– E então filho, o que te preocupa tanto? – Sentamos em sua cama, enquanto ele nos olhava de pernas dobradas, abraçando-as junto ao peito.

– Eu não quero apressar vocês, mas queria saber quando vão me contar sobre o que está acontecendo. Sobre a minha mãe. – Ele falou baixinho para não acordar Julia, e extremamente calmo se comparado com qualquer outra criança que tivesse a mesma informação.

Gil e eu nos entreolhamos.

– Eu ouvi vocês conversando sobre isso sem querer. – Lorenzo continuou. – E eu não consigo dormir direito desde então. Ela vai me pegar de volta?

– Filho, meu amor. – Aproximei-me dele. – Você irá ficar com quem você quiser ficar. E nós não te contamos antes por que ainda não sabemos se é verdade, não sabemos se ela é sua mãe de verdade. Nós queríamos ter certeza antes de te falar qualquer coisa.

– É aquela mulher que entrou no apartamento né?

– É sim. – Confessei relutante.

– Eu sou muito parecido com ela, não sou? – Ele baixou a cabeça. – Ouvi vocês dizendo.

– É. – Gil se meteu no assunto. – Nós realmente achamos vocês parecidos fisicamente, mas isso não quer dizer nada. A única coisa que conta é o exame que vamos fazer. – Ele sorriu e pegou a mão do menino. – Independente de qualquer coisa nós somos seus pais, e você é nosso filho, a não ser que você não queira assim.

– Nós vamos respeitar sua decisão a cima de tudo meu filho. – Aproximei-me mais e depositei um beijo no topo de sua cabeça.

Vi Lorenzo virar o rosto para Julia, observando ela dormir, e finalmente uma lágrima escorreu de seus pequenos e mínimos olhos.

– Ju sempre vai ser minha irmã?

– Sempre. – Sorri para ele, tentando segurar as lágrimas de meus olhos mareados.

Ele então se levantou na cama e buscou em seus braços envolver Gil e eu. No fim, Gil já estava com ele no colo e eu abraçava os dois. Logo Gil colocou-o na cama, depositando um beijo, e depois foi minha vez.

– Mamãe, fica comigo até eu dormir? – Murmurou.

– Claro meu amor.

Deitei-me então em volta de Lorenzo, e acariciei seus cabelos até que ele finalmente caísse no sono. Fiquei ali mais alguns minutos para ter certeza que não acordaria, depois virei-me para Julia e depositei um beijo em sua cabeça. Alguns minutos na sala e pude ver os dois dormindo, como dois pequenos anjos. Como eu os amava. Eram meus filhos, e nada nunca mudaria isso.

Logo fui para o quarto, e Gil estava dormindo também. Sem querer acordá-lo me acomodei no espaço que ele havia deixado para mim, e a tentativa de não acordá-lo foi totalmente em vão.

– Ele dormiu? – Disse entre bocejos.

– Sim. Agora nós também vamos. – Depositei um beijo em seus lábios e assim dormi, abraçada em meu amor.