Coração De Seda escrita por Maria Fernanda Beorlegui


Capítulo 48
Capítulo 48


Notas iniciais do capítulo

E vamos começar com o quê mais gosto de fazer: Lembranças da nossa Henut.



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Flash Back On

—É incrível a semelhança entre você e Anippe, Henutmire. —Nefertari fala observando Anippe e Amenhotep brincando no harém. —Ela tem os seus olhos!

—Exagero seu. —Falo entristecida. —Anippe não se parece em nada comigo.

—Não falo da personalidade, mas sim das características físicas. —Nefertari ressalta. —Aliás, Anippe é diferente de Amenhotep e Djoser. —Minha cunhada fala orgulhosa. —O aniversário de Anippe está próximo, não está?

—Cinco anos, Nefertari. —Falo melancólica ao ver minha filha crescer. —O tempo está passando muito rápido e eu temo por isso...

—Temer pelo o quê? Nossos filhos irão reinar soberanos quando morrermos, Henutmire.

—Mas eu temo em perder meus filhos de uma hora para outra. —Falo ao ver Djoser entrar correndo no harém e se juntar á Amenhotep e Anippe. —Mas eu temo mais por Anippe.

—Nenhum mal vai acontecer á Anippe. Quem poderia machucar a filha da princesa do Egito?

Flash Back Off

A pergunta de Nefertari foi respondida somente agora...

—Precisamos levar ela até Paser. —Moisés fala e então tira Anippe de meus braços bruscamente. Sinto as mãos fortes de Hur me levantar do chão com delicadeza, mas ele mesmo me impede de ir até minha filha.

Meus braços permanecem vazios ao ver minha filha nos braços de Moisés. Totalmente inerte e possivelmente morta. Digo morta por causa de seu sangue que não para de jorrar...

—Eu mostro o caminho. —Djoser fala e então abre o caminho para Moisés passar com Anippe em seus braços.

—A minha filha... —Falo ao ver Anippe ser levada por Moisés. —Por que tanta desgraça está acontecendo? —Pergunto para Hur, mas ele sequer me dá atenção.

Hur está em choque com o que acabou de acontecer no jardim real. Até porque Anippe atirou-se em sua frente para impedir que o punhal o ferisse. Hur tentou me defender e então Anippe o defendeu, mas aquele punhal era para mim e não para ele ou Anippe! Mais uma vez eu sou a culpada por mais uma desgraça dentro deste palácio. Desde que me tornei rainha do Egito tudo de ruim acontece ao meu redor.

Flash Back On

—Mãe, a senhora me perdoa por tudo o que fiz? Por cada palavra que eu disse e feriu a senhora? —Minha filha pergunta e então começamos a chorar. Eu poderia não perdoar a mina filha, mas ela precisa disso para seguir em frente.

—Mas é claro que eu te perdôo, minha filha. —Falo ao abraçar Anippe com todo o meu amor. —Eu te amo e quem ama perdoa, não é? —Pergunto. Minha filha então me abraça ainda mais forte tentando guardar como lembrança o meu abraço.

—Nem sempre é assim. —O que Anippe fala não só me lembra a briga dela e Hur, mas também me lembra o perdão que meu pai tanto pediu para mim.

Flash Back Off

Hur então me abraçou desolado por saber que nossa filha deu a sua vida pela dele no momento em que ele estava tentando me defender. —Noto que o sangue de Anippe não sujou apenas as minhas vestes, mas também as vestes brancas de Hur.— A possa de sangue de Anippe está manchando o centro do jardim real, mas o mesmo sangue me deixa trêmula de tão nervosa que estou. E então outra lembrança me deixou ainda mais entristecida...

Flash Back On

—Papa... —Eu e Hur ouvimos uma voz doce chamá-lo. Foi então que me dei conta de que Anippe não estava dormindo como Djoser está.

—O que você falou? —Hur pergunta ao ver que nossa filha faz um grande esforço para chamá-lo.

—Papa... —Anippe repete mais uma vez. Seus olhinhos luzentes brilham ainda mais ao ver Hur por perto e então eu tento segurar as lágrimas.

—Estou aqui, meu amor... —Hur fala e então vai até Anippe. —Eu sempre estarei aqui, Anippe.

—É a primeira palavra que ela consegue falar. —Falo admirada. Anippe chamou por Hur, diferente de Djoser, que teve como primeira palavra "Mamãe". —Ela gosta mais de você do que de mim...

