Waking Up - Aprendendo a Viver escrita por Soll, GrasiT


Capítulo 24
Capítulo 17 – Primeiros Passos.


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo muito “fofo”. Espero que gostem… no final uma pequena surpresa!



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Narração: Bella Swan.

 

Owl City- Fireflies

http://www.youtube.com/watch?v=psuRGfAaju4

 

“Bella! Bella! Levanta daí menina!”

 

            “Shiii! Deixa ela quieta, Alice!”

 

            “Não! Ela tem que aproveitar!”

 

            “Ela está cansada!”

 

            “Ela tem apenas 17 anos! Ela pode se cansar quando tiver 60!”

 

            Escutava longe em minha cabeça a conversa de Edward e Allie. Ela parecia alegre, e ele falava baixo. O som de água e pássaros era surreal. Então, mais vozes ao fundo apareceram. Todas brincalhonas. Risadas contentes, conversas amenas. E Alice parecia não sossegar. Aos poucos tive certeza que estava acordando. Um calor incomum aquecia minhas bochechas. Abri meus olhos e vi o tecido cinza escuro muito perto de minha visão, e adiante de mim, o mar, não tão escuro como de costume.

 

            Estava deitada na perna de Edward. A noite passou por minha cabeça. Era La Push, primeira praia. Alice e Amber passaram voando pela minha frente. Amber correndo de Alice. As duas ainda vestidas com suas roupas de festa. A claridade na praia era incoerente com o habitual. Ergui meus olhos e vi o sol.

 

            “SOL!” Me levantei rápido da perna de Edward. Sorri para o céu.

 

            “Eu disse que ele estaria aqui quando você acordasse!” Me virei para encarar o meu amor que sorria calmo para mim, e o sorriso que estampava minha face só se tornou maior. Ele me abraçou. “Bom dia Monstrenga!”

 

            “Bom dia Ediota… Olhe esse sol! É lindo!” Eu disse ainda abraçada a ele.

 

            “Tanto quanto você… Olhe ao redor, todos estão aqui!” Lhe beijei rápido e fitei ao redor. Me surpreendi quando vi Emmet e Rose em pé abraçados, olhando um para o outro, conversando tranquilamente, como se estivessem dançando uma música lenta. Jasper corria atrás de Allie e Amber, que corriam mais ainda que ele, dando risadas altas. Tinha outras pessoas na praia, gente do colégio, não eram mais que sete. Gente que já tinha visto e que nunca tinham me olhado torto ou falado qualquer coisa. E sozinho em uma pedra, encarando o mar com uma cara azeda, Jacob Black.

 

            “O que eles fazem aqui?!” Questionei para Edward.

 

            “É normal se vir à primeira praia depois de um baile. A maioria faz isso, mas hoje vieram poucos…”

 

            “Uhm… e o Black, porque ele está sozinho?!”

 

            “Não sei amor, ele chegou sozinho, não falou nada. Apenas se sentou ali. Não quero confusão, espero que o Emmet não vá chamá-lo.”

 

            “Sabe, não acho ele um completo idiota, Edward… Não mais. Quando você estava no hospital, ele esteve diversas vezes lá.”

 

            “Sério isso?” Apenas confirmei com a cabeça. “Bom, eu não sei, não sinto mais toda aquela raiva dele… às vezes é pena por ele estar em um caminho errado.”

 

            “Seria mais fácil se vocês conversassem, talvez pudessem se entender.”

 

            “Bella, você se esqueceu que ele pegou seu diário?” Um breve momento de recordações passou por minha mente. Sim, meu diário. Eu ainda o queria de volta.

 

            “Tinha, mas agora já estou ciente novamente disso… lá vem as meninas!”

 

            “Até que enfim a Bella Adormecida acordou!” Jazz falou se jogando na areia exausto de tanto correr, ele tinha a câmera de Allie na mão.

 

            “Ei Jazz! Oi meninas!”

 

            “Oi Bella!” Alice e Amber falaram juntas. Elas estavam treinando?

 

            “Como foi a corrida matinal?” Edward pediu rindo.

 

            “Nós perdemos! O Jazzudo da Alice conseguiu acabar com o nosso vídeo!” Amber se sentou em nossa frente. Alcancei para ela um dos casacos que estavam comigo para ela cobrir as pernas e não deixar nada aparecendo. “Obrigada Bella.”

 

            “Sim, ele pegou! Agora nada mais de Jasper dançando Lambada!”

 

            “AHHHH EU NÃO ACREDITO!” Dei uma risada alta, as pessoas na praia me olharam. Era incrível ver o certinho Jasper dançando Lambada. Sem dúvida aquilo merecia um registro!

 

            “Vocês me odeiam, não é?” Todos nós rimos.

 

            “Não, muito pelo contrário amorzinho. A gente te ama! E ama mais ainda quando as tequilas fazem efeito em você!”

 

            “Dançando lambada ê!” Edward cantou. Jasper fechou a cara.

 

            “Pois bem, sem stress! Jasper, o vídeo já está em suas mãos, acabe com as provas antes que eu jogue no Youtube.” Eu o ameacei brincando. Consegui arrancar um pequeno sorriso tímido. “Ok, quem vai me contar como foi o baile e o que eu perdi?!

 

            “EU EU EU” Alice ergueu o braço magro. Olhamos para ela esperando por seu relatório completo. “O baile foi incrível! Estava tudo tão colorido e brilhante! A louca loura estava com uma roupa terrível! Rose e Emm parece que se acertaram ao lembrarem-se do ano passado! Eles foram o rei e a rainha do Baile de Formatura, Bella! Foi tão lindo! Quando anunciaram os concorrentes desse ano, eles pareceram se encher de recordações.”

 

            “Fico feliz por eles… ela anda triste demais. Vocês não acham?!” Mesmo Rose sendo um tanto quanto antipática, eu gostava do jeito autêntico dela. E quando ela estava de bom humor – o que era raro – até fazia jus ao apelido que Emmet adorava lhe chamar: anjinha.

 

            “Está mesmo, mas também não é para menos! Ela já não tem mais dinheiro e os pais dela não mandam notícias há semanas… Por isso que ela vendeu o carro.” Jasper estava bem mais informado que eu.

 

            “Alice, conta quem são os concorrentes a rei e rainha! Conta logo!” Amber movimentava as mãos um pouco impaciente. Até eu fiquei curiosa.

 

            “E os indicados para rei são…” Ela adquiriu um tom solene na voz, como se narrasse o Oscar. Jasper fez sons de tambores com a boca. “Jacob Ogro Black, Luka Bobão Bennet, Jasper Delicioso Cullen e … vamos pular para as rainhas: Alice Diva Suprema Cullen, Tanya Aguada Denali, Jane Vaca Loura Louca… e meu casal preferido…” Amber bateu palmas, estranhei aquilo e tive medo do que viria a seguir. “Edward Ediotão Cullen e Isabella Monstrenga Swan!”

 

            Senti o sorriso que eu carregava morrer em meu rosto. Alice estava louca? Eu não queria concorrer a nada, muito menos a rainha do baile de formatura. Uma humilhação a mais. Como isso tinha acontecido?!

 

            “ALICE, VOCÊ FEZ ISSO?! SÓ PODE! EU E BELLA NÃO NOS INSCREVEMOS NISSO! FOI VOCÊ, NÃO FOI?!” Edward gritou irado com ela. Allie se encolheu.

 

            “Eu achei que seria legal!”

 

            “MAS NÃO VAI SER! Amber, quando foi isso? Você sabe?!” Edward parecia cada vez mais brabo. Eu ainda estava petrificada com aquela história de rei e rainha.

 

            “No dia em que ela se inscreveu junto com Jasper foram só os dois mesmo, eu estava junto… vi Allie colocando só os nomes deles!”

 

            “Eu não acredito, Amber!” Edward precisava se acalmar.

 

            “É verdade Edward… eu também estava junto. Foi no início dessa semana. Alice, quando você fez isso?!” Expliquei para ele. Alice chegou a pedir que eu nos inscrevesse, mas neguei até ela desistir… Eu não acreditava que ela tinha feito isso comigo.

 

            “Foi no baile mesmo… Consegui convencer o diretor de colocar vocês na votação também… e qual é? Por que vocês estão me tratando assim? Poxa, é só a droga de um baile, é para se divertir! Bella, você pode ter uma competição saudável com a vaca loura! Edward, você… você… você pode, sei lá! MAS POR FAVOR, É SÓ UM BAILE!” Allie se levantou irritada e Jasper foi atrás dela, não nos dando chances. Ela estava certa em partes. Era só um concurso bobo, não me importava em nada, mas ainda assim ela deveria ter respeitado.

 

            “Amber, por que você não a parou? Sabe, por que a deixou fazer isso?!” Por que Edward estava perguntando isso a Amm?

 

            “Edward eu não vivo na sombra da Alice! E além do mais, eu estava muito concentrada em não me irritar com o Black!”

