Anjo das Trevas escrita por Elvish Song


Capítulo 15
Desejo


Notas iniciais do capítulo

Bom, com alguns dias de atraso, devido ao Natal, aqui está o próximo capítulo. Teremos uma cena que vai deixar as meninas realmente felizes! Espero que gostem, e nos vemos nas notas finais. Kisses!



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Annika vestiu a calça e a camisa que usava no dia em que havia vindo para o sobrado; dando um beijo em Gabrielle - que ainda dormia após terem ficado acordadas até de madrugada, lendo – a jovem saiu do quarto e, cuidando para não fazer barulho, deixou a casa. Seguiu a passos rápidos pelas ruas, agora livres da neve no início da primavera, trazendo um sorriso no rosto: havia tempos que não entrava numa daquelas brincadeiras, onde os Garotos do Beco se juntavam a outros rapazes de rua para lutas amistosas, que visavam a treinar os que participavam dos clubes de luta. Ela era a única mulher, e entrara naquilo não porque pretendesse participar de algum clube, mas para aprender a se defender, se necessário, numa época onde ainda tinha esperanças de matar Lucian para recuperar a liberdade. Agora, porém, estava indo apenas para responder ao desafio de Renard, e provar a ele que ainda era a mesma mulher que corria com os garotos, capaz de pular pelos telhados e brigar com as mãos nuas.

Não demorou muito para chegar ao velho barracão, onde Renard, Miguel, Charles, Jean – um garoto de dezesseis anos, com cabelos louros, curtos e arrepiados – e Claude – de quinze anos, moreno e bronzeado, com estatura elevada e porte avantajado – a aguardavam. Havia um sorriso atrevido nos rostos de todos quando Claude comentou:

– Achei que não ia aparecer. – e apontando para ela – está até parecendo consigo mesma, de novo! Da última vez que a vi no sobrado de seu patrão, achei que se tratava de uma dama refinada!

– Vai engolir essas palavras, Urso – respondeu a jovem, referindo-se ao amigo pelo apelido que ele ganhara, devido ao porte avantajado.

– E é você quem vai me fazer engoli-las, ratinha? – ele usou a mesma técnica para provocar a amiga. Renard, rindo, declarou:

– Hoje, quem luta com o raio de sol sou eu. – e para Annie – sem facas, cordas ou pedras, ouviu? E nada de golpes na cabeça.

– Não preciso disso para acabar com você. – devolveu ela, enquanto o grupo seguia aos risos e brincadeiras até um cruzamento próximo, muito pouco movimentado, onde costumavam fazer aquelas brincadeiras. Como estavam acostumados a fazer, os que não iam lutar fizeram um círculo para delimitar o espaço de “combate”, enquanto a mulher e o garoto ruivo tomavam posição, encarando um ao outro. Reanard tirou a camisa, e Annika arregaçou as mangas para ter mãos e braços livres, bem como chutou longe os sapatos surrados. Deram alguns passos para um lado e para outro, medindo-se, até que o ruivo perguntou:

– com medo, ratinha?

– Você é quem devia estar, raposa. – com essas palavras, avançou como um raio contra o amigo, tentando derrubá-lo com o impacto. Renard pulou para fora de seu caminho e golpeou as costas dela com a mão aberta, para desequilibrá-la; ela caiu de bruços e rolou, chutando a parte posterior da perna do amigo, que caiu de joelhos. No segundo que levou para se recuperar, a moça já estava em pé e chutou-lhe o peito; não era páreo, contudo, para a força de Renard, que lhe segurou o pé e a puxou, derrubando-a de costas.

Os outros Garotos do Beco, somados a quatro ou cinco amigos que se haviam juntado para assistir à brincadeira, torciam e faziam suas apostas. Renard sentara sobre as pernas de Annie e tentava imobilizá-la, mas a moça era esquiva como um peixe: soltou as pernas e as envolveu na cintura do amigo, rolando o corpo depressa. Agora, era Renard quem estava por baixo, mas não havia como Annika imobilizá-lo daquele modo. Ela saltou para trás, deixando que ele se erguesse, e a luta prosseguiu.

