Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 48
Uma Nova Vida


Notas iniciais do capítulo

Estamos aqui com mais um cap problemático. Eu li e relia esse cap, mas não o achava234 bom. Então apaguei partes dele, inserir coisas novas e aloquei diferentes certas coisas.

Há certas nuances que tentei expor e espero ter conseguido, além disso saberemos como Jenny se sente a respeito da decisão do irmão e principalmente qual será a atitude de Miko.

Aproveito para dizer que a fic está chegando na reta final (nem consigo acreditar). Bom, chega de lenga lenga e vamos ao cap.



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A notícia de que Reginald Birch estava morto a princípio foi recebida como um boato, mas quando Miko descobriu que era uma mulher a principal suspeita, então ele soube que havia sido Jenny. Contudo, as semanas se passaram e não havia uma notícia da jovem, nem carta ou qualquer sinal de vida. Ele sabia que não podia reclamar, pois foram instruções dadas por ele mesmo ela estava apenas o obedecendo à risca.

 O Assassino mantinha sua rotina de dia, sendo periodicamente questionado sobre sua “filha” pelas vizinhas fofoqueiras e pelos comerciantes, principalmente os jovens. Sua desculpa costumeira é que ela havia ido visitar sua vó já muito idosa que vivia no continente e todos pareciam aceitar bem. Havia apenas uma pessoa que sabia a real natureza dá ausência de Jenny, alguém que Miko mantinha confiança quanto às suas “atividades noturnas”.

Naquela tarde, a costureira Evans lhe ofereceu um pouco de chá, era a última entrega dele e Amy apreciava com gosto a companhia do Assassino.

— Você se afeiçoou a ela. – Disse Amy enquanto servia chá ao homem sentado em sua mesa.

Miko ergueu os olhos para Amy, uma viúva jovem que perdeu o marido para um infeliz acidente doméstico. Ela vivia sozinha nos cômodos acima de sua loja de costura, a única herança que recebera do falecido. Algumas rugas eram visíveis no canto dos olhos azuis. Os cabelos negros realçavam a pele clara, ainda que sempre estivessem presos.

— Estou preocupado. – Miko pegou a xícara e tomou um gole de chá quente de aroma convidativo.

— Disse que confiava nela. – Ela serviu um pouco para ela mesma e bebericou logo a seguir.

— E confio. É esperta e habilidosa, mas já estamos em um novo ano e eu não consegui um único resquício dela.

— Então quer dizer que ela realmente é boa. – Amy lhe expôs um sorriso dócil, mas o mesmo não pareceu surtir muito efeito no homem que se limitou a suspirar.

O Assassino olhou dela para a janela e viu as nuvens se aglutinarem no céu, logo iria chover. - Obrigado pelo chá Amy, mas é melhor que eu vá antes de anoitecer.

— Está bem, mas preciso lhe entregar sua encomenda.

Amy se virou e sumiu de vista a ir por um corredor que levava até seu ateliê, lá eram mantidos os vestidos e todas as encomendas dela. Além de manequins e desenhos feitos pela própria. Quando a mulher retornou, havia um embrulho em suas mãos que ela estendeu ao Assassino.

— Considere como um agradecimento por toda a sua ajuda.

— Tem certeza? Posso lhe pagar justamente.

— Eu insisto, aceite por favor. Ela também é querida a mim.

Ele meneou levemente a cabeça e aceitou em suas mãos o embrulho. Miko se levantou para partir antes que anoitecesse e as más línguas inventassem fofocas entre os dois. A verdade é que Amy era sim muito bela, ainda que estivesse próximo dos quarenta anos e por mais que ele soubesse ter alguma atração por ela, o Assassino reprimia suas vontades por temer que ela sofra em um relacionamento com ele devido suas atividades em nome da Irmandade, um sacrifício que ele já vinha fazendo há anos.

O gentil homem caminhava por entre as ruas de volta para sua casa, recebendo cumprimentos e desejos de boa noite pelos conhecidos. O tempo sempre nublado de Londres acelerava o pôr do sol e o chuvisco a findar aquela tarde contribuía ainda mais. Com passos ligeiros, ele adentrou à ruela onde ficava sua modesta casa e com espanto notou uma luz vinda de seu interior. Seus pés passaram a pisar com cautela e seu avanço foi feito em puro silêncio. Uma de suas mãos segurava o embrulho enquanto a direita segurava a maçaneta que ele empurrou sem esforço.