—Não seja ciumenta. —Hur pede ainda olhando para Anippe. Minha filha então dorme ao ter Hur ao seu lado, assim eu acabo sorrindo por saber o quanto a minha filha ama o pai.

Flash Back Off

(...)

—Paser está demorando. —Moisés reclama e então se senta ao meu lado.

—Espero que a minha irmã se salve. Não aguento ficar aqui neste harém esperando por notícias! —Uri fala entristecidos por Anippe.

—Meu tio precisa fazer alguma coisa. Jahi não pode ficar impune. —Djoser sugere.

—O pior de tudo é que ele tinha um único alvo. —Leila fala e então todos me olham.

—Porque Jahi culpa a senhora pelo o que aconteceu com esse tal primo? —Moisés pergunta e então todos se olham desconfiados.

—É uma longa história. —Hur responde por mim e então eu abaixo a cabeça.

—Ela não fala nada desde que chegamos no harém. —Leila fala preocupada e então se ajoelha diante mim. —Eu posso ajudar em alguma coisa?

—A senhora precisa reagir, minha mãe. Ou então irá assustar Anippe com toda essa tristeza. —Moisés tenta me alegrar, mas eu não sorrio ou demonstro estar feliz.

—Vamos até lá? —Uri pergunta sugestivo e preocupado ao olhar para Moisés e Djoser.

—Vamos. —Djoser e Moisés respondem em uníssonos e se levantam, mas são surpreendidos com a chegada de Paser.

—Como a minha filha está, Paser? —Me surpreendo com a preocupação de Hur para com Anippe.

—A situação da princesa é muito delicada. —Paser fala olhando fixamente para mim. —Mas ela está acordada e pede para que os irmãos vá vê-la.

—Apenas os irmãos? —Hur pergunta curioso.

—Ela me pediu para chamar apenas os irmãos, Hur. Talvez a princesa queira falar algo muito importante para eles. —Paser fala e então eu me entristeço por saber que Anippe quer falar apenas com os três irmãos.

—Vamos. —Moisés fala e então sai do harém acompanhado por Djoser e Uri.

—A rainha precisa de alguma coisa. Ela não fala nada desde que Jahi atacou a princesa... —Leila fala preocupada e então Hur se senta ao meu lado.

—Eu sinto muito, soberana. —Paser fala e então vem até mim sorrateiramente. —Espero que o Deus de Israel faça algo pela sua filha, ou caso contrário nenhuma outra divindade poderá salvar a princesa Anippe.

—O faraó mandou prender o príncipe Jahi. —Karoma fala ao entrar eufórica no harém. —E o príncipe Gab deseja vê-la, soberana.

—Henutmire? —Hur me chama ao ver que não me pronuncio. Eu então olho para todos os detalhes do harém procurando algo que me dê forças. Porque neste exato momento tudo o que me vem em mente é matar Jahi com as minhas próprias mãos.

—Me deixem sozinha. —Peço antes de sair do harém com os meus braços vazios.

(...)

—Gab. —O chamo ao entrar em seus aposentos. Gab então olha para mim com lágrimas nos olhos, mas eu não me deixo levar pela sua fragilidade.

—Eu lamento muito por tudo o que está acontecendo. —Gab fala rapidamente ao ver o quanto estou sendo indiferente com ele. —Jahi não tinha o direito de te fazer mal...

—Minha filha está morrendo por minha causa assim como você...

—Nada disso é culpa sua, Henutmire. Tudo isso é um grande mal entendido. —Gab me deixa mais aliviada com suas palavras. —Não se preocupe comigo, você deve se preocupar apenas com Anippe.

—Ela está morrendo. —Minha revelação no choca. —Se dá conta do que fiz? —Gab não responde a minha pergunta. —Maldito foi o dia em que nos conhecemos, Gab. Você não deveria ter vindo ao Egito nunca!

—Eu precisava te conhecer...

—NÃO! —Grito enfurecida. Meu olhos arregalaram-se assim como os de Gab assim que meu grito ecoa pelo ambiente. —Minha filha está morrendo, Gab! Você sabe o que estou sentindo? —Lágrimas brotaram de meus olhos ao imaginar Anippe morta. Mas então a minha revolta falou mais alto. —Não, você não sabe porque você nunca teve um filho!