Trocaram golpes e contragolpes, ora derrubando um, ora derrubando outro, mas mantendo certo equilíbrio. Renard conseguiu torcer o braço de Annie para trás, e um chute no joelho o fez soltá-la; uma rasteira o derrubou outra vez, mas de lado, e a jovem se empoleirou nas costas do amigo, dando-lhe uma chave de pescoço, sem piedade.

– Certo, Annie, certo! Você ganhou! Você ganhou! – exclamou ele, sentindo a respiração difícil. Annika se tornara mais forte e mais pesada! Talvez não devesse ter aliviado para ela...

A criada saiu de cima do ladrão com um sorriso atrevido, vitorioso; tinha vários hematomas nos braços, e certamente haveria mais pelo corpo, mas eram pequenos. Uma esfoladura na base do pescoço e outra na mão, um pequeno corte no antebraço, mas estava feliz! Adorava seus amigos das ruas, e estar com eles novamente era uma enorme alegria! Todos a congratulavam, confirmando que ela era uma deles.

Seu sorriso, contudo, morreu quando ouviu uma voz grave – voz que já conhecia muito bem – chamar seu nome:

– Annika, venha. – todos se voltaram na direção da voz, e divisou-se a imagem de um homem de negro, mascarado, sobre um cavalo igualmente preto. Era imponente, com assustadores olhos dourados que poderiam matar um homem só com o olhar. A moça deu um suspirou irritado e revirou os olhos, o que fez o homem insistir:

– Venha, agora. Isso é uma ordem.

– Você não tem mais ninguém para aborrecer? – perguntou ela, irritada.

– Tenho uma criada que se comporta como um moleque das ruas, envergonhando-me de seu comportamento. EU estou aborrecido. – devolveu o mascarado, descendo do cavalo. Claude se colocou à frente do homem, surpreendendo-se ao ver que era mais baixo que o recém-chegado, embora fosse mais largo e musculoso. O homem de negro, porém, o fuzilou com aquele olhar hipnótico, e sibilou – Saia de meu caminho, rapaz. Meu assunto é com Annika.

Claude teria enfrentado o Fantasma, mas a jovem loura o afastou ao ver seu amo desenrolar do pulso um cordão negro com aros de metal nas pontas, e disse:

– Não, Claude. Ele mataria você em quinze segundos. – e assim dizendo, ficou frente a frente com seu patrão, enfrentando-o numa cena quase cômica, devido à coragem com que a dama esguia e de aparência delicada confrontava o alto e ameaçador estranho – Tornou-se minha ama-seca, agora?

– Você vai voltar para casa comigo, agora.

– Pode ser meu patrão, mas não é meu pai, nem meu marido! Eu tenho uma vida, Monsieur!

– Você me pertence, Annika. Já se esqueceu? – rosnou ele, segurando delicadamente o rosto da moça – Suba naquele cavalo enquanto ainda tenho alguma paciência, ou vou arrastá-la até ele e jogá-la na sela.

Renard se aproximou e dirigiu-se à amiga, com tom despreocupado:

– Quer que nos livremos dele para você, Annie? Seria um prazer.

– Vocês podem tentar, garoto. – a voz de Erik era ameaçadora.

– Não. – ela foi rápida, seca e incisiva – Meninos, vocês acabariam numa vala. – ela deu um beijo no rosto do rapaz, que tinha um corte na sobrancelha decorrente da brincadeira com a amiga, e se despediu – nos vemos logo, rapazes.

Com ares de poucos amigos, ela passou por Erik em direção a César, e sussurrou antes de montar o cavalo:

– Eu odeio você.

Com um sorriso satisfeito, o Fantasma montou atrás da jovem e a segurou firmemente pela cintura, incitando a montaria. Observando o modo como o patrão de sua amiga agia, Renard se voltou para Claude e sussurrou:

– Ele também se apaixonou por ela. Que Deus nos livre de ver as brigas entre esses dois... Vão matar um ao outro antes de aceitarem isso.

– Você quer dizer que Annika vai matar o patrão dela, quando perceber isso. Literalmente.

– Dá no mesmo. – o ruivo meneou a cabeça, conhecendo bem o temperamento e a confusão mental de sua melhor amiga - Ele vai acordar com uma faca enterrada no pescoço, mais dia, menos dia. Esse homem que não se cuide, e acabará num caixão.

