Darkness Brought Me You escrita por moni


Capítulo 26
Capitulo 26


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a hora, choveu muito aqui em São Paulo, fiquei presa no transito, cheguei tarde e só terminei agora, mas como prometi aqui está. Domingo eu posto a continuação. OBRIGADA!!!



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Pov – Daryl

   Tem sido dias tão perfeitos que parecem mentira. Quase como um tipo de sonho. Hannah está feliz, vejo só pelo sorriso no olhar. Brooklyn ambientada. Ainda sou o caçador e talvez me chame assim para sempre, mas pelo menos ela não sussurra mais, não se encolhe e se retrai quando outras pessoas se aproximam. Agora gosta das pessoas, até brinca com outras crianças. Sempre com supervisão, mesmo assim é parecido com a vida que ela poderia ter sem o fim do mundo.

   Minha perna está curada e com uma boa cicatriz. Que se dane, não é a primeira e outras ainda virão. Até gosto dela, diferente das outras, essa é uma marca de Hannah e sua tentativa de me salvar. Gosto de pensar que ela se importa.

   A moto está pronta. Posso sair quando quiser para mais longe que o entorno de Alexandria. A ideia que em outros tempos me encheriam de ânimo agora só me desagrada. Não gosto de deixar Hannah. Mesmo ela sendo hoje uma mulher capaz.

   Uma coisa é teoria. Outra bem diferente é a prática. As pessoas desse lugar continuam agindo como num mundo colorido. As coisas estão prestes a explodir. A comida está escassa. Agimos com cuidado, mas sinto Rick se cansando, Carol também. Deanna e o marido querem enganar a quem com esse papo de futuro?

   O futuro depende da nossa força de lutar e eles simplesmente não lutam. Aaron se aproxima. Traz uma mochila nas costas e parece tenso. Não gosto muito de deixar Hannah, mas rastrear é o que faço de melhor. Aaron quer encontrar pessoas. Recrutar é seu trabalho e me pediu ajuda.

   Prometi ajuda-lo, meu objetivo é ver como andam as coisas, se estamos mesmo seguros, quem sabe conseguir comida. Dois dias fora e posso voltar. Hannah e Brook vão ficar bem. Rick está aqui. Eu preciso dessa certeza, já pedi a Rick para proteger minha família, ela pode cuidar disso.

   ─Já estou pronto Daryl. Quando quiser ir. – Aaron quer que Eric descanse um pouco, entendo que se preocupa.

   ─Vou apenas até em casa. Me despedir de... eu não demoro. – Aaron sorri. Posso ter melhorado muito meu jeito com Hannah e até com Brook, mas ainda sou o mesmo com os outros e não vou ficar me abrindo.

   Hannah está no quarto. Olhando a janela enquanto abraça a si mesmo num claro momento de reclusão, ela não gosta da ideia, nem eu, mas é preciso. Eu tenho que saber como está tudo ou não vou ter sossego de me acertar aqui e viver em paz. São semanas sem ir lá fora.

   ─Hannah. – Ela não se move, eu caminho até ela, envolvo sua cintura e ela se encosta em mim. Três semanas desde que ficamos realmente juntos. Agora já me sinto mais livre para envolve-la assim. Ao menos quando estamos sozinhos.  – Eu preciso fazer isso. – Ela continua calada. – Não é o que está pensando.

   ─O que eu estou pensando?

   ─Que não quero ficar aqui. Que gosto de viver solto e isso é uma desculpa para sair.

   Hannah se vira, me olha nos olhos. Está triste e abatida. Tinha me acostumado a vê-la sempre sorrindo.

   ─Não estou pensando isso Daryl. Estou com medo, com saudade, eu sei por que está indo lá fora. É por mim, por Brook. Apenas tenho medo.

   ─Ainda vamos juntos.

   ─Não consigo deixar a Brook. Não ainda.

   Passo os cabelos dela por trás da orelha e beijo seus lábios. Ela se encosta em meu peito. Suspira.

   ─Se cuida. Só uma noite sem você, mais que isso eu não suporto. Promete Daryl.

   ─Prometo que vou ficar atento e voltar assim que possível.

   Ela sabe que não posso fazer mais do que essa promessa. Nos beijamos. Não consigo me afastar dela, não consigo mais resistir, nem entendo como esperamos tanto, meu coração se aperta de medo de ser o último beijo e aprofundo ainda mais.

   Meu corpo se cola ao dela. Tenho vontade de largar tudo e leva-la para cama. Como tem sido todas as noites desde a primeira vez. Me afasto, sorrimos, mas não tem alegria em nenhum dos dois.