 

            “Como assim, Amber? Ele fez alguma coisa pra você?!” Fiquei preocupada com ela. Ela suspirou e olhou para onde ele estava sentado.

 

            “Ele não fez nada para mim. Ele e Jane brigaram…”

 

            “E isso não é bom? Por que você estava tentando não se irritar com ele?!” Edward fixou os olhos no garoto ao longe.

 

            “Calma, vou contar.”

 

            Narração: Amber Moore.

 

            “Pode parecer idiotice, mas quando ele briga com ela, eu fico louca! É porque ele não toma uma decisão! Ele é tão perdido em tudo. Não tem foco, sem muitas perspectivas, acha que todos estão contra ele, mas é ele que está contra todos. No baile ele me estressou logo de cara…”

 

[FLASHBACK ON]

 

            Eu estava meio que extasiada com a festa! Tudo era lindo e colorido. Os meninos dançaram comigo uma música lenta. Emmet foi um pouco mais difícil de conseguir a dança, já que Rose adorava fazer uma cena. Eles se divertiam comigo e eu com eles. Isso foi logo que chegamos, não tínhamos tido tempo de olhar para nenhum lado. Após a dança, vi que tinha recebido uma mensagem de Edward dizendo que eles não iriam ao baile, e que a dança ficaria para uma próxima vez. Aqueles dois iriam aprontar a noite inteira.

 

            Os casais estavam dançando e eu sobrando. Muito legal. Bella era a minha única esperança, já que ela era uma negação tanto quanto eu no quesito dança. Decidi ir buscar alguma coisa para beber. Em bailes escolares não tinha nenhum tipo de álcool, tive que me contentar com o ponche de frutas. Por sorte ainda não tinha visto nada desagradável, como, por exemplo, Jane e Jacob aos beijos e abraços. Por mim não veria a noite inteira. Mas isso seria sorte demais. Coisa que eu não tinha de sobra.

 

            Cheguei ao balcão para pedir a bebida e dei de cara com a loira, em um vestido vulgar brilhante cor de ouro, cheio de paetês. Ainda bem que eu andava lendo sobre moda. Ela parecia não ler nada a respeito. Ignorei a olhada que ela me deu. Jake já havia me contado que ela detestava que eu passasse mais horas com ele do que ela. Sinceramente? Ela que se explodisse. Não me importava com o que ela queria e sim com o que eu queria. E ele tinha nome e sobrenome. Virei minha cara com a mesma soberba que ela tinha. Uma coisa que sempre me ensinaram é que ninguém é mais que ninguém. Mas ela se achava superior.

 

“Com licença?” Pedi quando ela bloqueou a minha passagem até o rapaz que cuidava do bar. Ela segurava um copo de plástico.

 

“Não. Cheguei aqui primeiro.”

 

“Prefere que eu passe por cima de você? Não tenho problema com isso.” Dei um passo em sua direção e ela fez o mesmo, ficando a centímetros de mim.

 

“Como você é patética, ruivinha.” Senti o líquido gelado escorrer nas minhas pernas. Não acreditei que ela tinha feito aquilo. Olhei para baixo e vi a primeira camada de meu vestido ensopada de ponche e minhas pernas molhadas. Imediatamente puxei a camada para cima para evitar molhar as outras. Pensei em responder algo para ela, mas não me daria ao trabalho de descer ao mesmo nível baixo que ela e começar uma briga. Apenas ri na sua cara e virei minhas costas indo para o banheiro limpar aquela sujeira.

 

Eu sentia raiva pelo o que ela tinha feito. Tinha vontade de chorar, estava quase deixando as lágrimas escaparem quando entrei no banheiro e me vi no espelho. Eu não podia chorar, estava bonita demais. Minha mãe sempre me disse que mulheres quando estão maravilhosas não podem chorar, por mais tristes que estejam. Levantei minha cabeça respirando fundo. Liguei a torneira e enfiei a parte molhada de ponche na água corrente. Ainda bem que era um tecido fino, secaria rapidinho. As meninas entravam no banheiro e cochichavam sobre o que eu fazia. Quem se importa? Eu não. Continuei me limpando. Finalizei ficando uns dez minutos com o vestido embaixo do secador de mãos. O ar quente o ajudou a ficar lisinho como antes. Molhei duas folhas do papel que tinha ali e limpei aquela bebida doce de minhas pernas, antes que começasse a ficar grudento.

 

Quando saí do banheiro, tinha minha cabeça erguida. Para mim, nada tinha acontecido. Ignoraria Jane como ela merecia. Olhei para o bar e ela não estava mais ali. Fui até lá e pedi pelo ponche. Enquanto aguardava o moço – que era muito lento por sinal – trazê-lo, alguém se aproximou de mim. Não me dei ao trabalho de olhar, vai que era a vaca loira.

 

“Ei garota, me alcança um canudo?!” Garota? Era o Black. Ele só podia estar brincando comigo. Já tinha lhe dito um milhão de vezes que me chamasse pelo nome.

 

“Eu já disse que tenho nome. E você sabe disso.” Lhe respondi sem olhar.

 

“Eu te conheço?!” Ele perguntou com desdém. O fitei com raiva. Ele estava fazendo de novo. Sendo o mesmo idiota de sempre.

 

            “Não. Só eu que te conheço, Black!”

 

            “Am… Amber?!” Ele parecia incrédulo que era eu.

 

            “Não, a sua avó banguela.”

 

            “Você está… diferente. Desculpe não te reconheci. Mesmo.”

 

            “Para de mentir, Jacob… é tão vergonhoso assim me conhecer?!”

 

            “De onde você tira essas idéias absurdas, Amber? Eu não te reconheci, não estou mentindo. Só que…” Ele hesitou por um segundo, me olhando estranho. “Você está muito mais linda do que já é…” Ah eu corei! Tinha certeza que estava mais vermelha que meu próprio sangue. E sim, Jacob também ficou com vergonha. Abaixou sua cabeça, se escondendo de meus olhos. Podia ver certo sorriso surgindo.

 

            “Bom… muito obrigada.” Me virei e peguei o canudo. Apontei para ele. “Aqui está o canudo, Jake. Tenha uma boa festa…” Tentei me virar para sair de perto, antes que eu falasse algo que eu me arrependesse.

 

            “Não… conversa um pouco mais comigo?!” Jake pediu, segurando em minha mão esquerda.

 

            “Jane não vai ficar irritada?!”

 

            “Não me importo com ela. Vamos dar uma volta?”

           

            “Não, vamos ficar por aqui mesmo.”

 

            “Como preferir… e como você está?

 

            “Estou tentando me adaptar. Por que não está com sua namorada?! Ela é louca e vai querer ME matar se ver que é comigo que você está conversando!”

 

            “Eu não ligo mais para ela… Ela que se dane.” Tomei um gole no tal ponche. Estava doce demais. Fiz uma cara de nojo para a bebida. “O que? Por que essa cara? Você não gostaria que ela se danasse?”

 

            “Bom, por mim ela podia simplesmente evaporar que não iria sentir falta alguma. Desculpe, mas ela é intragável! E a cara foi por causa dessa coisa rosa aqui! Está uma meleca de doce! Prova!” Lhe estendi o copo e ele fez bico para eu dar na boca. Aqueles lábios grossos apontando para mim, me faziam querer beijá-lo. Respirei suspirando e dei um gole a ele, que fez a mesma cara que eu.

 

            “Nossa! Despejaram um pote de mel aí dentro! Quem sabe um pouco de vodka resolva… Ei cara?!” Ele chamou o garoto do bar tão rapidamente que eu não tive como falar nada a respeito da vodka. “Me vê um copo vazio?!” O menino alcançou para nós. Ele despejou metade daquele suco nojento no copo plástico, pôs sobre o balcão e pegou no bolso de seu blazer uma garrafa em miniatura de vodka escondendo em sua mão grande. “Fica na minha frente… bem perto de mim?”

 

            “O que?!”

 

            “É! Fica na minha frente, Amm! Assim…” Ele me puxou para sua frente, me deixando rente ao seu corpo. Eu podia sentir sua respiração tocando minha pele. Eu travei com a proximidade. “O diretor Green está por todos os lados, ele não gosta muito de mim. Seria bom se ele não visse a minha diversão. Me dê seu copo.”

 

Jacob explicou, eu apenas movi o plástico mais para cima. Ele colocou rapidamente a vodka em meu copo. Metade foi para mim. Fez sinal para que eu segurasse a garrafinha, pegou a bebida dele que estava esperando. Sendo sua cúmplice, larguei o resto do destilado junto com o ponche. Joguei o vidro fora na lata de lixo que tinha a uns dois metros de distância. Acertei na primeira. Ele riu.

 

“Ponto para Amber! Agora prova!” Ele disse maroto. “Aposto que vai arder!” Eu tomei um gole grande. E sim, ardeu! Por outro lado, estava mil vezes melhor. Ele fez o mesmo.

