Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 13
The First Target


Notas iniciais do capítulo

Quero usar esse pequeno espaço para fazer um pedido, o destino do mesmo entenderá assim que o ler. Por favor, não mate o Connor! Por favor, não faça isso! Obrigada rs



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/661108/chapter/13

O inverno já ia embora e a temperatura começava a ficar mais amena a cada dia. Ainda sim o frio era menos intenso que em Londres, pois não havia neve no Caribe. Por outro lado, o treinamento nadando mostrou-se pior com as águas geladas. Não raro Jenny e até mesmo Sexta-feira sentiam câimbras e quase se afogavam. Mas os resultados tornavam-se cada vez mais notáveis. A pele de Jenny já não era tão branca como quando chegou, o tom era quase dourado como a areia da praia. Seus músculos nos braços e antebraços eram visíveis. Suas pernas estavam nitidamente mais grossas e fortes. Subir no topo de pilar de pedra não era mais um problema.

Sexta-feira também aperfeiçoara suas habilidades, entre elas a luta e a mira. No começo ele tinha dificuldade em usar armas de fogo e fazer uma boa mira. Conseguira dominar a técnica com uma das mãos e agora praticava com uma pistola em cada mão. Dentre todos os iniciados ele era de longe o mais hábil para escalar e se esconder. Seu tamanho lhe favorecia nesse ponto. Achilles continuava como o mais forte dentre os noviços, mas não o mais rápido.

Jenny estava entre duas ramificações de uma laranjeira alta que logo daria frutos. Tentando se esconder atrás do tronco ela apurou os ouvidos e concentrou sua visão. Com o treinamento sua visão tornou-se uma vantagem. Ela lhe permitia ver detalhes e localizar Sexta-feira no meio da folhagem ou no meio dos outros iniciados, e lá esteva ele, atrás de uma moita a poucos metros. A Kenway se virou e saltou para o galho a sua frente. Para seu desgosto este se partiu e ela caiu sobre as raízes da laranjeira. O farfalhar de folhas denunciou a movimentação atrás de si.

Sexta-feira a agarrou por trás, imobilizando seus braços na altura do cotovelo. Ela se debateu, mas ainda não era forte o suficiente para superá-lo. Então sem mais alternativas ela inclinou a cabeça para frente e com toda força que conseguiu reunir a jogou de volta para trás, atingindo em cheio a testa do amigo. Ele a soltou imediatamente e ela voltou a correr em direção à praia o mais rápido que pode. Foi quando um rugido a tomou de surpresa. Uma onça pintada estava logo a sua direita, preparando-se para ataca-la e quando suas patas traseiras flexionavam-se para saltar seu pescoço fora perfurado por dois dardos. O felino pareceu um pouco tonto, cambaleando em círculos até cair.

— Jenny, por que não usou sua visão antes de sair correndo? – Ah Tabai se aproximava dela, guardando sua zarabatana no cinto.

— Eu saí precipitadamente correndo. – A jovem dissera em um tom baixo e desviando o olhar do mestre assassino.

Ah Tabai ficou a um metro dela e lhe passou uma rasteira tão rapidamente que ela nem ao menos se preparou para a queda.

— Lembre-se que a paciência é uma das melhores virtudes que um assassino pode ter. – Ele a olhava se levantar e tirar a areia da roupa.

— Sim senhor.

— Anne Bonny está de volta. Imaginei que gostariam de saber.

— Obrigada! – Jenny sorriu satisfeita enquanto Ah Tabai lhe dava as costas e ia embora pelo mesmo caminho que viera.

Ela viu Sexta-feira se aproximar da fera já morta com uma faca em mãos e começar a cortar sua pele. Jenny desviou o olhar. Esta era uma das poucas coisas em que não se acostumara. Caçar. Para ele era fácil, vivera anos ilhado, sobrevivendo apenas de sua caça. Mas para ela, era difícil ver a expressão de morte da face de um macaco bagunceiro ou de uma onça violenta. Como seria quando visse tal expressão em um humano?

— Sua cabeça realmente é dura como um coco. – Sexta-feira disse ao se aproximar dela com a carcaça do animal sobre um dos ombros.

— Não mais que a sua. Minha cabeça está doendo até agora.

