I Love Charlie escrita por Strela Ravenclaw


Capítulo 26
Eu deveria odiar você.


Notas iniciais do capítulo

Olá...

Boa leitura, desculpem se houver erros de ortografia. ❤



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Eu poderia jurar que o que quase aconteceu na noite passada havia sido um sonho. Mas eu sabia exatamente que tinha sido tudo real.

Eu tentava entender porque o Tommy não me quis, tudo bem, não sou a garota mais bonita do mundo, mas ele parecia querer tanto quanto eu, então porque parou?!

Acordei atrasadíssima com os gritos da minha mãe ecoando por minha cabeça.

— ACORDA LOGO! – gritou abrindo as cortinas da janela, quase me deixando cega. – OU VAI PERDER A CARONA DO TOMMY!

Levei um susto e tive que me controlar pra não cair da cama.

Peguei a primeira roupa que vi no guarda-roupas, escovei rapidamente os dentes e nem sequer deu tempo de pentear o cabelo.

— CHARLIE VAI LOGO! – gritou minha mãe do corredor enquanto eu calçava meu tênis. – VOCÊ E SEU IRMÃO JÁ ME DEIXARAM MUITO IRRITADA!

— Que maravilha! Ótimo jeito de começar o dia. – resmunguei.

Joguei a mochila nas costas e sai do meu quarto apressada.

Girei a maçaneta da porta da frente e assim que me coloquei para o lado de fora vi o carro do Tommy dando partida.

— ESPERA! – gritei a plenos pulmões – ESPERA DROGA! – Não adiantou, porque ele não esperou merda nenhuma. Respirei fundo para não xinga-lo.

Fui caminhando apressada pelas ruas. Algumas pessoas me olhavam, eu estava toda descabelada e deveria estar com uma cara de sono terrível.

Havia acabado de virar na rua em que se localizava a escola quando percebi que um carro estava meio que me seguindo. Tive a certeza quando ele começou a andar devagar ao meu lado.

Fiquei nervosa, mas apressei o passo, no entanto o carro continuava me acompanhando.

Olhei pelo canto dos olhos e vi o vidro sendo abaixado.

— Ei? – escutei uma voz masculina me chamar.

Virei meu rosto meio receosa.

— Noah? – indaguei surpresa e um tanto aliviada.

— Olha só… parece que você sabe meu nome, mas depois do tapa que me deu, seria difícil não saber. – falou dando um sorriso estranho.

Eu não gosto desse garoto.

— É infelizmente eu sei. – respondi secamente. – Mas vamos combinar que o tapa foi mais que merecido, não? – ironizei.

— Só porque eu falei a verdade? A Charlie, eu e você sabemos que tipo de garota a Katie é. – sorriu com deboche.

— Se você não sumir daqui agora, eu juro que te dou mais do que um tapa no rosto. – ameacei-o.

— Estou descobrindo porque o Tommy te acha tão interessante. – ele sorriu de uma forma tão fria que um arrepio percorreu por minha espinha. – Mas vou atender o seu pedido... – antes de dar partida no carro ele ainda falou. – Só um conselho, nem tudo é o que parece ser. – e arrancou com o carro dali.

Soltei a respiração que eu nem tinha percebido que prendi.

Esse garoto é muito estranho… E eu definitivamente não gostava dele.

Do que ele falava? O que ele quis dizer com aquele “conselho”?!

Caminhei mais alguns minutos até passar pelo portão da escola.

— Charlie! – escutei uma voz familiar me chamar.

— Scott! – respondi animada. Ele estava um pouco atrás de mim, então parei para espera-lo.

— Está tudo bem? Eu fiquei sabendo da sua briga com a Lucy… – perguntou preocupado.

— Estou bem! – sorri. Começamos a caminhar juntos pelo corredor. – Briga? Eu só dei um tapa nela…

— O tapa que muitas garotas queriam dar. – Scott falou me fazendo rir.

— Eu não gosto de violência, mas aquela garota estava pedindo. – falei.

— Eu sei como ela é, e alguém precisava coloca-lá no lugar dela. – concordou comigo.

— Bom, eu fico por aqui... – falei parando na porta da minha classe. – A gente se vê…

— Hoje? – ele perguntou nervoso.

— Hoje o que? – balancei a cabeça confusa.

— Hoje… Podemos sair hoje? Quero dizer, não é um encontro a não ser que você queira… – mordi o lábio inferior nervosa. Não sabia o que responder…

Não queria magoa-lo dizendo não, mas eu não sei se deveria ir. Levando em conta que eu estou de castigo… Naquele momento eu não sabia o que fazer.

