Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 5
Capitulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oi gente. Espero que gostem. Acho que amanhã não vai dar para postar. então o próximo deve sair na quarta ou quinta.



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Pov – Daryl

Perdi as duas, perdi e não tem mais como acha-las, não cumpri a única promessa que me permiti fazer na vida. Cuidar delas e trazer Merle a tempo.

Viro o copo com a bebida amarga num único grande gole. É o quinto copo, talvez não. Que se dane, não estou contando.

Bato o copo de leve na mesa, ele fica cheio de novo, viro sem saborear aquela merda de uísque vagabundo. Só quero mesmo esquecer como sou idiota. Merle é que está certo. Certo sobre tudo. Sobre como sou fraco, como todos a nossa volta não passam de ovelhas dizendo amém ao sistema, a esse mundo idiota de ricos e pobres.

─Mais um. – Grito com o barman. – Está cego?

─Vai com calma caçula.

─Foda-se Merle. – Ele ri. Depois tudo se torna uma espécie de sonho. Não vejo mais nada direito, não escuto mais as conversas a minha volta e nem sinto falta de nada, a culpa desaparece e isso é bom. Muito bom. Viro mais um copo, tento enxergar o relógio. Ele dança na parede do bar, depois tudo se apaga completamente.

─Acorda! – Merle chuta minha bota. – Ei. Acorda! – De novo sinto meus pés serem chutados. Abro os olhos, estou no chão da sala, tudo confuso e não sei bem como cheguei. – Está vivo?

─Fala baixo. – Reclamo do seu tom de voz. – Que horas são?

Apaguei pensando na hora e por alguma razão é a primeira coisa que quero saber.

─Quatro da tarde. Vai ficar aí? – Ele me chuta de novo.

─Para de me chutar porra! Vou deitar na cama. – Quando fico de pé o estomago revira. Fico tonto e tenho que correr para o banheiro. Enquanto coloco tudo para fora na privada escuto o riso de Merle. Ligo o chuveiro frio e enfio a cabeça na agua. Depois cambaleio até a cama e volto a dormir.

A ressaca dura pelo menos uns dois dias. Nunca vou saber o quanto bebi, mas foi mais que toda minha vida. Não lembro de nada. Só que enquanto bebia não me sentia culpado e arrependido. Como agora que estou sóbrio.

Depois de acomodar mais essa dor junto com todas que carrego eu tento seguir em frente. Merle não está preocupado. Não está triste, não se importa com nada. Não entro mais no Walmart. Qualquer coisa que me lembre Hannah e Brooklyn me machuca de um jeito que nem a infância pôde machucar.

Faço um serviço aqui outro ali, bebo com Merle, seus amigos traficantes, ando em círculos, sempre no mesmo lugar. Assistindo os ataques de preconceito de Merle, seu nojo pelas pessoas e por tudo que o cerca, sem paciência para reclamar. Me meto em brigas, as vezes com ele, as vezes sozinho. Esse mundo não me pertence. Não sei viver nele. Não me encaixo, é apenas isso, não consigo ser o vilão como Merle, mas não tenho vocação para o bonzinho, então eu apenas gasto tempo.

Meses depois de ter visto Charlie pela última vez eu tomo coragem de levar flores em seu túmulo. Olho para aquele lugar sem saber direito o que sentir. Queria me desculpar. Fico pensando se Hannah está indo bem com a pequena.

Ela era tão delicada. Inocente em sua luta para salvar a irmã. Depois assumiu a criação da sobrinha, penso nela. Brooklyn tinha o mesmo sorriso doce da tia, os olhos do Merle, mas sem a arrogância fria e rancorosa. Era um azul esperançoso e puro.

Dou as costas ao tumulo e dirijo para casa. A velha casa de paredes descascadas e úmidas.

─Vem ver essa porra! – Merle me grita vidrado na televisão. Olho sem muito entusiasmo até a imagem me prender assim como ele. – O cara está devorando o policial. Isso é o que chamo de mastigar o sistema.

─Cala a boca Merle. – Quero ouvir a reportagem. Não explica nada. Só mostra a ocorrência filmada de cima por um helicóptero. O homem não morre. Toma tiro pelo corpo todo e não cai. Só quando acertam a cabeça do desgraçado é que ele apaga. Falam sobre cenas parecidas em outras partes do país.