Eles riram em cumplicidade e seguiram pela trilha em meio à floresta, que despertava do inverno para a primavera que se aproximava, até as ruínas onde os assassinos ali habitavam. Ambos saltaram pelos pilares até chegarem onde a ruiva estava rodeada dos marujos do Gralha. Como Jenny não partiria da ilha durante seu treinamento, ela achou que seria um desperdício deixar o navio atracado aqui e por isso o deixou sob os cuidados da assassina.

— Bonny! – Jenny correu e laçou Anne em um abraço afetuoso.

— Jenny! É bom revê-la! – Elas soltaram-se e se fitaram por alguns instantes. – Vejo que o treinamento de Sexta-feira tem lhe feito muito bem. - A ruiva desviou o olhar para o rapaz que continha um pequeno sorriso desenhado sobre os lábios carnudos. – Nos falamos mais tarde.

E assim ela se desvencilhou dos jovens e seguiu para onde estava Ah Tabai lhe aguardando como costumeiro com as mãos para trás.

— Eu vou cuidar dessa onça. Deveria ir ver seus marujos. – Sexta-feira apontou na direção da praia onde estava o Gralha enquanto rumava para dentro de sua “casa” para limpar o animal.

Não havia moradias em Tulum, no máximo dormitórios onde os assassinos se organizavam e protegiam-se de chuvas. Alguns noviços até preferiam dormir ao ar livre, Jenny era uma deles. Mas às vezes estava frio demais ou mesmo chovendo e ela se abrigava sob o mesmo teto que Sexta-feira.

Jenny foi cumprimentar seus homens e ouvir suas histórias. Ao menos aquela tarde ela teria livre e provavelmente a noite também. Os piratas preferiam ficar na praia reclamando da falta de meretrizes naquele local para se divertirem e por isso encheram a cara. Sentindo-se um pouco deslocada ouvindo histórias no mínimo indecentes entre seus homens, a Kenway preferiu deixa-los, mas no caminho de volta ao centro de treinamento dos assassinos ela encontrou Anne rumando para o Gralha.

— Bonny. Já está partindo? – A preocupação em sua voz era nítida. A menina estava com saudades de Bonny. Ela era sua única amiga mulher com quem podia conversar abertamente.

— Ainda não. Ficarei algum tempo. – Ela sorriu para a jovem ao se aproximar. – Me acompanhe.

Bonny passou por entre os marujos que desferiram elogios para seu corpo, mas ela não pareceu se importar. Por mais que Jenny soubesse que eles a respeitavam como capitã interina e não ousassem nada contra ela, imaginou-se no lugar dela. Seu corpo não era sedutor como o da ruiva, mas ainda sim seria a única mulher a bordo e não se sentiria confortável ouvindo aquele tipo de “elogio”. Ela sacudiu a mão ao lado da cabeça como que para espantar aqueles pensamentos, ainda não era hora para se preocupar com isso.

  Ambas alcançaram o Gralha e dirigiram-se diretamente à cabine do capitão que para a surpresa de Jenny estava perfeitamente arrumada. Consequência de ter uma mulher no comando ela deduziu.

— Hoje você precisa aprender algo novo. – A assassina se dirigiu até um baú e abriu, revelando diversas peças de roupas femininas. – Comprei algumas coisas para você no velho continente. Estive na Irlanda e na França também. – Ela comentava enquanto remexia aqui e ali, a procura de algo. – Londres tornou-se um ninho de Templários desde a morte de seu pai. – Ela retirou uma peça branca de seda com uma saia longa cor de vinho tinto. Eram peças bonitas e novas, diferentes das roupas que Jenny usava em Tulum feitas de tecidos gastos e peles de animais de cores terrosas e com um capuz que lhe cobria a cabeça até a altura dos olhos.

— Você comprou para mim? – Bonny virou-se para ela segurando a peça frente ao próprio corpo pela ponta dos dedos, exibindo assim o conjunto por completo.

— Comprei. Experimente. – Ela lhe estendeu a mão com as peças. – Talvez seja melhor um banho antes. – Jenny recolheu os trajes, era diferente dos vestidos londrinos, mais confortáveis a primeira vista.

— Você fez saque no caminho? – A jovem ajustou a roupa frente ao corpo experimentando o comprimento do mesmo.

— Existem outras maneiras de se conseguir dinheiro além de saque. – Ela deu uma piscadela para a menina. – E essa será sua lição de hoje.

— Minha lição?

— Sim. – A ruiva empurrou delicadamente com a mão o queixo da mais nova que havia ficado, fechando assim sua boca entre aberta com a surpresa. – Seu pai também era muito bom nisso.

