Fogo e Água escrita por Mikaeru Senpai, Torcai


Capítulo 7
Ser melhor.


Notas iniciais do capítulo

Oi, vocês não tão comentando, eu fico com saudades, comentem. To sofrendo :c

Fiz esse capítulo com muito amor e carinho e ele ficou MUITO maior do que eu esperava. Espero só que vocês gostem ♥



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– Não faz sentido. – Reclamou. Reclamar era, basicamente, tudo o que tinha feito desde que o sol nascera.

– Claro que faz sentido! Olha, vou tentar te mostrar. – Massageou as têmporas e colocou uma mecha castanha atrás da orelha.


Estavam próximos a um lago raso. Ela havia tirado as meias e estava descalça. Tentava convencer o garoto de que treinar com o pokémon era algo bom, mas isso apenas parecia algo bobo.

Feraligatr estava na beirada do lado olhando em volta. Parecia feliz e aliviado, nunca passara tanto tempo fora de sua pokébola. Desde que chocara, ele ficava dentro do laboratório ou na pokébola de Silver, quando saía era para batalhar. Estar ali fora, sentindo o vento fresco e a água corrente nas patas era ótimo. Podia ouvir pokémons selvagens passando, sentir o cheiro da grama e o frescor da água. Balançava a cauda despretensiosamente com os olhos fechados, apenas desfrutando a sensação de estar fora.

– Silver, sério. – Lyra caminhou até fica na frente dele – Você precisa fazer isso, confia em mim. Vai sentir a diferença. Vamos.

– Não vou molhar minha calça nessa brincadeira. – Cruzou os braços e a olhou de cima, soprando a franja vermelha que lhe obstruía a vista – Obrigado.

– Bom, você não me deixa escolha.

Lyra suspirou e se afastou. Silver estreitou os olhos desconfiado. Franziu o cenho e tentou adivinhar o que ela faria, mas não imaginou nada. Então ela fez um sinal em sua direção. Antes que pudesse entender o que significava, o chão sumiu debaixo de seus pés e ele estava no ar. Na verdade ele fora erguido, mas demorou para fazer sentido. O Typhlosion o ergueu e caminhou com ele até a beirada do lago. Silver protestou e se debateu ferozmente em vãs tentativas de se soltar.

A água se agitou e um pouco escapou do lago, molhando a grama quando o ruivo afundou. Feraligatr se aproximou de onde o mestre foi arremessado e o pegou no colo. Silver se sentia uma criança de tão pequeno em comparação ao seu pokémon, principalmente encolhido. Os fios vermelhos grudavam em seu rosto, a roupa preta ficou pesada e grudada em sua pele, era horrível. O pokémon o colocou em pé fora da água e o encarou em silêncio.

Silver estava indignado. Ao olhar para Feraligatr, viu que seu rosto tinha vida, tinha cor, ele parecia quase... Humano. E extremamente aborrecido. Quando seu inicial o tirou da água, ele logo virou com sua ira em direção a ele. O olhar de Feraligatr era dócil e receoso, ele estava com medo. Ao ver Silver se virar, o grande e forte pokémon se encolheu assustado, sabia que fraquezas não era toleradas então devia ter feito algo errado. Juntou as patas diante do corpo azul claro e esperou a repreensão.

Silver havia juntado ar para falar, mas a reação de Feraligatr o freou. Ele o tirou da água quando ele caiu e esperou alguma coisa. Definitivamente não sabia o que Feraligatr esperava, mas percebeu que não deveria repreendê-lo. Além de tudo Silver não sabia nadar, ter sido tirado da água rápido foi bom. O garoto recuou um pouco. Um estranho mal-estar invadiu seu estômago e tudo o que ele conseguiu pensar em fazer foi olhar para Lyra com um súplica por ajuda no olhar. E ela percebeu. A treinadora sorriu e virou para o próprio pokémon e o afagou com carinho.

– Obrigada Ty, você o jogou direitinho, você é ótimo.

O Typlhosion fechou os olhos satisfeito e apoiou a cabeça no ombro dela, soltando uma baforada de fumaça de satisfação. Então era isso. Silver engoliu seco e encarou o Feraligatr assustado. Sua mão direita subiu, hesitante, para o focinho do pokémon. Após um breve espasmo de susto, Feraligatr abriu os olhos e encarou Silver, tão confuso quanto o garoto. O treinador não sorriu, mas encarou o pokémon.

– Obrigado por me tirar da água. – E afastou a mão.

