Regente escrita por Jessy F


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está cheio de surpresas!
Espero que gostem.
Boa leitura.
Isa



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Meu coração estava acelerado. Provavelmente eu morreria ali, mas diferente do que tinha imaginado para esse momento a minha alma estava calma. Pensei por algumas vezes que o medo me tomaria e que eu choraria rios, afinal eu morreria e por maior que fosse a minha fé, morrer não era uma experiência pela qual eu estava preparada para passar.

Senti Aleksei me olhar com um pouco de descrença. Levantei a cabeça e olhei para ele. Com certeza Deus estava derramando sua coragem sobre mim.

– Porque não me contou? – Ele disse sério.

–Medo de ser morta. – Disse apontando para adaga em seu coldre.

– Eu não mataria você.

–Provavelmente agora não tenha, mas antes poderia ter. – Tirei o capuz da minha capa. – Desculpe ter escondido isso de você, mas eu não tive escolha.

–Tudo bem, pode sair do meio deles. – Ele disse erguendo a mão para mim. Aquilo me assustou. Aquela era a última atitude da lista de coisas que Aleksei não faria. Na minha cabeça ele viraria o rosto e seguiria com os planos que já havia arquitetado na sua cabeça complexa e cheia de fantasmas passados.

–Não posso majestade. – Aquelas palavras saíram da minha boca antes de eu poder para-las. –Minha família ainda está aqui, não os deixarei.

Phill, Monique e Julie olharam para mim. Eles pareciam não entender a minha atitude. Eu sabia o que eles estavam sentindo, porque eu também não entendia o que eu estava fazendo. Porém uma coisa era certa. Se eles morressem eu também iria, não sou melhor em nada para ser absorvida e eles não.

– Tudo bem. – Aleksei passou a mão na nuca e respirou fundo. - Phillip, Julie, Monique e Ariel, vocês podem sair.

Sorrimos aliviados e saímos do meio dos outros.

–Não deveria ter feito isso majestade. – Julian falou perto de Aleksei. –Eles são judeus.

–Eles me demonstraram lealdade a anos Julian.

–Ainda sim majestade, eles podem o trair.

–Não conteste as minhas decisões.

– Sim senhor. – Ele disse olhando para Phill.

Observei Aleksei andando de um lado para outro antes de parar diante dos judeus que ali estavam. Olhei para um casal de idosos que estavam de mãos dadas na frente de Aleksei. Eles pareciam preocupados.

– Eu os chamei aqui para informar que se mudaram para um novo bairro e que estamos fazendo isso para a segurança de vocês. Existem traidores entre nós e precisamos encontrá-lo.

Ouvi um barulho algo, quase ensurdecedor. Fechei os olhos e tapei os ouvidos. Senti pessoas correndo perto de mim, mas não me mexi. Quando abri os olhos vi mulheres de branco no chão perto de Phill e Monique. Eles tentavam estancar um ferimento na perna de Monique e outros se preparavam para carregar Phill numa maca. Meus ouvidos pareciam que estavam tampados ainda com as minhas mãos porque, eu via Alina, Ariel e Aleksei vindo na minha direção falando alguma coisa, mas eu não ouvia.

Senti uma brisa fria passando sobre mim e quando olhei para mim vi meu braço sangrando. Passei a mão sobre ele e senti minhas pernas fraquejarem. Fechei os olhos e como quem está com muito sono relaxei.

****

Abri os olhos e tirei a máscara de oxigênio que tinham colocado em mim. Senti uma breve tontura ao levantar.

– Não pode fazer isso meu jovem. – Uma senhora de cabelos grisalhos disse abrindo a cortina que separava o meu leito dos demais. Observei a janela e vi que estava a noite e a neve já estava se acumulando no gramado do jardim. – Volte para a sua maca, por favor.

Ela veio na minha direção. Minha cabeça doía e senti uma pontada quando respirei mais fundo.

“Cristo, o que aconteceu?” pensei.

Sentei na maca e a mulher colocou a máscara novamente em mim. Deitei e fiquei olhando para o aparelho que monitorava meus batimentos e minha respiração. Não havia data e nem horário. Observei a mulher sair e tirei novamente a máscara. Eu precisava sair dali.

Procurei alguma roupa minha nas gavetas do leito e apenas encontrei minha capa. Arranquei a pulseira que tinha o meu nome e a data em que eu tinha nascido e coloquei a capa. De capuz passei por todo o Hall da enfermaria. Não havia ninguém que eu conhecesse naquele lugar.

–O que está fazendo Phill? – Alina disse vindo em minha direção. Seus cabelos pareciam maiores e sua pele estava mais clara do que o de costume.

– Onde está minha prima?

–Hanna está na enfermaria real. – Ela disse se aproximando de mim e pegando no meu braço. – Agora precisa voltar e se cuidar.

