Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 60
Capitulo 60


Notas iniciais do capítulo

Ainda abalados com a briga do capitulo anterior? Se preparem para o capitulo 60!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/661291/chapter/60

Dias depois...

Vários dias se passaram e a praga não foi enviada, mas a cada noite eu senti meu coração apertar ao imaginar o que poderia acontecer. Passei noites em claro, observando Hur, observando Uri e Djoser, mas eu também me preocupo com Gab mesmo havendo o que há entre nós dois.  Tentei me acalmar todas as noites, mas a angústia é maior do que eu. Algo me diz que essa praga vai chegar quando eu menos esperar.

—Não quero mais, Anippe. —Falo assim que Anippe me oferece uvas. —Viu o seu irmão?

—Djoser? Vocês dois estão brigados? —Anippe pergunta preocupada. —Eu não acredito nisso.

—Culpa de Yaffa. Eu não quero seu irmão com ela...

—Afinal, por que a senhora não quer meu irmão com ele? Yaffa é uma grande amiga minha, mãe. —Anippe fala incrédula. —Por acaso...

—Amun está apaixonado por mim. —Revelo, minha filha se levanta bruscamente e então me olha abismada. —Aliás, sempre foi.

—Como Amun pode estar apaixonado pela senhora? —Anippe pergunta no exato momento que Hur surge em meu quarto.

—Eu ouvi bem? —Hur pergunta, acaba assustando Anippe, mas não me assusta. —Você pode me explicar isso, Henutmire? —Meu marido pergunta enciumado. —Por isso não quis que Djoser ficasse tão perto de Yaffa?

—Sim. —Respondo amedrontada ao ver o quanto Hur está aborrecido. —Eu não quis...

—Me deixe com sua mãe, Anippe. —Hur pede me interrompendo bruscamente. —Por favor. —Hur insiste ao ver que Anippe está com medo de nós deixar sozinhos. Minha filha então se retira do quarto em passos largos e apressados. —Então, eu não posso pedir o perdão de Miriã, mas você pode me esconder isso.

—Amun vai embora de todo jeito, Hur...

—Mas você conviveu com isso sem se preocupar. —Hur está tão aborrecido que eu me afasto a cada passo que ele dá. —Isso está certo, mas quando se trata de Miriã...

—Eu não fiz nada. —Enfrento-o. —Eu não fui atrás de Amun como você foi atrás de Miriã.

—Você sabe que eu fui pedir perdão para ela, Henutmire. Não há nada entre mim e Miriã! —Hur fala sinceramente. 

—Mas eu vi vocês dois abraçados. —Minha revelação faz Hur recuar. —Viu? Eu não estou tão errada assim. O que você sente agora não é nada comparado ao que eu sinto.

—Você está parecendo uma criança! —Hur esbraveja nervoso e vem até mim. —Eu fiz isso por você, por causa de Moisés que pode se chatear com tudo isso. Eu fiz isso me preocupando com a sua relação com Moisés! —Acabo me calando em meio a confissão de Hur. —Fale alguma coisa, pelo amor de Deus! —Hur pede aflito, mas a única coisa que eu faço é dar as costas para o meu marido e sair do nosso quarto.

(...)

Fugi. Fugi como uma covarde por que não consigo olhar nos olhos de Hur. Minha mão está sobre o meu ventre enquanto a outra me faz apoiar-me na pequena mesa na tenda que está de frente para o Nilo. Tento me acalmar, sento-me com calma já que estou tão nervosa ao ponto de não me reconhecer. Posso sentir o meu coração bater tão forte, mas tão forte que chego a pensar que o meu filho pode estar se assustando com isso. —Lágrimas brotaram de meus olhos, mas de imediato eu as enxugo. —Acabo me lembrando de Hur, ele quem faz isso por mim. Mas quem poderia imaginar que eu estaria chorando justo por ele? Eu nunca chorei por outro alguém, nem mesmo por Moisés, talvez seja por que eu tenha confiado até a minha vida nas mãos de Hur.

—Você não pode fugir de mim para sempre. —Ouço Hur falar tranquilamente, mas eu acabo me levantando bruscamente. —Por que está fugindo de mim? Não fuja, por favor!

—Nem eu mesma sei. Mas quando eu lembro do que vi... —Falo enfurecida, mas trato de me acalmar por causa da gravidez. —Vai embora, Hur. Vá para Canaã sem mim!

