— Julinha é muito gata – Um dos amigos deles comentou enxugando o suor que escorria.

— É mesmo, mas ando meio ocupado, fala pra ela que um dia quem sabe, vou ver na minha agenda – Cebola respondeu desinteressado enquanto arrumava seu cabelo.

— Ah cara, você não muda mesmo – Cascão comentou rindo - Alias, o Ricardo vai comprar seu skate final de semana que vem, sabe né tivemos que esperar receber e tal, mas o dinheiro já está com ele, a não ser que queira receber o dinheiro.

— Ah relaxa, nem to tão encanado com isso – Cebola respondeu se levantando para voltar ao campo – Bora voltar a jogar.

Cascão, Ricardo e Xaveco se entreolharam, sabiam que esse skate era desejo do amigo há muito tempo, preferiram não comentar por hora, saíram do banco rumo a quadra para continuar a partida.

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— Que tal irmos para o Rio?! – Monica propôs no mês que se seguiu em um domingo a tarde, enquanto jogavam vídeo game no salão de jogos do prédio em  que elas moravam.

— Sério? – Cebola perguntou dando pause no jogo e a olhando surpreso soltando o controle.

— Sim, vamos?! Você conhece meu habitat natural haha, as praias de lá, meus amigos, minha escola de dança, meu professor Marcos que eu amo tanto e meus pais – Monica comentou sentindo uma euforia tomar conta das suas veias.

— Opa, conhecer o sogrão, tai, curti, será que ele se amarra em moto? – Cebola brincou lhe dando um selinho.

— Sinta se importante viu, nunca apresentei nenhum carinha pro meu pai, meu ex foi quase, mas não rolou – Monica respondeu pousando outro beijinho na sua bochecha.

— Ual, que responsa, mas perai quantos outros carinhas você teve hein? – Cebola questionou cruzando os braços - Quero o nome e sobrenome de todos.

— Ihhh nem vem – Monica riu – Você não vai tirar satisfações de um por um, nem sonha hahaha.

— Hum, como adivinhou?! Ahh por falar nisso, vou conhecer aquele tal de Fabio? Quero ter um papo sério com ele – Cebola perguntou ansioso – Já sei até o assunto que vou tratar.

— Não inventa Ce, pra começar, se você se meter com ele, meu pai já vai torcer o nariz, você tem que conquistar o Sr. Sousa aos poucos sabe rs digamos que ele seja meio difícil, mas no fundo só quer me ver bem e é um amor de pessoa – Monica explicou preocupada.

— Só vou fazer isso porque vale a pena – Cebola concluiu a envolvendo em um daqueles beijos que lhe tiravam o fôlego.

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Ter sua coreografia sob controle, já deixava boa parte do seu humor tranqüilo, estava ficando incrível, e dançar com ele deixava mais espetacular ainda.

A festa das multinacionais na qual tinham sido chamados para dançar, já era no mês que vem e Monica começou a ficar pilhada, como sempre ficava antes de apresentações. No final de semana anterior inventou de ir procurar as roupas para eles se apresentarem mesmo sob protesto do Cebola que não suportava ficar em lojas esperando, no final das contas ela encontrou tudo na primeira que entrou, iria dançar de vestido preto e dourado, comprou mais uma sapatilha preta e ele escolheu um boné com detalhes em dourado para combinar com a sua roupa.

Até a diretora da ONG encontrava se empolgada com a divulgação que a ação traria, isso com certeza ajudaria a associação em momentos difíceis como o que estavam passando.

Durante um dia inteiro atendiam a mais de trezentas crianças no local, entre almoço, brincadeiras, aprendizagem, banho e café da tarde, no final do mês as contas vinham altissimas, mas sempre conseguiam pagar, porém, quando algum patrocinador desistia ou deixava de colaborar, como o que tinha acontecido naquele ano, eles tinham que apertar os custos para arcarem com todas as obrigações. 

Mesmo em meio a dificuldades e apertos, nunca desistiam, sabiam que era muito mais que um lugar para as crianças ficarem, era uma ONG recheada de sonhos, muita criança ali sonhava em se tornar um grande jogador, uma grande cantora, um grande dançarino, outras não tinham comida em casa, ou lugar para ficar quando as mães saiam para trabalhar, e ver o sorriso no rosto delas não tinha preço.