 

“Saúde, Jacob Black!” Ergui o copo para ele para brindarmos. Além de eu estar apaixonada por ele, a sua presença sempre me fazia ficar alegre… mesmo quando a louca estava no mesmo ambiente.

 

“Amor, Amber Moore!” Ele juntou os nossos copos no instante que juntou nossas mãos livres. Meu corpo foi atingido por diversos arrepios. Meus olhos correram para olhar os dele. E tive medo do que eu vi. Eu vi carinho, e talvez um pouco mais.

 

“Er… uhm… Ja-jake acho que a… a… a… como é o nome dela mesmo?! Ah sim, Jane, não gostaria de ver… ahm… essa cena.” Falei totalmente tonta com ele. Ele soltou nossas mãos.

 

“Você se importa demais com ela!”

 

“Ela é sua namorada louca e intolerante! Sem falar que é ciumenta! Olha, eu só não quero mais problemas com ela, já tive minha dose disso hoje…” Me afastei dele me apoiando no balcão, e fitei as pessoas dançando.

 

“Dose disso hoje?! O que ela fez, Amber?”

 

Passei a contar que ela tinha me molhado com a bebida e que por sorte eu era esperta e nem um pouco abalável. Ele ficou louco. Com ela. Tentei segurá-lo e dizer que estava tudo bem, que tinha passado e que não era para se preocupar, mas ele dizia: Eu não vou perder essa oportunidade. Saiu como um louco pelo baile. Eu fiquei parada sem reação. Ele iria fazer algo estúpido. Em minha cabeça, o capetinha de minha consciência dizia para eu assistir de longe o que viria a seguir. Em minha mente eu já imaginava a cena que Jacob iria fazer. Talvez ele realmente a chacoalhasse pelos ombros como eu pensava. Iria ser legal.

 

Por um momento achei que tinha o perdido entre os alunos, mas foi só eu ficar nas pontas dos pés para o ver arrastando o papel celofane dourado que era Jane pelo braço, para um canto. E aí começou o blábláblá. Eles discutiram feio. Jane dava de dedo na cara de Jacob. Ele balançava os braços em todas as direções. Ela gritava, ele a mandava calar a boca. Isso durou por longos dez minutos. De onde eu estava conseguia ver tudo de camarote. Pode ser egoísmo, mas assistir a aquele pequeno barraco alegrou minha noite. Quando um pensamento sobre Jacob acabar com ela de vez passou pela minha cabeça, ele apontou para mim e Jane me fitou com raiva. Ela falou qualquer coisa entre dentes e empurrou o peito dele, e começou a vir em minha direção. Ficaria até ela me alcançar, porém ele a deteve com força. Pude ler claramente o que seus lábios pronunciaram.

 

“Chega Jane, acabou.”

 

Meu coração pulou de alegria. Ela ficou com cara de idiota e ele saiu de perto dela vindo até mim. Quando ele se encostou ao meu lado, eu não disse uma palavra. Ele que puxasse o assunto. O que de fato aconteceu.

 

Ele começou a reclamar com todas aquelas indecisões, o que me irritou. E muito. Disse que acabara o relacionamento ali e que não havia mais volta, mas ela ainda o tinha em suas mãos. Eu não entendia essa relação. Se ele era tão apaixonado assim, por que não ficava com ela e parava de reclamar? Cheguei a perguntar isso para ele, que me respondeu que não era sobre paixão ou amor que ele estava falando. Pediu-me paciência que um dia eu acabaria sabendo, por sua boca, o porquê era tão difícil de ele se livrar de Jane.

 

Passamos a maior parte do tempo juntos. Brigando na verdade. Eu não cansava de dizer todas as verdades para ele. Ele ficava emburrado, mas acabava sorrindo e admitindo algumas criancices. Ele tocou em mim mais algumas ocasiões. Por instantes no rosto, algumas vezes nos braços, mas ele adorava brincar com as mãos. Isso era algo que me deixava impaciente e constrangida. Tinha medo que eu criasse esperanças demais. Isso seria péssimo, se não saísse do jeito que deveria.

 

[FLASHBACK OFF]

           

            “Então foi esse o meu baile… vocês entendem o porquê eu estava tentado não me irritar com ele?” Olhei alarmada para meus amigos.

 

            “Sinceramente Amber?”

 

            “Claro Bella! Seja sincera!”

 

            “Eu não entendo… você entende Edward?”

 

            “Não. Eu não.”

 

            “Vocês estão debochando de mim, não é?!”

 

            “Não. O que estamos te dizendo Amber, é que Jacob é isso mesmo. Ele tem sim problemas que segura ele a Jane. Tenho certeza disso, mas não sou eu quem vai te contar. Ele tem que fazer isso, e ele fará. E Amber… ele chegou por algum momento perto da sua boca?!” Edward falava com uma certeza absoluta. Ele era o único ali que conhecia o Black de verdade.

 

            “Uhm minha boca?” Minhas bochechas pegaram fogo… Edward tinha que perguntar logo isso? Hesitei olhando para os dois. Meu silêncio me condenou. Bella arregalou os olhos.

 

            “AH EU NÃO ACREDITO AMB…” Eu botei a mão na boca dela antes que ela terminasse de gritar. “… EEeer! Você se beijaram?!” Ela falou com a voz abafada em minha mão. Edward revezou olhares entre mim e Black.

 

            “Não foi um beijo… BEIJO! Tipo os seus beijos!” Larguei a boca de Bella e acenei para os dois, fazendo referência a eles. “Quando saímos para vir para cá ele me emprestou o casaco e pediu se eu queria vir com ele para cá. Alice respondeu por mim dizendo que não. Eu iria vir com ele. Eu entreguei o casaco para ele e lhe abracei. Ele demorou demais no abraço. Quando nos afastamos um pouco ele me deu um beijo. Apenas encostou os lábios nos meus…”

 

            “Ah Amber! Você não vê?! Edward! Ela não vê! Abra os olhos dela!” Bella parecia desesperada, se debatia para os lados, ansiosa.

 

            “O que você fez, Amm?” Edward estava interessado.

           

            “Eu gostei. Admito. Mas fiquei paralisada, até o momento em que perguntei o que significava aquilo… eu acho que o trouxe para realidade. Ele disse que não podia ter feito aquilo. Que não era o que eu estava pensando e que não era para ter acontecido. Eu gritei de volta que ele era um idiota! E que não podia brincar com as pessoas daquele jeito… e ali está ele. Sozinho com seus pensamentos.” Apontei com a cabeça para a pedra em que ele estava.

 

            “Ah Amber… tudo vai dar certo! Ele é uma cabeça dura! Só isso!” Bella me abraçou e eu deixei uma lágrima escorrer.

 

            “Amber… você deve conversar com ele. Eu conheço Black. E eu te digo: ele está confuso.” O Ediota mais uma vez parecia convicto.

 

            “É, talvez eu converse.” Suspirei olhando para ele. Por que ele tinha agido daquela forma?!

 

            Narração: Bella Swan.

 

            Eu estava exausta. Domingo foi um dia perdido, passei horas dormindo. Para começar, chegamos a casa era próximo ao meio dia. Almoçamos e subimos para dormir, e fui acordar quando já era noite. Edward estava comigo, dormindo pesado ainda. Fiquei por alguns minutos apenas o sentindo respirar em minha nuca. Eu tinha que ligar para Charlie e dizer que tinha tomado mais uma decisão em minha vida. Mas antes precisava conversar com Edward sobre isso. Desde que ele tinha saído do hospital pensei muito no assunto. Eu sabia que ele ficaria contente por agora eu estar tão certa quanto aquilo, só me restava esperar para ver o que ele diria quanto a decisão dele.

 

            Me virei em seus braços e soprei suavemente em sua face. Ele mexeu o nariz rápido. Assoprei novamente e ele moveu a boca e mais uma vez o nariz. Soprei de novo, com a mesma intensidade por todo o seu rosto. Ele passou a mão pela face se coçando. Soltei um riso baixo. Ele gemeu manhoso. Roubei um beijo de seus lábios quando Edward abriu os olhos. Ficamos conversando por mais algum tempo até Esme bater na porta de meu quarto avisando que tinham pedido comida Italiana e que logo chegaria. Descemos e me deparei com as caras de sono mais acabadas da história. Apenas Carlisle e Esme estavam alegres e bem dispostos. 

 

            Alice me lembrou da lição de Geometria, o que foi uma boa desculpa para eu passar mais algum tempo com Edward antes de ir dormir mais um pouco. Eu tinha dores incríveis entre as minhas pernas, era bom que Edward não tentasse nada. Acabaríamos brigando por nada. O tempo com ele passou mais rápido do que eu previ.

 

            “Então… você já tem que ir mesmo?!” O Ediota tentou me segurar quando eu fechava os cadernos e livros em cima de minhas pernas. Me ajeitei no sofá de seu quarto para ficar de frente para ele.