Escutei Scott pigarrear chamando minha atenção. Ele estava sem graça e logo começou a falar de novo.

— Desculpa… é que eu realmente preciso falar com você. É importante… – eu o interrompi.

— Amanhã as cinco horas? Pode ser? – perguntei nervosa.

— Sim, claro! – Scott sorriu doce.

— Desculpa atrapalhar, casalzinho. Mas eu e você temos que bater um papo. – Lucy acabou de aparecer.

— O que você quer? – indaguei indiferente.

— Falar com você! – respondeu impaciente. – Vaza garoto!

— Charlie… – Scott olhava preocupado pra mim.

— Tudo bem Scott, pode ir. – sorri gentilmente para ele, que se despediu com um aceno de cabeça.

— Eu realmente não sei o que os garotos veem em você! – ela me olhou de cima a baixo com desdém. –Mas não vim aqui pra falar disso…

— Então pra que veio? Pode falar logo? Assim você me poupa da sua presença. – revirei os olhos.

— É o seguinte. Eu já te avisei uma vez, mas acho que não fui bastante clara... – sorriu falsa, eu fiz questão de retribuir o sorriso. – O Tommy é meu, e se eu fosse você ficaria bem longe dele.

— Me deixa ser mais clara ainda... – olhei-a nos olhos. – O Tommy não é, e nem nunca foi seu! E nem será! Não venha me ameaçar porque eu posso te dar mais do que aquele tapinha que você ganhou…

— Acha que eu tenho medo de você garota? – perguntou meio alterada.

— Se você tem medo ou não, eu não sei. Mas acho bom ficar longe de mim! – respondi calmamente, irritando-a ainda mais.

— Lucy, já para a sua sala! – a professora ordenou. – E você, entre! – obedeci agradecendo aos céus por ela ter me livrado daquela garota.

— Você estava conversando com a Lucy? – Jas perguntou quando eu me sentei no meu lugar.

— Infelizmente. – respondi.

— E o que ela queria? – perguntou curiosa.

— Adivinha? Me encher… – falei sem humor.

— Lucy é uma vadia. – Jas disse antes de se virar e prestar atenção na aula.

— Concordo! – murmurei.

Narrado por Tommy

Me espreguicei na cama antes de levantar para me arrumar pra mais um dia de aula. Tomei um banho, me troquei e sai do meu quarto.

Olhei para a porta do quarto da Charlie e estava fechada. – Me lembrei de tudo o que havia acontecido, quer dizer, do que era pra acontecer. Eu definitivamente estava estranho, nunca “rejeitei” uma garota, e o mais estranho era que eu a queria, mas parecia tão errado fazer sexo com ela, e ainda mais por ter aquela maldita aposta no meio, seria como usa-lá e eu não iria fazer isso com a Charlie, ela não merece.

 Estava parado ainda de frente para a porta do seu quarto, pensei em abrir pra ver se ela ainda dormia.

— Tommy? – escutei a voz do Cody me chamar quando eu estava prestes a tocar a maçaneta.

— Oi? – respondi tentando disfarçar.

— O que está fazendo parado ai? – perguntou com uma sobrancelha levantada.

— Parado? Eu acabei de sair do meu quarto. – falei naturalmente.

— Hum... – ele respondeu dando de ombros. – Vamos, ainda temos que tomar café.

Eu e Cody fomos até a cozinha encontrando sua mãe lá.

— Bom dia, Melissa. – cumprimentei-a com um sorriso no rosto.

— Bom dia, querido! – ela me respondeu devolvendo o sorriso.

— Bom dia, mãe. – Cody falou um tanto acanhado.

— Bom dia! –  respondeu séria. – Eu vou acordar sua irmã! Ela deve ter perdido a hora, mais uma vez! – Melissa saiu do comodo da cozinha.

— Acha que ela ainda está brava comigo, cara? – Cody perguntou pra mim.

— Não. – respondi levando uma torrada até a boca e comendo-a – Tenho certeza! – falei depois de comer. Cody me olhou e bufou.

— Você sabe que vai ter que me dar uma carona né?! 

— Sei. – respondi tomando um pouco do café.

— E sabe que também vai ter que passar na casa da Jas, né?! – Cody perguntou como quem não quer nada.

— É sério? Eu não quero ver vocês quase transando no banco de trás do meu carro. – bufei.

— O carro é do seu pai! – Cody riu. – E também você é meu amigo, tem que me dar essa ajudinha.

— Buscar sua namorada é uma ajudinha? – indaguei. – Tá parecendo mais trabalho de motorista.

— Para de ser implicante! – Cody falou. – vVo ligar pra Jas do telefone da sala.

