Waking Up - Aprendendo a Viver escrita por Soll, GrasiT


Capítulo 3
Capítulo 2 - DESPERTANDO


Notas iniciais do capítulo

 
 
 Espero que gostem!
 
 
 



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Narração: Bella Swan.

Parecia que estava despertando de um sono que não existiu. Podia ouvir alguns sons, que estavam distantes de mim. Era constante. Irritante para falar a verdade. Onde eu estava? Aquele barulhinho foi ficando mais claro, mas ainda distante. Biiiip... Biiiip... Biiiip... Biiiip... Biiiip. Parecia uma campainha ou um apito. Não sabia que som era aquele nem de onde vinha. Era estável e lento. Eu estava na minha casa? Porque se eu estivesse, alguém iria me pagar por estar me acordando daquela maneira importuna. Minha mente aos poucos começava a dissipar a letargia do sono. Algumas imagens vieram diante de meus olhos ainda fechados. Acho que era um sonho que tivera. Notei que agora havia vozes ao longe, tão longe quanto o barulho que não me deixava em paz. Imagens e lembranças me atingiram como um raio: Eu em uma drogaria, no mercado na sessão das bebidas alcoólicas e uma grande garrafa de vodka barata, um breve momento de fúria, música, minha camisola azul de cetim, comprimidos, meu quarto rodando, gritos e depois o vazio. Entendi tudo quando senti que o vazio ainda estava ali. “AH SANTO DEUS... EU REALMENTE TENTEI ME MATAR?!” Queria falar, mas não conseguia então, as palavras ficaram ecoando em minha mente. “AGORA... SERÁ QUE EU CONSEGUI? TALVEZ SIM”.

Os sons ao meu redor começaram a ficar mais próximos, mas não tão nítidos. As vozes ainda eram distantes, mas conseguia perceber que eram um homem e uma mulher conversando. Pareciam cochichar. Forcei meus olhos a se abrirem, mas, estava bem difícil... Eles resistiam. Notava, enquanto forçava meus olhos, que existia uma claridade por trás de minhas pálpebras fechadas, que preenchia o local onde estava. Claridade... Seria então o paraíso? Um som diferente me puxou de minha tarefa para ver a luz. Era uma batida abafada... Um som oco. Um martelar, para ser mais exata. Era frenético... Junto com esse som pude sentir no meu peito um leve pulsar. Eu estava ansiosa demais para ver se tinha conseguido. “Ora vamos Bellinha... Abra seus olhinhos”. Falava comigo mesma. Um incentivo a mais nunca é demais. Mas não adiantava nada. Buscava energia para continuar tentando. Parecia que minhas pálpebras tinham sido coladas com super cola! Inconscientemente, eu suspirei. Senti algo em minhas narinas. Porque tudo estava me incomodando? Quando morremos não devemos sentir paz, tranqüilidade, e todas essas outras coisas? Ou simplesmente morrer e não sentir mais nada? Mas eu sempre acreditei em céu e inferno. Eu estava me sentindo exausta. Isso era estranho pra alguém que tá morto! Ah menos que... Ah não... Não acredito! Eu tô no inferno? Se eu me matei, provavelmente sim. Lembrei de uma aula na Igreja certa vez em que o pastor falou qualquer coisa assim, que ninguém tem direito de tirar a própria vida e que a punição era o inferno. “Sem dúvida Joshua não vai estar aqui... Droga!” Suspirei de novo. “AHHHH MERDA! Eu quero ver ele!!!!”. As vozes se alteraram, não cochichavam mais. A voz masculina me soava bastante familiar. Memórias da minha infância vieram em meus pensamentos, quando eu me sentia bastante feliz. As vozes estavam bem mais perto agora. Aquele som irritante era alto demais. Alguma coisa quente e macia posou em minha mão direita.