─O povo está enlouquecendo. – Merle comenta abrindo uma cerveja. Depois muda de canal, é inútil, onde a televisão vai tem a mesma cena sendo mostrada. – Vamos lá no Stanley? Já encheu ver isso.

Por mim tudo bem. Vamos os dois na caminhonete. No meio da noite meu irmão desaparece com uma mulher. Eu caminho de volta para casa por que o infeliz levou meu carro.

Passo por uma casa e escuto gritos vindos de dentro, paro um momento, as luzes das casas em volta vão se acendendo e só sigo meu caminho. Seja o que for alguém vai chamar a polícia.

Merle só chega em casa no meio da tarde. Se atira no sofá todo animado. Deve ter tido uma ótima noite. Eu estou em frente à televisão.

─Ainda vendo isso caçula?

─São outros casos. – Comunico sem desviar os olhos da tevê. Uma mulher ataca um homem dentro de uma loja. Morde seu braço e tira uma parte de sua carne com os dentes, tem uma correria e a câmera balança mostrando o chão, dá para ouvir os gritos e ver pés, depois uma poça de sangue e quando volta a ficar clara a mulher está debruçada sobre uma outra que se debate. Tem gente tentando tira-la e um policial surge, atira na cabeça e ela cai.

─Cassete! – Merle me olha. – Que merda é essa?

─Sabe de alguma droga nova? Tem gente dizendo que é isso. Uma droga. Que o cara fica psicótico.

─Não. Eu saberia. – Acredito. Ele vive com essa gente. Seria um dos primeiros a saber. – Será que é um vírus? Acho que essa merda de mundo está é acabando. – Merle se ergue e some para o quarto. Decido sair para comer qualquer coisa.

As ruas parecem mais agitadas que o normal. No mercado pessoas saem cheias de comida e água.

─O que a gente precisa é de mais munição Jess. – Um homem diz a mulher que andava a seu lado. – Quando a comida acabar vai ver do que as pessoas são capazes.

─Querido podemos ir para Atlanta. Quem sabe o forte Benning. Os soldados podem nos proteger.

─Acha que eles vão abrir as portas e nos receber? – Ele reclama entrando com ela na farmácia. Me sento numa lanchonete e só o que vejo é gente falando sobre o assunto.

─Olha aquilo? – Alguém aponta a televisão e lá está mais gente sendo mordida. – Ouviram que a mordida te deixa igual? – O homem pergunta.

Uma criança começa a chorar assustada, a mãe a abraça deixando a lanchonete e penso em como Hannah está assustada agora sozinha com Brooklyn.

─Se eu cruzar com uma dessas coisas meto uma bala na cabeça e que se dane. É isso que todo mundo aqui devia fazer. – O homem esbraveja balançando uma pistola na frente de todos. Uma discussão começa, algo sobre serem doente precisando de cuidados e não a morte. Direitos humanos, preconceito e apenas mastigo a comida diante de mim sem prestar mais atenção.

Não sei como termina a briga porque pago e caminho para casa. Vou me deitar pensando nas coisas que vi e ouvi. No que essa coisa vai transformar todos se não for controlada.

Os dois dias seguintes provam que não tem nada nem ninguém fazendo nada a respeito. Tudo que tenho de informação é que se for mordido você tem febre e depois vira um desses. Que o único jeito de parar essas pessoas, vivas ou mortas ninguém chega a uma conclusão, é um tiro na cabeça.

O exército toma as ruas, as pessoas começam a partir, não sei onde estão indo, mas deixam a pequena cidade em busca de proteção. Penso se Merle não vai acabar encrencado com o tanto de polícia e soldados que tem na rua.

─Merle. Vê se fica na sua. Não vai querer passar por essa merda atrás das grades.

─Fica tranquilo. Isso está ficando feio Daryl. Muito feio. As pessoas começaram a saquear, incendiar, isso vai dar uma merda, metade dessa gente não vai sobreviver a isso. A outra metade vai precisar de gente como nós. Essa é nossa chance.

─Chance de que Merle? – Pergunto sem acreditar no que ele diz. Eu já devia ter me acostumado, mas é o Merle, ele sempre me surpreende.

─Vamos tirar vantagem disso Daryl. Acorda. Quando essa coisa se espalhar as pessoas vão querer proteção. O mundo vai girar e seremos mais importantes que os caras da grana. Vamos enriquecer e quando isso acabar vamos estar por cima.