*

Erik obrigou Annika a descer do cavalo, e pediu a Gabrielle que levasse César ao estábulo. Ao ver a irmã com alguns hematomas, vestida de homem, a menina perguntou com ironia:

– Clube de luta? É sério?

– Estava só me divertindo – respondeu a mais velha, lançando um olhar fuzilante para Erik. – Mas alguém adorou interromper.

– Gabrielle, apenas leve César, e volte logo. Tenho de conversar com sua irmã.

A menina tomou as rédeas do garanhão e subiu à sela, perguntando:

– Vou encontrar ambos vivos?

– Apenas vá. – ordenou o Fantasma, com uma impaciência que geralmente não demonstrava para com Gabrielle. Enquanto a menina fazia o que lhe fora ordenado, o músico arrastou sua serva para dentro, pelo braço, ignorando a resistência dela.

Como se lidasse com uma criança, ele a arrastou até o quarto das moças e a sentou na cama: estava antes zangado do que com raiva – embora houvesse raiva, é claro – quando perguntou:

– O que pensa que estava fazendo?

– Posso ser sua escrava, Fantasma, mas não estava fazendo nada de errado! – respondeu ela, soltando-se das mãos dele. – Era só uma brincadeira!

– Brincadeira? Olhe só para você! Coberta de hematomas, esfolados e arranhões, rolando pelo chão aos socos com um rato de rua qualquer!

– Nunca mais se refira a Renard desse modo – havia tanto perigo na voz da moça, que o Fantasma quase se encolheu ao ver os olhos azuis se tornarem cor de violeta, enquanto ela se levantava – foi graças à ajuda dele que sobrevivi. Foi por causa de sua ajuda que, muitas vezes, pude impedir que Gabrielle fosse violentada... Não se atreva a falar contra Renard!

– Muito bem – concordou o Fantasma, irado – não falarei sobre seu amante de cabelos ruivos; mas você não tornará a cometer este tipo de ato! Agora, é minha serva, e não vou admitir que brigue pelas ruas vestida como... Com trapos! Rolando no chão, trocando socos com um homem, isso é... – ele puxou as mãos dela, olhando para os ferimentos – ah, olhe só para isso! O que pensa que estava fazendo?!

– Não é de sua conta – ela se levantou e afastou-se do Fantasma – sou sua escrava, mas não pode controlar cada aspecto de minha vida, Erik Destler! Cresci nas ruas, e é lá que estão meus amigos. Foi lá que aprendi a sobreviver, e a me proteger! Pode me tirar das ruas, mas não pode tirar as ruas de mim! Essa liberdade, esse gosto por brincadeiras brutas... – ela se virou para ele com raiva, e lágrimas retidas nos olhos – Porque é isso o que eu sou: um rato da rua!

Erik ficou emudecido ante as palavras da jovem: não havia mentira ou manipulação nelas... Annika realmente acreditava no que dizia! Ela realmente via a si mesma como uma proscrita, como um dos tantos que se escondem em becos e nos esgotos, vivendo de crimes. Por mais culta e orgulhosa que se houvesse mantido, para tentar se manter acima de tudo o que lhe acontecera, muito daquele submundo lhe penetrara a alma... Dividido entre a raiva por ser confrontado, e a pena por saber exatamente como a moça se sentia – uma vez que era o que ele próprio trazia no peito – aproximou-se da jovem, que se apoiara sobre a cômoda do quarto, fitando a parede, e a segurou pelos ombros:

– Nunca mais repita que é isso o que você é. – ele a virou para si – isso é o que fizeram com você.

– Que se dane! – será que aquela mulher não chorava nunca?! As lágrimas estavam claramente em seus olhos, mas ele não verteu uma sequer! – Gostando ou não da vida que levava, aqueles garotos, um dos quais vocês acusou absurdamente de ser meu amante, foram a minha família. Eles me deram suporte quando eu não tinha mais forças. Consolaram-me, ajudaram-me a cuidar de minha irmãzinha... Essas brincadeiras, que vocês tão grosseiramente interrompeu, eram os poucos momentos de felicidade que eu tinha, com a única família que conheci.

– Não precisa mais deles. – o Fantasma acariciou o rosto pálido - Não precisa mais se portar como uma proscrita. Agora você tem a mim, e eu velo por você e por sua irmã.

