A minha aula do segundo bloco da manhã, geografia, havia sido tranquila apesar de Pietro não ter sido daquela turma, eu tinha ficado como dupla de um garoto que foi transferido esse ano. Respirei aliviada quando o sinal tocou marcando o fim daquela aula e fui encontrar Louise para almoçarmos.

–Como foi sua aula? Ela me perguntou enquanto separava o dinheiro da comida.

–Normal, menos a parte que minha dupla ser um cara completamente desconhecido, o garoto novo.

–Ainda não o conheceu?

–Na verdade, não. Ele não foi para aula de hoje.

–É uma pena. Poderia ser legal, sei lá, mais uma pessoa que não fique beijando o caminho que a Karen passa.

Após o almoço, resolvemos passar o tempo conversando sentadas na grama.

–Estranho. Não vi o Pietro ainda.

–Ele deve estar em algum cantinho, amiga. Você mesma sabe que as vezes ele gosta de ficar isolado por ai.

–Realmente. Que besteira a minha.

–Não é, mas vai devagar. Eu fiquei feliz por você, sério, mas toma cuidado para não se machucar.

–Tudo bem. Entendo o seu ponto.

O primeiro bloco da tarde acabou não ocorrendo porque o professor responsável pela matéria havia tido uma emergência na família. Então fiquei na biblioteca até chegar o horário do segundo bloco.

–Finalmente uma aula na mesma turma. Louise comentou rindo assim que puxou uma cadeira para sentar ao meu lado.

–Nem me fale. Foi uma pena você não ter ficado com minha turma de química, hoje não tivemos aula.

–Sério?

–Sim.

A professora da matéria logo chegou e de cara começou a falar os nomes das duplas.

–Será que iremos formar dupla? Quero disser, nós temos quase o mesmo nível nesta matéria, acho que pode não ser possível. Comentei.

–Quase? Você é bem melhor que eu nessa matéria. Relaxa, vamos fazer altos trabalhos. Louise falou rindo.

–Espero.

Quando ia falar os nomes, a professora é interrompida pela entrada de Pietro na sala. No começo ela fez uma cara terrível, mas ao notar o estado dele, sua expressão mudou para pena.

–Desculpe meu atraso, mas estava até agora na enfermaria. Ele falou envergonhado enquanto entregava um papel para ela.

–Tudo bem, mas que essa seja a última vez. Pode se sentar ali com a Olivia logo, ela será sua dupla.

Eu até teria pulado de alegria na hora, mas fiquei triste ao ver o quanto Pietro estava machucado. Seu rosto tinha pequenos cortes e aposto que ele tinha recebido golpes em outras partes do corpo também, porque enquanto mal andava, mancando um pouco, ele apoia um de seus braços nas costela.

–Oi, super nerd. Ele tentou soar divertido.

– O que aconteceu com você? Perguntei sem disfarçar minha preocupação.

–Nada de mais..

–Como nada de mais te deixou todo quebrado?

–Olivia, é melhor não ficar remoendo essa história. Deixa para lá.

–Mas...

–Eu vou ficar bem.

Tentei insistir inutilmente, Pietro não falou o que aconteceu, mas eu tinha alguma ideia. Na saída vejo Felipe e seu grupinho rindo e olhando em direção a ele e acabo ligando tudo na hora. Não sei qual o motivo, mas eles parecem comemorar a surra que deram.

Quando ele está perto da porta, vejo que o tal grupo não iria deixa-lo em paz, então, preocupada que mais alguma coisa pudesse acontecer, corri até Pietro e enrosquei o meu braço no dele.

–Ei! Ainda não combinamos o dia para fazer a lista de física e biologia.

–Ah...nós já marcamos um dia na verdade. Ele falou confuso.

–Não. Não ficou nada certo. Felipe e seu grupinho estão atrás de você, fique perto de min. Falei a última parte sussurrando.

–Mesmo?

–Sim. Acho que eles querem terminar o serviço.

–Olivia? Certo? Felipe falou como se fosse a miss simpatia. – Poderia nos dar licença? É que gostaríamos muito de ter uma conversinha com o seu companheiro... coisas de garoto sabe?

–Não, não poderia dar licença e não min interessa essas suas coisas de garoto. Ele tem que dar prioridade as “coisas” do colégio, mas acho que você não conhece isto. Tchau. Falei puxando Pietro.

Felipe soltou um riso baixo e veio em minha direção.

–Acho que você não entendeu muito bem a situação... garota. Falou colocando a mão em meu ombro.

Nessa hora, sem pensar no que fazia, girei rapidamente meu corpo, voltando-me em direção a ele e dei um chute na altura de seu abdômen.

–Nunca mais coloque suas mãos imundas em min. Falei com raiva, olhando para ele caído no chão.

O lugar ficou em um silêncio mortal e Pietro quando saiu do seu choque inicial me puxou levando-me até sua moto.

–Ponha o capacete. Ele falou com desespero.

Não pensei duas vezes e coloquei subindo em seguida na moto, passando meus braços pela barriga de Pietro. Olhei para trás, e vi Felipe parado no meio do caminho com um sorriso malicioso.

Ele ainda vai aprontar alguma...