—Imaginem uma menininha linda, uma verdadeira miniatura de Henutmire, andando pelo palácio. —Ramsés fala durante o desjejum.

—Imagine agora essa menininha com uma miniatura sua, meu irmão. —Falo com graça.

—Chamei aliados de paises vizinhos para a festa que darei para alegrar o palácio. Precisamos comemorar!—Ramsés exclama.

—Acho uma boa ideia. —Nefertari fala aprovando a ideia.

Uma cólica fraca me incomoda durante a conversa, e as poucos ela vai se tornando mais dolorosa. O que está acontecendo?

—Vai ser um menino. —Hur sussurra em meu ouvido. Sorrio com a hipótese de ter um menino, seria de fato parecido comigo.

—Estou um pouco incomodada. — Falo e me levanto.

—Chamem Paser!—Ramsés ordena.

—Não é preciso, meu irmão. É um incômodo passageiro. —Falo.

—Claro que é preciso. Tanto a sua gravidez quanto a gravidez de Nefertari são importantes, Henutmire. Você é a princesa do Egito, merece todo o auxilio preciso durante uma gestação. —Ramsés fala me deixando orgulhosa.

—Tem toda razão, Ramsés. —Nefertari conclui.

—Também acho apropriado. —Hur fala sem me deixar escapatória. —Não pode se descuidar.

—Hur tem razão, Henutmire. A criança que carrega no seu ventre será é um príncipe. Príncipe da nação mais forte da terra, e não podemos descuidar dele. —Ramsés faz questão de me lembrar de que meu filho será príncipe, de novo.

—O que eu preciso é descansar. —Falo dando as costas para todos. Ultimamente fico impaciente, e isso não é do meu feitio.

(...)

—Não fique brava com a preocupação de todos, senhora. —Leila fala com a voz mansa. —Todos se preocupam com a senhora também pelo o que aconteceu... —Ela fala se referindo aos bebês que perdi. Mas agora não é como antes! Não existe Yunet para me envenenar e muito menos Disebek para me trair.

Disebek teve Yunet e Hur tem somente á mim. A única mulher com que Hur se relacionou antes de mim foi a mãe de Uri, nenhuma outra mulher se envolveu com Hur. Ou estou enganada?

—Hur se relacionou com outra mulher antes de mim, Leila?—Pergunto rapidamente.

—Por que me pergunta isso?—Leila me responde com outra resposta.

—Ele teve. —Falo com afirmação e Leila se arrepende de não ter mentido. —Quem foi? Eu conheço?

—Princesa, não precisa saber disso. —Leila fala na defensiva. —Ela é hebréia e a senhora não preci...

—Hebreia? —A interrompida com uma pergunta. —Quem é?

—A irmã mais velha de Moisés. Se chama Miriã. —Leila revela de uma vez. A irmã mais velha de Moisés?

—Por Ísis...

—Eu não devia ter falado nada. —Leila fala nervosa.

—E por que não deveria ter falado? —Pergunto alterando a voz. É então que me dou conta de que ainda estou em um dos corredores do palácio.

—Por que meu sogro fez algo horrível com Miriã. Ele deu falsas esperanças para ela e depois...

—Do mesmo jeito que Disebek fez com Yunet. —Falo assimilando tudo. —Hur é igual á ele...

—Não diga tal infâmia, senhora. Meu sogro lhe ama e deixou isso bem claro para Miriã. —Leila fala defendendo Hur.

—Ainda está aqui? —Hur pergunta se aproximando de mim. Sinto o incômodo de Leila e rapidamente dou as costas para Hur. —Henutmire? —Hur me chama, mas eu sigo andando para os meus aposentos.

Eu me recuso a acreditar que Hur seja igual ou até pior que Disebek! Não posso acreditar que ele iludiu outra mulher! E justo a irmã de Moisés! O que eu faço agora? Em breve me brotará um filho do corpo... Um filho nosso! Leila não mentiria para mim, ela odeia mentiras. Mas e Hur? Se ele nunca me contou sobre Miriã é por quê certamente algo de grave aconteceu ou ele realmente foi um covarde e brincou com os sentimentos dela.

—Henutmire! —Hur me chama. Apresso os meus passos para me distanciar, mas sinto uma necessidades enorme de parar para escutar Hur, então paro de andar e ele me alcança. —Eu posso explicar tudo...

—Então é tudo verdade? —Pergunto com a voz falha.

—Sim. —Hur responde. Ele abre a boca para falar, mas logo muda de opinião e permanece em silêncio. Olho para o chão procurando uma forma de sair dali e fazer com que o tempo passe mais rápido. —Henutmire...

—Fique longe de mim. —Falo evitando que o seu olhar se cruze com o meu
Não quero te ver na minha frente, não quero escutar meu nome sair de sua boca e não quero que se aproxime de mim enquanto eu não souber o que devo fazer com você.

—E o nosso filho? —Hur pergunta. É verdade. Não posso pedir para que ele fique longe de mim já que estou grávida. Mas isso me deixaria incomodada. —O que aconteceu agora é passado.

—Mas o meu choque é recente. —Falo. —Você me disse que nunca haveria segredos entre nós dois. E agora eu descubro isso...

—Eu não me relacionei com Miriã como você pensa...

—Mas enganou ela, Hur! Deu esperanças para ela e depois foi embora! —Exclamo exaltada.

—Não se exalte! —Hur pede e segura os meus braços.

—Não toque em mim. —Falo calma. —Saia da minha frente, Hur. Só eu sei o quanto estou decepcionada com você.

—Será que um dia a sua decepção passará? —Hur pergunta temeroso.

—Com o amor que tenho por você... —Começo a falar e observo a reação dele. —Quem sabe. —Falo com dificuldades, já que a voz permanece embargada.

Só eu sei o tamanho da raiva que começo a nutrir por Hur. Ao olhar seu belo par de olhos pedindo por misericórdia, sinto a vontade de abraça-lo, mas ao mesmo tempo tenho vontade de bater nele e descontar toda a minha raiva. Eu espero que o meu amor por Hur não vire ódio. Principalmente agora que carrego um filho dele em meu ventre. Como eu posso desejar que Hur se afaste de mim se , agora, carrego um filho dele no meu ventre?