Saiu do vestiário com sua mochila nas costas, e caminhou a largos passos para não se atrasar, parou bruscamente quando aquela musica da sala do meio o atingiu em cheio.

Era a musica deles, a que eles ensaiavam, voltou alguns passos e espiou por cima do vidro da porta, com um susto viu a Monica arrancando folhas as amassando e jogando fora, continuou a observar encucado e a viu se levantar tentar mais alguns passos de hip hop novos, inclusive que ele nunca tinha visto, agachar e colocar as mãos na testa tentando se acalmar.

Estranhou pois ele sabia que ela tinha mudado de musica, logo que tudo aconteceu ela já decidiu por isso, era compreensível uma vez que a Apologize era extremamente carregada de lembranças.

Foi ai então que percebeu que a menina estava com dificuldades para adaptar a coreografia por ele passada, era claro, ela tinha os passos impecáveis a técnica de arrepiar os jurados, mas a criação dos passos era dele, do professor Marcos, da Alice, ela sempre lhe disse que não tinha muita criatividade para criar coreografias, e ele a tinha abandonado nesse momento, que ela tanto precisava.

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Cebola conteve sua vontade o máximo que conseguiu, e foi realmente um grande esforço, ele sabia que não não podia intervir novamente, sempre que tentava ajuda-lá piorava ainda mais as coisas, abaixou a cabeça e seguiu rumo ao encontro com os meninos.

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Monica desligou as luzes do salão, colocou sua blusa de frio, jogou tudo que tinha levado em sua mala e trancou a porta, estava quase na cantina quando seu celular tocou.

— Alo?! Marquinhos? – Ela atendeu animada vendo que era seu professor.

— Oi Mo tudo bem? – Marcos perguntou preocupado.

— Tudo, estou saindo do ensaio agora – Monica contou acenando para a moça da cantina. 

— E como foi? – Ele perguntou em um tom um pouco mais sério.

—Ah, foi bom – Monica preferiu não contar suas dificuldades, sabia que o professor era ocupado e tinha suas próprias coisas para se preocupar. - Por que?!

— Acho que não foi tão bom assim né mocinha? Estou pensando em pedir uma folga aqui e ir ai, o que acha? – Marcos perguntou.

— Como assim acha que não foi bom? Essa hora não era para você estar dando aula teacher? Por que me ligou? – Monica se atentou, conhecia muito bem seu professor, tinha algo que não estava lhe contando.

— .... Monica, alguém que gosta muito de você, se preocupa e quer ver o seu bem, me ligou e contou tudo o que está acontecendo – Marcos falou rápido entregando o jogo.

— Não acredito – Monica respirou fundo – Não acredito que as meninas te ligaram, vou matar elas, não precisa se preocupar prof, não quero atrapalhar suas coisas ai, eu vou conseguir ajustar a coreografia – Ela lamentou, lembrando que tinha deixado o numero dele com as amigas para emergências.

— Não, não foram elas – Marcos a cortou.

— Como assim? Quem foi?

— Foi o Cebola Monica, não quero que brigue com ele, ele se preocupa de verdade com você, conversou comigo numa boa dizendo que não queria interferir novamente...

— Você só pode estar brincando... – Monica o interrompeu.

— Monica você não é mais criança, ele se preocupa e viu que estava com dificuldade na adaptação da sua coreografia, ele sabe o quanto isso é importante pra você, é seu futuro lembra? A coreografia da Le Ballet pode mudar sua carreira – Marcos a repreendeu.

— Ele não tinha o direito de me espionar – Monica se defendeu.

— Bom, ele foi muito educado e me explicou tudo que se passou, eu entendo o porque está assim Moniquinha, mas não se anule minha linda, por que não escuta ele? Conversa com ele? – Marcos questionou tentando amenizar as coisas.