Quando a porta foi aberta o suficiente para que ele visse Jenny sentada a mesa, seus movimentos congelaram e um largo sorriso brotou em seus lábios.

— Jenny!

A loira se levantou e recebeu o abraço apertado de Miko, sem se importar sua roupa que se molhava devido a água da chuva nas vestes dele, contudo ele logo percebeu que estava lhe encharcando e cessou o contato entre ambos.

— Me perdoe, minha jovem.

— Um pouco de chuva nunca fez mal ninguém.

— Demoraste tanto. – Ele se virou para fechar a porta e averiguar se não havia nenhuma vizinha fofoqueira por perto. – Como voltaste?

— Em uma embarcação italiana.

— Italiana?

— Sim. Achei mais seguro do que refazer o caminho de ida.

— E por quê? – Sua sobrancelha se arqueou em surpresa com a escolha dela e ele se virou de frente novamente.

Os olhos da Kenway que estavam contentes perderam o brilho e desviaram-se dele para a mesa logo ao lado. – Encontrei meu irmão. – Sua voz saiu baixa, parecia triste quando na verdade ela deveria estar feliz e Miko permanecia sem entender o motivo de suas atitudes.

— Mas que ótima notícia, ele veio com você?

Ela negou com a cabeça e encarou o Miko nos olhos. – Ele é um Templário agora.

O sorriso dele desapareceu e Jenny percebeu que ele tentava assimilar o que ela havia dito. Procurando palavras certas, mas para quê? Para consolá-la? Para se desculpar? – Mas como?

— Reginald Birch não o sequestrou e nem o torturou atrás de informações, mas ele mesmo criou o meu o meu irmão por todos esses anos para torná-lo um Templário. – Ela suspirou e prosseguiu. – Meu pai não havia contado absolutamente nada sobre a Irmandade ao meu irmão e por isso Birch o moldou conforme ele bem desejava.

O Assassino a abraçou e ele nunca a havia sentindo lhe apertar tanto. – Sinto muito, Jenny. Sinto de verdade...

— Eu não quero matá-lo, Miko. Não quero matar o Haytham.

— E não terá que fazê-lo. Fique tranquila, pois nem só de mortes vivem os Assassinos. – A mão do homem deslizava pela cabeça dela tal qual um pai consola um filho, ou nesse caso, uma filha.

— Ele me ajudou a matar Birch após nos encontrarmos na Espanha e eu contar toda a verdade sobre nosso pai que Reginald fez questão de esconder. – Ela rompeu o abraço e sentou-se na cadeira.

— Então era seu irmão que estava na Espanha e não Reginald? – Ela assentiu em silêncio. – Mas o que Birch fazia escondido na França?

— Ao que percebi, ele procurava por maçãs do Éden.

— Por isso suas incursões à diferentes países. – Seus dedos massageavam mais seu queixo enquanto seu olhar parecia fixo no chão para juntar as peças daquele inacreditável quebra-cabeça. – E seu irmão?

— Ele estava envolvido em outros assuntos e me parece que ele não acredita que haja poder nos artefatos deixados pela primeira civilização.

— Isso é bom.

— Por que? – Jenny o encarou com curiosidade na feição.

— Manterá seu caminho longe do dele. – Ela arqueou a sobrancelha sem entender a que caminho o homem se referia, por isso permanecera em silêncio enquanto ele caminhava de  é um lado para o outro. – Seu pai lhe contou a grandiosidade que o Observatório é e Ezio Auditore deixou relatos sobre o poder de uma maçã a qual ele mesmo viu pessoalmente. Eles dois cumpriram seus papéis de protetores ao impedir que armas tão poderosas caíssem em mãos Templárias.

— Não tem nenhuma maçã em Londres, tem? – Miko riu e se virou de costas para ela.