 

            “Não sem antes conversar com você sobre uma coisa.”

 

            “E o que é sol?!” Ah! Eu senti minhas bochechas ficarem vermelhas e quentes. Ouvir isso dele sempre me deixava feliz demais.

 

            “Bom… eu decidi o que eu quero fazer depois que nos formarmos.”

 

            “Espero que eu esteja incluso em seus planos!”

 

            “Ediota, não é mais que óbvio que você está em meus planos?!”

           

            “É só para confirmar, Monstrenga… mas o que você decidiu?!” Inclinei meu corpo para pegar os papéis dentro de minha bolsa. Lhe apontei o monte dobrado.

 

            “Decidi isso… finalmente! Eu decidi que rumo eu quero tomar. O que quero fazer da minha vida.” Ele pegou os papéis de minha mão e abriu o primeiro. Seus olhos brilharam.

 

            “Princeton?” Ele perguntou sorrindo.

 

            “Bom, também temos Harvard, Yale, Dartmouth, Stanford… Todas têm ótimos cursos de medicina.” Ele olhava para as cartas de inscrição. Quando falei a última palavra, seus olhos correram para mim.

 

            “Ah Bella! Medicina amor?!”

 

            “Sim… quando você estava no hospital, eu queria ter conhecimento suficiente para te tirar dali. Queria te ajudar. Queria cuidar de você da melhor maneira que eu poderia. Mas eu não tinha como. Vi seu pai andando por aqueles corredores, sempre preocupado com quem não podia se cuidar sozinho e achei bonito. Confesso que o cheiro de hospital me irrita um pouco, mas terei anos para me adaptar. E sinceramente, sol? Eu sinto que é esse o meu caminho.” Ele afagou meu rosto com a ponta dos dedos.

 

            “Bella eu fico tão feliz por isso… Há duas semanas você não tinha idéia para onde ir e o que fazer… e olhe para isso agora?! Você tem um milhão de opções e está decidida! Você é tão forte! Muito mais do que você imagina!” Passei minha mão por seu rosto, deslizando até seus cabelos, e coloquei minha testa junto com a dele.

 

            “Você me faz forte. E eu vou para onde você for. É por isso que quero saber… o que você vai fazer depois?! Qual seu caminho?!” Disse olhando dentro de seus olhos.

 

            “Meu caminho é ao seu lado… eu posso ir para qualquer lugar que você escolher.”

 

            “Edward… nós podemos ir para qualquer lugar juntos, eu tenho escolhas aqui em minhas mãos. Posso ir para Yale ou Stanford… talvez seja aceita em Harvard se minhas notas continuarem boas. Qualquer uma tem o curso de medicina, mas eu não posso escolher se não souber o que você vai fazer!”

 

            “Está certo… se você quer assim!” Ele se afastou de mim se levantando e foi até a mesa onde guardava suas coisas. Abriu uma gaveta e tirou um maço de papéis assim como eu tinha. Sentou-se a minha frente novamente, e respirou fundo. “Esses são os lugares que eu tinha pensado em ir. Algumas são as mesmas que as suas. A maioria na verdade. Mas tem uma que eu realmente adoraria ir.” Edward entregou a folha dobrada ao meio. Li as escritas e reconheci o emblema.

 

            “Tulane?!” Não estava entendendo. Aquela era uma ótima universidade e ficava em New Orleans.

 

            “Sim, Tulane. Sabe… eles têm um bom curso de medicina para você, e um programa incrível de gastronomia. Penso que nos daríamos bem lá! E não seria tão ruim…”

 

            “Espera.” Coloquei um dedo na sua boca o silenciando. “Você disse gastronomia?!” Eu tinha ouvido direito, certo?!

 

            “Sim. Eu disse gastronomia!” Ele falou ainda com os lábios em meus dedos. Eu comecei a rir. Era muito bom para ser verdade! Muito bom mesmo. Joguei meu corpo para trás ainda rindo. “Qual o problema, Bella?”

 

            “Problema?!” Me levantei novamente. “Não há problema nenhum amor! Muito pelo contrário. Pensa comigo: Eu tenho um namorado que vai ser um Chef De Cuisine e nunca vai me deixar fazer os jantares românticos ou qualquer outra coisa que envolva comida! Eu tenho muita sorte, não tenho?!”

 

            “Não… sou eu que tenho sorte de ter você!” Ele me abraçou. “Você não se importa, não é? Sabe? É New Orleans. Tem Charlie e Renée lá.”

 

            “Isso não importa… você sabe que o pior já passou. Por que você gostaria de ir para lá?” Perguntei ainda abraçada a ele.

 

            “Eu gostei de lá e vi como você gosta também. Tem sol e é um pouco mais quente. Não quero viver como um sapo para sempre!” Eu ri com a comparação com o sapo. Fingi um coaxar e ele riu alto e nos soltamos.

 

            “Bom, de qualquer forma… eu fico feliz estando com você. Vamos mandar as cartas para todas! Não é somente em New Orleans que tem sol… o que você acha disso?!”

 

            “Quando começamos senhora sapa?”

 

            “Agora mesmo senhor sapo!”

 

            (***)

 

            Na manhã seguinte Edward voltou para a escola conosco. Todo mundo olhava para ele como se fosse de outro mundo. Eu queria gritar na cara daquelas garotinhas medíocres: EI TIREM SEUS OLHOS ESTRÁBICOS DELE! ELE ESTÁ BEM CUIDADO!

 

            Alice já tinha toda a campanha para sua eleição e de Jasper para rei e rainha da formatura preparada! Ela era rápida. Queria que a deixássemos fazer cartazes com minha cara e de Edward. Ambos negamos e não deixaríamos que ela fizesse isso de forma alguma. No almoço, Allie comentou sobre o meu diário e que talvez Amm conseguisse a ajuda de Black. Docinha apenas fez uma cara de desdém. Podia sentir que ela ainda estava irritada com ele pela grosseria depois do beijo.

 

            “Eu já sei! Eu vou falar com ela?!” Edward disse de repente, depois de dar uma mordida em uma maçã. Ele a balançava com a mão.

 

            “Falar com quem, mano?!” Jazz questionou curioso.

 

            “Com Jane, é claro! Vou pegar o diário de Bella… vou falar com ela!” Não! Ele só podia estar ficando louco! Louco mesmo! Ou eu estar meio surda!

 

            “NEM PENSAR EDWARD CULLEN! NEM PENSAR! Não quero você perto dela!”

 

            “Por que não, Bella?!” Como se não entendesse o motivo!

 

            “Por que é Jane! Eu não vou deixar você fazer isso!” Estava me controlando para não gritar mais. Forçava minha garganta.

 

            “Bella eu só vou conversar com ela! E pedir de volta seu diário!” Qual era a dificuldade nele entender que não?!

 

            “Você não vai nada com ela, Edward!” Estávamos almoçando e os demais assistiam a nossa pequena conversa.

 

            “Você não confia em mim, Isabella?!”

 

            “Não é em você que eu não confio! QUAL É PARTE DO NÃO QUE VOCÊ NÃO ENTENDEU EDIOTA?!”

 

            “Bella é só uma conversa!”

 

            “Edward, você ACHA mesmo que ela vai te devolver o diário? Acha que com uma simples conversa ela te devolve? Eu te respondo: NÃO. Ela não devolve!”

 

            “A Bella está com ciúmes, Alice?!” O lesado do meu cunhado perguntou baixinho, mas não baixo o suficiente.

 

            “Não é ciúme! É… é… é… é preocupação! É isso! Ela vai querer comer meu namorado! Engolir ele por inteiro e ainda arrotar na minha cara!”

 

            “Nossa!” Edward exclamou. Olhei furiosa para ele que logo tratou de se explicar. “Bella, não é para tanto! Ela não vai ter nada de mim! Por que isso agora? Por que todo esse ciúme?!”

 

            “Edward você quase não brigou com Mike Newton em New Orleans?!”

 

            “Sim e daí?”

 

            “A mesma coisa se aplica aqui! Eu não quero você perto dela. É simples: é Jane. Eu não preciso daquele diário mesmo.”

 

            “Ah não precisa, Bella?!” Movi – teimosa – a cabeça negativamente para ele. “Então ela pode continuar sabendo tudo da sua vida e você nada da dela… ela pode te expor de novo a qualquer momento amor! Não quero isso…” Edward começou a cochichar chegando mais perto de mim. “Daqui um pouco ela vai apresentar para todo o colégio como foi a nossa primeira vez.”

 

Ele estava certo. Eu precisava do meu diário e de minhas memórias, antes que a vaca loura fizesse qualquer besteira com elas novamente. Era importante para mim, mas também não o queria perto dela, não sozinho. Pensei por um instante, talvez ele conseguisse, já que ela ainda era, literalmente, louca por ele. O celular de Amber tocou como uma campainha para me despertar.