Feraligatr abaixou a cabeça. Estava atordoado e confuso, mas estava inegavelmente feliz. Parecia ter um sorriso torto, tão confuso quanto seria se Silver decidisse sorrir. Agitou a cauda olhando carinhosamente para o treinador. Então ele abaixou e colocou a cabeça sobre a grama, próximo aos pés de Silver. Ficou ali quieto apenas, olhando de baixo com seus grandes olhos dourados. O garoto encarou o próprio reflexo nos olhos do pokémon e se sentiu constrangido, mas pelo menos aquilo havia dissipado o desconforto em seu estômago. Ouviu Lyra se aproximar em passos lentos e tocar a blusa molhada e preta que cobria seu ombro. Ele a olhou de canto.

– Você foi bem, parabéns. Olha como isso fez a diferença.

– ... Só um pouco. – Desviou o olhar e voltou a cruzar os braços. – Ainda é idiotice.

– Não é. Um pokémon só luta de verdade quando o treinador é alguém por quem vale à pena lutar. Pra isso eles tem que nos respeitar. E temos que valorizá-los. E agora... Você precisa tirar esse excesso de roupa molhada.
Lyra pensou em ajudar com a blusa que ele vestia, mas quando ela ergueu a mão ele a segurou. Não a segurou de forma brusca ou com força, apenas a deteve. Ele estava frio.

– Não preciso de ajuda.

Ao soltar a mão dela ele tirou a blusa e a torceu. Estava encharcado. A brisa fresca e gostosa virou um tormento gigantesco, o frio que sentia parecia ser direto nos ossos. Lyra se afastou dele, e naquele breve momento ele pensou se poderia tê-la magoado como reagiu. Antes que ele pudesse virar para ver como ela estava, ela colocou algo sobre seu ombros. A toalha era grande, macia e vermelha. Lyra ajeitou sobre ele e puxou, com cuidado, os fios vermelhos para que ficassem sobre ela. Ele virou de frente para menina, que aproveitou e afastou do rosto dele os fios molhados com as pontas dos dedos, ligeiramente preocupada com o quão frio ele estava. Pegou a ponta da toalha, passando-a pelo rosto dele e secando um pouco, alisando as extremidades com o tecido macio. Silver a fitava em silêncio, não se sentia tenso, apenas não sentiu vontade de impedí-la. Ela parecia bem fazendo aquilo, e também o estava ajudando. Não achava que seria necessário fazer nada, preferiu deixar que ela agisse. Lyra afastou as mãos dele e sorriu.

– Tenta se secar um pouco, vou fazer uma fogueira pra você não ficar doente.

– ... Tá. – Lyra deu as costas para ele e começou a se afastar. Antes que ela saísse, ele ergueu a mão e tocou o ombro dela. Morno. Esperou que ela virasse antes de soltá-la. Encarou seus olhos castanhos e respirou fundo, mas acabou por falar com a mesma tranquilidade que mantivera durante todo o dia – Obrigado.

Não esperava que ela se mostrasse tão feliz com o que dissera. A animação repentina da menina lhe pareceu a reação do Feraligatr abaixado próximo aos seus pés, desnecessária e ligeiramente irritante. Lyra voltou para perto de seu pokémon. A toalha havia aliviado um pouco do frio, mas a camiseta estava realmente gelada. Enrolou a toalha e a segurou na mão direita para que pudesse se despir da camiseta. Trocou de mão na hora de tirar a manga restante e voltou a se envolver com o tecido macio. Pegou a blusa e a camiseta e levou para onde Lyra, agora, alimentava uma fogueira recém-feita com galhos.

– Empresta, deixa eu colocar aqui. – Lyra se aproximou para pegar as roupas, forçando Silver a apertar a toalha com força. Não queria, em hipótese alguma, que qualquer pessoa no mundo o visse sem ao menos uma camiseta.

Seguiu-a com o olhar quando esta deixou sua blusa e sua camiseta próximas a fogueira, numa espécie de estrutura de galhos improvisados. A tarde já chegava ao fim, então a fogueira foi realmente conveniente. Os dois sentaram na grama fofa ao lado da fogueira. Typhlosion deitou-se curvado atrás de Lyra e ela, apoiada no pokémon confortável. Feraligatr era um réptil, portanto, frio, então o pokémon estava sentado ao lado de Silver com as patas esticadas próximas ao fogo.

