Esfreguei meus olhos, bocejei e me levantei ; tudo isso da forma mais lenta possível, já que parecia que um caminhão havia passado por cima de mim. Nem caminhar direito eu conseguia, por causa da dor de cabeça que crescia ligeiramente no lado direito do meu crânio. Maldita ressaca!
Após conseguir me estabilizar sobre meus pés, caminhei em direção ao banheiro. Assim que me olhei no espelho, notei um pequeno corte ao lado da minha boca. Onde será que eu...? Ah, foda-se.
Enquanto lavava meu rosto, tateei a pia em busca da minha escova de dente. Logo depois de eu secar meu rosto, a ficha caiu. Esse não é meu banheiro...
Abri a porta calmamente, já imaginando que havia sido drogada, sequestrada e estuprada. Imaginação fértil? Até poderia ser.
– Acordou, boneca?
Ah, essa voz rouca. Nunca fiquei tão feliz em ouvir a voz desse babaca.
– Porra, Carson – falei suspirando de alívio enquanto caminhava de volta para o quarto.
Eu deveria ligar para meu irmão, ele deve estar preocupado que não voltei para a casa. Bem que ele não poderia ter me visto no estado que eu estava; cheirando a cigarro, álcool e perfume masculino – pelo menos eu apreciava bastante esse último item.
Eu procurava meu celular no meio das cobertas quando me desequilibrei e caí da cama, tudo por causa do Luke, que resolveu se jogar na cama.
–Caralho Luke! – falei me levantando enquanto esfregava meu joelho, claramente machucado pela queda – Vai fazer uma dieta, vai. Quase me jogasse pela janela.
Ele gargalhava alto, igual uma criança. Seu sorriso ia de uma ponta do rosto à outra, iluminado mais ainda pelo seu olhar brincalhão.
Foi impossível não rir junto com ele. São poucas as vezes que vejo ele sorrir tão abertamente, deixando-o puramente bonito.
– Ei! – empurrei ele enquanto ria – Chega, porra! Me ajuda a procurar meu celular.
Depois de mais alguns segundos rindo juntos, ele me ajudou a procurar; porém, sem sucesso.
– Vai ver ficou naquele pub que fomos ontem – Luke se sentou na beira da cama enquanto falava – Eu te levo lá depois, se quiseres.
Sentei-me ao seu lado e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, fui surpreendida pelo toque suave da mão de Luke na minha.
Ele tocava calmamente os nós dos meus dedos, pouco antes de fazer uma trilha sobre o peito da minha mão, seguindo em direção ao meu braço.
Eu, confusa, não me mexia. Não que eu quisesse também. Cada toque dele trazia novas ondas de calor para o eu corpo.
Então, Luke parou quando seus dedos chegaram ao meu ombro. Ele levantou o rosto na altura do meu, e fez com que nossos olhos se encontrassem. E eu já não tinha mais palavras para descrever a sensação energética que seus olhos me traziam.
– Luke... o que você está fazendo?
Ele piscou rapidamente como se sua visão tivesse falhado e levantou o canto da boca em um sorriso disfarçado e sedutor.
–Você precisa tirar esse vestido, antes que eu faça com que não sobre mais nada dele – baixei o olhar para a minha roupa e notei que estava deplorável; o vestido estava todo mal ajustado em meu corpo devido ao rasgo feito na noite anterior, fato que deixava meu sutiã a mostra – Ou vai ser uma boa garota e tirar sozinha?
– Agora parece mais com você – falei enquanto dava um tapa em seu ombro - Me dá logo uma camiseta, idiota.
Ele se levantou e foi buscar uma camiseta pra mim, me deixando absorta em meus pensamentos. Sinceramente, eu não sei mais o que pensar de Luke Carson. E isso está me matando lentamente.
Eu realmente quero parar, mas acho que acabei gostando disso.
– Achei uma que vai mais parecer um vestido em você – ele me deu uma camiseta cinza com símbolos desenhados – Só não vai roubar ela de mim, boneca.
Com a camiseta na mão, encarei-o seriamente esperando que entendesse o recado para sair. Luke piscou para mim e voltou a sentar-se na cama. Babaca.
Virei-me de costas e tirei o vestido, ficando só de calcinha e sutiã. Sim, eu estava quase nua no quarto de Luke. Rapidamente, vesti a camiseta, não dando chance para que ele espiasse alguma coisa.
Senti mãos agarrando minha cintura e me puxando para baixo, em direção à cama. Luke me acomodou encostada ao seu peito, me permitindo sentir seu perfume forte e marcante.
Acho que comecei a ficar um tanto nervosa e desconfortável com a situação, porque pensei em mil coisas bestas para falar naquele momento. Qualquer coisinha mínima que desviasse meu pensamento do seu pescoço tão próximo a mim...
— Você ainda não me contou como viemos parar na sua casa, Luke.
– Você, pequenina, me disse que estava morrendo para me beijar novamente – ele sussurrou próximo ao meu ouvido, me causando arrepios – Que tal?
Além de minha consciência ter vacilado, tenho certeza que devo ter ficado igual um pimentão no mesmo instante em que Luke acabou sua frase.
Eu tinha bebido muito na noite anterior, não me lembrava de boa parte do que aconteceu.
– Eu... eu... – comecei a me justificar de forma nervosa – Eu não disse isso, Luke.
– É verdade, você não disse; mas agora eu tenho certeza de que é exatamente isso que você quer – ele segurou meu queixo, visando olhar nos meu olhos – Ora, por que tão nervosa, boneca?
E lá estava eu, mais uma vez, congelada pelas palavras de Luke Carson. Na verdade, ele nem precisava falar nada; pois só sua presença já seria o bastante para embaralhar meus pensamentos.
Faz quase um mês que eu vi ele pela primeira vez na frente do Imperius. Quase um mês que meu vício por ele começou, tão rapidamente, por cada linha do seu rosto e por cada movimento do seu corpo.
Baixei a cabeça para não ter que olhar aqueles malditos olhos azuis que me fariam pular de um penhasco.
– O que você quer de mim, afinal? – minha voz estava tão baixa que transparecia a súplica por trás do sussurro – Hein, Luke?
– Você sabe, boneca, que nós dois estamos fodidos – ele esticou o outro braço, e passou a ponta dos dedos lentamente pela minha bochecha - Você pode negar e mentir o quanto quiser, mas nós dois sabemos qual o resultado disso tudo.
Ele deu um longo suspiro como se estivesse realmente cansado, aproximou-se calmamente e beijou minha testa.
– Aliás, eu estou loucamente cego por você, Miranda.