Ela ficou um minuto lendo a mensagem.

— Você está gostando dela?- ela não me respondeu.- Chlo?- segurei suas bochechas, esticando-as e fazendo ela olhar para mim.- está?

— Não xei!- apesar do momento me deixar muito mal, não pude deixar de sorrir ao ouvir ela dizer “xei” por eu estar apertando suas bochechas. Tudo nela era tão fofo. Tirei minhas mãos de seu rosto.- na verdade não, não tenho o que gostar nela. Eu mal a conheço.

E tomara que nem comece a fazer isso.

Não posso dar tempo para elas se conhecerem melhor, mas se eu der um beijo em Chloe ou revelar meus sentimentos e ela não sentir o mesmo, posso deixar nossa amizade completamente estranha. Porém posso estar perdendo ela quando na verdade ela sente o mesmo por mim e tem o mesmo medo que eu.

— Você vai nesse almoço?

Ela concordou com a cabeça.

Merda!

— Acho que sim.

*Chloe*

Não é para ocupar o vazio nem nada, estou saindo com Mel para conhecer novas pessoas. Sei lá, talvez a amizade dela me faça bem.  

— Não estava morrendo de sono? Não te vi pregar o olho.- falei me virando de lado para olhar Becs.

— Acho que a luz está me incomodando.

Ela realmente odeia dormir no claro.

Se levantou e fechou as cortinas.

Havia as frestas da porta do banheiro e da do quarto, mas não fazia muito diferença. O quarto ficou bem escuro, mas não á ponto de não conseguir enxerga-la.

Ela voltou a se deitar.

— Melhor agora?

Pude notar que ela sorriu.

— Muito.

Dessa vez fui eu quem peguei a mão dela.

— Falo com você em umas horas.

— Talvez só amanhã.

— Mas é tão cedo. Deve ser umas cinco agora.

— Eu sei, mas se eu dormir só te vejo amanhã de novo.

Um calafrio me percorreu ao imaginar nós acordando amanhã, assim, juntas.

— Então até amanhã!- falei encerrando a conversa.

Ela deitou e lentamente foi fechando os olhos.

Mas não parecia estar dormindo. Talvez estivesse tentando.

Eu não estou com um pingo de sono, mas não quero incomoda-la puxando conversa. Ela está cansada.

Apertei sua mão de leve, na tentativa de saber se ela está acordada ainda. Nenhuma resposta.

Becs provavelmente dormiu.

Imaginei o que Stacie vai dizer quando entrar no nosso quarto. Eu e Beca deveríamos ter ficado no mesmo cômodo, mas na época Amy e Stacie, que ficariam juntas, tinham brigado, coisinha pequena, normal, mas eu e Beca achamos melhor não deixa-las no mesmo quarto. O que nos custou meio que muito.

Ela consegue ser linda até dormindo.

Dei um suspiro.

Com minha outra mão, passei meus dedos em seu cabelo, retirando sua franja que caía em seu rosto. Sorri ao ver sua fofura.

*Beca*

Senti sua mão apertar a minha.

Não sei o que pensar sobre isso. Ela queria informar que estava acordada? Estaria dizendo um “boa noite”? Queria conversar, pois talvez também estivesse sem sono?  

Acabei não fazendo nada.

Ela apertar minha mão me deixou meio na dúvida sobre o que aquilo significava. Mas, passar a mão no meu cabelo? Estou completamente confusa.

Melhores amigas dormem de mãos dadas?

Senti a coragem vir e abri meus olhos antes que pensasse melhor.

Chlo sorria.

— Você não está com sono, né?!

Ela deu uma gargalhada.

— Absolutamente não.

Abri um sorriso.

— V-Você estava acordada?

— Sim. Também estou sem sono.

*Chloe*

Então ela sabe que eu passei a mão por seus cabelos? Pior! Estava acordada quando apertei sua mão? Minha nossa...o que ela está pensando sobre isso tudo?

Sem sono? Mas ela tinha dito que...eu não estou entendendo mais nada.

— Como assim?

— A-Acabei perdendo.

— Mas estava com os olhos fechados e...

— E?

Pensei em perguntar se não sentiu eu apertar sua mão, mas melhor não.

— E...parecia estar dormindo.

— Estava pensando.

— No que?- arrisquei perguntar.

— Nas coisas.- ela falou sorrindo.