   ─Eu não consigo tirar mais minhas mãos de você.  – Ela ri, de vez em quando eu não penso no que falo. – Acha que conto para Brook?

   ─Melhor, quero que ela saiba que vai sair, se não depois pode ficar preocupada.

   ─O que eu digo?

   ─O que estiver sentindo. Ela ama você Daryl. Não importa se te chama de tio, caçador, pai. O que importa é que você é a pessoa mais importante que ela tem junto comigo.

   ─Você acha mesmo isso, eu sei, só acho que está quilômetros na minha frente. De todo modo vou lá.

   Dou mais um beijo em Hannah, depois entro no quarto. Brook dizia qualquer coisa para Lyn, toda distraída sentada em sua cama.

   ─Olha aqui caçador, ela me disse que está com fome.

   ─É? Depois vai procurar uns biscoitos lá em baixo.

   ─Isso. – Ela sorri.

   ─Posso me sentar um pouquinho aqui?

   ─Vem. A minha cama é muito forte. – Me sento a seu lado. Ela solta a boneca e me olha. Os olhos de Merle me causam um impacto momentâneo. Não é sempre que penso nisso, mas quando me lembro algo se revira dentro de mim. Um dia vou contar a ela que o pai começou mal, mas terminou como um herói.

   ─Tenho que sair Brook. Ir lá fora. Ficar um tempinho lá.

   ─Vai caçar uns zumbis e depois volta? – Afirmo, é difícil explicar. – De noite você volta?

   ─Não essa noite Brooklyn. Essa noite você fica com a sua tia Hannah. – Os olhinhos marejam para minha surpresa. Ela vem para meu colo e me enlaça o pescoço, não esperava por isso e não sei o que dizer.

   ─Fica aqui. – Ela soluça. – É meu não pode ir embora.

   ─Não vou embora Brooklyn. Eu volto.

   ─Mentira. – Seus soluços atraem Hannah que fica de pé na porta tentando conter as lágrimas, olho para ela pedindo socorro, mas Hannah apenas fica ali secando as próprias lágrimas.

   Com dificuldade eu consigo fazer com que desgrude do meu pescoço. Faço com que me olhe e apesar de triste por sua dor eu gosto de saber que se importa.

   ─Eu prometo voltar rápido, nem vai perceber. Não posso ficar Brooklyn, tenho que ter certeza que não tem zumbis aqui perto. Para você poder brincar com a Lyn lá fora.

   ─E se nunca mais voltar?

   ─Você é uma menina muito corajosa. Não pode ter medo de nada. Eu sei que consegue cuidar da tia Hannah e me esperar.

   ─Caçador você gosta muito de mim? ─ Isso é tão grande, ela não sabe o que essa simples e delicada pergunta me provocam.

   ─Muito. Mais que tudo. – Será que ela consegue entender isso? O quando eu me importo?

   ─E volta bem rápido? – Quero ficar, assistir Hannah coloca-la na cama como todas as noites, depois me deitar com minha mulher e tê-la em meus braços, sentir sua pele misturada a minha e o que tudo isso me causa. Amar Hannah. Não sou covarde, não posso fugir da responsabilidade e apenas ficar.

   ─Prometo. Mas não pode ficar chorando. – Ela afirma ainda chorando. Dessa vez eu a puxo para um abraço. Quando me afasto as lagrimas diminuíram.

   Toco o rostinho infantil. O sentimento que tenho por ela é a coisa mais pura que tenho em mim. Algo que não pode se destruir, é eterno e perfeito. Seco suas lágrimas. Por essa criança eu poderia matar um batalhão de mortos.

   ─Agora tenho que ir. Fica bem. A Lyn quer brincar. – Beijo sua testa e a coloco de pé. Ela segura minha mão.

   ─Vou ficar dando tchau lá no portão. – Me avisa com o rostinho triste. Preferia que não, é mais difícil assim, mas não sei negar nada a ela e ergo Brooklyn nos braços.

   Chegamos até a moto. Hannah ao meu lado e Brook no meu colo. Cena estranha para um Dixon e não sou o único a perceber. Sinto os olhares condescendentes de todos.

   Aperto a mão de Rick e coloco Brook no chão. Hannah segura sua mãozinha pequena. Me olha ainda triste.

   Aceno, não é o bastante para ela. Hannah vem até mim. Passa os braços por meu pescoço e me beija ali, no meio de todo mundo. Eu não consigo resistir e apenas beijo longamente minha mulher, se for o último beijo que se dane se estão todos assistindo.

   ─Volta. – Ela me pede antes que eu suba na moto e parta sem olhar para trás.