Puxei meu braço e notei que ela se assustou. Ser agressivo não era da minha personalidade, mas eu não poderia ficar em um leito hospitalar alheio da minha realidade. Eu precisa saber o que aconteceu.

– Desculpe Alina, mas eu preciso saber o que aconteceu, preciso ver a minha prima. – fiz uma careta ao sentir a dor nas minhas costelas novamente.

–Você não está bem. – Ela tocou meu peito. – Está doendo?

–Você vai me ajudar ou não? – peguei na mão dela. – Se não for, por favor, não me impeça de sair daqui.

Os olhos azuis dela se tornaram desafiadores. A Alina que eu conhecia parecia ter dado o ar da graça naquele momento.

–Me siga.

Balancei a cabeça e a segui por todo o jardim real. Havia marcas de tiros nas árvores e guardas estavam espalhados por toda parte. Meus pés estavam quase dormentes por conta do frio que já cobria Kor. O inverno estava se acomodando.

–Espere um minuto aqui. – Ela falou antes de entrar pela a porta principal do palácio. Depois ela apareceu e fez um sinal para que eu fosse atrás dela.
Subimos as escadas e entramos no quarto dela. Tirei o capuz e tentei não respirar fundo.

– Que dia é hoje Alina? – falei me sentando na cama dela.

– Hoje é dia onze de Dezembro. – Ela sentou do meu lado na cama. – Faz quinze dias desde o ataque no jardim.

Olhei para baixo. Fazia quinze dias que eu estava naquele lugar. Porque fiquei apagado por tanto tempo? O que aquelas pessoas estavam fazendo na enfermaria e o que fizeram com a minha prima?

–O que realmente aconteceu naquele dia? Eu me lembro apenas de ter saído do meio dos judeus com Hanna e depois tudo apagou. Não lembro do que veio depois.

– Um homem jogou uma bomba de estilhaços na direção do rei. Mas Aleksei estava protegido por guardas e acabou saindo ileso. Os estilhaços atingiram você, a Hanna, a Monique, a Julie e alguns judeus que estavam por perto. Aleksei já conseguiu descobrir o líder da rebelião em Kor, mas falta encontrar quem está realmente organizando tudo. – Ela tirou o capuz da minha capa. – Mas não vamos falar disso agora.

–Então em cada província tem um mandante. – pensei em voz alta.

–Tive medo de perder você. – Alina disse tocando meu rosto.

–Porquê?

– Eu gosto de você. De verdade.

– Eu também gosto de você.

Toquei o rosto dela. Algo nela me encantava e me fazia bem. Desde as visitas nas províncias com Hanna eu comecei a ver ela de um modo diferente.

–Mesmo?

– Sim.

Ela se aproximou e acabamos nos beijando, mas a dor nas costelas me fez afastar. Ela tocou meu rosto.

–Você teve quatro costelas quebradas porque a caixa onde a bomba estava te atingiu. O estrago não foi maior porque sua roupa o protegeu.

–Deus realmente me quer vivo.

–Você certeza quer. – Ela sorriu. – E eu também.

Dei um meio sorriso e olhei para uma garrafa de água que estava sobre um dos criados mudos da cama dela. Alina levantou e me deu água. Fazia tempo que eu não sentia um alívio tão grande por beber água. A última vez que aquela sensação me afligiu foi quando eu e meus pais chegamos a Kor.

– Quero ver minha prima Alina.

Ela fechou a cara.

–Acho que não vai poder, pelo menos não por enquanto.

– Porque?

–Ela passou por uma cirurgia hoje então acho que nem o rei vai ver ela hoje.

–Cirurgia?

–Muitos estilhaços a perfuraram. – senti uma vontade forte de chorar. Ela era a família de sangue que me restou e eu precisava protege-la. Mas pelo visto deu errado. Se Hanna morresse eu clamaria para que Deus me levasse também. Não teria mais motivo para permanecer aqui. Eu teria fracassado no propósito para que acreditei que ter nascido para realizar. – Fica calmo porque ela está bem melhor.

Levantei e sai do quarto de Alina. Desci as escadas e fui em direção ao leito hospitalar real onde Alina tinha dito que ela estava. Guardas estavam na porta como duas estátuas.

–Com licença. Sou primo da rainha, tenho que entrar. – Eles continuaram imóveis. – Como conselheiro real, eu ordeno que me deixem entrar. – falei exaltado.

–Deixem ele entrar. – ouvi Ariel falar atrás de mim.

Os guardas se afastaram e antes de entrar agradeci a Ariel curvando a cabeça. Ela retribuiu. Quando entrei e vi minha prima lágrimas brotaram no meu rosto. O que tinham feito com ela!


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam?



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