Jogou o livro em cima da mesa que circundava o local e estralou o corpo para começar a dançar.          

Já era acostumada a treinar passos e até mesmo tentar criar coreografias ali, na praia, até mesmo por isso escolhia sempre essa esteira que ficava mais escondida sobre a praia cheia de Copacabana.

Após uns 15 minutos de tentativa, começou a encaixar o passo em um dos seus antigos formando o que poderia se chamar de coreografia, cantarolando mentalmente um ritmo que estivesse de acordo com a dança.

Vira e mexe algumas pessoas paravam para ver de longe, e no mesmo compasso Monica parava pra anotar alguma nova idéia para passos que tinha.

Voltou a dançar se equilibrando e rodopiando na ponta do pé, tirava isso de letra, mesmo descalça, quando parou de frente para o mar com um movimento leve, sentiu alguém se aproximar e apoiar seu braço sobre o dela.

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Monica quando mais nova, tinha participado de algumas aulas de defesa pessoal e em qualquer outro momento de abordagem já teria revidado com algum dos ataques que aprendeu, mas aquele foi diferente, passasse o tempo que fosse ela reconheceria aquele toque.

A força que estava fazendo para se equilibrar na ponta dos pés se foi e sua perna perdeu um pouco a segurança de sempre, continuou fitando o mar pensando se teria coragem de virar e se deparar com o dono daquele toque.

Cebola respeitou o silencio de imediato, e naquele momento só se escutava o som do dos corações agitados se misturando ao barulho calmo do mar, aos poucos ele foi a virando com as mãos e pode finalmente contemplar novamente aquele olhar doce que o acalmava.

Monica prendeu a respiração, levando as mãos aos lábios, no mesmo instante seu olho já se enchera de lagrimas, e ela permitiu que as mesmas caíssem descontroladas.

— Ce... Cebola, o que está fazendo aqui? – Ela perguntou tateando o garoto como se ele fosse uma miragem que a qualquer minuto poderia sumir.

— Que saudade da sua voz – Cebola respondeu a abraçando forte bagunçando levemente seus cabelos e lhe causando mais choro ainda.

— Como?! Como me achou? Senti tanto a sua falta – Ela continuou a o abraçar apertando sua blusa nas costas.

Cebola a levantou do chão com facilidade, fazendo os pés da menina balançarem no ar, a olhou carregado de emoção e não se conteve, a apoiou no chão novamente, a agarrou pela cintura, envolvendo com a outra mão seus cabelos e a beijou, lutando contra todo orgulho contido naqueles meses de discussões.

Monica enlaçou seus braços pelo pescoço dele e retribuiu o beijo que transbordava saudade, teria ficado por horas naquele enlaço, sentia seus pés flutuarem, os sons chegarem mais doces e calmos ao seus ouvidos e seu coração saltear em seu peito, nem acreditava que ele realmente estava ali.

Aos poucos o beijo foi parando e ela pode encarar novamente os olhos cor de mel do seu amado, podia viajar por eles como se mergulhasse em sua alma, sempre com o mesmo brilho.

— Cebola, como chegou? Como assim você está aqui? – Monica perguntou ainda admirando seus olhos, sorridente quando por fim se soltaram, .

— Eu não podia deixar você continuar a fazer uma besteira do tamanho da que estava fazendo – Cebola respondeu com o mesmo sorriso.

— Como assim? – Monica questionou ansiosa se afastando um pouco.

— Vim te levar comigo – Cebola respondeu, e vendo que a menina emudeceu, continuou - Monica, quem te conhece de verdade, sabe o amor que tem pelo que faz, e o quanto é talentosa com a dança, nem de brincadeira deixaríamos você desistir de um sonho – Cebola continuou a falar se animando com o olhar dela.

— CEBOLA, COMO ASSIMMM? Nós quem? Me conta – Monica continuou a pedir eufórica.

— Digamos que recebi uma ligação do seu professor, perguntando o que eu achava de participar de uma audiência, de uma tal de Le Ballet, conhece? – Cebola perguntou rindo.

— Não acredito, não acredito – Monica começou a pular com a mão na boca.

— Perguntou se eu conseguia reorganizar a coreografia e vir para o Rio o mais rápido que conseguisse, para ele ver pessoalmente o casal vulgo eu e você dançarmos, e dar os últimos ajustes para então participarmos da audiência cuja a desistência ele não registrou – Cebola terminou de contar a olhando sem imaginar qual seria a reação.

Monica soltou um grito agudo e correu na direção dele, o abraçando pelo pescoço.