Não sei se entendo o que Merle diz, as coisas para ele têm um sentido diferente.

Eu vou para cama. Canso da conversa, das baboseiras megalomaníacas de Merle. Pela manhã acordo com confusão na rua. Abro a janela e parece que toda a cidade está partindo. Quando tento ligar a televisão não tem mais nenhum canal funcionando.

Abro a geladeira, vazia. Talvez seja bom arrumar comida e água, sempre posso caçar é claro, mas pode ser que lá fora as coisas fiquem difíceis. Pego uma cerveja. Levo a boca, mas desisto. Não é boa ideia passar por isso bêbado.

Jogo na pia e vou procurar Merle, encontro ele prendendo algumas coisas na moto, um cigarro no canto da boca, ele ergue o olhar e dá um meio sorriso.

─A merda bateu no ventilador e se espalhou. Sem televisão, sem luz. Isso é uma guerra.

─E o que está fazendo?

─Vamos cair fora. Pensei em seguir para Atlanta e ver o que acontece no caminho. Vai irmão, arruma suas coisas. Prefere ficar aqui até a casa ficar cercada por esses mortos?

─Não sabe se estão mortos Merle. – Eu rebato.

─Vão estar se cruzarem meu caminho. – Escuto um grito apavorado e vidros sendo quebrados, os dois olhamos para os dois lados da rua. Uma mulher sai de uma casa com o pescoço sangrando, corre desesperada e cai no chão uns metros depois. Dois homens que remexiam em um carro correm para ajudar. Um deles tentar manter a mulher viva fazendo pressão sobre o ferimento enquanto o outro corre para pegar qualquer coisa no carro. Então eu vejo quando um homem sai da casa com a boca suja de sangue. A pele acinzentada. O andar meio débil.

Ele caminha para os dois homens que tentam salvar a mulher caída. Não parecem nota-lo.

─Ei cuidado! – Grito para eles. Um dos dois me olha e aponto o homem, ele segue em sua direção. Logo o corpo que caminha de modo irregular tenta se apressar. É como se vê-lo despertasse fome.

Quando o homem tenta pará-lo acaba mordido. O outro avança tentando separa-los e corro para ajudar. O cara que agora aperta o braço mordido tem uma faca na cintura.

Aquilo não é um ser vivo. Aquilo não pode ser gente. A cor da pele, os movimentos.

─A faca! – O ferido me estende quando me aproximo. O outro homem segura firme aquela coisa pelo pescoço tentando manter distância de sua boca frenética. Sem pensar acerto a cabeça da coisa. Ele desaba. E leva a faca com ele presa ao cérebro agora desligado feito um aparelho eletrônico que se tira da tomada. Ficamos ali. Paralisados. Todos olhando a cena.

A mulher morta, um dos seus socorristas com uma mordida no braço, eu e o outro homem olhando o zumbi caído com uma faca na cabeça.

Matei um homem? Fico analisando aquilo e procurando alguma culpa. Não estava vivo. Não podia estar. Eu fiz o certo? O que mais podia fazer?

─Meu Deus! – O cara que ainda segura o braço geme e acompanhamos seu olhar. A mulher que vimos morrer diante de nossos olhos com a jugular exposta se ergue, produz um som que lembra um gemido. Nos vê e estica a mão, abre e fecha a boca. Dá passos lentos, incertos e pisco incrédulo. – Ela estava morta! Ela estava morta! – O cara grita adoentado de horror.

Ele larga o braço ferido por um momento, tem alguma fúria em seu olhar, caminha para o cadáver com a faca presa ao cérebro e retira a faca, depois segue para a mulher e sem pestanejar acerta seu cérebro. Ela cai a faca fica em sua mão.

─Vai pro inferno! –Ele grita. O amigo se aproxima. – Não chega perto. Sabe que vou virar uma porra dessas daqui a pouco.

─Cara fica calmo. Vou levar você para o hospital. – O amigo se aproxima mais uma vez, ele o empurra.

─Merda nenhuma. Aquilo está o inferno, não tem como impedir isso. – Ele caminha para o carro, vejo quando se dobra pela janela.

─Steve não! – O amigo grita antecipando qualquer coisa que não entendo. Quando o homem se afasta da janela surge com um revolver na boca e dispara antes que o amigo se aproximasse o bastante para impedir.

