Narrado por Charlie.

Com toda sinceridade, confesso que não esperava encontrá-lo na minha casa.

Por alguns segundos esqueci de tudo o que estávamos enfrentando e olhei em seus olhos. – desejei mais do que nunca que isso tudo fosse um sonho ruim e que estava prestes a acordar.

Mas não era apenas um pesadelo, era real.

E foi quando cai novamente na realidade – que virei o meu rosto bruscamente, quebrando todo e qualquer contato visual com ele.

Foquei no que estava acontecendo ao meu redor.

Meu irmão, estava com um grande buquê de rosas vermelhas em seus braços, Jas olhava apaixonada e admirada para ele, que caminhou até onde estávamos e entregou a ela o buquê.

— Jas, você aceita ir ao baile comigo? – perguntou.

— É claro que sim! – ela respondeu com os olhos cheios de lágrimas e um sorriso enorme no rosto.

Jas deu o buquê para que Katie segurasse, ela abraçou Cody e falou que o amava, recebendo tudo de volta da forma mais recíproca e sincera.

Olhei para os dois e sorri, eu estava feliz por eles – mas repentinamente fui abatida por uma tristeza que eu não sabia como controlar.

Eu não estava com inveja dos dois, mas pensei que talvez pudesse ser nós dois também – tirando o buquê, pois não sou fã de exageros.

Mas o que quero dizer, é que nós também poderíamos ir ao baile juntos, que nós também poderíamos estar felizes por uma simples coisas, que poderíamos ser tantas coisas e não fomos, nós não fomos nada.

Tommy ainda me olhava, e eu não pude mais ficar ali, estava insuportável manter a pose de que “estava tudo bem”.

Andei o mais rápido que pude até as escadas – tive que passar por ele e mais uma vez nossos olhares se encontraram.

Vi sua boca se abri como se ele fosse me dizer algo, mas nenhuma palavra saiu.

Entrei no meu quarto e me sentei na cama deixando que as lágrimas descessem por minhas bochechas.

Porque acabamos assim? – pensei enquanto permitia que o choro viesse sem pudor.

Alguns minutos se passaram até que eu escutei batidas na porta, não respondi e nem me levantei para atender.

Depois da segunda batida Katie entrou.

— Ah meu Deus! – ela veio até mim abraçando-me sem jeito. – o que houve Charlie?

— Eu não aguento mais Katie! – falei sendo sincera – isso está me matando! 

— Gostar dele? – ela perguntou calmamente – quem sabe se você colocar isso pra fora, não melhore…?!

— Eu gosto dele Katie! Eu acho que o amo… – deixei as palavras saírem sem culpa.

— Eu sei disso…

— Mas não consigo perdoa-lo, ele me machucou muito, eu me sinto despedaçada por dentro! – falei – eu só queria nunca ter me apaixonado por ele! – falei.

— Charlie eu sei que ele te machucou muito! Eu conheço o Tommy… Ele nunca soube lidar com os sentimentos muito bem…. – falou, Katie parecia querer me contar algo, mas era como se não pudesse.

— O que quer dizer? Que eu devo esquecer tudo o que ele me fez? – perguntei levemente magoada.

— Não! O que quero dizer é que isso não é culpa sua! E que tudo o que aconteceu é pelo fato dele não saber lidar com o que sente. Tommy sempre se privou de sentimentos como o amor, Charlie! – falou – talvez você deveria tentar ver as coisas de um outro ponto de vista! E aí quem sabe você entenda que também não é fácil pra ele! E talvez você possa perdoa-lo. – Katie falou como se tivesse guardado isso por muito tempo.

— O que você quer dizer com “não saber lidar com os sentimentos”? – perguntei, as lágrimas já não desciam mais e eu estava mais calma.

— Coisas aconteceram com ele Charlie, e não, eu não posso dizer o que é! Mas eu conheço alguém que te contaria tudo o que precisa saber… – disse.

— Quem? – perguntei curiosa.

— Molly. – Katie falou receosa – acho que ela também está esperando por essa conversa. 

— Eu não sei se posso… – falei com certa dúvida.

— Você precisa saber! Eu dei minha palavra a ele que não contaria… – falou.

Suspirei pensando no que ela havia me falado – o que quer que fosse, esse “segredo” o afetava muito.

Ficamos um tempo aqui no meu quarto – não quis descer para não encontrar com ele.

Segundo Katie, quando ela subiu ele queria vim atrás de mim, mas ela achou melhor impedir ele.

Parte de mim ficou feliz em não vê-lo, mas outra parte queria muito que ele viesse até aqui.

Eu estava confusa, tudo era uma confusão em relação a ele.

Eu achava que ir embora seria o melhor, mas parte de mim só queria deixar tudo isso pra trás e ficar com ele.

“Porque eu não consigo perdoa-lo Tommy?” – pensei.

Narrado por Tommy

Eu vi a tristeza em seus olhos, quis ir até ela e abraça-la, quis dizer a ela que tudo ficaria bem – mas eu era motivo de sua tristeza.

Charlie passou por mim e foi para o seu quarto, eu queria ir atrás – mas quando me virei para segui-la, Katie me impediu.

— Acho que é melhor que eu vá… Não concorda?! – ela falou e passou por mim subindo as escadas.

Alguns minutos se passaram e Katie não voltou, eu sabia que aquilo era o melhor, mas ainda sim fui atrás dela.

Parei de frente para a porta do quarto dela, estava entreaberta – pude escutar a conversa que elas estavam tendo.

— Eu gosto dele Katie! Eu acho que o amo… – Charlie falou, eu sabia que era de mim que ela falava, não pude deixar de me sentir feliz por escutar ela dizer aquilo.

— Eu sei disso… – Katie disse de forma compreensiva.

— Mas não consigo perdoa-lo, ele me machucou muito, eu me sinto despedaçada por dentro! –  aquilo realmente me deixou mal, eu sabia que a culpa não era dela, que o culpado era eu – eu só queria nunca ter me apaixonado por ele! – não aguentei ouvi mais nada, por mais forte que eu fosse, eu não poderia ouvir mais nenhuma palavra.

Sai dali, passei tão depressa pela sala, que o casal (Cody e Jas) nem percebeu o que estava acontecendo – também, eles vivem dentro dessa bolha de amor.

Fui caminhando até em casa, pra ver se colocava meus pensamentos em ordem – e não adiantou. – cada vez que eu pensava nas palavras dela eu ficava com mais raiva de mim mesmo.

Cheguei em casa e fui direto para o meu quarto – peguei meu celular e digitei uma mensagem, apaguei, digitei de novo, e apaguei. – ela nem ao menos iria responder, então porque fazer isso? 

Bufei frustrado, eu estava com raiva.

Não me contive e dei um soco na parede do meu quarto – resultando em um machucado em meu punho.

Peguei o celular mais uma vez e digitei a mensagem, sem pensar muito enviei.

Charlie, eu estraguei tudo!