Lucas estava muito cansado. Assim que ele e Eduarda chegaram em casa, só teve coragem de tomar banho e se jogar na cama ao lado de Eduarda. A menina tinha ligado o vídeo game para eles se distraírem, mas ela percebeu que Lucas estava quase cochilando.

—Cê tá muito cansado né leki?— ela disse. Os dois estavam praticamente deitados na cama com as costas encostadas na cabeceira e vez ou outra a cabeça dele pendia para o lado.

—Tô, Du. Tá sendo mais puxado do que eu pensei— ele disse abrindo a boca de sono e colocando o controle em cima da cama.

—Então vamos desligar esse jogo— ela disse e em alguns cliques desligou o jogo.

—Mas... e aí, você tá gostando de trabalhar lá?— ela completou.

—Até que tá sendo legal sabe? pelo menos a minha família vai parar de me chamar de inútil— Lucas disse. Seu olhos estavam pesando.

—Você vai se sair muito bem, tenho certeza— Du disse - Eu percebi que você tá se enturmando né?!— ela disse lembrando-se de Júlia.

—Bom, eu falo com todo mundo— Lucas olhou para Du e percebeu que ela estava com um olhar distante. Ele logo imaginou o que ela estava pensando - Você tá falando da Júlia?

—Não— Ela negou. Não queria demonstrar que tinha ficado com ciúme.

—A Júlia me ajudou bastante hoje. Aí, fiquei sem graça de deixar ela sozinha lá, sem saber com quem iria embora— ele percebeu que Du havia ficado incomodada - Não fica grilada com isso não tá?!— ele disse olhando para ela.

—Não— ela respirou profundamente - É que eu achei estranho tanta aproximação em tão pouco tempo— ela tentava disfarçar.

—Sei— Lucas estava entendendo, perfeitamente, o que ela queria dizer.

—É melhor a gente parar com essa conversa e ir dormir. Até porque você tá quase dormindo— Du disse sentando na cama para poder levantar-se.

—O que você tá fazendo?— Lucas disse.

—Indo dormir— ela respondeu.

—Você não vai dormir no chão né?!— Lucas a olhou surpreso.

—E onde mais seria, leki?— ela disse sem entender o espanto dele. Afinal, toda vez que dormia no quarto dele, sempre dormia no chão.

—Aqui comigo, Du. Não quero que você durma mais no chão— Lucas disse olhando para o rosto da menina que aos poucos estava ficando corado.

Eduarda deitou ao lado dele. Sabia que estava, totalmente, corada. Tinha gostado dele não querer mais que ela dormisse no chão.

Lucas se deitou melhor na cama e a ficou olhando. O garoto não queria estar tão cansado assim, se esforçava para manter as pálpebras abertas.

—Jura que você não tá bolada com o que aconteceu hoje?— ele perguntou.

—Juro

—Que bom— ele disse quase fechando os olhos - eu não quero que nada atrapalhe nós dois.

Eduarda sorriu sem querer.

—Nada vai atrapalhar— ela disse olhando para ele. Lucas não estava mais conseguindo resistir ao sono.

—Deita mais perto de mim, Du— ele pediu e assim ela fez.Lucas a puxou para que deitasse mais perto ainda e Eduarda colocou a cabeça no peito dele, mas ainda o ficou olhando. Lucas passou a mão pela cintura dela.

—Boa noite leki— ela disse.

—Boa noite minha linda— Lucas lhe deu um beijo carinhoso e em poucos minutos adormeceu já caindo no primeiro sonho que teria com Eduarda aquela noite.

Antes de dormir, a menina de cabelos vermelhos não resistiu ao biquinho que Lucas tinha formado. Ela se aproximou mais e deu um beijo. Du se endireitou melhor e adormeceu sentindo o calor do corpo dele.

Todos na casa dos Medeiros acordaram cedo no outro dia. Lucas quis que Eduarda tomasse o café com o resto da família, mas menina não aceitou.