   Aaron me segue de carro. Nas primeiras horas apenas dirigimos sem destino. Depois de um tempo paramos numa pequena estrada e vamos seguindo a pé. Um homem de casaco vermelho surge caminhando sozinho.

   Aaron quer observa-lo um tempo e vamos seguindo suas pistas, dá para ver que ele sabe o que faz. Qualquer um que tenha sobrevivido tanta tem muita sorte ou sabe se virar.

   A noite eu vejo luzes. Lanternas ao longe. Pode ser ele, pode ser outra pessoa, outras pessoas, o jeito é ficar de olhos abertos. O tempo todo Hannah e Brook estão em meus pensamentos.

   Por que diabos eu não digo que as amo? São três palavras apenas e eu sei que ela adoraria ouvir. Talvez mesmo Brook gostasse. Hannah diz a ela toda hora. Nunca me disse, pode ser que não sinta. Pode ser que não queira dizer para não parecer implorar sentimento. Sei lá, não entendo muito disso.

   ─Pensa nelas o tempo todo? – Aaron me pergunta enquanto caminhamos. Parece ler meus pensamentos ou talvez eu seja muito transparente.

   ─Eu... sim.

   ─Tem sorte. – Ele sorri caminhando ao meu lado na noite escura e silenciosa. – Eu também tenho. Eric e eu somos felizes. Apesar de todo preconceito que já enfrentamos para ficarmos juntos.

   ─Imagino. – Não sou o Merle, não tenho problema com a vida deles, mas que deve ser a coisa mais difícil do mundo lidar com os olhares e palavras duras deve. – Ela... Hannah. É a única que sabe quem eu sou, quem eu fui. Nos conhecemos desde antes do fim. Quando eu era outra pessoa.

   ─Melhor?

   ─Pior. – Ele dá de ombros.

   ─O que importa é quem você é hoje.

   ─Alguém já me disse isso. – Aponto a direção a seguir. Ele concorda e caminhamos juntos.

   Zumbis surgem. Trabalhamos bem em equipe, derrubamos os três que aparecem pelo caminho. Depois descansamos sentados diante um do outro. Mastigo alguns biscoitos e um sanduiche. Já estive muito pior tenho que admitir.

   ─Acha que o encontramos pela manhã? – Aaron questiona olhando o descampado a nossa volta.

   ─Ele está perto.

   ─Nunca fica com medo? – Dou de ombros. Na verdade agora fico. Antes estava pronto para morrer, agora não estou mais. Isso me torna vulnerável.

   ─Não muda as coisas ter medo, não facilita.

   ─Me impressiona como vocês enfrentam as coisas, Alexandria tem muito a aprender. São um presente. – Se soubesse os planos de Carol talvez mudasse de ideia.

   ─Mas não querem aprender. – Fico de pé quando o céu começa a mudar o tom e está prestes a amanhecer. – Vamos. Estamos longe de casa e quero acabar logo com isso.

   Quando o dia amanhece chegamos a uma pequena cidade. A princípio é só evitar zumbis. Passamos por um deposito. Do lado de dentro zumbis caminham em torno dos caminhos e contêiner de alimentos. Se estiverem cheios seria perfeito, mas com aqueles zumbis não acho vantagem arriscar.

   ─O cara sumiu. Por que não entramos e pegamos a comida?

   ─Aaron a gente nem sabe se tem comida aí. Enfrentar os zumbis por nada é tolice. Vamos para casa.

   ─Isso mudaria as coisas em Alexandria. – Ele diz decidido. Olho o ambiente. Já que estamos aqui por que não? Chacoalho a grade, logo os zumbis se juntam ávidos. Puxo minha faca. Derrubamos todos e abrimos o grande portão de aço.

   Tudo parece tranquilo. Aaron recolhe uma placa. Coleção de placas. Cada louco com sua mania. Eu puxo a alça da porta de correr. Quando ela sobe zumbis começam a sair. Eles surgem de todos os lados e começamos a ficar cercados.

   Pego uma corrente e com um movimento derrubo três deles. Aaron está ficando cercado e eu o ajudo. Armadilha. Caímos numa maldita armadilha e corremos para um carro.

   Me vejo trancado num carro cercado de zumbis e a ideia de que acabou assim me deixa magoado. Todas as coisas que não vou poder fazer com Hannah e Brook. Eu não posso aceitar isso. Algo tem que acontecer. Eles vão acabar se dissipando.

   Aaron encontra um bilhete. É uma armadilha, nos olhamos. Não dá para ficar esperando.

   ─Eu saio e derrubo alguns. Depois você sai. – É uma sentença de morte, sei disso, mas por que morrer os dois?

   ─Não. A culpa é minha Daryl. Eu saio.

