Acariciei os cabelos de Sara, que saudades senti daquele perfume, que saudades senti da pele dela tocando na minha. Foram apenas duas semanas, porém não conseguia dormir, comer, ou se quer trabalhar direito longe dela. Usar Julia como desculpa para vê-la chegava a ser um problema de consciência, não que não quisesse ver Julia, morria de saudades dela, mas confesso que algumas vezes o pedia só para ver Sara.

Foi então que decidi que tinha que tomar uma atitude.

— Eu consegui uma passagem para o inicio dessa semana, voltei para a nossa cidade natal, e fui direto para a casa de meus pais. Você estava certa Sara, eu não podia mais ser um capacho de minha mãe, não podia deixar que ela decidisse o que era certo ou errado para mim. E nesse ponto Oscar sempre fora muito mais decidido do que eu, tanto que ela nunca se intrometeu em seus relacionamentos e suas tomadas de decisões. Nem mesmo quando disse que não iria para faculdade. – Sorri.

— Oscar tem muito de seu pai, não?

— Verdade, tem. Talvez tenha até mais que meu pai, Oscar tem um orgulho que me lembra muito você. Depois que descobriu que foi manipulado pelo Manuel, ele ficou ainda mais orgulhoso, e agora toma suas decisões sozinho, odeia quando tentam persuadir ele.

— Nem parece que é apenas um menino.

— E não é, ele cresceu e tomou uma personalidade muito mais jovem do que eu. E foi por tudo isso que resolvi enfrentar minha mãe. A conversa não fora nada agradável confesso, pensei que a qualquer momento ela partiria para cima de mim, ela realmente não esperava que eu a enfrentasse daquele modo.

— Ela nunca imaginou que um dia você pudesse estourar.

— Ela nunca pensou que eu fosse capaz disso Sar. Meu pai obviamente tomou meu partido, e não deixei Oscar se intrometer na conversa. Meu pai gosta muito do Lorenzo, assim como Oscar. E se ela quiser fazer parte da minha família terá que aceita-la por completo e não só uma parcela. Confesso que foi a coisa mais difícil que eu fiz Sar.

— Enfrentar sua mãe?

— Sim. – Suspirei. – Nós dois sempre fomos muito próximos, e pouco a pouco suas atitudes começaram a nos afastar. Logo brigávamos como cão e gato, e por amor sempre deixava-a vencer. Quando rompi isso, e ela percebeu que podia me perder de vez, soube que eu tinha machucado ela profundamente, e isso doeu em mim, mas eu me mantive firme.

— Se sente bem agora?

— Acho que sim. Só não sei como ficarão as coisas daqui para frente. Tenho medo de ter afetado o casamento de meus próprios pais, não tenho confiança de deixar meus filhos com minha própria mãe. É uma situação bem complicada.

— Que nós vamos enfrentar juntos. – Ela levantou o rosto e depositou um beijo em meus lábios. Como eu a amava. – Como sempre fazemos.

— Obrigado por tudo Sara. Eu te amo muito.