Apesar de ter se livrado de boa parte das roupas molhadas, ele ainda estava com as calças. E não tinha nem mesmo a menor das intenções de tirá-las. Tremia em silêncio debruçado sobre os joelhos molhados e encarava o fogo. Apesar do calor ajudar, não fazia milagres.

As chamas dançavam emitindo breves estalidos. Os estalidos eram agradáveis, uma melodia natural e tranquilizante. As encarava sonolento e distraído, sequer percebeu quando Lyra e o pokémon vulcão se levantaram. Sentiu o pelo quente e macio do pokémon de sua rival se acomodando atrás dele como estivera de Lyra, e então, percebeu que ela sentou ao seu lado. Typhlosion era grande, mas para que os dois ficassem confortáveis precisaram ficar próximos. Olhou para o pokémon e recebeu um olhar tão ameaçador que apenas decidiu não olhar mais para ele.

Lyra se ajeitou ao seu lado e tirou o chapéu. Soltou o cabelo e passou os dedos por ele, para então guardar o acessório que usava antes. Encarou as chamas e suspirou aliviada, apoiando completamente as costas na barriga do Thyplhosion.

– Você progrediu bastante hoje. – Ela falou baixo e tranquila, quase como um sopro. Virou o rosto em direção a ele. Uma mecha escorregou por sua bochecha e pendeu próxima ao seu queixo. – Eu sabia que você ia conseguir.

– Tanto faz. – Girou os olhos. Ela era irritante. Aquela mecha fora do lugar era irritante. Nem mesmo percebeu que havia erguido a mão, tocou o rosto dela com cuidado e colocou a mecha rebelde atrás da orelha dela. Não gastou mais nem um segundo sequer olhando para menina depois disso.

Não entendeu o por que, mas ela pareceu se divertir. Era irritante. Abraçou as próprias pernas e afundou o rosto na toalha, deixando visíveis apenas os olhos vermelhos e brilhosos e sua franja bagunçada.

– Seu cabelo. – Ela falou e segurou uma longa mecha – Vai ficar muito estranho se você não pentear.

– E de quem é a culpa disso? – Apanhou um galho e começou a cutucar a fogueira.

– Eu vou me redimir.

Já estava, honestamente, cansado das redenções de Lyra. Muito cansado. Não daria atenção, provavelmente isso resultaria em outro mergulho ou ser tostado pelo Typhlosion. Não valia à pena. E a toalha foi puxada para baixo. Não muito, apenas o suficiente para expor o rosto dele, mas não esperava aquilo. Puxou a toalha de volta e se fundou nela novamente, encarando Lyra a contragosto. Ela tinha uma escova em mãos e parecia decepcionada com ele. Apenas os olhos de Silver estavam visíveis, e eles não pareciam felizes.

– O que... Você quer? – Questionou receoso, encolhido e escondido pelo tecido. Não ligava para o quão bobo e infantil parecia naquele momento, não havia percebido o quão baixa sua guarda ficara com o passar do dia.

– Eu só quero escovar o seu cabelo. – O encarava séria, ele começou a ficar com medo.

– Não, me deixa em paz. Sai.

– Silver...

– Sai.

– Ty.

O pokémon sentou e fez com que ele se desequilibrasse, mas foi por pouco tempo. Logo as fortes patas de Typhlosion o imobilizaram para que Lyra se aproximasse. Novamente, as tentativas de se soltar falharam. Ela abaixou o tecido e expôs o rosto estranhamente vermelho de Silver. Ajoelhou na frente do maior e colocou para trás, com as pontas dos dedos, os fios ruivos e úmidos. Aproximou a escova dele e começou a desembaraçar.

Era delicada e cuidadosa, ele mesmo não conseguia pentear o cabelo sem se machucar. Sentia a escova roçando de leve contra sua cabeça e os nós sendo desfeitos. A mão livre dela arrumava os fios de um jeito que parecia uma carícia. Era algo tão gentil e cuidadoso que ele começou a ficar sonolento. Parecia um afago lento. O Typhlosion era quente, aliviava o frio das roupas molhadas.

Ele não saberia dizer ao certo quando acabou adormecendo.


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Notas finais do capítulo

E então? Comentem, sério, preciso saber opiniões. Não me abandonem ;-;

Tentei colocar essa imagem [ http://pic.pidivn.net/hinh1tam/wp-content/uploads/sites/26/2005/09/17e3d257c1c76ec8c8f5df85688fbf43.jpg ] do Silver e do Feraligatr no corpo do texto, mas falhei. Em casa tento de novo. q

Tem momentos dos dois nesse capítulo, então fiquem felizinhos



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