—Henutmire! —Hur chama a minha atenção e me segura firme pelo braço. Sua mão acaba machucando a minha pele, deixando marcas vermelhas em volta do meu braço. —Como pode me dizer uma coisa dessa? Enlouqueceu?

—Por favor, me solte! —Peço tentando me soltar dele, mas ele não me deixa fugir, e com isso volto a chorar.

—Eu não vou te soltar, meu amor. Nunca vou poder te deixar ir para um lugar.—Hur fala próximo ao meu rosto, mas eu não olho para ele.

—Como pode me machucar sabendo que carrego um filho em meu ventre? —Pergunto enfurecida pela dor que sinto em meu braço. Tento me soltar, mas Hur acaba me segurando firme e com isso começo a me debater em seus braços, ele me puxa mais para perto de si, como se quisesse me sentir. —Me deixe, Hur. Você não pode me obrigar a nada!

—Mas é claro que posso! —Hur fala endurecido, mas ao mesmo tempo amedrontado. —Você é minha esposa! E essa criança é meu filho! Nosso!—Ele falava repetidas vezes me fazendo desacreditar nele.

—Vai se aproveitar disso agora? —Pergunto enraivada e então bato em Hur, mas acabo me surpreendendo com os lábios dele. Tento empurrá-lo, mas acabo o puxando mais para perto de mim. —Vá embora! —Falo ao interromper o beijo e voltar a me debater em seus braços. —Eu já disse para me soltar! —Falo ao me sentir fracassada nos braços dele.

—Eu não vou sair daqui até você me ouvir. Ou melhor, me entender de uma vez por todas!—Hur fala enquanto eu tento me livrar de suas mãos. —Pare com isso!—Meu marido pede ao ver que estou conseguindo o que quero: Me livrar de suas mãos.

Mas eu acabo me libertando de seus braços, mas com isso também acabo me desequilibrando e caio no chão. Assustada com o impacto da queda que acabo de levar, olho para o meu ventre.

 —Não, não,não! —Falo repetidas vezes ao ver o meu sangue por entre minhas pernas.

—O que foi que eu fiz? —Hur pergunta culpado ao me ver sangrando no chão. Ponho a mão em meu ventre tentando acalmar a criança, mas eu mesma estou nervosa por ver meu sangue no chão.

—O que aconteceu? —Gab pergunta ao surgir de repente. —Você bateu nela? —Ele pergunta assustado ao se ajoelhar perto de mim. Arregalei os olhos ao ouvir a pergunta de Gab para Hur.

—Não. Eu me desequilibrei. —Falo ofegante, todavia eu mostro o sangue que escorre pelo chão. —Me ajuda. —Peço ajuda para Gab, que se surpreende com o meu pedido. Gab então olha para Hur, que entende o olhar do meu irmão, de imediato sou carregada nos braços de Hur e não nos de Gab.

(...)

—É mais grave do que eu penso. —Paser fala ao me ver trêmula em minha cama. —Como a senhora caiu? —A pergunta do sacerdote me faz olhar para Gab e em seguida para Hur.

—Me senti tonta, acabei me desequilibrando. —Respondo e ponho uma de minhas mãos em meu ventre. Mas em seguida acabo pondo as mãos em volta do meu pescoço, estou suando excessivamente.

—Aqui está, mestre. —Simut fala ao voltar com o que Paser pediu. —Trouxe tudo.

—Tanto que eu pedi para que a rainha repousasse... —Paser chama a minha atenção e então eu abaixo o olhar. —Tente beber isso. —O sacerdote pede e eu tenho auxílio de Hur para ficar confortável e beber o que Paser me pede.

—É muito doce. —Reclamo ao beber o líquido avermelhado que me deixa enjoada.

—Tão doce que causa enjoos. —Gab fala apreensivo ao me ver pôr uma de minhas mãos em minha boca.

—É a única coisa que pode segurar a criança. —Paser assegura firme com isso faço um esforço mútuo para beber toda a formula.

—Beba com calma, Henutmire. —Hur pede preocupado, também culpado pelo o que aconteceu comigo. Me esforço novamente para beber todo o líquido, mas acabo enjoando novamente. Sinto a mão de Hur acariciar-me para que eu me acalme, mas mesmo assim eu sinto como se eu quisesse vomitar.