“Por favor, meu bem, acorde... por favor.” Senti aquele sussurro na base de meus ouvidos. E era... CHARLIE?! Nãããão! Não pode! Por favor, Deus... Ele não pôde ter sido tão fraco quanto eu fui! Aquele não podia de jeito nenhum ser ele. A voz era embargada, cheia de emoção, veio seguida de um leve choro com soluços. “Bella, eu... estou aqui... por você, não vou te deixar agora” Dessa vez a voz me fez despertar totalmente daquele sonho. Sim. Porque aquilo só podia ser um sonho. Ele não poderia abandonar a Renée. Ela era quebradiça demais para ele simplesmente deixá-la para trás. Não podia acreditar que era ele, deveria ser uma alucinação. Abri meus olhos. De todos os lados, a primeira informação que o meu corpo recebeu foi: LUZ.

Clara como um dia de verão. Pude notar que estava deitada, me remexi impaciente. Aos poucos fui tomando conhecimento de todas as partes de meu corpo. Primeiro pelos pés. Senti que meus dedos estavam gelados. Senti minhas pernas, estavam cobertas, podia sentir o toque macio do tecido fino me cobrindo. Minha barriga, ali havia um misto de ansiedade e nervosismo, que me fazia ter muita consciência do meu estômago. “Oh ela acordou... Acho que vou deixá-los um momento a sós, daqui uns momentos voltarei Sr.Charlie” Ouvi a mulher, com uma voz rouca, falar. Meus olhos ardiam com tanta luz. Pisquei algumas vezes e olhei ao redor. Percebendo o ambiente em que me localizava. Não pude acreditar. Definitivamente aquilo tinha que ser um maldito sonho. Fechei e abri novamente minhas pálpebras. Desejando que minha percepção estivesse errada.

Mas não. Eu não estava errada. E eu quis urrar com tamanha raiva que sentia.

Aquilo não era o céu e muito menos o inferno. Aquilo, infelizmente, era um hospital.

O apito irritante que não silenciava nunca era o bip do aparelho que demonstrava que meu coração ainda batia e que estava a mil por hora.

Um lembrete:

A pior notícia que um suicida pode vir a receber é que seu coração ainda bate... Forte, muito forte.

O martelar abafado que senti era meu próprio coração bombeando com toda intensidade que podia o sangue que corria em minhas veias.

No meu nariz, ali tinha um tubo, maldito tubo. Sentia dificuldade de respirar com ele enfiado em minhas narinas. Parecia que levava uma eternidade para o ar chegar aos meus pulmões. E o que estava depositado sobre minha mão direita era a mão dele... Meu pai. Quatro coisas a declarar: Coração, pulsação forte, pulmões e ar. O conjunto dessas quatro (para mim medíocres) coisas significava apenas uma outra coisa: vida. Porém, não. Eu não queria. Dessem minha vida a quem realmente a deseja. “Hmm...” Gemi involuntariamente. “Oh, Deus, obrigada” Charlie agradecia. E eu quis saber o porquê eu ainda estava ali, viva. Essa era a hora. “Char... Pai?!” “Ah minha Bells!” Ele suspirou aliviado “Seja... bem vinda... de volta.” Ele hesitava, buscando as palavras corretas.

Tinha duas hipóteses em mente. Primeiro: ele poderia eu esperar ficar menos “grogue” e depois me insultar e me jogar na cara que não deveria ter feito uma burrice dessas, que era uma idiota e que não tinha motivos para fazer aquilo. E segundo:, e essa era a que eu como filha gostaria muito de ouvir, mas que provavelmente não passaria de uma hipótese, era de que ele não discutiria nunca os motivos do meu ato e que ele diria pela primeira vez, em voz alta, o quanto me amava. Isso sim era um sonho. O general era turrão demais. Eu sei de seus sentimentos, mas ele não os demonstrava, sabia o que o motivava a não falar, eu era bem parecida – se não igualzinha a Charlie –, e era: fraqueza. Falar que amava alguém, era puro sinal de fraqueza. O Sentimento não era uma fraqueza. Porque ali era um amor incondicional. Pai e filha. Mas quando olhei em seus olhos inchados do pranto, pude ver um Charlie diferente do General de postura reta. Ele estava brilhando de emoção. Sorria e me admirava pasmo. Como se estivesse admirando a imagem da própria Deusa da Beleza. Ele levantou a mão disponível e afagou meu rosto. Opa... Isso é algo novo vindo de Charlie. Talvez minha segunda hipótese não fosse assim tão impossível. Ok. Não crie esperanças Bella. Ele só está emocionado por eu ter despertado. Repetia para mim mesma internamente.

