Regente escrita por Jessy F


Capítulo 12
Capítulo 12




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/661409/chapter/12

Desci o último degrau e escoltada por guardas andei por um corredor cheio de celas que mais pareciam caixas de vidro. Tremi quando vi um homem de cabelos grisalhos batendo no vidro que o separava da liberdade. Voltei a olhar para frente e segui os oficiais até uma sala – também feita de vidro – e sentei em uma mesa

–Aguarde um momento aqui majestade, irmos trazer a prisioneira.

Prisioneira. Agora minha amiga era chamada de prisioneira. Com certeza estavam cometendo uma injustiça, era compreensível o nível de estado de alerta que todos estavam imersos, mas estávamos falando da Alina.

–Tudo bem. – Sorri cordialmente.

Os oficiais saíram da sala e o que havia falado comigo foi na direção de outra escada que o levou para um andar mais baixo do que estávamos enquanto os outros ficavam na porta do compartimento. Aquele ambiente me dava arrepios, não apenas por ser frio, mas por toda opressão que eu sentia.

Um barulho parecido com correntes me fizeram despertar dos meus pensamentos. O oficial entrou com Alina e a fez sentar na cadeira.

–Estamos aqui fora majestade.

–Certo. – Falei olhando para Alina. – Fiquei sabendo do que aconteceu com você hoje, não consegui vir antes. – Seu olhar era vago e diferente do que faria, ela não respondeu. – Estão te tratando mal?

–Não.

–Eu vou arrumar um jeito de tirar você daqui, estão fazendo uma injustiça com você.

–Não Hannawia, eles estão corretos.

–Corretos? Você não é uma assassina e muito menos traidora. – sorri, ela só poderia está fora do seu juízo normal para falar um absurdo daquele. – Conheço você desde criança.

–Sim, nós conhecemos desde crianças, mas faz tempos que crescemos. Eu matei sua mãe e eu sou a informante dos rebeldes em Kor.

–Isso não é possível. Por que me ajudaria a chegar até aqui? E não, você não matou a minha mãe.

–Ficaria mais fácil para mim estar em Kor e matei sua mãe para que me trouxessem de volta. – Ela deu de ombros. – Agora me esquece de uma vez Hanna, você tem coisa mais importante com o que se preocupar. – ela se aproximou mais da mesa. – Estão planejando matar seu primo e depois você. Querem desestabilizar o rei e tirar todo o apoio que os judeus acreditam ter. Você é a segurança que eles têm, se você está fora, é mais fácil os judeus irem para o nosso lado. Reforce a segurança, alerta o Phill.

Diferente do que eu faria, nenhuma lágrima caiu. Eu não conseguia sentir nada em relação àquela pessoa. Fui usada por uma pessoa que achava que conhecia, mas se tem uma coisa que aprendi com a minha mãe foi a ser humilde o suficiente para não desejar mal nem para o meu pior inimigo.

–Farei isso.

Ela me olhou estranha. Parecia surpresa por ter reagido de forma inesperada.

–Tome cuidado.

–Tomarei. – levantei e antes de sair parei do lado dela. – Que Deus conforte o seu coração de todo o mal que você fez e que Ele traga o juízo que você merece. – Ela tremeu. – Adeus Alina.

Durante todo o caminho fiquei pensando em tudo o que ela havia dito, eu precisava falar com Aleksei, mas precisava ser pessoalmente, faltava um dia para ele voltar de viagem e acredito que daria tempo espera-lo.

A noite caiu depressa no coração de Scindet e com ela a saudade da minha casa e da minha antiga vida também. Levantei do banco e com o livro sobre lendas russas na mão caminhei cercada de oficiais até o palácio.

–Hanna! – Monique disse com os olhos cheios de lágrimas enquanto vinha na minha direção. – Sinto muito, eu também fiquei surpresa quando soube de tudo. – ela me abraçou. – Nunca pensei que seriamos traídas de forma tão fria.

Ela se afastou e tentou parecer menos magoada.

–Temos que ser fortes, estamos cercados de cobras então, devemos ser cuidadosos.

–Nunca imaginei que passaria por uma guerra. Isso é terrível!

–É, mas não podemos nos deixar sucumbir.

Ela tocou o meu rosto e sorriu.

–Você e o seu primo são sábios demais para idade que aparentam ter.

–Obrigada por tudo Monique, você é muito importante para mim. – a abracei. De certa forma, ela era a mãe que eu tinha naquele momento tão sangrento.

–Minha querida, você é como se fosse uma filha para mim.

–O que estão fazendo? – Ouvimos Phill falar enquanto se aproximava de nós.

–Estamos estreitando laços meu querido. – Monique abraçou Phill. – Somos nós três agora, somos uma família.

–Somos sim Nic.-Ele disse me puxando para o abraço.

–Agora vamos para o jantar? – Falei sorrindo enquanto via Phill e Monique fazendo o mesmo.

–Vamos. – ela disse pegando em nossas mãos.

Ao chegarmos à sala de jantar vi Ariel correndo na direção de Phill.

–Precisam sair daqui, precisam ir para a sala de emergência. – Ela disse ofegante.

Phill logo nos puxou e começou a andar.

–O que é isso Phill?

–Invasão Monique, mas ficaremos bem, só precisamos andar rápido.

Ao entrarmos em uma sala que me lembrava mais um apartamento, Phill digitou uma sequência de números em um painel e uma porta que me lembrava prata se fechou sobre a de madeira.

Não conseguíamos ouvir nada, apenas conseguíamos ver em uma TV próxima da porta pessoas correndo pelo corredor por todo o palácio. A cada minuto um cômodo diferente passava na tela daquela televisão. Eu estava quase cochilando quando vi Alina no meio do corredor. Ela tinha uma arma nas mãos e logo atirou na cabeça de um homem que chegou perto do quarto de Phill, segundos depois ela atirou em si mesma. Fechei os olhos e quando os abri, vi Phill limpando as lágrimas. O abracei e em vez de conforta-lo acabei dormindo. Despertei com alguém pegando na minha mão e chamando o meu nome. Quando abri os olhos vi Aleksei.

Ele tinha pontos próximo da sobrancelha e no seu pescoço haviam marcas de mãos. A preocupação tomou conta de mim. Olhei ao redor e ainda estávamos na sala de emergência.

–O que fizeram com você? – Falei me sentando e pegando no rosto dele.

–Nada demais, já podemos sair daqui. – Ele disse me ajudando a levantar.

Olhei para os lados e não vi meu primo.

–Onde Phill está?

–Ele foi levar Monique para o quarto, não se preocupe, ele está bem.

–Alina ela me disse.

–Eu já sei de tudo.- Ele disse me interrompendo. – Agora vamos subir, precisa descansar.

–Não sei se consigo.

–Claro que consegue. – Ele falou enquanto fazia carinho na minha mão. – Iremos para a casa de inverno em breve, é mais seguro.

–Quero meu primo e Monique seguros também.

–Eles irão conosco.

Entramos no quarto e fechamos a porta. O cheiro de álcool subiu, deveriam ter tentado limpar todo o sangue haviam derramado ali. Tentei ignorar a imagem de Alina se matando e andei até o banheiro. Aleksei estava entrando no boxe do chuveiro quando cheguei. Tentei esconder o espanto de ver que praticamente toda a costa de Aleksei estava roxa.

Ele se virou e fechou a porta. Voltei para o quarto e uma dor pesou em meu coração. Será que eu conseguiria suportar tudo aquilo?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Regente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.