—Não tem outra fórmula melhor? —Gab pergunta preocupado ao me ver com a mão sobre o estômago e a outra em minha boca.

—Essa é a mais eficaz de todas. As ervas são capazes de fortalecer o corpo da rainha, já que ele insiste em rejeitar a criança. —Paser revela. —Ervas misturadas com essa fórmula vão ajudar os dois.

—Mas é muito adocicada. —Reclamo e então ponho a mão em minha boca novamente.

—Tem mel. —Simut confirma e então eu seguro firme na mão de Hur.

—Mas é certo que a criança fique bem? —Hur pergunta preocupado. —E Henutmire?

—O sangramento já não é mais um problema. —Paser fala ao ver que o sangramento parou. —Mas agora a senhora deve descansar. Ou caso contrário, poderá acontecer alguma tragédia.

—Vou fazer isso. —Prometo.

—Vamos, Simut. —Paser chama o seu aprendiz, com isso eu fico sozinha com Gab e Hur.

—O que aconteceu de verdade? —Gab pergunta ao olhar para mim e Hur. —Podem me contar.

—Eu me desequilibrei, já disse. —Falo, mas Gab me olha estranho. —Eu estou muito enjoada. —Falo ao sentir um forte enjoo.

—Nunca pensei que uma mulher grávida pudesse dar tanto trabalho. —Gab fala sério, mas acaba me fazendo rir.

—A praga. —Anippe fala eufórica ao entrar em meu quarto e quase empurrar Gab para o lado. —É hoje.

—Hoje? —Pergunto aflita. —Como soube?

—O idiota do meu irmão falou demais para o meu tio! —Anippe fala brava e me deixa assustada.—Uri falou sobre a praga e que Ikeni não confiscou o rebanho dos hebreus.

—Mas se ele sabe que o sangue do cordeiro salva todos os primogênitos, com certa vai...

—Ele não sabe, mas se soubesse a praga não iria acontecer. Pelo menos eu penso assim. —Anippe fala um pouco mais calma. —Mas eu soube que o anjo virá para o Egito hoje, ou seja, hoje ocorre a praga.

—Como eu devo me sentir ao saber que hoje é meu último dia de vida? —Gab pergunta pausadamente e assustado.

—Eu vou levar você e meus irmãos para a vila, lá estarão protegidos. —Anippe fala, me fazendo sentir orgulho dela. —O senhor também deve ir. —Anippe fala para Hur. —Mas quem vai ficar com a senhora?

—Eu vou ficar bem se todos se salvarem. —Falo. —Leve seus irmãos, Gab e seu pai para a vila.

—Vou tentar levar Peppy. —Anippe fala. —Ikeni foi preso e Karoma deve estar louca pensando que talvez o filho vá morrer.

—O único que não vai é Amenhotep. —Falo entristecida. —Mas o que nós podemos fazer para abrir os olhos de Ramsés?

—Nada. —Gab responde a minha pergunta.

—Levarei todos para a casa de Halima. —Anippe fala nervosa. —Ela não vai pensar duas vezes em me ajudar já que Zion também é um primogênito.

—A praga só vale para todo primeiro filho homem? Ou também vale para todas primeira filha? —Gab pergunta me deixando assustada.

—Apenas homens. —Hur responde.

—Menos mal. —Gab fala aliviado. —Henutmire é a primogênita de Tuya. Por um momento pensei que...

—Nem diga uma coisa dessas. —Anippe interfere. —Ainda mais agora que ela está grávida.

—Enfim, vocês devem ir para a vila hoje de noite. —Falo estarrecida pela situação. —Eu só não estou pronta para essa nova praga...

—Eu acho que nenhuma mãe está. —Anippe ressalta, um pouco angustiada assim como eu, mas nós duas sabemos que essa é a vontade de Deus.

(...)

Esperei todo o palácio adormecer para permitir a ida de todos para a vila, mas eu estou preocupada com Uri. Ele até agora não apareceu, falta somente ele para todos partirem. —Em meu ventre está o único filho que de fato posso proteger. —Olho estarrecida para Hur, a nossa discussão foi muito forte, mas agora precisamos deixar isso de lado pelos nossos filhos. Então olho para Gab, vejo o quanto pensativo ele está, mas de toda forma eu não pergunto nada. A minha relação com ele é a pior de todas. Vejo também o quanto Djoser está desconfortável, fazem dias que estamos brigados. Mas parece que eu mesma resolvi ficar intrigada de todos justo agora que devemos estar todos unidos.