Ficamos em silencio por alguns instantes.

— É...- nós falamos juntas.

Demos risada. Fiz sinal para que continuasse.

— Aquele lance com a mão...?

Senti meu pulmão pedir por ar.

Ela foi direta na pergunta!

— É que...bem...eu só...- tentei pensar em algo, mas, não me veio nada.- estava vendo se você também estava acordada.- acabei falando a verdade.

— Para poder pegar em meu cabelo?- ela falou com um sorriso irônico e o olhar malicioso ao mesmo tempo.

Sorri antes de responder.

— Não, boba, pois eu queria conversar, e depois só tirei a franja do seu rosto.

Ela pensou um pouco, ainda sorrindo.

— Sobre o que queria conversar?

— Eu não sei, só queria conversar, é um saco não conseguir dormir.

— Quer ir lá embaixo com as meninas?

— Não, quer dizer, se você quiser, tipo, eu não quero mas quero, entende? Não é que eu não queira, mas tipo, por mim é normal, qualquer coisa.

Ela começou a rir disparadamente.

— Por que está nervosa?

— Nervosa?

— Você falou “tipo”, você só fala isso quando está aflita.

— Não falo não! Uso está palavra diariamente.

— Não, não usa.

— Ah, não sei.

Sorri ao ver o quanto ela me conhecia.

— Bem, sendo sincera, eu não quero descer.

— Pois é, também não estou muito afim.

— Por que?

— Ah, p-porque não, ué.

— Prefere ficar aqui comigo, né? Eu sei que me ama, mas sem exageros por favor.

— HÁ-HÁ-HÁ, morrendo de rir.- cerrei os olhos.- até parece.

— Ué? Estou mentindo?

— Sim!

— Você não me ama? HÁ-HÁ, quem está morrendo de rir sou eu.

— É sério! Temos uma amizade sem amor por aqui, só do seu lado, porque você sim é louca por mim.

— Sou mesmo.

Congelei.

— V-Viu?

— Morro de loucuras por você Chloe Beale. Sonhos pesados todos os dias. Tenho uma vontade incontrolável de te ter.

Caí na gargalhada antes dela terminar a palhaçada. E eu não conseguia parar de rir.

Ela me acompanhou nas risadas também e as gargalhadas só aumentaram.

— Nesse caso, para não te deixar sem graça, vou ter que fingir que te amo também.

— Me sinto bem melhor agora.

— Ótimo.

Quando nos acalmamos um pouco e conseguimos parar de rir ela se virou para mim.

— Não tem nada especificadamente que queira conversar? Mesmo?

— Sim. Você tem?

— Na verdade, meio que tenho, é que...- meu celular começou a vibrar bem na hora. DROGA!- pode atender.

Pulei encima dela para alcançar meu celular na escrivaninha. AH! EXCELENTE HORA PARA VOCÊ ME LIGAR, MELISSA!

— Alô?

— Quem é?

— Melissa!- sussurrei.

— Põe no viva voz!- estranhei o pedido e achei estranho também sua reação quando falei que era Melissa e ela revirou o olho. Mas a obedeci.

— Chlo?- Beca me fitou com o olhar quando ouviu Melissa me chamar daquela forma. Ela parecia estar sentindo na pele, e ela não gostou muito, vi ela se contorcer um pouco na cama- Alô?

Beca pegou o celular da minha mão.

— Olha, com todo o respeito do mundo, não te odeio nem nada, mas não a chame de Chlo, o nome dela é C-H-L-O-E, o máximo para você é ruiva. Beijinhos, adoro você. E lembre-se, eu sou baixinha, mas sou do tamanho o suficiente para que caiba ciúmes e raiva dentro de mim. Passar bem. Vou entregar o celular para Chlo!

Comecei a rir junto com Beca do que ela acabara de fazer. A amei mais por isso.

Deu para notar que ela estava de palhaçada, mas gostei da forma que falou, mesmo de brincadeira.

— Oi? Mel?

— O-Oi.

— Desculpa pelo ocorrido.

Ela riu.

— Tudo bem. Olha sei que o almoço é para amanhã, mas, pergunte para...é...Beca, certo?

— Sim.

— Se eu posso roubar você para uma janta hoje.

Olhei para Beca, na esperança de que ela negasse.

— Você quem sabe.

— Que horas você passa?