– PRECISAR?! – ela empurrou o Fantasma com as duas mãos, furiosa – Eu não PRECISO de ninguém, Monsieur! Eu AMO cada um daqueles meninos, tanto quanto amo Gabrielle! Amor não é algo que se descarte, algo que simplesmente se esqueça porque a pessoa não lhe é mais útil! Isso é... – ela bufou, furiosa demais para encontrar palavras – você é um cretino! Suas palavras mostram o quanto sabe sobre amor! Eu me pergunto se você realmente amou Christine, ou se apenas queria um brinquedinho para se divertir!

Ela soube que tinha ido longe demais quando as costas da mão de Erik estalaram em sua bochecha, jogando-a na cama. Ela se virou para fita-lo e, para seu terror e surpresa, seu patrão se colocou sobre ela, prendendo-lhe os braços acima da cabeça, apertando com força enquanto dizia num tom extremamente perigoso:

– Você se ATREVE a mencionar Christine?! Nunca, eu disse NUNCA, mencione o nome dela!

– Se pretendia tratá-la deste modo, Monsieur – devolveu Annika, sem se deixar intimidar – Então a pobre moça fez bem em fugir! Você é louco, e só traria dor e lágrimas para aquela menina!

Aquelas palavras pareceram atingir o Fantasma com mais força do que o murro de um homem. Ele soltou Annika e saiu de cima dela, ofegante, como se uma dor intensa o acometesse; havia tanta dor e tristeza em seus olhos, que ele sequer parecia o homem que a ameaçava há segundos! Como se fosse um menino bronqueado pela mãe, caiu de joelhos no chão e falou, a voz embargada:

– Meu Anjo se foi... Eu não a merecia... Sou um monstro! Um monstro! Machuco tudo o que toco, magoei a única pessoa que se dedicou a mim! Eu não merecia o amor dela! Não mereço o amor de ninguém! Sou uma gárgula! Deviam ter-me afogado ao nascer, e então não teria machucado ninguém!

Vendo aquela cena, tão confusa e tão inesperada, Annika chegou a se esquecer do tapa – que ainda fazia seu rosto latejar. Ergueu-se da cama e foi devagar até seu amo, subitamente apiedada dele... O que teria havido com aquele homem? Que males haveriam feito àquela pobre criatura, para mergulhar sua mente em trevas e torcer-lhe a personalidade daquele modo? Ela não sabia sobre o passado de Erik... Tudo o que sabia era que suas palavras o haviam atingido em cheio, e vê-lo tão vulnerável, tão ferido, apenas a deixava culpada e triste. Ao seu próprio modo louco, o músico era bom para ela e para Gabrielle...

Incerta quanto ao que fazer, ela se ajoelhou ao lado dele, sem tocá-lo:

– Monsieur... Perdoe-me. Eu não quis magoá-lo... Estava com raiva, e falei o que nunca poderia ter dito. – ele tirou as mãos da frente do rosto, e seus olhos dourados estavam verdes, com a tristeza – E o senhor não é um monstro. Só é um pouco... Irritado... Mas não é um monstro.

– Como pode dizer isso? – ele não a tocou, embora desejasse fazê-lo. O toque de Annika fazia com que se sentisse aconchegado e sereno, mas não teria coragem de encostar na jovem, após ter batido nela. Por Deus, o que fizera?! Ele batera em uma mulher, outra vez! Estava perdendo a pouca honra que havia mantido em sua vida!

– Conheci muitos monstros, meu senhor, e o senhor não é um. – ela mesma estava confusa: poderia ter golpeado Erik com um atiçador em brasa, apenas uns minutos atrás, e agora o abraçava e o confortava. Suas emoções também não eram muito estáveis, pelo visto... – Perdoe-me pelo que eu disse, eu... Só não quero vê-lo magoado. Se seu Anjo se foi, é porque não soube ver além de sua raiva... Ela não soube ver o homem bom que o senhor é, então, era ela quem não o merecia.

Como Erik continuava de joelhos, arrasado, Annika fez a única coisa que lhe ocorreu: sem hesitar nem demonstrar receio – embora temesse uma reação violenta da parte dele – passou os braços ao redor dos ombros fortes e o abraçou com força, deitando a cabeça na curva do pescoço dele, sentindo o delicioso perfume almiscarado, a força dos músculos sob a pele, a frieza do corpo que parecia raramente se aquecer. Era estranho, e era maravilhoso, simplesmente por tratar-se de Erik. Ah, certo: estava apaixonada por ele. Nunca admitiria em voz alta, mas já não havia como negar a si mesma que se apaixonara por aquele homem.