— Não, mas eu tenho uma chave. – Ele enfiou a mão no bolso e retirou um pequeno objeto em forma de círculo preso a um cordão simples e deu a ela.

— E o que ela abre? – A loira girava o estranho pedaço de metal pelos dedos tentando ler suas escrituras, um esforço que se mostrou em vão.

— Eu não sei, mas as inscrições aqui parecem antigas e venho estudando-a por anos, contudo nada descobri. Até que solicitei ajuda à Irmandade Americana e eles me responderem que esses símbolos são semelhantes a uma língua de um povo nativo deles. Os Mohawk.

 – E como veio parar em Londres?

— Seu pai disse que estava em meio o ouro de um de seus baús. Mas ele não se lembrava​ onde o encontrou. – Ele deu de ombros para ela, que aceitou o relapso de seu pai quanto seu dinheiro.

— E agora que sabe de onde vens o que fará? Partirá para as Colônias?

Ele negou e pegou a chave das mãos dela. - Mas se Reginald Birch procurava pelos pedaços do Éden, é possível que outro Templário assuma suas pesquisas, e não podemos permitir que eles encontrem o que quer que essa chave esconde nas Colônias.

— Disse que há uma Irmandade Americana nas colônias.

— Mais de uma, mas é apenas com Achiles Davenport com quem mantenho contato, o Mentor deles.

— Achiles Davenport tornou-se Mentor?  - Jenny o olhava completamente incrédula quanto aquela notícia.

— Você o conheceu não é mesmo? Quando esteve em Tullum.

— Pode-se dizer que sim.

— Infelizmente, ele não me pareceu interessado no assunto quando trocamos cartas, disse que já tinha seus esforços focalizado em outro assunto a qual não me deu mais detalhes.

— Então, aparentemente não tem ninguém protegendo o que quer que essa chave abra nas Colônias. – Jenny cruzou os braços e manteve os olhos no Assassino que lhe negou com a cabeça. Ela percebeu nitidamente as intenções do homem e o respondeu.  - Não posso deixar você aqui sozinho.

— Fiquei sozinho por todos esses anos, Jenny.

— Veja seus cabelos, quase não tem mais cor neles. Precisa de alguém para lhe ajudar enquanto está com Amy, e eu sei que estava na casa dela, pois reconheci a caligrafia no embrulho que trouxe.

— Esqueça Amy, ela está mais segura longe de mim. – Ele disse ao se encaminhar para a cozinha.

Jenny se levantou e apoiou-se na mesa enquanto o observava beber água apenas para disfarçar o nervosismo que aquele nome sempre lhe causava. Ela sabia que era difícil a ele mentir, principalmente acerca de seus sentimentos para com a costureira.

— Precisa ficar ao lado dela. Como ela irá subir as escadas daqui uns dez anos? Como poderá morar sozinha em uma loja onde há dezenas de rolos pesados de tecidos? Você sabe que ela se machuca as vezes.

— E como você sabe disso? – Ele se virou e a encarou.

A Kenway deu de ombros e fez pouco caso. – Ela gosta de conversar. Principalmente quando você é o assunto, mas esse não é a questão aqui. Eu posso agir nas sombras enquanto você descansa ao lado dela.

— Londres não nos pertence desde que seu pai morreu e minhas atividades hoje praticamente se resumem a conseguir informações para outros Assassinos.

— Você precisa de alguém por perto. Eu não irei a lugar nenhum sabendo que estará sozinho.

— Jenny, eu entendo que quer me ajudar, mas você não vê que quero o mesmo para você? Como você disse, sou um homem velho e já não subo em telhados tão bem quanto antes. Você merece um destino melhor do que cuidar de um velho. Quero que vá até uma Irmandade de verdade e lá lute por tudo o que eu e seu pai lutamos.

— Você e meu pai criaram a Irmandade daqui, deixe-me assumir esse lugar ao seu lado.

Miko se aproximou dela e segurou suas mãos com os olhos marejados. – Estou cansado de lutar, mas não quero te privar de seus sonhos. – Ele largou as mãos dela e caminhou ate o embrulho dado por Amy que repousava sobre a mesa. – Isso é seu.