Dou uns passos para trás sem acreditar. Pisco confuso com o que acabo de assistir. Em silencio, completamente transtornado eu caminho de volta para casa. Merle me olhava tão perplexo quanto eu.

─Vou pegar minhas coisas. – É tudo que consigo dizer passando por ele e indo direto para dentro. Pego umas roupas e minha besta. As flechas e olho em volta. É só isso. Sem mais nada que importa. Uma vida toda e não tem mais nada que importa. Deixo a casa e entro na caminhonete. Merle para na janela.

─Vê se não começa a bancar o herói. O que fez foi bem estúpido.

─Acha que matei o cara? – Pergunto meio confuso, nunca cheguei nem perto de pensar em algo assim, mesmo Merle com toda sua loucura nunca chegou perto disso. Ele nega.

─Aquilo já estava morto. Não é isso. Vai ver muita gente em apuros. Cuida de si mesmo. Quem não pode se defender que se dane.

Dirijo boa parte do caminho assombrado com o que vejo. Correria, saques e brigas. Gritos, focos de incêndio. Soldados atirando em tudo que parece perigoso. Eles vão acabar matando mais que essa merda de doença.

Paro num cruzamento. Ligo o rádio e fico tentando sintonizar uma rádio. O transito flui e esqueço aquilo. Continuo a dirigir, Merle me seguindo na lateral com sua moto.

“O país está um caos” Uma voz surge no rádio. “Fiquem em suas casas, não enfrentem os doentes, não saiam as ruas, o mundo está morto” A voz some e fica só o chiado. Desligo.

Chegamos a estrada que nos levaria a Atlanta. Olho o engarrafamento de quilômetros. Gente fora dos carros tentando descobrir o que está acontecendo. Aviões sobrevoando a cidade ao longe e então bombas caem.

─Napalm. – Merle diz ao meu lado com seu conhecimento bélico. – Estão queimando Atlanta.

─Mas que merda! O que a gente faz?

─Vamos sair daqui antes que a caminhonete fique presa nesse engarrafamento eterno. – Dou ré e voltamos. Dirijo um tempo pela estrada, pego as ruas paralelas e paro num acostamento. Merle para ao meu lado. – O que foi irmãozinho? Quer mijar?

─Merle se lembra da pedreira onde a gente costumava pescar? Lá é bem alto. Tem agua potável, a mata para caçar. Peixes. Ficamos um tempo lá até isso se acalmar. Longe de pessoas. Pessoas significam zumbis.

─Boa garoto! Vamos nessa. – Começamos a pegar uma pequena estradinha de terra. Quando estamos chegando no desvio que leva a pedreira vejo um trailer está parado. Um homem de barba e um chapéu idiota de praia tenta conserta-lo, uma fumaça branca sai do motor. A sua volta duas loiras. Não dá para não notar como são bonitas.

Merle vai me matar, mas diminuo e o homem me acena com um pano sujo de graxa, estaciono na frente e Merle logo atrás.

─Uma ajudinha aqui rapazes? – Ele diz de modo tranquilo. Eu e Merle trocamos um olhar. – Essa mangueira está toda hora soltando.

─Não temos nada que possa resolver seu problema. – Aviso. Merle me olha irritado.

─Calma aí irmãozinho, você não sabe. Pode ser que a gente consiga qualquer coisa.

─Sou Dale. Essas são amigas que ajudei no caminho, Andrea e Amy, irmãs tentando chegar a casa dos pais.

─Estão fodidas se acham que podem chegar a qualquer lugar, a estrada está parada. – Merle e sua delicadeza. As duas trocam um olhar.

─Oi. Sou a Amy. – A mais nova acena mais simpática enquanto Andrea só nos ignora.

Uma van e outro carro surgem logo depois. Também param. Um oriental e um negro descem. Já sei que Merle vai criar problemas, nunca vi tanto preconceito caber dentro de um só homem. Estranhamente ele fica na dele. Os dois se apresentam. Glenn e T-dog. Se oferecem para ajudar. No outro carro, uma mulher com um garotinho, ficam de longe quando o motorista desce e se junta ao grupo que começa a cercar o trailer.

─O que está acontecendo? Vão fechar a estrada assim. – O cara já chega botando banca de líder. A mão na cintura onde uma arma a vista se apresenta ao lado de um distintivo. Agora sim tudo que Merle mais odeia está reunido, policiais e não brancos como ele chama tudo que não se parece com ele.