Após longos segundos de incredulidade, sem crer que a moça realmente o tocava daquele modo, tão sem medo, mesmo depois de ele a ter agredido, o Fantasma se rendeu. Sua alma ansiava por um pouco de carinho, por um pouco de amor, e aquele abraço quente, dado espontaneamente – ao contrário de Christine, que só o tocara para salvar o maldito Raoul – derreteu o gelo em seu coração, fazendo-o retribuir. Seus braços trêmulos envolveram o corpo da moça e a puxaram para junto de si, num gesto que não tinha nada de desejo, mas apenas da necessidade de amor inerente a todo ser. Uma necessidade que ninguém jamais suprira e que, naquele momento, Annika atendia tão prontamente. E pela primeira vez, ele esqueceu totalmente de Christine: tudo o que queria era Annika, e aquele abraço tão maravilhoso que fazia ir embora todas as lembranças de dor e desespero, de vergonha, de medo... Era como estar nos braços de uma deusa benevolente...

– Perdoe-me, Annika. – pediu ele – perdoe-me, por favor! A raiva me domina, e não sei o que faço... Eu nunca poderia ter batido em... – ele ia se desculpar, mas não conseguiu terminar: a moça passou os braços por seu pescoço e, num gesto extremamente delicado, pousou seus lábios sobre os dele. Erik tremia e segurava as lágrimas, sentindo os lábios macios da mulher se moverem suavemente sobre os seus, até que ele mesmo começou a corresponder. Suas bocas se moviam em sincronia, as línguas dançando juntas... Para o Fantasma, os lábios da jovem eram doces como mel, e seus cabelos dourados exalavam o aroma das rosas com que ela gostava de mexer; linda, irresistível, provocando as mais inesperadas reações em sua mente e corpo. Para Annie, o beijo de Erik era como um sopro de ar fresco após uma longa prisão, reanimando um coração que, de tanto sofrer, se havia partido e quase parado de bater.

Perderam-se por um longo tempo naquele beijo intenso; Erik puxou a mulher para seu colo, e Annika sentiu a excitação dele... Sentiu, mas não teve medo, como costumava ter; ao contrário, aquilo despertou em seu âmago chamas que ela não sabia existirem. O beijo se tornou mais urgente, mais fogoso, enquanto carícias hesitantes começavam a ser trocadas... Nenhum dos dois tinha controle dos próprios atos, e já não se importavam com as consequências: a atração e o desejo eram fortes demais para serem negados. Haviam sido reprimidos por meses, e agora despertavam com força avassaladora!

Foi a voz de Gabrielle, contudo, que veio trazê-los de volta à realidade:

– Annie! Mestre! – O espanto estava claro na voz da menina, que os fitava com olhos arregalados.

Pegos de surpresa, o Fantasma e sua criada se afastaram, constrangidos; ele fechou o casaco – quando fora que o abrira? – e se levantou do chão enquanto Annika recuperava o fôlego e baixava a camisa, erguida até os seios. Aquela situação não podia ficar mais constrangedora!

– Gabrielle! – exclamou Annika, levantando-se também, as faces muito ruborizadas, arfante após o beijo intenso – Não é o que está pensando...

– Annika – gesticulou a menina, muda de espanto – cresci num bordel. Não me venha dizer que entendi errado!

Profundamente envergonhado, Erik nada disse, nem sequer sustentou o olhar da menina. Fechando a capa, deixou o quarto velozmente, enquanto as duas irmãs ali permaneciam, com um silêncio estranho no ar.


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Notas finais do capítulo

Peguei vocês! HAHAHAHHA! Deixei alguém frustrada? kkkkkk. Gabrielle vai para a lista de empatas do século!
Depois de mais uma briga, Erik e Annie parecem ter se acertado, ao menos em parte. E o que acharam de Annika sendo Annika, e brincando de luta com Renard?
Esperando que tenham se divertido, me despeço com beijos grandes
Até o próximo capítulo!



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