No Ritmo escrita por JéChaud


Capítulo 57
Brilho nos olhos


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores, tudo bem??!!!
Aqui vai mais um capítulo com muitooo carinho pra vocês ♥ ♥ ♥
Obrigada genteeeeeee sério mesmo, vocês são incriveis, muito obrigada de verdade pelos comentários, favoritos, pelo carinho ♥ ♥ ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/662571/chapter/57

Monica seguiu para a casa pensativa, parou um pouco no quiosque já ladeado do anoitecer, colocou os pés na areia e ficou admirando a maré que balançava calmamente em sua imensidão.

Olhou para uma estrela que brilhava cintilantemente ao longe, como se piscasse para ela, a estrelinha desaparecia e aparecia por entre as nuvens, sentiu um arrepio pelo corpo e uma saudade invadir sua memória...

—-

Cebola abriu a janela do seu quarto após o banho e deitou na cama admirando o céu no seu tom azul escuro, a Lua formava um semi circulo e ao seu lado uma estrela despontava, sozinha, brilhando fortemente, por instantes acreditou que ela o mirava, sentiu um frio pelo corpo e seu coração apertado...

... Era quase que como se alguém do outro lado da estrelinha compartilhasse dessa mesma saudade...

—-

Seguiu para a empresa no outro dia cabisbaixa, aprender a lidar com o fato de que o balé não fazia mais parte de sua carreira profissional foi mais difícil do que imaginou, sempre foi acostumada a ter as coisas que queria, mas dessa vez se sentia cada vez mais longe de seus objetivos.

Estava frustrada, não trabalhava na área que sonhou, não suportava ficar presa em um escritório, não estava junto com o carinha que amava, suas amigas estavam em São Paulo, e a lista só aumentava.

Piorou muito em um dia, uma semana depois desse ocorrido, quando estava saindo da escola junto com seu professor e enquanto esperava uma água de coco que tinha acabado de pedir chegar, duas menininhas a chamaram.

— Tia, Tia – A menor delas puxou uma beiradinha da sua saia rosa de balé.

— Oi?! Eu? – Monica perguntou olhando para baixo, tinham no máximo 8 e 10 anos respectivamente.

— Sim, tia você dança balé? – A menor tornou a perguntar sob protesto da maior.

— Ana, para de ser curiosa – A irmã mais velha a pegou pelo braço.

— Mas você também queria saber – Ana prostestou fazendo a maior corar.

— Não tem problema, eu danço, por que vocês também dançam? – Monica perguntou sorrindo e se agachando para olha-las nos olhos.

— É nosso sonho, mas nossa mamãe não tem dinheiro para pagar pras duas, ai não podemos fazer – Ana contou chateada.

— Mas ela prometeu que quando o papai ganhasse mais dinheiro, iam nos colocar em uma, só que por enquanto não dá – A maior completou admirando.

Marcos e Monica ficaram sem reação, a vontade dela era de abraçar as duas e chorar, mas não podia, tentou pensar em algo pra responder, e uma ideia lhe ocorreu na cabeça.

— Olha tenho certeza que um dia vocês serão grandes bailarinas, por enquanto por que não vão ensaiando em casa? – Monica perguntou se levantando e desamarrando sua saia que vinha por cima de uma leggin da mesma cor – Tó esse é pra você – Ela entregou para a menina mais velha a colocando por cima da roupa dela.

— E esse é pra você – Ela tirou uma sainha preta de dentro da mochila e colocou na menina menor – Coloquem e vão ensaiando juntas, ensinando uma a outra, se ajudando e um dia vão ser grandes e belas bailarinas.

As duas não acreditaram no que tinham acabado de ganhar, correram em direção dela e a abraçaram com força a agradecendo. Monica e o professor as viram se afastar com o sorriso de orelha a orelha indo mostrar os novos presentes para a mãe, e assim que elas sumiram de vista os dois se entreolharam emocionados.

— Acho que hoje nem preciso te falar nada, a sua lição já foi dada – Marcos concluiu pegando a água de coco sobre o balcão.

Monica levou a mão ao rosto respirando profundamente, isso tinha mexido realmente com ela, não pelas saias, longe disso, ela tinha milhões em casa, mas ela se viu naqueles olhares inocentes, desde pequena tinha o sonho de ser bailarina, com o mesmo brilho nos olhos elas a olharam, a diferença é que ela teve todas as oportunidades de estudar nas melhores escolas, prestar para as melhores companhias e mesmo assim agora por um simples capricho jogou tudo isso para o alto, enquanto os pais das irmãs batalhariam duro para eles conseguirem pagar suadamente uma escola de dança.