—Uri não vai. —Anippe revela me deixando estarrecida pela teimosia de meu enteado. —Uri nunca foi de me dizer não, mãe. Mas eu também nunca fui de querer brigar com o meu irmão mais velho!

—Vocês devem ir mesmo assim. —Falo para Hur,Gab e Djoser. —Eu vou tentar convencer Uri.

—Vão. Eu tento alcançar vocês antes da praga chegar. —Anippe promete ainda assustada. Nós olhamos assustados, este é o momento decisivo onde iremos nos despedir. —Eu vou voltar com Uri para aquela vila. —Anippe promete ao abraçar Hur, mas ambos são surpreendidos por Djoser que os abraça.

—Volte para o palácio. —Falo para Gab, que emocionado, me abraça. Vejo Djoser vir até mim enquanto Hur e Anippe permaneceram abraçados, porém eu evito olhar para o meu filho. —Vá. —Falo magoada com o meu primogênito. —Não devem demorar. —Falo ao sentir minhas mãos suarem. Olho para Hur, e vejo o quanto confuso ele está.

—Se Uri não for...

—Ele vai. —O interrompo.

—Princesa. —Karoma fala ao entrar em meu quarto com o filho de mãos dadas.

—Leve Karoma e o filho, pai. Eu vou para a vila com Uri. —Anippe pede antes de abraçar o pai novamente. Todos partem rumo a vila dos hebreus enquanto eu e Anippe ficamos sozinhas.

—Agora vamos até Uri,Anippe. Eu não posso deixar o seu irmão se matar. —Falo, mas acabo sentindo uma forte tontura.

—Mãe? —Anippe chama por mim ao me amparar em seus braços macios. —Mãe, a senhora não deve ir até Uri. Vai se cansar...

—Essa teimosia de seu irmão é mortal, Anippe. Eu não posso nem imaginar o que vai ser de Hur ao ter um filho morto!

—Meu irmão é cego. —Anippe desabafa. Somos surpreendidas por Uri que entra eufórico. —Você vai, não vai?

—Uri, reconsidere! —Peço e vou até o meu enteado. —É a sua vida que está em jogo, Uri!

—Agradeço a sua preocupação. —Uri fala risonho. —Mas eu não irei para aquela vila.

—Mas é a sua vida que está em risco, Uri. —Anippe interfere e eu dou espaço para a minha filha falar. —Vamos para a vila, meu irmão...

Flash Back On

—Eu posso pegar? —Anippe pergunta ao ver um pequeno martelo sobre a mesa.

—Não, filha. Você pode se machucar. —Hur nega e então Anippe olha para Uri.

—Eu só quero ver. —Anippe fala olhando para Uri, que ao se deixar levar pela doçura da irmã, atende-a. —É com isso que você está lapidando a joia? —Anippe pergunta curiosa e então eu e Hur nos afastamos.

—Uri faz tudo o que Anippe quer, Hur. —Falo.

—Eu já falei para ele parar com isso. Anippe não pode nem olhar para ele que meu filho faz tudo o que ela quer...

Flash Back Off

—Eu sempre fiz tudo o que você me pediu. Mas desta vez eu vou falhar, Anippe. —Uri fala magoando a Irmã mais nova. —Sinto muito, minha irmã.

—Você vai morrer. —Anippe fala com a voz embargada. —Não faz isso, Uri...

Flash Back On

—Corre, Anippe! —Uri pede ao me ver com Anippe no jardim. Minha filha então larga tudo o que está fazendo e corre para os braços de Uri.

—Eu nunca vou entender o que há entre Anippe e Uri. —Leila fala enquanto vê o marido erguer a minha filha para o céu, assim como o meu pai fazia.

—Era assim que meu pai fazia. —Falo ao ver Anippe sorrir. —Meu pai me erguia e eu me sentia a dona do mundo...

—A senhora sente falta dele? —Leila pergunta enquanto eu ouço apenas o riso de Anippe.

—Não sei, Leila. —Respondo vagamente ao lembrar de meu pai e ver Anippe nos braços de Uri. Minhas lágrimas não caem por causa do meu orgulho, mas eu sinto meu coração bater mais forte.