“Pai... eu... como... não... ah não... umpf.” Não sabia como começar. Eu estava confusa. Nervosa demais. “Shiishii... Fique calma Bella. Vai ficar tudo bem. Agora...” ele pausou “Está tudo bem” Não sei se tentava me convencer ou a ele mesmo. CALMA? FICAR BEM? COMO EU PODERIA FICAR BEM SE EU NÃO CONSEGUI NEM ME MATAR? COMO FICARIA CALMA SE CONTINUARIA VIVA E NADA IRIA MUDAR? OU MUDARIA? O semblante de Charlie denunciava que realmente tudo poderia ficar bem e que as coisas que estavam erradas poderiam mudar. Mas não queria acreditar. Eu estava muito frustrada no momento para pensar em algo além de que eu falhei. Falhava como filha, como menina, falhava até como suicida. Eu era um erro. Eu estava exausta de continuar. “Mas não pai... Eu não quero... estar... não.” Desabei a chorar. Eu estava fazendo força para controlar os espasmos vindos de meu peito. Mas era em vão. Não consegui pronunciar que não queria estar viva. Isso o machucaria demais. Mas meu pai entendeu. “Por favor, Bella, não fale mais isso... Você está tendo uma segunda chance... olhe quantas pessoas esperam por uma segunda chance! Para fazer as coisas diferentes. Para recomeçarem...” Ele respirou profundamente. “E eu nunca, nunca nessa vida ou em qualquer outra deixaria você partir... assim.” Chorei mais ainda com aquela declaração. Charlie estava mudado. Ele teve tão pouco tempo. Ele ainda afagava meu rosto. Como se aquele gesto fosse me manter ali. Talvez fosse. Entre os meus soluços eu tentei continuar.

“Co - como?” gaguejei tentando rearranjar minha voz, uma ideia totalmente inútil. “O que?!” “Como... eu cheguei... aqui?” Eu estava tendo dificuldade em falar normalmente. “Chegamos cedo naquela noite Bella. Não queria ficar no Harry por muito tempo, e Renée estava sempre me lançando olhares de fúria. Mas havia algo que me impelia para a nossa casa e te ver. Eu simplesmente tinha vontade de ver você, sabe... Ver como você estava...” Ele parou. Limpou a garganta e continuou. “Quando chegamos você ainda estava consciente. Dirigi como um louco. Rá, eu levei três multas” Falou sobre as penalidades com um meio sorriso de ironia, ele balançou a cabeça como se quisesse esquecer. Algo que ele falara me chamou atenção. “Naquela noite... Há quanto tempo estou aqui?” “Há um mês e meio querida”. “Como assim há um mês e meio?” Não entendia... Tudo tinha sido tão rápido, isto é, para mim. “Bom Bells... você estava em coma. Hoje pela manhã seus sinais começaram a mudar. Você começou a mexer seus pés, não pude acreditar que você sairia do coma. Todos os médicos não me davam esperanças que você acordaria. Destapei-os só para ter certeza que eles continuariam a mostrar que você ainda estava ai... se encontrando e voltando para... nós.” Então era por isso que tinha tanto frio em meus dedos dos pés. “Hmm coma... coma?”