Ela permitiu que as lágrimas inundassem seu olho no mesmo compasso dos pensamentos em sua cabeça, passava tudo como um filme, ela abrindo mão das oportunidades incríveis que teve por causa de uma coisa que não tinha dado certo.

Como uma faca, ela sentiu uma dor fincar em seu peito, um arrependimento amargo tomar conta de sua boca, tinha perdido a Le Ballet, o Cebola, as amigas, as oportunidades. Marcos a abraçou entendendo tudo que se passava na cabeça da aluna, infelizmente ela teve que aprender dessa forma.

— Professor, não tem nenhuma escola voluntaria para as crianças que não podem pagar pelo ballet? – Monica perguntou assim que recuperada do choro.

— Monica balé é muito caro, nenhuma escola quer ensinar de graça, precisa de patrocionios e de muitos cuidados quando envolve crianças – Marcos contou enquanto voltavam para a escola.

— Mas, tem tanta gente por ai que não tem dinheiro para pagar, mas tem sonhos simples assim, de dançar – Monica choramingou.

— Pois é Moniquinha, infelizmente nem todos pensam assim igual você e muito menos tem as mesmas oportunidades que você teve a vida inteira – Marcos concluiu tentando alfinetar de leve a aluna.

— É... Eu que tive todas as oportunidades que queria e desperdicei – Monica continuou como se sussurrasse.

Marcos a observou atento.

— Eu podia ter me dedicado mais para a audiência e não ter a cancelado só por uma birra minha, continuado a dançar pela Lemon. Professor desde pequena meus pais pagaram as melhores escolas e eu desisti de tudo isso – Monica voltou a lacrimejar levando a mãoa boca como se a ficha do que tinha feito caisse somente naquela hora.

— Não chora filha, as vezes só aprendemos assim, quem sabe agora você valoriza mais as coisas ao seu redor? Sem contar que você ainda é nova pode recomeçar e um dia quando abrir novamente as inscrições da Le Ballet, você tenta novamente– Marcos concluiu como quem resolve uma simples adição.

— Você sabe que eles demoram uns 10 anos para abrir essas oportunidades professor, não acredito que desisti, era minha hora!!! Acho que eu perdi grande parte do meu sonho quando fui embora de São Paulo, o Cebola nunca mais vai querer olhar pra minha cara – Monica lamentou sentindo um pouco do ar lhe faltar.

— Pode ser que não mesmo, mas isso vai te ensinar muita coisa, temos que valorizar as pessoas enquanto as temos do nosso lado – Marcos sorriu docemente para ela – Quando somos novos achamos que palavras não machucam, que decisões podem ser revertidas de uma hora para outra, e com o passar do tempo vamos aprendendo que não é bem assim.

— Poxa, se eu pudesse voltar atrás professor, acho que faria diferente. Ele tentou falar comigo, e eu vi que ele se arrependeu da aposta, mas alguma parte em mim não quis aceitar isso, agora aqui tão distante, vejo o quanto sinto falta, eu não consegui desculpar muito menos ouvir ele, e agora não tenho ideia se ele vai querer me ouvir também – Monica concluiu tornando a apoiar a cabeça sobre as mãos.

— Você nunca vai saber se não tentar, faz um pouco mais de um mês que voltou, já é tempo suficiente para os dois terem abaixado a adrenalina da discussão, e pensado no que realmente querem da vida – Marcos concluiu feliz pela aluna ter percebido a proporção de tudo que aconteceu - Fico feliz Monica que tenha percebido isso observando as situações ao seu redor, as coisas vão muito além do nosso umbigo, e toda ação tem uma reação.

— Pois é professor, aquelas menininhas remexeram tudo aqui dentro, estou com um aperto no coração, me sinto super injusta agora. Vou pensar direitinho a respeito disso tudo – Monica abriu um meio sorriso lacrimejado. – Agora vou embora, preciso dormir que amanha de manhã tenho que estar na empresa, alias isso é outra coisa que não aguento mais também.

Marcos riu e acenou vendo sua aluna preferida sair pela porta e sumir pela rua afora orgulhoso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom pessoal, espero que tenham gostado ♥
Se puderem deixem suas opiniões, são sempre super mega bem vindas ♥

"Es dolor el saber que lo nuestro se puede terminar porque simple y sencillamente nunca he sabido actuar... ♪" Enseñame - RBD

Beijinhos e espero vocês no próximo capítulo ♥ ♥ ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "No Ritmo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.