Flash Back Off

—Eu sou agradecido pelo meu pai ter encontrado uma mulher como a senhora. —Uri fala e vem até mim. Meu enteado segura as minha mãos e eu acabo sorrindo. —Eu também fico feliz por saber que aí dentro cresce um irmão meu. —Uri fala já com a voz embargada. —Mas eu não posso abaixar a cabeça e ir para a vila. —Ele termina de falar o que tem para falar para mim e volta para Anippe. —Eu vou me recolher. —Ele fala e então abraça Anippe.

—Eu te amo, Uri. Lembra-se disso sempre. —Anippe fala chorando enquanto Uri sorri. —Tenha lindos sonhos. —Minha filha deseja, mas é Uri quem beija o topo de sua cabeça demoradamente antes de sair.

—Amenhotep. —Falo ao lembrar do meu sobrinho.

(...)

—Tia. —Meu sobrinho fala ao me ver entrar, mas eu me surpreendo por ter Paser nos aposentos de Ramsés.

—Vim te dar boa noite. —Falo e então abraço o meu sobrinho mesmo sabendo que ele é neto de Yunet e tem o sangue de Disebek.

—Está vendo, meu neto? Você é muito amado. —Paser fala com a voz embargada e o olhar cheio de lembranças do passado.

—Algo está acontecendo? —Amenhotep pergunta amedrontado. —Isso não é por causa da praga, é?

—Claro que não, querido. Eu apenas vim ver como você está. —Minto, minha voz é falha ao imaginar que a praga está vindo. —Te desejar boa noite.

—Preciso ir. —Paser fala no mesmo momento que Ramsés surge.

—Algum problema, Paser? —O rei pergunta prepotente.

—Não, soberano. Vim apenas dar boa noite ao meu neto assim como a rainha. —Paser fala seriamente, mas se torna doce ao voltar suas atenções para o neto. —Boa noite, meu querido. E que você tenha lindos sonhos... —Paser deseja ao beijar o topo da cabeça de Amenhotep delicadamente. Ele se despede no neto, sorri para mim e reverencia Ramsés antes de sair.

—Não se preocupe, meu filho. Eu o protegerei como sempre protegi. —Ramsés fala ao passar por mim e abraçar o filho, seu único filho.

—Boa noite, tia. —Amenhotep fala docemente e me vem me abraçar.

—Boa noite, meu querido. —Falo emocionada. Lembro-me de ter carregado Nefertari e Ramsés em meus braços, assim como fiz com Amenhotep. Mas agora eu estou prestes a me despedir de meu único sobrinho.

Deixo Amenhotep e Ramsés sozinhos no quarto, ando com calma tentando voltar para os meus aposentos. Meu pensamento está vila, está em Djoser e Hur. Mas eu estou angustiada por saber que Uri ainda não foi para a vila, ou melhor, que ele não vai por causa do sei orgulho. Eu não quero acreditar que Hur vai perder o seu filho, não quero e nem consigo imaginar tal coisa. Mas eu não posso forçar Uri, mas também não posso deixá-lo se matar.

—Mãe. —Anippe vem até mim chorando enquanto eu ando tranquilamente. —Mãe, meu irmão vai morrer. —Anippe fala amedrontada e me abraça apavorada com a situação. —Eu não quero perder o meu irmão, mãe. Eu não estou pronta para perder ninguém! —Meu filha acaba se aninhando em meus braços enquanto eu tento acalmá-la, mas nada surte efeito na minha filha. —Eu não posso voltar para aquela vila sem Uri ou vou fazer o papai querer vir atrás dele.

—Não! —Falo de súbito, nervosa com a possibilidade de Hur sair da vila durante a praga. —Não faça isso! Hur poderia morrer, Anippe.

—Mas e Uri, mãe? —Anippe pergunta enquanto chora. —O meu irmão vai morrer e a senhora não faz nada! —Anippe revolta-se contra mim. —Nada para impedir!

—Eu já fiz, Anippe. Mas seu irmão é muito cabeça dura! Você sabe disso! —Falo, mas acabo assustando a minha filha mais nova. —Eu sinto muito, mas eu não posso fazer mais nada por ele...

"... Existe apenas um só Deus, e eu creio que isto está mais do que provado..."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Lá vem a décima praga...Gostaria de dizer que estou tremendo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Coração De Seda" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.