Dale se explica. O homem se aproxima, remexe no carro, dá palpite.

─Shane. Melhor a gente ir. O Carl está assustado. – A mulher do carro diz com olhos arregalados.

─Calma aí Lori. Já vimos que Atlanta já era. Temos que pensar em algo.

─Que merda é essa? – Merle reclama quando alguém toca uma buzina querendo passar. Dentro do carro com ele, uma mulher de cabelos curtos e logo atrás uma garotinha. Quando olho para seus olhos assustados só posso pensar em Brooklyn.

De novo a culpa me consome, meu coração se aperta quando penso no medo que está sentindo. Shane faz sinal para o homem.

─Quer parar com isso? Não sabe que isso chama os zumbis! – Shane reclama.

─Fica calmo Ed. – A mulher diz num fio de voz ao lado do homem furioso.

─Cala a boca! – Ele grita com ela, mas para de buzinar quando Shane mostra o distintivo. Dale acaba conseguindo ajeitar a tal mangueira e da partida.

─Funcionou pessoal. – Ele diz e as irmãs se abraçam.

─Vamos Merle. Quero montar a barraca antes de anoitecer. – Bato no peito de Merle que me segura quanto tento andar.

─Que acha de levarmos todos conosco? – Ele convida. Eu não sei o que ele pretende, mas imagino que não é boa coisa. Merle explica sobre a pedreira. Faz tanta propaganda que acho que até o presidente dos Estados Unidos gostaria de nos acompanhar.

Seguimos em comboio. A pedreira deve ser o lugar mais bonito que já vi. Longe de tudo, com um lago de águas claras. As pessoas começam a se acomodar. Uma fogueira é preparada. A comida dividida. Tudo certo. Todos reunidos em torno dela contando histórias, eu e Merle mais afastados.

─Deixe que se sintam seguros, que se acostumem com a segurança, aí recolhemos tudo e pegamos a estrada.

─Chama roubar de recolher tudo?

─Esses idiotas não vão durar muito mesmo. Pegamos a comida, a agua e as armas.

A garotinha se encosta na mãe, ela parece tão assustada e tímida. Os olhos tristes, seu nome é Sophia. O pai parece ser um grande canalha.

─Pensa nelas? – Pergunto a Merle.

─Vai começar com isso? – Merle reclama.

─Não pensa? Se estão bem, se estão em apuros. Hannah não pode cuidar dela sozinha, nós podíamos se ela estivesse aqui... Se as duas...

─Estão mortas. Se não estão vão estar nos próximos dias.

─Não pode saber.

─Aquela garota era uma paspalha.

─Não fala delas no passado. – Aviso com um aperto no peito. – Olha para aquela garotinha. Ela não te faz pensar na sua filha? Tem coragem de roubar essa gente e deixar essa criança desprotegida?

─Você tem um irritante coração mole. Isso vai te matar.

─Ou me salvar.

Ele fica de pé e caminha para longe de mim. Eu continuo sentado, olhando as labaredas baixas. Ouvindo mais bombas caírem sobre Atlanta que queima.

A floresta em torno da cidade é segura. Passo a caçar para ajudar. Glenn começa a ir a Atlanta sozinho, trazer latas de suprimentos, ele sabe um caminho seguro ou perto disso. Vai e vem feito uma ratazana. O resto mata o tempo. Nada acontece, não tem zumbis, não tem pessoas. Só aquele grupo. De algum jeito começo a me sentir útil. Eles esperam por mim. Os olhos brilham quando trago comida. Alimento crianças, graças a mim elas estão vivas e quem sabe como recompensa alguém alimente Brooklyn num momento de necessidade. Isso é tudo que quero.

O grupo decide ir a Atlanta, buscar mais suprimentos do que as poucas latas que o coreano consegue trazer em suas idas e vindas, ter certeza de como as coisas estão. Merle decide ir junto. Aperto sua mão e me enfio na mata para caçar. Não acho que vão conseguir muito. Se os mortos estão andando então eles estão em lugares como aqueles. Onde os vivos se concentraram antes do fim. As grandes cidades.


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Notas finais do capítulo

Próximo POV Hannah. Vamos ver como ela está.
Comentém. BEIJOSSSSSSSSSSSS