O Que Restou de Nós? escrita por Ookamimi


Capítulo 2
A Chamada




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A cidade estava calma, já que não havia ninguém para deixá-la mais animada. Era mais um dia sem sal, em que precisava sair com um facão de cozinha e um machado para ir até o mercado. A horda daquele local estava longe, por isso não tinha problema em sair dali. Na verdade, a essa hora, todos os zumbis da rua iam para a avenida acima, não sabia o motivo disso, mas era um ótimo jeito de se aproveitar da situação.

Foi até o mercado com cuidado, não poderia ser vista, nem escutada, qualquer erro poderia causar sua morte.

Passou pela porta, e foi até umas prateleiras buscando alimentos enlatados. Já se via em total perigo, a comida daquele mercado estava acabando. Só podia comer os enlatados, o resto como carnes, verduras e legumes estavam podres, tinha que arranjar um jeito.

Ao passar ao lado da loja de floricultura teve uma ideia. Poderia cultivar a própria comida, assim não morreria de fome. Pegou alguns saquinhos de sementes e guardou na mochila velha que possuía.

Logo em seguida olhou para os aparelhos eletrônicos da barraca ao lado. Computadores, celulares, televisões e até mesmo rádios antigos. Aproximou-se ao rádio e soltou uma pequena risada.

– Eu sei que não vou conseguir nada, por que será que ainda tento? – Perguntou a si mesma, ligando o rádio.

Nada. Nenhum sinal, nenhum ruído estranho, absolutamente nada. Soltou uma risada tristonha, e se posicionou, dando meia volta e andando até os enlatados novamente. Escutou algo conhecido, a horda estava se aproximando novamente, ela tinha que sair dali o máximo possível.

Correu para a saída detrás, derrubando os objetos e causando um grande estrondo pelo mercado. Isso não seria bom.

Tsss Alguém na e-escut- Tsss

Parou no meio do caminho, e olhou para o rádio surpresa. Pensava que seu coração sairia pela boca naquele instante. Mudou sua rota, e foi novamente até o rádio.

“S-Somos o gru-Tsss Estamos em um acampamento Tsssss perto da cidade onde começou a contami Tssss na floresta que fica na frente da cidade Tsssss

A transmissão caiu. Olhava para o rádio e estava a ponto de chorar, mas o som dos errantes se aproximando fez ela voltar a si, pegou o rádio e colocou na mochila, correu até a saída e passou por ela.

– Ah! – Assustou-se ao dar-se de cara com o corpo de um homem, ao lado da saída de trás. Não havia se transformado em zumbi, mas tinha sinais de mordida por todo o corpo, e sua perna direita estava faltando. – Droga! Que susto. – Disse passando a mão por seu cabelo, suspirando.

Um som alto, parecido com um grito, a fez olhar para trás. O medo tomou conta dela no momento, a horda havia a visto, estava perdida.

Em um piscar de olhos estava correndo pelas ruas, precisava de um lugar para se esconder. Tinha arrumado algum tipo de esperança, não podia morrer agora e deixar tudo por ir água abaixo, ela definitivamente conseguiria sobreviver! Estava ali por 3 anos, poderia sobreviver mais umas semanas.

Pegou o atalho, pulou o muro com dificuldade, atividades físicas não eram um hobby para ela. Já conseguia ver sua casa dali, os zumbis tentavam escalar e fazer o mesmo que ela, mas eram zumbis, não podiam.

Conseguiu correr até sua casa, fechou a porta e colocou o armário na frente dela. Respirou fundo, soltando o ar pela boca, exausta. Sentia-se uma velha, estava cansada e suas costas doíam demais, precisava de algum remédio, de qualquer coisa que aliviasse isso.

– Não posso pensar nessas coisas! Foco, Akemmyh! – Disse para si mesma, pegou o rádio e foi em direção ao porão daquela casa. Havia a encontrado há alguns dias, sua casa havia sido invadida pelos errantes, e teve que desesperadamente encontrar outra. – Eu preciso ir para lá. Não conseguirei viver sozinha por muito tempo … – Estava toda machucada, nem sempre conseguia fugir dos zumbis, já fora mordida muitas vezes, e obviamente não se transformara, não sabia o por que, mas era algo positivo, apesar de ter dor de cabeça e fraqueza muitas vezes ao dia. – Preciso ir para lá!

Em pouco tempo já estava tudo arrumado. Colocou roupas e mantimentos dentro de uma mala mediana, já que não poderia carregar uma grande sozinha em um apocalipse zumbi, seria suicídio. Comeu algo, e saiu pela porta dos fundos, que levava a uma rua traseira a sua. O caminho por ela era mais fácil, os zumbis eram atraídos pelo som, e aquela rua era muita vazia. Por exemplo, nas outras haviam carros, árvores caídas e os pássaros cantando (eram dos poucos animais que conseguiam sobreviver), já essa era completamente pacífica.

Correu pela rua, ignorando os poucos errantes que estavam por trás. Não queria chamar atenção, mas se não chegasse lá a tempo não teria nenhuma chance de vida.

Congelou. Um grito escandaloso chamou sua atenção, ficou gelada no mesmo momento. Era um Cour. Foi o nome que ela encontrou em sua mente para esse tipo de zumbi, os “C ours” são zumbis raivosos, diferente dos outros, que querem comer, eles buscam tortura, antes de comer, fazem a vítima sofrer mais que o normal. Eles são de “natureza má”. Ao parecer, utilizam parte do seu cérebro, pois conseguem planejar métodos de alcanço, ou seja, eles são velozes e inteligentes.

– Ah não … – Começou a correr o mais rápido possível, sabia que ele estava logo atrás. Entrou em desespero, o Cour estava abrindo a porta das casas em que a mesma havia prendido alguns zumbis. Uma horda havia se formado e seu principal objetivo era alcançar Akemmyh. – Não, não, não, não!

Precisava encontrar um jeito de se livrar deles. Deu uma olhada rapidamente na rua inteira, e encontrou duas opções para fuga, poderia ir por baixo de uma ponte, onde havia água, assim alguns errantes afundariam ao tentar nadar. Mas também poderia ir por cima do prédio, já que havia uma escada, os errantes não sabiam subir. Escolheu a segunda opção, era menos arriscada, pois ela mesma não nadava a anos, não lembrava como.

Subiu em desespero, deixando a horda para trás. Obviamente não seria tão fácil. O Cour se agarrou na escada e foi subindo atrás da jovem, continuava em perigo, mas sem se preocupar com uma horda inteira.

Chegou até a laje do prédio. Estava perdida, o outro prédio estava a metros consideráveis de distância, não conseguiria pular. O Cour subiu a escada, e correu em direção a ela. A jovem colocou os braços na frente do rosto, enquanto fechava os olhos fortemente, e afirmou que seria seu fim.

POW

Abriu os olhos surpresa. Deu-se de frente com um zumbi “morto” no chão. Um tiro havia o acertado na cabeça. Como?

– Boa mira, Castiel. – Escutou uma voz feminina a esquerda. Estava longe, mas podia se escutar. Virou-se em direção ao som. Era uma jovem e um rapaz, ele tinha cabelos rubros e olhos acinzentados, apesar de ser difícil de ver daquela distância, e ela tinha cabelos prateados, e seus olhos tinham cores diferentes, azul e verde. Ela carregava um arco e ele uma arma a prova de som. Sentiu-se salva e aliviada naquele momento.


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