Jenny pegou o presente misterioso e desfez o laço ao lado da mensagem simpática da costureira: Espero que fique bom. Com cuidado seus dedos retiraram todo o papel que envolvia uma peça de roupa. A loira a pegou e deixou que se estendesse para baixo de suas mãos. Era um manto cinza com três fileiras de botões, um capuz pontudo e mangas compridas.

— Está na hora de se tornar uma Assassina de verdade. Um membro oficial da Irmandade.

Miko tomou o manto das mãos dela e caminhou para trás da jovem, estendendo a peça por sobre os ombros dela. – Quando outros homens seguirem cegamente a verdade, lembra-se, nada é verdadeiro. – Ela colocou os braços dentro das mangas e ele continuou. – Enquanto outros homens agirem presos pelas leis da moralidade, lembre-se, tudo é permitido. – Ele ergueu o capuz e cobriu parcialmente o rosto dela. – Nós trabalhamos nas sombras para servir à luz.

[#]

Eu nunca gostei de Londres e as pessoas de Londres, de um modo geral, também não gostavam muito de mim. Por isso, quando deixei essa cidade há quase quinze anos eu não pude sentir remorso e nem saudade, contudo, Miko e Amy mudaram tudo. Foram alguns dias para convence-lo de que ele precisava dela e vice-versa. Ela, por outro lado, parecia estar aguardando isso há algum tempo.

Agora eles não eram só amigos, mas uma casa el oficialmente. A senhora Siegerson espalhou para todos do bairro que sempre soube do caso dos dois, isso se você considerar visitas para chá como um caso, é claro. Essa mudança, todavia, não ocorreu gratuitamente, pois acarretaria na minha partida. Eu não iria morar com eles, mas pela primeira vez não queria deixar Londres. Eu poderia permanecer na casa de Miko e manter a Irmandade dos Assassinos, mas ele achou muitíssimo arriscado e disse que não queria me perder por consequência de uma fatalidade, como ocorrera com o meu pai. Então o preço para mim foi partir rumo às Colônias.

Desta vez não é uma fuga, não sou um homem e também não sou tão ingênua quanto era da última vez. Acredito que Miko esteja me enviando para o outro lado do oceano para ajudar a Irmandade, mas não sou cega para não perceber que ele quer me manter distante do caminho de Haytham. E eu devo ser grata por isso.

Eu pensei que sentiria algum alívio ou qualquer sentimento de dever​ comprido quando encontrasse o assassino de meu pai, mas não houve nada. Apenas um vazio.

Estarei chegando em algumas semanas e navegar não sendo parte da tripulação é realmente tedioso, ainda mais vendo amadores cuidando tão mal das velas e das cordas. Em meu bolso trago um endereço onde posso encontrar​ Achiles Davenport, mesmo que ele não tenha respondido nada sobre minha partida. Considerando seu orgulho, dúvido que esteja contente com a ideia. No outro bolso guardo o presente de meu irmão, para não me esquecer o que somos agora. Em meu pulso direito carrego a Hidden Blade que fora de meu pai, tal qual carrego em minha bagagem suas pistolas e os mapas codificados que possuem o caminho para o Observatório.

Sinto que começo uma nova vida e que Bonny, Sexta-feira, Nala e Edward II fazem parte de uma velha vida, uma lembrança de um passado distante. Me pergunto se meu pai sentia-se assim quando se casou com Tessa, e se foi assim, então talvez​ eu possa entendê-lo enfim.


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Notas finais do capítulo

Vamos lá, há duas possibilidades do Miko ser tio. Uma delas é ele tendo irmã ou irmão, a outra é ele se casando. Optei pela segunda, o que torna o Duncan parente de Amy e não de Miko.

Bom, quem conhece a história seja do AC 3 ou do Rogue já pode imaginar que o plano de Miko de manter os irmãos Kenway distantes um do outro não vai dar muito certo. E pra piorar Jenny vai se deparar com uma Ordem Tempária bem recheada de gente.

Pra complementar a cereja do bolo... Haytham não vai às Colônias como um mero Templário sim como o Grão Mestre Templário... O que sua irmãzinha irá achar disso?

Saberemos nos próximos caps rs.



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