   ─Não estou te dando opção.

   ─Então vamos juntos. Somos amigos, nos metemos nessa e vamos tentar. Que mal pode haver nisso?

   Acendo um cigarro. Não fumo muito, principalmente por que Hannah reclama que dou mal exemplo para Brook. Sorrio com a lembrança. Ela se fez forte. Minha mulher. Me deu dias incríveis. Os melhores de toda uma vida. Não fosse pela dor que vou causar a ela eu podia morrer feliz.

   Dou uma longa tragada. Os mortos arranhando os vidros cheios de fome. Não me assustam mais.

   ─No três. – Digo quando acabo o cigarro. Peço mentalmente desculpas a Hannah. Devia pedir um milagre, mas nunca esperei por eles.

   Aaron abria a porta quando algo esmaga um cérebro.

   ─Rápido! – Uma voz de fora nos convida e descemos quando uma clareira se forma entre os zumbis. Um homem com um bastão de madeira os derrubava e nos juntamos a ele até estarmos em segurança do outro lado do portão.

   Agradecemos. Aaron o convida para nos acompanhar. Depois do modo como se arriscou ele é mais que bem-vindo.

   ─Tenho uma missão. Na verdade estou meio perdido. Podem me mostrar onde estou? – Ele abre um mapa e leio um bilhete para Rick Grimes. Olho aquele homem sem acreditar na coincidência.

   ─Esse recado...

   ─Estou buscando por essa pessoa.

   ─Por que? – Pergunto. Aaron olha o bilhete e me encara.

   ─Conheço esse homem, eu o salvei uma vez, quando o apocalipse começou. Em outro momento nos encontramos e dei armas a ele.

   ─Seu nome é Morgan? – Me lembro do encontro. Quando precisamos de armas e ele encontrou um velho amigo. Michonne e Carl estavam com Rick.

   ─Como sabe?

   ─Conheço Rick. Vamos leva-lo até ele. Quando se encontraram ele estava com o Carl. – O homem acredita. Me olha espantado. Seguimos juntos. Ele vai no carro com Morgan. Eu com minha moto. Estou voltando para Hannah. Para Brook. Se corrermos chegamos ao anoitecer. É tudo que quero. Ver minha mulher de novo depois de achar que estava morrendo.

   Spencer nos abre o portão. Tem os olhos arregalados. O clima parece estranho. Vejo sangue no chão. Agora seco. Meu coração dispara.

   ─Estão reunidos. Muita coisa aconteceu Aaron. Rick está sendo julgado. – Rick? Que conversa é essa? Aaron nos lidera em direção ao local da reunião.

   Quando chegamos o que vejo é Rick coberto de sangue disparar na cabeça do marido de Jessie. Morgan e todos os outros parecem chocados. No chão ao lado do corpo do homem, Deanna chora abraçada ao corpo do marido também morto.

   ─Rick! – Morgan o desperta, os dois trocam um olhar. Não tenho tempo para isso. Passo meus olhos pelo ambiente e não vejo Hannah. Se estão todos do grupo ali onde ela está?

   Dou meio volta. Saio em direção a nossa casa. Se todos foram chamados para uma reunião por que ela não foi? Quando entro Carl observada a janela com Judy nos braços.

   ─Cadê a Hannah?

   Ele balança a cabeça em negação. Meu coração falha. Tinham zumbis dentro de Alexandria.

   ─Não a vejo faz tempo. Brook acho que está com ela Daryl. Saiu antes dessa droga de julgamento.

   ─Seu pai matou o júri pelo que entendi. – Carl se espanta. Não paro para explicar. Pego a besta e saio pelas ruas escuras de Alexandria.

   ─Brook! Brook! – Os gritos de Hannah me paralisam. A voz desesperada chega aos meus ouvidos contando uma terrível história. Corro em direção aos seus gritos. Viro uma esquina e Hannah surge com o rosto coberto por lágrimas e seu facão. – Daryl. – Ela me abraça soluçando. Suas pernas fraquejam. – Eu não a encontro.

   ─Onde a deixou? – Tenho que segura-la pelo braço de tanta fraqueza que a domina.

   ─Na porta. Estávamos saindo, entrei por que esqueci meu facão, quando voltei....

    ─Vamos voltar e procura-la de lá. – Eu a puxo pela mão em direção a casa. Brook aprendeu muitas coisas todos esses dias. Não gritou. Apenas sumiu. Pode ter se escondido. Eu tenho que acreditar nisso.


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Notas finais do capítulo

Beijosssssssss
Eu sei que foi sacanagem parar nessa parte. mas ficaria gigante. DESCULPEM!