Para Eduarda, uma coisa era ficar perto de Lucas e outra totalmente diferente era ficar com ele perto da família. A menina se sentia meio acuada, como se não quisessem ela por perto. Só conseguia passar por esses momentos porque se sentia protegida perto dele. Preferia ficar só na companhia dele. Porque só Lucas a entendia melhor do que ninguém.

Como Lucas imaginara o dia na Império foi corrido novamente. Zé Pedro parecia que o queria fazer desistir, mas Lucas já tinha feito sua escolha e apesar do cansaço se sentia bem. Sentia-se útil, mais valorizado pela família e via o olhar de admiração de Eduarda. Ele não iria desistir.

Zé Pedro tinha passado praticamente o mesmo trabalho do outro dia. Lucas tinha aprendido o que fazer e estava se saindo mais ou menos bem. Júlia tinha aparecido algumas vezes para o ajudá-lo.

No fim da tarde ele estava terminando de fazer mais uma planilha quando Júlia entrou em sua sala.

—Com licença seu Lucas.

—Pode entrar

—O seu irmão mandou avisar que é só você terminar as planilhas que já pode ir— ela lhe sorriu.

—Sério?— o garoto mal acreditou - Eu pensei que você já vinha trazendo mais coisas pra mim fazer— Lucas coçou a cabeça.

—Não— ela sorriu - ele decidiu isso depois que o Comendador saiu da sala dele.

—Meu pai?— Lucas estranhou - Obrigada por avisar— agradeceu a secretária.

Assim que a secretária de seu irmão saiu. Lucas pegou o celular e ligou para Eduarda.

—Oi Lucas

—Oi, Du. Eu vou sair mais cedo hoje. Pensei que a gente podia sair. O que você acha?

—Acho uma boa ideia, leki— ela sorriu

—Ok. Então eu te pego na tua casa tá?

—Não, leki. Acho melhor eu ir te esperar na saída tá?

—Tá com tanta saudade assim de mim?— ele estava com um sorrisinho no rosto.

—Mais você é convencido mesmo heim?!— ela riu corada

—Então, se não é saudade é o que, marrenta?

—Meus pais tão um saco e eu não tô mais aguentando ficar em casa.

—Então tá certo. Daqui uma meia hora a gente se vê,tá?— ele disse olhando o relógio da sala.

—Combinado— ela respondeu.

Eduarda resolveu sair antes que seus pais a perturbassem novamente. Guardou seu celular na bolsa e partiu para a Império. A menina resolveu esperar em um jardim que tinha bem em frente a entrada da empresa.

Lucas tinha acabado de sair da sua sala e estava impaciente esperando o elevador. Agradeceu mentalmente quando ele entrou no elevador. Queria esperar Eduarda na entrada da empresa. As portas estavam se fechando quando alguém pediu para que esperasse. Era Júlia.

—Obrigada— ela sorriu pra ele. Lucas acenou com a cabeça.

—Ele também me liberou mais cedo— ela comentou.

—Todo mundo saindo mais cedo hoje— ele comentou olhando o celular.

Não conversaram mais nada até chegarem na portaria. Lucas conferia as horas no celular o tempo todo e Júlia o olhava disfarçadamente.

Quando o elevador abriu Lucas saiu andando apressado até a entrada do prédio. Ele parou para observar se Du já havia chegado.

—Lucas— Júlia tinha parado ao seu lado.

—Oi— ele disse.

Eduarda logo viu quando ele parou na entrada, viu quando ele olhou para os lados a procurando, mas agora estava conversando com alguém. Seu sangue ferveu nas veias quando viu quem era.

—Tá muito cedo para ir pra casa né?!— Júlia puxava assunto com Lucas - Tem um barzinho aqui perto.... já me disseram que é bem legal e....

—Tô atrapalhando alguma coisa?— Eduarda perguntou. A menina tinha apressado o passo para falar com Lucas. Ouviu a última parte da conversa. Entendeu na hora o que aquela garota queria. Lucas a olhava surpreso e a menina de cabelos vermelhos observava bem a expressão dele.

—Du?— Lucas não percebeu a aproximação dela. Ficou feliz ao vê-la, mas começou a achar que tinha alguma coisa estranha quando percebeu que ela estava totalmente vermelha. O que será que tinha acontecido?