Cebola conheceu o lugar através de um estágio oferecido pela Lemon, ele começou a estudar dança e logo no segundo semestre em que estava lá, a ONG divulgou vagas abertas para professores de dança, Ricardo vendo que seu melhor aluno se interessava decidiu o inscrever, e ele passou, começou então a estagiar como professor das crianças, vendo que a diretora da ONG gostou, fechou um contrato e desde então nunca mais saiu.

Ele já tinha combinado tudo com o contratante, e o dinheiro que ganhariam ajudaria bastante a organização a cumprir com algumas obrigações, já tinham providenciado panfletos para distribuírem sobre patrocínio para a ONG, e tudo estava sob controle.

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— Chamei ele pra conhecer meus pais – Monica contou para as amigas que a olharam incrédulas.

— Que?! Não acredito, que demais, quando vão assumir namoro hein?! Vai pra dois meses que estão juntinhos já – Magali perguntou animada.

— Maga nem todos são rápidos iguais o Cascão, que já te pediu em namoro na segunda semana que estavam saindo – Monica respondeu rindo e deitando a cabeça no colo da amiga.

— Ahhh, é que ele disse que estava muito ansioso por isso, e achei fofo sabe – Magali concluiu olhando com um sorriso sua aliança que brilhava sob a luz branca do quarto.

— Parece coisa de novela né?! Nós três namorando três amigos que andam juntos – Denise comentou enquanto mexia no celular. – Alias Maga como está com o Cas?!

— Estamos bem gente, ainda não tivemos nenhuma discussãozinha nem nada, ele é super fofo, sem contar que nossos pais amaram a ideia né?! Já se conhecem há um tempão e tals... – Magali explicou fazendo com que o pensamento da Monica voasse para longe, para os braços de outra família, a dos Menezes.

Ela começou a imaginar como seria quando conhecesse os pais dele, já tinha os visto uma vez de longe, acenado uma outra vez, mas nada de conversar, será que eles gostariam dela?!

Era muito estranha essa sensação de ansiedade sob tudo que estava acontecendo, ela estava amando, era tão intenso tudo isso, sentia tanta vontade de falar com ele quando estavam longe, e os minutos que precediam seus encontros eram sempre carregados de saudade.

Tinham muito mais beijos do que ensaio atualmente, mas isso fazia com que a coreografia ficasse mais intensa e divertida, se arrepiava a cada passo junto que faziam, sabia que passar isso para a platéia com certeza seria sensacional, o envolvimento do bailarino com a musica e o parceiro torna a coreografia muito mais bonita.

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— Quando vou conhece lá? – Maria perguntou assim que o irmão chegou em casa, trazendo um par de luvas rosa pendurados na bolsa.

— Quem pirralha? – Cebola perguntou jogando a mochila no chão do seu quarto.

— A Monica ueh, já sei que faz um tempo que estão saindo, e quero conhece lá, ver se eu aprovo – Maria riu sentando a mesa enquanto ele comia alguma coisa da geladeira.

— Você não perde um lance hein, o menina esperta, faz assim vou te apresentar ela ta bom?! Tenho certeza que vai se amarrar – Cebola respondeu fechando a geladeira e a acompanhando na mesa – Vamos para o Rio de Janeiro conhecer a cidade dela no começo do mês que vem.

— Ta gostando de verdade dela né Ce? – Maria perguntou cutucando o cereal do irmão.

Cebola tirou o boné e coçou a cabeça, decidindo rapidamente o que falar...

— To pirralha, não sei nem por que to te contando isso, mas to estranhão, nunca pensei que ficaria assim por alguma menina – Ele por fim se rendeu.

— Ah maninho, eu cresci, eu já entendo dessas coisas, e acho legal que você ta gostando de alguém de verdade, antes cada dia ligava uma aqui em casa atrás de você, hoje eu só vejo você suspirando pela tal Monica – Maria comentou rindo.

— É você cresceu mesmo, mas preferia quando era pequenininha, assim não ficava no meu pé cuidando da minha vida hahahaha – Cebola brincou fazendo cócegas em sua barriga.

— Eu sei que você me ama, alias, eu tenho um namoradinho pra te apresentar também – Maria comentou.

— Que?! Que história é essa?! O pai sabe disso? – Cebola perguntou se levantando da mesa.

— Calma é brincadeira hahaha, mas agora serio, quero muito conhecer a Monica, e fico feliz que você esteja vivendo isso, amar e ser amado é realmente incrível – Maria concluiu lhe dando um beijo na testa e saindo da cozinha.

Cebola pronunciou aquelas últimas palavras ditas por alguns segundos antes delas se dissolverem no ar...

Amar...