 

            “Edward… está certo. Você pode conversar com ela… MAS, eu quero seu celular ligado no viva-voz. Eu vou escutar tudo… e se ela ficar de gracinha, ela vai aprender o significado da palavra medo!”

 

            Narração: Edward Cullen.

 

            Era final do dia na escola. Não tinha visto Jake com Jane nem por um instante. Amber não queria ouvir falar o nome dele. Logo ele se decidiria. Estava no corredor esperando ela sair da aula de Educação Física. Quando o sino tocou, meu celular vibrou no bolso. Atendi e era a Monstrenga.

 

            “Está a postos recruta?!” Tive que me concentrar para não rir alto. Ela falou com uma voz séria e firme. Podia imaginar com clareza seus olhos se estreitando e a cara dela se retorcendo debochada.

 

            “Sim, Senhor General.”

 

            “Hum… Senhor?! Vai ver hoje à noite! Coloque no alto falante. Estou no carro. Temos um silencio absoluto aqui dentro. Ela não irá ouvir nada.”

 

            “Certo… Bella?!”

 

            “Sim Edward?”

 

            “Eu te amo. Não esquece.” A ouvi suspirar. Eu ficava bobo só de falar com ela.

 

            “Eu também amo você, meu sol! Agora vamos ao plano.”

 

            “Estamos no viva voz.” Apertei o botão e o silêncio se fez. Coloquei o celular no bolso da jaqueta.

 

            Esperei uns três minutos até a louca sair pelo ginásio. Sorri meu melhor sorriso – falso – para ela. Seus olhos brilhavam ao me ver. Será que ela nunca deixaria isso de lado não?! Ela seria muito mais feliz. Fiz um sinal com a mão para ela vir até mim.

 

            “Edward? O que quer?!”

 

            “Conversar com você, sobre umas coisas em especial.”

 

            “Uhm… cadê a sua namoradinha esquisita?!”

 

            “Bella já está em casa! Ela não é esquisita… por que julgar quem você não conhece?!”

 

            “Eu a conheço bem amorzinho. Aquele diário dela me deu muito conhecimento!” Bella ia surtar com ela me chamando de amorzinho. Eu me senti ridículo com aquilo.

 

            “É sobre isso mesmo que quero falar…”

 

            “Sobre a Isabella, desculpa, mas não estou interessada nela. Mas em você…” Ela se aproximou, apoiando as mãos em meu peito.

 

            “Não… só não… Não faça isso! Tira suas mãos de mim. Eu amo a Bella!” Ela me fuzilou com os olhos. Em minha cabeça, a imagem de Bella socando a direção do volvo, gritava.

 

            “Que frouxo! Seja homem uma vez na vida!”

 

            “Ah Jane, sem esse papo… isso não me convence. Vamos abreviar: eu quero o diário dela de volta.”

           

            “Sonha querido! Não vou dar nunca isso para ela! O que você quer com ela, hein? Ela é tão sem graça!”

 

            “Ela é melhor que você! Jane, se você não me entregar esse diário, você vai se arrepender! Você e o Black!”

 

            “O Black?! Pode fazer o que quiser com ele! Ele é só um brinquedinho inútil mesmo! Você não acha?! É tão manipulável quanto você, Edward!” Ela estava começando a me estressar.

 

            “O que?! Me diz uma vez que você me manipulou?! Você não tem esse poder sobre as pessoas, Jane!”

 

            “Oh queridinho… tenho sim. Olha o que eu consegui… você e eu. Sozinhos. Nesse corredor. Vem, vamos lá para casa. Podemos ter um momento muito melhor que este.” Ela tentou novamente por as mãos em mim. Bella tinha razão. Ela queria me comer. Eu segurei em seus pulsos com força.

 

            “Você é doente! Que merda! Não tente mais pôr essas suas mãos em mim! Me devolve o diário da Bella! Vai ser muito melhor para você, Jane! Eu estou indo pelo lado pacifico da história!”

           

            “Que merda de lado pacífico?! Você quer o que? O diário eu já disse que não entrego! Ela está te fazendo de cachorrinho, Edward! Você baba por ela! Isso é tão ridículo! Você e Jacob são dois trouxas! Me trocando por duas esquisitonas que não devem nem se quer saber como satisfazer um homem de verdade!” Ela fez um movimento com a mão, como se estivesse, bom… masturbando alguém. Vulgar demais.

 

            “AH E VOCÊ SABE?!”

 

            “Quer que eu te lembre?”

 

            “Não. Não mesmo! Você é tão baixa e não se ofenda… é péssima na cama!” Bella ia querer me matar por estar falando disso com Jane. Ela riu debochada “Onde está o diário?!”

 

            “Pergunte ao Black… não fico com as minhas merdas nas mãos!” A louca olhava para as unhas.

 

            “Jacob continua nisso então?!”

 

            “Ele sempre está… eu já disse, ele é o meu melhor fantoche! Foi tão fácil conseguir as coisas dele. O que sexo não faz, não é? Sabe… ele é um idiota! Você estrala os dedos e abre as pernas, e ele te dá o mundo.” Eu não sei o que eu sentia mais, se era nojo dela ou pena de Jacob. “Assim como Luka Bennet… Que, aliás, foi o primeiro a criar enfeites na sua cabeça, Edward!” Sim, sem dúvida era nojo dela.

 

            “BENNET? AH MEU DEUS! VOCÊ É DOENTE MESMO! ESCUTE… ESSA CONVERSA NÃO ESTÁ SENDO NEM UM POUCO PRODUTIVA. FIQUE COM SUAS LOUCURAS. EU NÃO PRECISO OUVIR NADA QUE VENHA DE VOCÊ!”

 

            “NÃO? Mas eu vou continuar a dizer: você é uma delícia de homem, porém burro! Burro demais! Luka Bennet foi o primeiro com quem eu te traí. Você sabe que foi o pai dele quem assinou meu atestado de psicótica maníaca depressiva, não sabe? Ahhh e caiu como uma luva! Você ficou comigo por mais tanto tempo! Você não vê que eu ainda te amo, Edward?!” Ignorei sua declaração desesperada.

 

            “Você está me dizendo que aqueles exames e todos aqueles choros e escândalos por causa dessa doença eram mentira?! MAS É MUITO PIOR DO QUE EU PENSEI!” Eu tinha vontade de jogar aquela maldita contra uma parede e bater até arrancar a pele dela. Mas se eu fizesse isso, estaria assinando minha sentença em uma cadeia. Ela ignorou a minha raiva.

 

            “E quando eu vi que você estava se cansando e não me daria outras chances por causa doença… achei que seu melhor amigo poderia dar um auxílio. Mas ele é um encosto na minha vida. Um panaca apaixonado, assim como você é agora! Ah Jacob… foi um legítimo animal. Trocou a sua amizade de anos por minhas promessas de amor. Que humilhante! Ele sempre vai rastejar aos meus pés. Assim como eu… eu sempre vou querer você, Edward. Me diz, a vaca da sua namorada fode tão bem quanto eu?!”

 

            “CHEGA! CHEGA MESMO! OUVI DEMAIS. VOCÊ NÃO TEM NENHUMA MORAL PARA FALAR DA ISABELLA ASSIM. VOCÊ É DOENTE SIM. E EU NÃO PRECISO DE UNS EXAMES FALSIFICADOS PARA TER CERTEZA! EU TENHO NOJO DE VOCÊ, JANE. NOJO. E FICA A DICA: SE CUIDA. UM DIA AS COISAS PODEM SE VIRAR CONTRA VOCÊ!”

 

            Só ouvi sua risada ridícula ecoar pelo corredor já vazio. Peguei o telefone no meu bolso e desliguei na cara de Bella. Andei furioso pelo corredor. Ela tinha me ofendido e ofendido a Bella. Ela já tinha passado todos os limites e todas as barreiras. Eu estava me segurando há tempos para não cometer alguma injustiça. Mas acho que tinha me preocupado a toa. Era a hora da virada. Jane iria ver com quantos dedos se faz uma boa bofetada. E não seria em sua cara, mas em seu ego.

 

            Entrei no carro batendo a porta, e quase sentei em cima de Bella que teve que pular para o banco do carona. Minha respiração estava totalmente pesada da raiva que sentia. Eu tinha nojo dela. Desgraçada! Como eu podia ter namorado uma criatura tão repugnante quanto Jane?! Arranquei com o carro, cantando os pneus no asfalto do estacionamento. Apenas me concentrava em parar de ver as malditas bordas vermelhas preenchendo a minha visão. Acelerei para qualquer lugar. Mas não era o caminho de casa. Sentia Bella olhando para mim, mas eu não queria olhar para ela. Minha Monstrenga devia estar pirada com as coisas que ouviu e comigo. Em pouco tempo meu marcador indicava 160 km/hora, estávamos na auto-estrada e eu só pensava em como acabar de vez com as maluquices de Jane.