Me perdoe! Me perdoe!

—Não me peça perdão porque isso não vai salvar a minha filha! —Falo enfurecida. —Desde que você chegou ao Egito que minha vida se transformou em uma desgraça!

—Você é a sua própria desgraça, Henutmire. —Gab fala seriamente e me faz tremer com suas palavras antes que eu saia do seus aposentos.

 (...)

—E nossa filha? —Pergunto ao ver Hur prestes a entrar nos aposentos de Anippe.

—Ramsés acabou de entrar. —Hur fala. —Moisés,Uri e Djoser também estão aqui dentro.

—Você já a viu? —Minha pergunta tem como resposta o abraço desconsolado de Hur.

—Sim. —Hur responde com a voz embargada. —Ela está tão fraca, Henutmire...

—Ela te falou alguma coisa? —Pergunto curiosa.

—Ela me pediu para ir embora. —Hur fala entristecido. —Ela não quer o meu perdão, Henutmire...

—O que vai ser da nossa filha? —Minha pergunta é respondida com o silêncio de Hur. —Eu estou me sentindo tão culpada que...

—Você não tem culpa de nada. —Hur insiste.

—Como não? Anippe e Gab estão morrendo por minha causa! —Falo envergonhada comigo mesma. —Eu não quero que Anippe morra, Hur. Eu não vou suportar perder a minha filha...

—Me ouça com atenção. —Hur pede ao segurar o meu rosto. —Não vamos perder ninguém, ouviu bem? —Eu então percebi o quanto Hur está nervoso por saber que Anippe está morrendo.

—Eu já perdi tantas pessoas durante toda a minha vida que se eu chegar a perder Anippe também... —Paro de falar imediatamente ao imaginar minha filha morta. —Eu acho que morrerei junto á ela.

—Não diga isso. —Hur pede magoado. —Você tinha razão. Eu tinha que ter perdoado Anippe, agora ela não quer me ver justamente por isso.

—Eu conheço a nossa filha melhor do que ninguém. Anippe pensa que você está fazendo isso por pena. —Falo para a tristeza de Hur. —Nesse ponto ela ainda é orgulhosa.

—E o que eu vou fazer para conseguir me aproximar de Anippe novamente? —Não respondo a pergunta de Hur como eu deveria fazer, até porque eu sei muito bem que meu pai fez o possível e o impossível para ter o meu perdão e até hoje eu não o perdoei. Pelo o que estou vendo a história se repete, mas desta vez quem vai sair perdendo é o pai e não a filha.

—Ainda bem que você está aqui. —Ramsés fala ao sair do quarto de Anippe. Posso ver meus filhos e Uri em volta da cama de Anippe já que a porta está entreaberta. —Anippe chamou por você.

—O que você vai fazer com Jahi? —Minha pergunta foi feita com base na minha raiva.

—A forca seria pouco para ele...

—Você disse que Yunet seria queimada viva e até agora nada! Vai deixar Jahi impune também? —Pergunto tomada pela revoltada. Será possível que Ramsés não sabe tomar uma decisão?

—Diga você a sentença que deseja. Decrete você mesma a sentença de Jahi, Henutmire. —Ramsés fala e então Hur me olha apreensivo. —Será seu primeiro decreto como rainha...

—Eu quero a cabeça de Jahi em uma bandeja de prata exposta para que todos saibam o que acontece com quem falta com respeito comigo. —Meu desejo surpreendeu Ramsés e Hur. E ao olhar para dentro do quarto de Anippe, noto que meus filhos e Uri me olham assustados. —Pouco me importa a aliança entre a Núbia e o Egito. Até porque Jahi não pensou nisso quando tentou me matar.

—Você tem razão. —Ramsés concorda. É então que eu vejo o quanto vulnerável o meu irmão está e que com isso eu posso tirar vantagem. —Farei o que pede após Yunet ser queimada viva.

—E quando será?

—Amanhã mesmo. —Ramsés responde contente para a minha surpresa. —Amanhã ao amanhecer iremos vingar a morte de nosso pai, Henutmire...


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Notas finais do capítulo

Corre, Yunet!!!
Henutmire tá loka, num sei, vamos chamar alguém para trazer ela de volta.
Gab VS Henutmire, não nego, tô amando isso desde o inicio... Muito em breve vocês vão entender porque de fato Gab está no Egito...



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