— Deve ser ruim ficar sem celular… – comentei rindo.

— Vai se ferrar! – ele levantou e foi em direção a sala.

— Você acredita que a Charlie ainda está se arrumando?! – Melissa apareceu na cozinha novamente. – Que garota preguiçosa!

Sorri com seu comentário.

— Tommy vamos… – Cody havia voltado. – Porque está rindo igual um idiota?

Melissa me olhou, esperando também minha resposta.

— Quem disse que eu estou rindo? – perguntei me levantando. – Você deve estar vendo coisas.

— Eu estou vendo coisas? Ah deixa isso pra lá, vamos logo! – me apressou.

— Tchau Melissa. – me despedi e sai da cozinha, escutei Cody se despedindo da sua mãe que disse para ele não bater em mais ninguém. Sorri com as palavras dela, parecia que Cody tinha onze anos.

— Minha mãe mandou esperar a Charlie no carro. –  falou entrando no mesmo se sentando no banco do carona.

— Ta… – respondi.

Meus pensamentos estavam na garota de cabelos vermelhos e olhos verdes, em seus lábios extremamente carnudos e que chamavam tanta atenção. Comecei a pensar em seu corpo bem desenhando e em suas belas curvas, seus seios não muito grandes, mas na medida certa, sua cintura um tanto fina e o quadril um pouco largo, sua bunda um pouco “avantajada”. Charlie me tirava do sério, ela mexia comigo… e eu não sei como agir quanto a isso. Não conseguia entender como me segurei ontem, ela estava me deixando louco, quando ela rebolou daquela forma pensei que seria capaz de arrancar a roupa dela e faze-lá minha, mas…

— ….Em cara? – escutei Cody chamando minha atenção.

 O que? – perguntei distraído.

— Eu falei que a Charlie tá demorando… – ele me olhou e estreitou os olhos – Você está estranho hoje.

— Não estou. – dei de ombros.

— Vamos? – Cody perguntou impaciente.

— Você quer deixar sua irmã pra trás? – perguntei com uma sobrancelha levantada.

— E desde quando você se importa? Se ela está demorando é porque não vai mais. – respondeu bufando.

— Tá bom. – dei partida no carro. – Mas se ela chegar na escola uma fera, eu vou colocar a culpa toda em você.

Acelerei o carro e fui rápido. Cody não se importava com a forma que eu dirigia, ao contrário da Charlie, que dizia que eu andava feito “louco”.

Parei na frente da casa da Jas e logo vimos ela parada do lado de fora.

— Bom dia. – Cody falou colocando a cabeça pra fora do vidro e recebendo um selinho dela.

— Bom dia! – ela sorriu corada pra ele – Oi, bom dia Tommy. – respondi com um aceno de cabeça.

Logo ela entrou no carro e se sentou no banco do passageiro, assim impedindo que ela e Cody se agarrassem no carro.

Estacionei o carro e desci do mesmo. –  Nós já havíamos chegado na escola, Cody disse que levaria Jas até a sala dela. Pra mim ele usava isso de desculpa para eles se pegarem mais.

Eu caminhava tranquilamente com as mãos no bolso da calça pelos corredores. Algumas garotas suspiravam enquanto eu passava e eu fazia questão de sorrir fazendo-as ficarem com vergonha, ou na maioria quererem se atirar em cima de mim.

Entrei em minha classe e me sentei no meu lugar de costume.

Passou alguns minutos até Noah entrar na sala e sorrir falso pra mim, que serrei os punhos.

Não demorou muito até Cody e os outros chegarem e a aula chata de matemática se iniciar.

— Gatinho, posso falar com você? – escutei a voz de vadia da Lucy enquanto eu ia saindo da sala com Cody, Katie e Jeff para o intervalo.

— Não. – respondi e ia voltando a caminhar quando ela pegou no meu braço. Me virei olhando-a – O que é? – soltei meu braço do meio dos seus dedos finos.

— É que o assunto é pessoal! – ela falou olhando para os outros.

— Olha aqui sua puta, você não escutou que ele não quer falar com você? – Katie voltou sua atenção diretamente para Lucy.

— Você me xingando amiga? Todos aqui sabemos que você já abriu as pernas pra metade da escola. – ela deu um sorrisinho vitorioso e Katie foi pra cima dela.

— Eu vou dar na sua cara! – Katie gritou, mas Jeff agarrou ela pela cintura, impedindo-a de bater em Lucy.

— Vamos sair daqui. – ele falou e a contragosto Katie foi junto com ele.

— Tommy vamos… – Cody falou.