 

            “Edward?!” A voz de Bella soou baixinha e chorosa. Olhei para ela rapidamente e ela tinha os olhos cheios de lágrimas. Com a mão direita segurava seu pulso esquerdo. Aquilo me assustou. Ela parecia assustada. “Acho que eu quebrei minha mão.” Ela disse em um fio de voz.  Sua expressão derreteu toda a raiva que eu sentia. Levei o carro para o acostamento.

 

            “Ah Bella… Como isso aconteceu?!” Peguei delicadamente sua mão que começava a inchar.

 

            “Eu… eu… ela… AAHHH” Movi levemente sua mão para ver se tinha algo quebrado mesmo. Ela chorou mais forte “Bati errado… no… no… Ai! Está do-doendo… no painel!” Sim, ela tinha socado alguma coisa bem como eu tinha imaginado.

 

            “Vou te levar para o hospital. Acho que não tem nada quebrado…” Ela fungou tentando parar de chorar. Bella cortava meu coração. Quando ela dissesse não a partir de agora, seria não. “Me desculpe, amor?!” Eu abracei ela, deitando minha cabeça na curva de seu pescoço.

 

            “Pelo o que?!” Senti ela envolvendo um braço em mim e deslizando sua mão suave por minhas costas.

 

            “Você não queria que eu falasse com ela e agora você está machucada. E eu nem vi! Estava louco de raiva com aquela maluca. Ela falou de uma maneira tão… tão… tão nojenta de você que eu tive vontade de matá-la!”

 

            “Tudo bem… eu também estava com raiva dela! Não se culpe!”

 

            “Eu não consegui o seu caderno de volta. Você tinha razão. Sempre tem.”

 

            “Edward, eu já disse: Não se preocupe. Nós vamos dar um jeito… juntos.” Ela tinha plena convicção estampada em sua voz e um toque de fúria.

 

            “Sim. Nós vamos.” Fui firme, na mesma altura de sua firmeza.

 

            “Juntos, lembre-se sempre disso. Não é ela quem vai conseguir nos derrubar. E eu acho que podemos contar com a ajuda de algumas pessoas depois dessa conversa…”

 

            “Quem?!” Perguntei ansioso.

 

            “Edward, pode ser depois isso?! Sabe… eu estou com a minha mão latejando aqui… e ainda gosto de meus dedos esquerdos funcionando direito.”

 

            “Oh! Sim!” Imediatamente me larguei de seu abraço confortável e segui para o hospital.

 

            Carlisle nos garantiu que tinha sido apenas uma lesão. Que não havia ossos quebrados e que era apenas questão de alguns dias até ela ficar com a mão perfeita novamente. Bella não se conformava com ela mesma. Para mim, era só mais um motivo para detestar Jane um bom tanto mais.

 

            Narração: Bella Swan.

 

            Depois de ver que minha mão ficaria descentemente aceitável e que não havia fraturas, eu queria acabar com a vida daquela infame. Foi demais o que eu tinha ouvido. Ela se insinuando para o meu namorado, metendo as mãos nele sem a sua – e a minha – autorização, se oferecendo e se dirigindo a mim como uma vadia, me irritou muito mais do que eu podia imaginar. Eu estava fervendo por dentro e queria que ela queimasse no fogo do inferno, e se fosse necessário, a colocaria lá com as minhas próprias mãos. Bem… talvez só com uma. 

 

            Seguíamos para casa quando resolvi que não era hora de ir lá. Faltava pouco para escurecer e eu precisava resolver essa situação logo. Ou pelo menos dar início a uma solução. Pedi para Edward ir até a casa de Amber. Ela seria nossa primeira ajuda. Só ela não percebia que tinha o Black nas mãos. Isso era bom para mim, Edward e para ela. Depois do que ouvi no telefone pela tarde, tinha certa pena do garoto e ainda bem que eu escutava Alice, às vezes. Gravar tudo o que a vaca loura disse foi muito bom. Primeiro ponto. Tínhamos alguns de seus podres em nossas mãos.

 

            Bati a porta de Amber insistentemente até ela me atender. Edward me olhava inquisitivo. Eu estava furiosa. Na minha cabeça, apenas via Jane gritando de dor ou algo assim. Mas dor física não seria nada! Ela merecia um pouco mais. Não estava me reconhecendo, nunca fui vingativa, e me senti um pouco suja por ter pensamentos tão maldosos. Porém todo o meu ser gritava por uma reação. E ah… tinha sido tão bom aquela vez que bati em sua cara!

 

            (***)

 

            “Amber, você sabe quem é a outra esquisitona que Jane está se referindo, não sabe?!”

 

            “Bella! Eu não quero pensar nisso!”

 

            “Você tem que pensar! Olha, pode não ser certo isso que eu estou fazendo aqui com você Amm, mas, por favor, veja por esse lado: é você a esquisitona! E ela está sugando o Jacob! E você sabe que ela vai ferrar com ele!”

 

            “O que você quer que eu faça?! Eu não tenho poder sobre as pessoas, Bella! Olha, eu quero muito ajudar, mas vamos esfriar a cabeça aqui, sim?! O que vocês pensam em fazer?!”

 

            “Eu acho que o segredo é Jane. Eu não quero me envolver com Jacob nessa história, ele ainda está com o diário e isso me irrita! Acho que eu acabaria por bater nele até sangrar! E ela não é tão forte como vocês duas estão pensando. Ela tem fraquezas, vocês até dariam risada de algumas coisas. Eu não sei o que fazer, não tenho nem idéia, na verdade. Eu só estou com raiva e quero que ela pare, mas ela não vai parar se a gente não der um basta. Eu sei, eu conheço.”

 

            “Edward, sinceramente eu acho que o diário não está com Jacob. Ele me disse diversas vezes que está com ela! Você acha que já não tentei pegar ele de volta?!” Amber podia estar certa.

 

            “Eu acredito que esteja com ela!”

 

            “Não Edward! Amber tem razão. Se a louca pode mentir sobre a própria sanidade mental, por que não mentir sobre Jacob? Como ela disse, ele é apenas um fantoche… não pense com a cabeça dela. É isso que ela quer, amor!” Edward pensou por um momento e logo concordou conosco.

 

            “Certo, agora entramos em um acordo. Estamos mais calmos?!” Amber tinha uma energia muito boa. Bastava ela querer que as coisas ficassem mais tranqüilas e ali estavam: eu já não estava mais tão furiosa e Edward um pouco menos cego. E ela estava certa, não adiantava nada ficarmos ansiosos e irritados.

 

            Conversamos sobre nossas possibilidades, ela não queria de jeito nenhum falar com Jacob, ela estava irredutível e – mesmo que não admitisse – magoada com Jacob. Pelo o que eu sabia Amber nunca tivera um namorado, e como eu, antes de Edward, ela não sabia o que era beijar alguém. Isso devia ser frustrante. Eu sei como é… quando os lábios macios se encostam aos seus, não adianta negar, seu coração se enche de esperanças. Eu tive sorte, logo após o primeiro toque veio o segundo, terceiro, quarto, etc. Porém com Amber não foi assim. Ela teve aquela reação dele para uma ação que não fora dela.

 

             Depois de algum tempo resolvemos que meteríamos aquela que se não estivesse em cima do salto subiria só para poder dizer que briga e não perde a classe, a anã invocada e doida por um barraco: Alice. Sem dúvida ela teria uma boa idéia para nós. Convencemos Amber que ela deveria conversar com Jacob e mostrar o quão idiota ele estava sendo. Eu podia até me solidarizar com Jacob, ser enganado é terrível. Ele podia ter seus defeitos, mas também tinha suas qualidades… só bastava ele mostrar isso para os outros.

 

            Voltamos para casa tarde. Assim que entrei corri pegar um analgésico. Minha mão estava imobilizada, porém muito dolorida. Nos enrolamos com as atividades escolares e nas cobertas na sala de TV, que às vezes virava sala de estudos. Esme nos fez chocolate quente e Carlisle não estava de plantão, ficamos por ali até ficar tarde o bastante para irmos dormir, mas não sem antes contar sobre as decisões que Edward e eu tínhamos tomado. Esme explodiu de alegria quando soube que Edward sonhava em ser um gastrônomo e Carlisle sorriu bobo como se eu fosse um de seus filhos seguindo seus passos.  Por algumas vezes pensava que os papéis entre eu e Edward eram invertidos.

 

            Antes de deitar liguei para meu pai para saber como iam as coisas por lá, e contar minhas novidades. Sentei na cadeira de frente para a porta de vidro da sacada e olhei a floresta. A notícia que eu recebi de suas novidades foi um tanto libertadora e também preocupante. Era difícil pensar naquela realidade.

 

            “Alô?!” A voz de minha mãe soou calma.

 

            “Ahm, oi mãe?!” Meu oi surgiu como uma questão. Talvez ela ainda não se sentisse livre comigo a chamando de mãe.