— Eu não preciso saber dos detalhes... – A Kenway corou e desviou o olhar. Tinha coisas mais importantes para saber do pai do que suas habilidades libidinosas.

Bonny gargalhou com a reação constrangida da menina sobre seu relato.

— Eu me referia a antes disso. É comum para os piratas terem a fama de conquistadores, muitas mulheres se encantam facilmente com as histórias de suas aventuras. Mas seu pai não precisava abrir a boca para conquistar alguém. Não raro ele estava envolvido em brigas por causa de mulheres nas tabernas. Elas provavelmente sentiam o cheiro de ouro nele.

— Mais fácil sentirem o cheiro de peixe... – Bonny e Jenny riram com o comentário.

Anne era poucos anos mais velha que a filha de seu antigo capitão, o que fazia a jovem pensar em quantos anos ela tinha quando conheceu Edward e se não se sentia incomodada pela diferença de idade. Mas tal fato pouco devia importar para piratas.

— Jenny, ser discreto é essencial para um assassino. Nós agimos nas sombras lembra? Por isso temos que nos aproximarmos de nossos alvos sem levantar suspeitas. Sendo a maior parte dos Templários homens, posso dizer que nós temos certa vantagem nisso. Ezio utilizava comumente a ajuda das meretrizes italianas.

— E o que exatamente você quer que eu faça? – A jovem arqueou a sobrancelha desconfiada.

— Primeiro tome um banho e se troque.

Assim ela fez, aproveitando-se de que todos os marujos estavam bêbados na areia, ela mergulhou no mar do outro lado do navio, para que ninguém pudesse vê-la. Bonny manteve guarda para que ela ficasse tranquila e a ajudou quando retornou nua para o Gralha. Dentro da cabine do capitão, a ruiva lhe ajudou a vestir o novo vestido que deixava seus ombros expostos e parte de seu colo, as mangas eram retas e caiam presas na altura dos braços e na altura dos pulsos. Perfeitas para esconderem Hidden Blades..

Não havia corpete para lhe apertar o tronco e a saia do vestido foi posta por cima de sua roupa intima, esta que era menor do que ela costumava usar e rendada. Só então Jenny reparou que a saia possuía uma brecha em seu lado esquerda que expunha sua perna desde a coxa. Sapatos de couro macio e salto largo lhe caiam bem nos pés. Anne lhe escovou os cabelos e os trançou logo a seguir, o que deixava seu rosto mais visível. Seus olhos eram iguais aos do pai e a face parecia ter o mesmo formato. Mas a boca era perfeitamente desenhada em lábios finos e o nariz era delicado, provavelmente eram semelhantes aos da mãe. Por fim, Bonny pintou os lábios dela com uma tinta vermelha e um pincel fino.

— Voilà. - Bonny afastou-se de Jenny e a contemplou. A jovem nem mesmo se parecia com a Kenway que a assassina encontrara hoje mais cedo. Suas curvas estavam acentuadas pelas vestes, o rosto estava limpo e chamava atenção. Seus cabelos não pareciam mais um ninho de um pássaro bagunceiro e pela primeira vez ela se parecia uma mulher de verdade. – Veja você mesma.

Ela caminhou até o fundo da cabine, onde estava o espelho de fronte para cama, com uma vela na mão ela iluminou aquele cantou e viu a superfície lisa do espelho. Mas não era Jennifer Scott Kenway que ela via, alguém parecida talvez. Não era a londrina que a esta altura estava morta em seu passado. Também não era a noviça assassina filha de um pirata. Aquela era uma jovem atraente que ela nunca vira antes. Há quanto tempo ela não se via no espelho? Quando seus seios ficaram assim? E sua pele? Estava mais bronzeada?

— Então? O que achou? – Anne ficou atrás de si, fitando-a pelo reflexo.

— Impressionante. – Foi tudo o que ela conseguiu pensar.

— Ótimo. Agora sua missão será furtar um noviço sem ser percebida. Mesmo depois de já estar com o que quer que você tenha furtado em mãos.

— Não parece ser tão difícil. – Ela deu de ombros.

— Isso não é tudo. Como sua mestra assassina eu irei lhe dizer quem é seu alvo.

— Ok.

— Deverás furtar Achilles Davenport.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Assassin's Creed: Omnis Licitus" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.