— Vai indo, eu já vou. – falei olhando diretamente para Lucy. Ela estava me irritando. – O que você quer?

— Eu quero muitas coisas vindas de você… – ela sorriu maliciosa me dando nojo.

— Fala logo, eu não estou com paciência pra você hoje! – olhei-a sério.

— Ta bom… Entra? – olhei para o corredor antes de entrar na sala novamente e fechar a porta.

— Fala… – me virei e fui surpreendido por Lucy que rapidamente envolveu seus braços em minha nuca e selou nossos lábios.

Fiquei sem reação, Lucy tentava abrir minha boca. Mas eu não concedi, fiquei parado sem mover um músculo até ela se afastar de mim com uma cara surpresa.

— O que? Porque não quer me beijar? – perguntou com os olhos marejados.

— Se era só isso, eu já vou indo. – dei de ombros e me virei.

— É por causa dela, não é?! – pude escutar a raiva em seu tom de voz.

Me virei mais uma vez olhando-a.

— Por causa de quem Lucy? – perguntei já impaciente.

— Daquela pirralha vadia! – falou raivosa. – Ruiva desgraçada… – perdi o pouco de paciência que eu tinha e peguei em seu braço com força.

— Olha como você fala da Charlie! – apertei mais seu braço fino entre meus dedos.

— Está me machucando! – choramingou.

— É pra você aprender a não falar dessa forma dela… – Lucy me olhou com raiva antes de puxar seu braço do meu aperto.

Me virei de costas e fui até a porta, toquei na maçaneta pronto para abri-lá

— Acho que você ia gostar de saber que “santinha” tem um encontro marcado com outro! – gritou.

— Do que você está falando? – perguntei sem me mover.

Ela só podia estar inventando aquilo. Não era verdade, claro que não.

— Eu escutei ela conversando com aquele garoto… O nerd gatinho, Scott! – falou vitoriosa. – Eles estavam conversando bem intimamente. – apertei a maçaneta da porta com força pra não me virar e apertar o pescoço daquela garota.  – Eles marcaram de se encontrar amanhã, as cinco.

Abri a porta e sai, sem falar nada.

Era verdade? A Charlie ia sair com aquele idiota? Depois dela ter quase se entregado pra mim?

Narrado por Charlie

O sinal havia anunciado o intervalo. Eu e Jas saímos apressadas da sala e íamos caminhando pelos corredores conversando alegremente.

Entramos no refeitório e logo vimos a mesa que costumamos nos sentar.

Katie estava ao lado do Jeff com uma cara nada boa e de frente para eles se encontrava Cody.

— Aconteceu alguma coisa? – perguntei me sentando ao lado de Jeff.

— Katie discutiu com a Lucy… – Jeff explicou.

— Aquela vadia, eu ainda vou bater nela! – Katie falou tentando conter a raiva.

— Porque vocês discutiram? – perguntei curiosa.

— Porque ela é uma vaca irritante e porque queria forçar o Tommy a falar com ela... – Katie revirou os olhos. – Ele ficou lá com ela... A essa hora devem está se agarrando… – ela me olhou com expressão de arrependimento.

Poderia realmente ser verdade o que ela havia dito. Nós conhecíamos muito bem o Tommy, e eu não poderia ser burra o suficiente em pensar que ele me levaria a sério.

— Ou eles poderiam está realmente só conversando… – Katie falou levantando os ombros.

— Ah claro. É obvio que não! Você sabe que a Lucy não perde uma oportunidade de tentar agarrar o Tommy. – Cody falou.

— Eu concordo com o Cody. – Jas que havia se sentado ao lado do meu irmão, concordou com ele.

— Você sempre concorda com o Cody! – Katie bufou.

— Porque ao invés de vocês ficarem discutindo, não perguntam pra ele? – Jeff falou olhando para a porta do refeitório. Segui seu olhar e vi Tommy andando em nossa direção. Sua expressão era fechada e ele estava com as mãos no bolso.

Nossos olhares se encontraram por alguns segundos, mas ele rapidamente desviou. 

— E ai cara! – Cody cumprimentou-o.

— E ai. – falou.

— O que a Lucy queria? – meu irmão perguntou direto.

— Adivinha? – Tommy respondeu sarcástico.

— Agarrar você na sala de aula? – indaguei chamando a atenção de todos.

Ele molhou os lábios antes de me olhar e responder.

— Pra que você quer saber? Acho que isso não é da sua conta! – respondeu sorrindo com deboche.

— É realmente não é! O que você faz o deixa de fazer pouco me importa. – olhei-o com raiva.

— Calma gente, vocês estão muito nervosos em. – Jeff falou tocando no meu ombro.