 

            “Como você está, Bella?” Ela disse séria, mas não vi toda aquela raiva de antes. Isso me assustou um pouco.

 

            “É, eu… eu estou bem. E vocês como estão por aí?!” Sentindo muito minha falta?! Emendei mentalmente.

 

            “Estamos bem. Charlie está arrumando as malas.” Malas? Ahm?

 

            “Como assim… malas?

 

            “Bom Isabella, eu estou partindo.”

 

            “Mãe, seja mais clara, sim?!”

 

            “Está bem!” Ela suspirou profundamente. “Eu decidi ir embora, vou para uma casa de repouso. Charlie me apoiou, estou fazendo isso porque essa casa me faz mal, talvez seja por isso que as coisas nunca serão as mesmas: Joshua está em todos os lugares.”

 

            “Você acha isso certo? Charlie esteve sozinho por todos esses anos, e quando você se abre um pouco, decide partir?”

 

            “Isabella, é o melhor a ser feito. Vamos viver nossas vidas de uma forma mais tranqüila… cada um em seu canto. Talvez assim a gente supere.”

 

            “Superar? Sozinhos? Vocês estão se separando, é isso?!”

 

            “Se você pensa assim… sim, é uma separação. É o melhor para nós.” Não acreditei que eu ouvia aquilo. Depois de tanto amor e devoção, Charlie acabaria sozinho. Ouvi sua voz ao fundo perguntando quem era ao telefone. “É Isabella!” Ele pediu o telefone. “Um beijo Bella.” Minha mãe se despediu.

 

            “Oi minha filha! Como você está?!”

 

            “Eu estou indignada, Charlie! Como você concorda que ela vá embora e te deixe sozinho?! Isso é um absurdo, pai! Vocês são casados há quantos anos? Vão se separar assim? Eu chorei tanto para que? Para ter uma família um pouco mais unida e vocês estão se separando. Eu não…”

 

            “Bella, shiiii shiiii shiiii! Se acalma! Isso é uma separação, não um divórcio! Eu acho que todos precisamos de um tempo sozinhos. Ela já teve demais de mim e sabe disso! Estou cansado de ser a babá dela e acho que Renée entendeu isso muito bem. Eu vou acompanhá-la sempre lá! Ela não ficará abandonada! Você está entendendo que será melhor assim para nós, Renée e eu?!”

 

            “Mas pai…”

 

            “Mas nada, Isabella. Não tente segurar o mundo todo sozinha, isso não cabe a você. Isso é a nossa vida, não a sua minha filha.”

 

            “Isso me afeta Charlie!”

 

            “Como me afeta você estar longe de casa!” Ok. Era melhor parar por ali antes que entrássemos em um assunto que não dizia assunto a ele, bem como aquele que estava em discussão.

 

            “Está certo… é a vida de vocês, eu não tenho que achar bom ou ruim. Vou tentar me acostumar com isso. Quando ela vai?”

 

            “Amanhã pela manhã. É um bom lugar, fica em Eunice. Não é muito longe daqui, algumas poucas horas de carro. Agora me diga: você está bem Bells?” Ouvi o clique no trinco da porta de meu quarto e me virei para constatar que era Rosalie. O que ela queria? A cara dela não era muito feliz. Ficou parada na soleira da porta.

 

            “Aham, eu estou sim. Liguei só para saber como vocês estão mesmo. Eu e Edward estamos vendo as universidades e vamos postar as cartas de admissão ainda nessa semana.”

 

            “Ah! Isso é ótimo… você já sabe o que vai fazer?”

 

            “Ahm… mais ou menos, nada certo ainda. Pai, posso te ligar amanhã? Estou com muito sono e amanhã tenho aula cedo. Não quero relaxar justo agora, nessa época.”

 

            “Está bem, amanhã ou depois conversamos melhor sobre isso. Fique bem Bella.”

 

            “Fique bem pai. Deseje sorte para Renée amanhã, sim? Amo vocês, até logo!”

 

            “Até!”

 

            Desliguei o telefone e me virei para Rose. A sua expressão era derrotada. Podia até ver o que viria: algumas reclamações de Emmet, o ódio mortal declarado a Jacob Black, a venda do carro… As mesmas coisas de sempre. No entanto a ouviria. Sempre seria grata a Rose por diversas coisas, principalmente por sua sinceridade incisiva. Ela emitiu um suspiro alto e olhou para o chão. Lá vinha mais alguma coisa que me deixaria preocupada.

 

            “Bella você teria um minuto para mim?”

 

            “Claro Rose! Entre.” Ela se dirigiu até a minha cama e sentou-se na ponta. Usava um casaco de moletom dos Lakers, uma calça de pijama bege, tinha os cabelos presos, cheirava a banho recém tomado e a ponta de seu nariz estava vermelha. Ela tinha chorado.

 

            “O que está havendo Rose?”

 

            “Está havendo a minha vida. A verdadeira e confusa vida de Rosalie Hale.” Eu esperei ela continuar. Não estava vendo com clareza o que aquele comentário sobre a vida dela significava. “Bella, eu tomei uma decisão importante. Eu vou embora daqui.”

 

            “Ah meu Deus! Você também?!” Ok. Duas pessoas saindo das minhas duas casas e eu recebendo a notícia no mesmo dia era algo interessante. Ela me olhou confusa. “Minha mãe vai embora de casa também… mas esqueça isso, é sobre você que estamos falando!” Sentei-me a sua frente e segurei suas mãos. “Por que você quer fazer isso, Rose?”

 

            “Eu estou cansada, e às vezes me sinto uma intrusa aqui dentro. Sinto saudade de minha família, de meus pais, não sei como e nem onde eles estão. Faz dias que ligo para nossa casa na Califórnia e eles não atendem. Sei que estão bem, se não já teria tido notícias. Devem estar viajando por ai… Minha mãe tem essas excentricidades. Queria vê-los, saber se ainda me aceitariam em casa. Você se dá tão bem com todos, e Edward te ama tanto, Carlisle e Esme são apaixonados por você… não tem como você se sentir mal aqui… Mas e eu, Bella? Emmet não está nem aí para o que eu venho sentindo. Certas noites eu durmo no quarto de Jasper. Allie não sabe disso. Jasper tem sido um bom amigo para mim. Já tentou conversar com Emm inúmeras vezes, assim como Edward, porém o Abelhudo parece estar cada vez mais cego… Deus! Eu investi todo o dinheiro que eu tinha no nosso negócio. Tudo está guardado em um galpão velho na saída de Forks. Acho que vai enferrujar tudo…”

 

            “Rose… você se sente mal aqui? Eu não entendo! Você mora aqui há mais tempo que eu, todos te tratam como da família, sempre estamos com você, e pelo que eu vi você é muito querida por Esme e Carlisle também!”

 

            “Bella não são vocês! Eu estou cansada de Emmet! Você não vê?! Todos me acolhem exceto ele! Ele me trata com carinho e atenção na rua, longe dessas paredes! Está decidido já. Só vim desabafar, sei que você me entende quando se trata disso…”

 

            “É claro que eu te entendo, mas não concordo com você! Rose, pensa um pouco, se vocês já têm tudo para abrir o negócio, o que está faltando?!”

 

            “O meu sócio, Bella! O Emmet! Eu não sei o que ele e Black estão fazendo… mas já nem tento descobrir mais. Eu simplesmente desisti. Vendi o carro para pagar Emmet pelo pouco dinheiro que ele empregou. Vou comprar tudo dele e vou embora.”

 

            “Vai para onde? Você vai acabar assim um relacionamento de anos? Rose! Ponha algum juízo na cabeça!”

 

            “Bella, eu tive juízo até agora, lutando por algo que não dá frutos. São quatro anos juntos, Bella. Quatro! Eu nem sequer tenho uma aliança de compromisso! Você já tem quase um pedido de casamento em poucos meses. Por favor, não veja como inveja, mas gostaria que Emmet tivesse um pouco do seu Edward!” Era tudo o que uma mulher queria. Um relacionamento estável, que depois de algum tempo evoluiria para um noivado e, passando alguns meses, as alianças estariam na mão esquerda de ambos. Ela não via essa possibilidade para ela. Podia entender seu lado muito bem. Ela já estava certa daquilo, eu não tinha poder nenhum em minhas mãos ou em minhas palavras para conseguir mudar sua cabeça.

 

            “E quando você pretende ir, Rose?”

 

            “Neste final de semana. Vou conversar com Emmet pela manhã. Ele está roncando como um trator agora.”

 

            “Você não vai a lugar nenhum.” A voz de Esme nos assustou na porta.

 

            “Esme?” Rose disse desesperada. Minha madrinha entrou porta adentro sem pedir licença e logo foi se colocando entre nós. Eu me levantei da cama e assisti a conversa sem saber se eu saía ou não dali, lhes dando privacidade. Rosalie me fitou nervosa, e me bastou aquilo para entender que era para eu ficar ali.

