aqueles olhos me fitando eu lembrei do Jake e acabei com a distância entre nós.

Nossas bocas se encostaram e eu a abri, dando passagem para ele. Nossas línguas estavam sincronizadas em movimentos circulares, e o que começou como um beijo lento, se tornou mais urgente, com a correspondência de ambos. Foi um beijo lento, crescente e ele era um ótimo beijoqueiro. Nunca tinha tido um beijo tão caloroso e ao mesmo tempo calmo.

Nos afastamos, ambos sorrindo e eu corei imediatamente, ao ver seus ohos chocolates me fitando intensamente. Ele segurou o meu queixo com o dedo indicador e aproximou novamente as nossas bocas. A minha consciência dizia que eu devia parar que era errado, mas naquele momento nada mais importava. Meus braços pareciam ter vida própria e se enrolaram nas madeixas do cabelo de Seth.

'Ah, não! É o Seth, Renesmee. Você não pode usá-lo ou aproveitá-lo, igual você faz com os outros. Ele é o seu amigo, largue-o' -minha consciencia dizia, mas eu a ignorava.

Mas de repente, Seth me separou dele e olhou na direção da floresta, onde um par de olhos escuros como os de Seth me fitavam e com a boca aberta em um 'O'. Eu o reconheci e ele estaava com o olhar direcionado a Seth, um olhar com ódio.

"Jake!" -corri para abraça-lo, mesmo depois da cena de hoje, eu sentia saudade dele. Muitas saudades!

"Ness. Seth." -eu ainda estava abraçado nele, mas podia jurar que ele falou o nome de Seth com desprezo e pudia jurar que ele lançou um olhar de ódio para o Seth.- "Nessie, quando você voltou?" -ele desfez o nosso abraço e me olhou nos olhos.

"Eu cheguei hoje, mas você... não atendeu a porta." -eu menti rapidamente e tentei não pensar na imagem dele e da Leah na cama. Mas não pude evitar de chorar e ele se aproximou e me abraçou.

"Não chora Nessie! Senti tanta saudade! Por que voltaste?" - ele perguntou. Espera, ele não queria que eu voltasse? É isso? Eu estou atrapalhando o romance dele com a Leah? Me separei de seu abraço e corri para abraçar Seth que não entendeu a minha reação, mas me estendeu os braços.

"Nessie, por que você fez isso?" - Jake perguntou e pareceu chocado, pois o troquei pelo seu melhor amigo.

"Ããã... preciso ir pra casa, você me acompanha?"

"Claro, Nessie" - Jake respondeu sorrindo, mas eu tive que ser e sincera  e disse:

"Estava perguntando pro Seth, Jacob. E então Seth, me acompanha?"- perguntei.

"Pode ser..." - ele repondeu confuso e coçou a cabeça.

"Vamos, já anoiteceu. Tchau Jacob." - disse friamente, deixando-o em estado de choque. Puxei Seth pela mão e o levei mais adentro da floresta.