— Te amo, te amo, não acredito – Monica gritou lhe distribuindo beijinhos pelo rosto. – Oh, desculpa, desculpa, eu acho que me empolguei – Ela o soltou um pouco envergonhada.

— Eu que te amo e te devo desculpas, desculpa se demorei a te procurar, ou se não te atendi, o errado de tudo isso sou eu, eu que fui inconseqüente e percebi muito tarde, brinquei com coisas que não devia, fui um moleque. Depois que recebi a ligação do seu professor eu vi a oportunidade de tentar concertar pelo menos em parte os danos que causei Mo, quando não te atendi é porque estava pensativo, tentando me encontrar em meio a tudo isso, o que sinto por você é muito forte Monica, eu te amo de verdade, quando você entrou naquele avião, uma parte do meu coração embarcou junto – Cebola concluiu com os olhos marejados.

— Cebola, eu passei por tanta coisa aqui, aprendi tanto nesse tempo, eu fui infantil, agi errado também, nós dois erramos, mas te procurei porque quero consertar, quero apagar o passado, quero ser uma pessoa menos egoísta Ce, quero ser feliz, viver oportunidades maravilhosas  – Monica respondeu enxugando uma lágrima que escorreu pelo seu rosto.

— Não sabe o quanto esperei por esse dia, que a gente se reencontrava e eu podia te olhar novamente, conversar, explicar  – Cebola falou sorrindo. – o Marcos nunca cancelou sua inscrição Mo, acho que ele sabia que você tinha que aprender algumas lições e deixou o tempo se encarregar disso.

Monica continuou a chorar quieta apenas escutando.

— Ele me ligou há pouco tempo, propondo que eu estudasse novamente a coreografia, reajustasse, viesse para cá mostrar para ele aprovar e te buscasse para ir embora comigo, e eu não podia permitir que perdesse um de seus sonhos por minha causa – Cebola concluiu sério. – Topei na mesma hora, ele achou meu telefone da vez que liguei pra ele nos registros do celular.

— O Marcos... Como eu amo ele, me conhece tanto – Ela chorou - Realmente Ce nesse tempo eu aprendi muita coisa, eu vi coisas, eu passei por situações... Acho que aprendi a valorizar muito mais tudo que eu amo – Monica concluiu chorosa.

— Então você topa? Dar um gás essa semana e ainda participarmos? – Cebola abriu os braços.

— Quando vamos embora? – Monica perguntou correndo para abraça-lo novamente.

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— Perai, então as meninas sabiam disso? – Monica perguntou enquanto aguardavam o almoço sair no quiosque de frente para o mar, era o seu preferido.

— Em termos, porque falei para Magali que era pra reservar seu lugar lá novamente – Cebola contou risonho.

— Ah, que mancada, não me contaram nada, eu estava sofrendo aqui ok? É um porre a empresa do meu pai, tem o Fabinho que não larga do meu pé, tem a saudade, essas coisas sabe – Monica contou beliscando uma batatinha já posta sobre a mesa.

— O Fabio, é, preciso conversar com ele – Cebola comentou ajustando seu boné Aba reta para frente.

— Não tem nada para conversar com ele Ce, por favor, alias eu que tenho que pensar em como vou falar isso pro meu pai – Monica comentou um tanto tensa.

— Hum, só não vou dar um chacoalhão nele por consideração a você, mas que ele merece um acelero ele merece. Ah e sobre seu pai não posso opinar, também por respeito, cê ta ligada – Cebola concluiu quando os pratos foram colocados sobre a mesa.

— Obrigada – Monica riu - Chegou quando? – Ela perguntou tentando mudar o assunto enquanto se servia.

— Hoje cedo, nunca tinha entrado em um avião, foi tenso – Cebola lembrou passando a mão sobre a barriga -  E voltamos amanhã, então faça o favor de deixar tudo pronto hoje.

— Mas eu nem comprei minha passagem Ce – Monica se alertou, tinha esquecido totalmente desse detalhe.

— Mo, venho combinando isso com o seu professor faz um tempinho – Ele respondeu tirando duas passagens de dentro da carteira.

— Quanto foi? Eu vou te devolver tudo – Monica perguntou o olhando.

— Nem inventa, eu to de boa Mo, minhas coreografias estão sendo reconhecidas, faz um mês que as aulas da Lemon são em cima delas, to começando a ganhar bem pra isso – Cebola contou feliz.

— Bom, então me deixa pelo menos pagar o almoço ok? – Monica se apoiou na mesa lhe dando um selinho e tornou a sentar abrindo um sorriso o admirando, sentia tanta falta dele que perdia um pouco a noção do tempo, ele percebendo, segurou em uma de suas mãos e a acarinhou como se correspondesse a toda aquela saudade.