— Marcos, ele te ligou pra pedir ajuda? Sério? Pra você me convencer a desculpar ele? Ele me enganou sabia? Eu gostei dele de verdade e ele estava apostando o meu sentimento – Monica alterou um pouco a voz já com vontade de desligar.

— Monica você nunca errou? Porque ele se arrependeu, eu não estou o defendendo e ele não me pediu para te ligar, ele só me disse que estava preocupado...

— Vou desligar – Monica o cortou com os olhos lacrimejados.

— Quando foi que eu te dei algum conselho ruim?! Para te magoar? Eu te amo Monica, quero te ver feliz – Marcos a confortou já percebendo o choro que vinha na voz carregada da menina.

— Eu não quero falar sobre isso professor, vou desligar beijinhos – Monica se despediu melancólica desligando logo após.

Correu para sua casa o mais rápido que conseguiu, pensando em quantas vezes o Cebola poderia estar a olhando pela janela e ela nem percebeu, por alguns instante quis sorrir com a preocupação do garoto, mas logo após lembrava-se que ele não tinha o direito de se meter e muito menos de contar ao seu professor o que viu, era lógico que Marcos se preocuparia, ainda mais com o Cebola ligando sendo que nunca nem falou com ele... Perai, Cebola ligando?

— Alo? – Marcos atendeu estranhando o retorno rápido.

— Como ele tem seu número? – Monica perguntou sem se apresentar, era lógico que ele sabia que era ela.

— Que?

— Como ele tem seu número professor? Eu nunca passei – Monica começou a repassar na memória todos os momentos que conversaram sobre o Marcos.

— Ah, Monica provavelmente pegou com alguma amiga sua que tenha – Marcos respondeu com tranqüilidade.

— Ta bom, beijos – Ela se despediu novamente desligando.

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Chegou em casa em dois pulos, abriu a porta e mirou as duas amigas que riam juntas assistindo a alguma série que Monica não conseguiu identificar.

— Boa noite dona sumida – Magali a cumprimentou rindo.

— Boa noite meninas, preciso falar com vocês – Monica falou entrando na casa.

— Fui eu Mo – Denise se prontificou antes que qualquer coisa fosse dita.

— Por que De? Ele não tem o direito de fazer isso, ele se mete em tudo que eu faço – Monica choramingou largando sua mala no chão.

— Mo, o menino está preocupado, e nós também estamos, sabemos o quanto isso é importante pra você e somos suas amigas, não vamos deixar você se afundar porque está triste – Denise respondeu dando pause no filme.

Magali olhava tudo quieta, não sabia do que se tratava mas sabia que não era hora de intervir, apenas concordou com a Denise que estavam preocupadas com a amiga.

— Meninas, eu vou conseguir fazer outra coreografia sozinha, meu professor não precisava saber disso, agradeço muito por se preocuparem mas quanto mais o Cebola se envolve, mais eu me machuco – Monica concluiu saindo da sala e se trancando no quarto.

Denise e Magali balançaram a cabeça negativamente e acompanharam com o olhar até a amiga sumir de vista. Sabiam que aquele orgulho no qual a impedia de conversar com ele, estava machucando muito mais ela do que ela admitia.

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Cebola chegou correndo no futebol, os times já aqueciam e foi o Cascão que veio bravo em sua direção.

— Po careca, achei que não vinha mais, íamos ficar com um a menos, e hoje é bem contra o time do Laranjal – Ele reclamou entregando a camisa do amigo. – Se troca rápido, o juiz vai começar.

— Vou me trocar correndo, tive que fazer umas coisas antes mals – Cebola correu para o vestiário cansado.

Jogou sua mochila em um canto e apoiou seu celular sobre ela, na tela dava para ler claramente a mensagem recém enviada para o Marcos.

— Conseguiu falar com ela? Você vem para ajuda-lá?! Só quero que ela fique bem e seja feliz, ao contrário do que eu lhe causei, assim que ela passar eu sumo da vida dela. Abraço!