–Me desculpe. Eu não quis te causar mais problemas. Falei assim que a moto parou e desci.

–Você não tem nenhuma culpa. Ele que foi um completo idiota. Pietro dizia com uma expressão mais calma. - Se eu te contasse que tudo isso começou porque esbarrei nele e derrubei uma parte de seu suco, você não acreditaria.

–Na verdade eu acreditaria. As pessoas dessa cidade vivem procurando desculpas para ferir você e sua família. Quero disser. Vocês não são responsáveis pelo que aconteceu. Pietro me lançou um olhar triste. -Desculpe, eu não quis ser invasiva.

–Tudo bem. Você é primeira pessoa que tentou realmente conversar de modo civilizado sobre esse assunto. Ele falava enquanto coçava a cabeça meio que sem jeito. – Desde o dia que aquele acidente aconteceu, não tenho se quer um minuto de paz na minha vida. Pietro demonstrava um certo cansaço em sua voz. –Sabe? Tem sido complicado manter as coisas estáveis... Eu... eu... deixa para lá.

–Pietro. Falei amavelmente me aproximando dele e tocando em seu ombro. Desabafar de vez em quando pode ser bom para você. Está carregando uma carga grande há muito tempo. Eu posso perceber o quanto está cansado disso.

–Obrigado. Ela disse enquanto me abraçava de repente.

–Não há o que agradecer. Pode sempre contar comigo. E ele apertou mais o abraço e depois se afastou um pouco, me dando um beijo na bochecha em seguida.

–Vamos. Não quero te trazer mais problemas.

Pov Pietro.

Subi na moto e assim que coloquei o meu capacete, me virei para Olivia -Onde você mora? Posso te levar até...

–Bairro Lua cheia, rua Primavera Verão. Ela respondeu logo, pegando o capacete e o colocando, subindo na moto em seguida. –E você não está me trazendo nenhum problema, meus pais são bem tranquilos.

–Ainda bem, mas me referia a Felipe, eu vi pelo retrovisor aquele sorriso diabólico que ele deu.

Olivia fez uma careta quase imperceptível, e logo tentou disfarçar seu mal-estar. – Eu posso dar um jeito nele depois, acho que ele não irá tentar nada depois daquele meu golpe movido a adrenalina.

–Melhor não arriscar. Comentei preocupado. – Digamos que ele é insano as vezes e pode querer sim fazer algo contra você.

Depois de quase meia hora, finalmente havia chegado na casa de Olivia, e mais uma vez fiquei impressionado. Os pais dela, mesmo sabendo que eu sou, me trataram bem, não acharam ruim em nenhum momento que eu estivesse com sua filha e ainda insistiram para que eu ficasse para o jantar e como eu não poderia, me fizeram prometer que eu voltaria qualquer dia desses, enfim, foram bem simpáticos... ou normais, que era como a maioria das pessoas costumavam ser antes do acidente.

Pov Felipe

Nunca senti atração por garotas, quero disser, ao menos por qualquer uma do meu colégio. Sempre as vi como coisinhas fúteis, mas hoje, Olivia havia chamado minha atenção. Sorri mais uma vez ao lembrar do modo como ela foi ousada e me bateu, falando daquele jeito comigo na frente de todos.

–Parece que o seu primeiro dia foi muito bom. Meu pai falou da porta do quarto interrompendo meus pensamentos.

–Muito bom. Disse sorrindo descaradamente.- Acho que finalmente me interessei por uma garota daqui.

–Mesmo? Ele perguntou com a sobrancelha arqueada. –Eu a conheço?

–Não, mas acho que irá.