– Por que não cuidavam bem de mim, e não queriam que os fiscais soubessem.

– E eu não cuido bem de você?

– Você cuida muito bem de mim mamãe. Mesmo quando me das broncas quando apronto na escola, eu gosto de você. Eu me sinto muito feliz aqui.

– Então por que mentiria? Você tem que dizer a eles somente a verdade. Tudo que gosta daqui e o que não gosta também. – Acariciei seu pequeno rosto e seus olhos brilhavam.

– Você também vai dizer o que não gosta de mim para eles?

– Não existe qualquer coisa que eu não goste em você. – Sorri fitando aquele olhar inocente. – Amo cada pedacinho do seu ser. – Lhe dei um beijo na testa.

– Mesmo quando eu apronto?

– Mesmo quando você apronta meu pequeno. Embora você pudesse aprontar um pouquinho menos para ajudar a mamãe.

– Eu prometo tentar. – Disse ele dando o dedo mínimo para mim, dei o mesmo para ele, e nossos dedos se abraçaram confirmando assim a promessa.

– Entendeu então meu amor? – Disse confirmando pela última vez. – Tens de dizer somente a verdade para eles, o que você gosta e o que você não gosta. Pode falar sobre a escola, sobre a casa, sobre Julia, sobre tudo sobre sua família.

– Acho que tem um problema mamãe?

– Qual meu amor?

– Posso procurar em tudo, não há nada que eu não goste aqui. Eu quero que você seja pra sempre minha mamãe, e Gil pra sempre meu papai. Ah, Julia também sempre será minha maninha. Será que ainda terei um maninho?

Tive de rir dele.

– Não meu amor, não será possível ter outro maninho. Pelo menos não por agora. – Sorri. – Agora vamos para a sala? Logo os fiscais chegam e quero que esteja tudo bem para recebê-los.

– Claro mamãe. – Ele direcionou-se a porta. – Mas antes isso. – Correu até mim e me encheu de beijos abraçando-me fortes.

– Lorenzo... Lorenzo... – Ria e ele me fazia cócegas. – Pare meu amor.

– Certo mamãe. – Disse ele finalmente parando. Foi eu quem pegou ele e encheu de beijos e cócegas.

– Pare mamãe, pare... Vai me matar de tanto rir. – Ele gargalhava.

– Vamos amor, papai já deve estar chegando e Julia está na sala brincando sozinha. Não podemos deixar ela sozinha tanto tempo.

– Ela é pequena né mamãe.

– Sim, muito pequena para ficar sozinha meu amor.

Assim nos recompondo, me olhei no espelho, estava um pouco desarrumada por brincar com Lorenzo, mas logo me ajeitei, e abri a porta. Deparei-me com Gil, Julia e a fiscal que ainda não sabia que se chamava Elizabeth. Fitei-os constrangida.