Lá estava eu parada naquela maldita sinaleira novamente, e uma sensação de déjà vu tomou conta de mim. Lembro-me de ver Luke pela primeira vez do outro lado da rua. Naquele dia, eu pensei que ele era um tarado qualquer. Ri sozinha desse pensamento. Não que isso tenha mudado né.

Ontem, ele me prometeu pagar pelos CDs que ele quebrou com uma surpresa. Isso me deixa ansiosa, e um pouco receosa em aceitar. Eu costumo adorar surpresas, mas vindo de Luke... não sei bem o que esperar. Não confio nem um pouco nele.

Assim que entrei no pub, notei que Caleb não estava ali. Depois eu que chego atrasada, hein?

A música estava alta, as luzes piscavam. O ambiente escuro não me deixava enxergar direito, o que me fazia semicerrar os olhos. Nessa tentativa de enxergar, acabei esbarrando em alguém.

– Olha por onde anda, guria. Caleb pode não estar aqui, mas ele te mata se quebrares algo. – Ouço uma risada baixa.

– May? – Rio junto com ela, pois sei que Maeve está certa. – Como anda sua busca pelo Sr. Misterioso Luke Carson?

– Na verdade, muito boa. – Consigo ver o aquele sorriso saindo da boca dela. Aquele sorriso, que ela só usa quando está tramando algo.

– Calma aí, o que você quer dizer com...

– Acabei de me lembrar que me pediram para aumentar as luzes, está muito escuro. – Diz ela interrompendo minha frase – Já volto, babyyy!

May sai antes que eu possa falar alguma coisa.

Nem adianta desconfiar que ela esteja tramando algo. Ela é sempre estranha assim. Essa guria ainda vai me meter em problemas.

Assim que começo a servir mesas, noto que as luzes ficaram mais claras. Isso acaba revelando vários casais encostados na parede praticamente se engolindo. Eles reclamam e xingam, tento conter o riso, mas é quase impossível. Mas enfim, bem melhor assim. Agora pelo menos enxergo onde piso.

Enquanto observo os casais indo embora, noto Luke sentado sozinho em uma mesa no fundo. Ele me lança aquele sorriso debochado de canto pra mim. Garoto arrogante.

Meu celular vibra no meu bolso indicando que recebi uma mensagem. Ponho a bandeja que estou segurando em cima da mesa e pego o celular.

“Está afim de ir atrás da sua surpresa, boneca?”

Levanto o rosto para olhar Luke e ele balança o celular em sua mão pra mim.

“Como conseguiu o meu número?”

“Uma baixinha me encheu o saco até saber meu nome, assim que soube ela me deu seu número. Estranho né?”

Maeve. Eu vou matar ela! Procuro furiosamente por ela com o olhar, e a vejo sorrindo pra mim. Lanço um olhar feio pra ela, que retribui mostrando a língua. Essa guria pode se considerar mortinha.

“Foi minha amiga, Maeve.”

“Poxa boneca, não precisa pedir favores pros outros para se aproximar de mim.”

Lanço um olhar feio pra ele. Convencido.

“Hey, que tal a surpresa agora?”

Olho pra ele enquanto penso. Eu não deveria confiar nele, Luke é só um estranho. Poderia ser qualquer um. Ele poderia ser desde um cavalheiro a um pecador. E no momento, a segunda opção me parecia mais cabível.

Luke, um pecador irresistível. Dono dos olhos azuis que parecem saber cada segredo sujo que eu mantenho trancado dentro de mim.

Luke retribui meu olhar. Ele parece estar tentando ler minha mente, tentando desvendar o que penso. Eu sorrio para ele, que me olha confuso.

Eu estou sempre fugindo, não importa o motivo. E nem sequer paro pra pensar sobre isso. Hora de arriscar, não é mesmo?

“Claro”

Ele sorri para o celular e se levanta da cadeira, vindo em minha direção. Enquanto caminha, vejo seus olhos descerem até minhas pernas descobertas. Ele leva a mão a apertar a própria nuca e enquanto morde os lábios. Então eu o deixo assim vulnerável? Fato interessante.

– Sabe, achei que ias amarelar. Vai ser divertido isso. – Ele sorri abertamente para mim – Me encontra amanhã aqui na porta do Pub nesse mesmo horário.

– Não pense que isso nos faz amiguinhos, okay?

– Claro que não, podemos ser bem mais que isso.

– Nem nos seus sonhos mais profundos, Carson.

–Espere para ver, Avalon.

– Então, vai me contar o que é que você está tramando?

– De jeito nenhum, aí não seria surpresa.

– Vá para o inferno.

Luke caminha até a porta do pub e antes de sair se vira pra mim e me olha nos olhos.

– Com você, seria um prazer.