“Sim coma. Você entrou em coma assim que te coloquei na maca quando cheguei aqui, os médicos me falaram que... Bom, a... dose, uhmm... de drogas que você ingeriu era o bastante para realmente te... Mat... bom você sabe. Isabella, você é praticamente uma rocha.” Vi que aquilo estava o deixando muito desconfortável. Ele deveria estar uma fera comigo. Mas não, ele estava calmo, sereno. Eu sentia Charlie... feliz. Aquilo me fez sorrir para ele. A vontade de lhe agradecer me veio, porém a guardei, ainda era muito cedo. “E Renée?” “Bella...” Ele começou a chorar fraquinho. Eu esperei. Não entendia aquela reação. Ele apostou em se recompor. “Bom... Renée... Ela não veio aqui hoje” Me parecia que havia mais em sua afirmação do que ele queria dizer. Eu captei o espírito dele. “Você quer dizer que ela não veio nenhum dia desde que estou aqui... É isso não é?” Ele só assentiu com a cabeça. Olhando para as mãos. Ainda encontrando forças para parar o choro. Ele parecia ressentido. Ele, pelo visto, não queria me magoar. Ele estava magoado. “Pai... olhe para mim.” Eu esperei. “Eu não me importo com isso.” Ele me olhou surpreso. “Desde sempre soube quem era quem para Renée. As coisas só ficaram mais nítidas depois de Joshua partir. Claro que isso me machuca, e muito. Eu... preciso dela... assim como de você... e assim como ainda preciso de Josh. Mas não posso fazer nada se ela não me vê como uma filha e sim como uma sombra. A única coisa que podia fazer para isso não me machucar mais, eu...” limpei a garganta, eu evitaria falar em suicídio perto de Charlie, entretanto eu tinha que continuar para ele entender. “Bom, eu tentei. Porque eu não conseguia suportar tanta indiferença. Mas já que falhei, eu não poderia esperar uma reação diferente dela. E agora vejo que não me importo”. Isso não era totalmente verdade, mas não queria que Charlie ficasse pior. “Mas Bella, eu me importo. Importo-me com qualquer coisa que vá te machucar e te ferir.”

  Definitivamente algo estava acontecendo ali naquele quarto de hospital. Algo inesperado por mim, alguma coisa que era diferente. Que fazia eu me arrepender de meu ato de covardia e egoísmo e ao mesmo tempo agradecer por eu ter tido a coragem de cometê-lo e ter falhado debilmente. Eu infligira muita dor e sofrimento à Charlie. Mas eu via algo novo em seus olhos. Algo que eu procurei por muito tempo, algo que eu já não acreditava que poderia existir para minha família, que se resumia basicamente a meu pai e eu. Algo que meu estava fazendo meu coração palpitar no peito e querer pular de tanta alegria. Algo que estava fazendo brotar em meu peito uma leve pontada de esperança. Podia até ser errado pensar nisso agora, mas via ali, no rosto duro de meu pai que aquilo era possível. E muito, muito possível. Isso era o que estava me fazendo chorar e agradecer, um pouco, por estar respirando ainda. Esse algo fez meu pai e eu vermos que ainda somos uma família, e que ainda há salvação para nós, isso estava em nossos olhos, não precisávamos falar abertamente. Aquilo que estava sentindo estava nos deixando mais unidos. O que estava acontecendo ali se chamava mudança. “Pai...” “Sim?” “Obrigada por se importar.” Ele se limitou a sorrir. A mulher que estava na sala anteriormente de eu despertar era uma enfermeira simpática de cabelos castanhos e olhos arredondados que logo após alguns minutos apareceu com um médico à tira colo. Ele, por sua vez, examinou meus sinais vitais e constatou que eu estava viva, obviamente, e bem. Depois de dois dias me deu alta.

 Tinha medo de que todo o sentimento que havia naquele quarto de hospital, entre mim e Charlie fosse esquecido dentro das paredes de nossa casa. Ainda restavam fantasmas ali. Ainda havia Renée. E ainda existia a ideia em mim. Eu não estava completamente feliz em estar viva. Claro que havia motivos que me faziam ver que estar viva era razoavelmente bom, como a mudança de Charlie. Se isso perdurasse. Porém quanto a todo o resto? E quanto àquela maldita escola? Agora seria pior ainda... A nerd anti-social e mal vestida agora se tornara também uma suicida fracassada. Já podia ouvir as chacotas daqueles filhinhos de papai. E quanto a Renée? Agora, e eu tinha absoluta certeza disso, ela me veria viva e isso seria mais assustador para ela do que já era antes. Ela jamais me perdoaria por continuar respirando. Desejei por um momento voltar a minha infância em Forks. Lá eu tive amigos, lá eu tinha alguém.


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Notas finais do capítulo

N/a: Hey hey hey gente!
como estão?
 
O que acharam do caítulo hãm?
 
Quero agradecer os reviews que estão deixando! Isso tá me deixando muiiiiiito feliz!
 
Deixem muitos comentários, me digam o que estão achando! e em breve teremos uma família... bom na verdade A FAMÍLIA  no pedaço!
 
Beijos!
 GrasiRibas!



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