— Só não gosto de ninguém se metendo na minha vida! – Tommy respondeu sem olhar-me nos olhos.

— Não estou me metendo na sua vida seu idiota! – respondi com raiva. – Você é um ogro, grosso, sem noção…

— Sou é? E o que mais? – ele riu debochado.

Me levantei da mesa e sai do refeitório.

Escutei Katie e Jas me chamando mas não dei ouvidos.

Andei pelos corredores até entrar em qualquer sala.

Quando me dei conta eu estava no laboratório de biologia onde nós dois havíamos nos beijado uma vez.

Como eu poderia ser tão burra? Obvio que ele não mudaria, e só de pensar que a gente quase..

— Idiota! – murmurei pra mim. – Charlie você é uma idiota! – passei a mão pelos cabelos nervosamente.

— Falando sozinha? – escutei aquela voz tão familiar dizer atrás de mim, a porta havia acabado de ser batida com certa violência.

— Vai embora! – fechei os olhos e um suspirou escapou por meus lábios.

Escutei passos vindo em minha direção e pararem bem atrás de mim.

— Eu mandei você ir embora. – falei um pouco alto.

— Não! – respondeu na mesma altura que eu.

— Eu odeio você! – murmurei baixinho, mas audível.

— Não odeia, não! – senti suas mãos tocarem em minha cintura e me puxarem de encontro ao seu corpo.

Abri os olhos antes de arfar com a proximidade de nossos corpos.

— Eu deveria odiar você. – falei.

— Mas não odeia! – meu corpo foi virado com certa brutalidade. Fitei os olhos de Tommy que me olhava intensamente.

— Você não pode falar daquela forma comigo e depois vim aqui fingindo que nada aconteceu! – peguei em suas mãos e as retirei da minha cintura, me afastei um pouco dele.

— Eu não estou fazendo isso. – deu de ombros.

— Sim, você está! Você faz isso comigo Tommy. Briga comigo e depois vem e me beija e acha que está tudo bem! Mas não está! – fechei os olhos respirando pesadamente.

Abri os olhos encontrando os seus me fitando calmamente.

— Não vai dizer nada? – indaguei.

— Você tem razão! – ele falou me surpreendendo. – Mas não se perguntou porque eu te tratei daquela forma? Não se perguntou se eu tive motivos?

— Motivos? – sorri irônica. – Quem tem motivos pra te tratar mal aqui sou eu. Já que você ficou trancado na sala com aquela vadia.

— Sabe o que a Lucy queria comigo? – ele ignorou totalmente o que eu havia dito. – Ela veio me dizer que você estava combinando de sair com aquele panaca do Scott.

Olhei-o incrédula. Como aquela garota era fofoqueira!

— É verdade? 

— Sim. – confirmei.

Ele se afastou de mim, virou de costas. – Pude escutar sua respiração pesada. Ele estava tentando controlar a raiva.

— Ele me disse que queria falar algo importante. É por isso que eu disse sim… – tentei me explicar rapidamente. Tommy mantinha-se virado de costas. – Tommy…? – chamei-o sem obter respostas – Olha pra mim! – murmurei.

Bufei sem ter respostas dele.

O sinal anunciando o termino do intervalo acabará de bater. Me direcionei a porta e quando eu passei por Tommy senti-o agarrando em meu braço.

Meu corpo foi de encontro ao seu.

Suas mãos foram até minha cintura, apertando-a.

Nossos rostos se aproximaram e meu olhar desceu até sua boca. Mordi os lábios tentando conter a vontade de beija-lo.

— Você não pode fazer isso comigo! – falei quando senti seu hálito conta os meus lábios.

— O que? – ele sussurrou perto minha boca.

— Brincar comigo desse jeito! – falei voltando a olhar diretamente para os seus olhos.

— Quem disse que eu estou brincando com você, Charlie? – ele falou sério.

Levei minhas mãos até sua nuca e selei nossos lábios.

Tommy pareceu surpreso, mas logo se envolveu no beijo.

Nossos lábios se abriram e logo sua língua pediu passagem, e eu concedi. Suas mãos apertavam minha cintura contra seu corpo de modo um tanto possessivo. 

O beijo cheio de urgência e intenso estava nos deixando sem ar. Fomos parando devagar.

Abri os olhos encontrando os seus.

— O sinal já bateu. – falei saindo do seus braços – Precisamos ir…

Fui até a porta abrindo-a.

— Me promete que não vai sair com ele. – escutei-o dizer – Charlie!

Sai da sala, minha respiração estava desregulada. Andei rapidamente pelos corredores já vazios até minha classe.


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Notas finais do capítulo

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