 

            “Não me pergunte o que eu ouvi. Eu ouvi basicamente tudo. Meu bem, não desista assim. Você ama Emmet, e eu sei que aquele cabeça de vento te ama também. Não vá embora. Se você precisa de dinheiro é só pedir para mim que eu lhe dou de bom coração! Você é parte de nossa família há alguns anos e Emm parece que parou na adolescência! Você é uma mulher e ele ainda é um garoto…”

 

            “Esme, não peça para eu entender e aceitar isso! Eu não preciso de um adolescente que é governado por seus hormônios ao meu lado. Eu preciso de uma cabeça pensante e bem madura!”

 

            “Eu sei disso Rosalie. Por tudo o que passou junto de nós, fique mais algum tempo? Eu prometo para você que ele vai mudar.”

 

            “Como você pode ter certeza, Esme?!”

 

            “Eu sou a mãe. Ele vai mudar.”

 

            Rose apenas concordou com a cabeça se rendendo. Ofereci meu quarto para ela passar a noite ali um pouco mais confortável, já que era muito maior que o de Jazz. Peguei minhas coisas e esperei Esme que ainda conversava tranquilamente com ela. Quando saímos do local, Rose já estava deitada encolhida na cama. Fechamos a porta e Esme me abraçou.

 

            “Obrigada.” Ela disse simplesmente.

 

            “Pelo o que mesmo?”

 

            “Por estar no presente. Isso faz bem a Edward. Faz bem a mim. Boa noite filha.” Ela me apertou por um instante em seus braços um pouco mais apertado, logo me deixando no corredor sem palavras. Sua frase era bem apropriada. Agora eu estava vivendo no presente. Não me interessava o passado. Não havia solução. Nada mudaria, não adiantava vive-lo. Se isso fazia bem para Edward e ela, para mim fazia muito mais.

 

            Entrei pela porta de Edward sem bater. Meu coração ainda palpitava quando o via. Os mesmo sintomas da primeira vez. Mãos frias, coração batendo acelerado, leve tontura, certa euforia e todos os meus hormônios gritando em minha pele arrepiada. Ele estava enrolado em uma toalha e com outra secava o cabelo. Quando me viu lançou seu sorriso mais perfeito, e naquele momento senti que não havia mundo fora daquelas paredes.

 

            Narração: Jacob Black.

 

Foo Fighters - Best of You.

http://www.youtube.com/watch?v=VgRAMUxk-_c

 

            Insônia. Era tudo o que eu tinha. Não dormia há noites preocupado com as coisas que Jane poderia fazer contra mim a partir daquele momento. Além da insônia, eu tinha vontades e a falta de coragem para fazê-las. Eu poderia simplesmente jogar tudo para o alto e dizer “Dane-se! Eu quero fazer isso e vou”. Mas eu sei que não é correto.

 

            Não quero destruir com mais sentimentos ao meu redor. Já bastava os meus que eu tentava reconstruir. Eu tinha culpa. Jane me enlouquecia pelas coisas que tinha a ajudado a fazer, ou as que eu simplesmente não havia impedido. Eu fui um tolo por muito tempo. Pensava que eu poderia me redimir por meus erros continuando com essa farsa que eu sou. Hoje vejo que é impossível. Como Amber disse: eu sou um idiota e não posso brincar com os sentimentos alheios.

 

            A honestidade de Amber tinha me aberto os olhos. Eu já não gostava de Jane, e isso havia muito tempo. Eu não suportava olhar em sua cara e ter que fingir que gostava de seus beijos. Comecei a me achar mais idiota ainda quando parei para pensar que a mulher mandava muito mal no sexo. Ela gritava excessivamente e era basicamente uma torturadora. Odiava isso. Pra que bater? Eu nunca bati nela. Podia apostar minha alma que ela tentaria arrancar as minhas mãos.

 

            Eu fui mais que imbecil, deixei ela me dominar e me manipular. E cansei. Ela que fizesse o que quisesse. Não tinha volta. Minha decisão estava tomada, e nem que ela me jogasse na cara todos os podres e fizesse um milhão de ameaças, eu cederia. Era um abuso o que ela fazia com todos ao seu redor. Esperto foi Edward por pular fora antes que ela o afundasse. E agora ele estava bem, era notável como Isabella e ele se entendiam bem. Quando ele estava com Jane, nunca se via aquele sorriso e todas aquelas demonstrações de afeto. 

 

            Eu dei o primeiro passo para encontrar o que restava de bom em mim ainda. Tinha dado fim nos esteróides para os atletas, fazia algumas semanas que deixara de fornecer. Eu não queria mais ser o trapaceiro infame da escola.  Eles não gostaram, mas sabia que logo achariam outro malandro. Até já imaginava quem seria… Luka Bennet, tipo de pessoa que vive na sombra dos outros. Eu ainda tinha alguma fé em mim. E notava que havia uma pessoa que depositava a mesma fé em mim: Amber. E isso me encantava. Mesmo ela sendo totalmente mal educada, por diversas vezes, tudo o que dizia era real.

 

            Se antes do Baile de Primavera eu já não dormia direito, depois só piorou. Talvez uma das razões para que isso estivesse acontecendo fosse ela. Amber não saia da minha maldita cabeça. No baile ela estava divina. Seus olhos azuis faiscavam energia e sua pele, nunca antes tão exposta, me deixava com vontade de tocá-la com carinho e devoção. Eu não entendia o porquê eu havia a beijado. Não. Na verdade eu entendia e muito bem. Mas é difícil admitir. Seus lábios eram tão doces. No início, eu poderia estar caindo por ela e não estar percebendo, e quando vi era tarde demais. Já estava no chão. Sim, eu estava apaixonado pela garota de olhos azuis e cabelos louros avermelhados. Amber Moore.

 

            Mas ela parecia que não. Garotas apaixonadas não tiram as mãos quando as dele tocam nas suas. Garotas que estão gostando de alguém não fazem questão de lembrar as namoradas a todo o momento. Até onde eu sabia, garotas que estão amando não perguntam o que um beijo significa. Apenas deixam vir o próximo e os demais que surgem. Ela fazia tudo ao contrário, mas da maneira certa. Amber é aquele tipo único de garota que você pode lançar seu sorriso mais perfeito e dar seu melhor beijo que ela vai lhe responder o que tiver que lhe responder, seja com seu melhor sorriso ou sua pior bofetada. Ela não tentava agradar ninguém, era apenas ela.

 

            Minhas vontades vindas juntas da insônia se resumiam a ir vê-la, falar com ela e pedir desculpa se fui um insensível. Já que depois do beijo roubado no final da festa ela simplesmente não olha em minha cara. Suas palavras ecoavam na minha cabeça e me faziam questionar a mesma coisa: O que significa isso?

 

            Foi me perguntando sobre isso que me deparei na frente de sua casa às três da madrugada, com os faróis de meu carro desligados e a música antiga tocando no rádio. Fiquei apenas olhando para a luz opaca do local, que provavelmente era seu quarto, onde ela estava. Pelo visto não era o único a não conseguir dormir. Seguidamente ela passava pela janela com a gata peluda em seu colo, em outras vezes ela tinha – pelo o que eu pude enxergar – o telefone nas mãos, somente olhava para ele. Não era muito certo o que eu via, já que a cortina de rendas deixava tudo um tanto turvo para a minha visão já cansada. Suspirei resignado a passar a noite ali, só para vê-la entre os gomos do tecido delicado.

 

            Para minha completa surpresa e desespero ela abriu a cortina e em seguida a janela. Dei glória ao bondoso Deus que tinha parado meu carro entre os postes de luz. Sua cabeça se projetou para fora e o vento da noite fria de Forks balançou seus cabelos para todos os lados. Ela era a visão de um anjo. Meu coração pulou no peito. O único pensamento que me fazia sentido naquele instante era que Amber era a minha salvação.

 

            Continua…

 

           

N/a: Ah! Como eu gostei de escrever esse capítulo. Se existe uma coisa que gosto de narrar são os fatos que acontecem com a Amber. Acho que ela cria vida às vezes, e não sei vocês, mas eu a imagino com a mesma clareza que imagino a Bella ou o Edward. Muito nítida. Sou fã da Amber! Mas eu tinha que falar algo sobre o capítulo… o que era?! Ah sim! Ele deixa muitas brechas para muitos assuntos. Amber e Jake. Rosalie e Emmet. Charlie e Renée. Jane, Bella e Edward… Muitas coisas aconteceram daqui para frente. Eu fiquei meio perdida nesse capítulo porque daqui para frente eu vou tirar um pouco, só um pouco mesmo, o foco do nosso casal Ediota & Monstrenga. Mesmo sendo uma fic Beward, acho que é legal a gente saber o que se passa com os demais. Mas não esquentem, eles ainda são os donos da história! Como já disse antes: podem criar esperanças. É uma fase de bons acontecimentos para a fic no geral. Não que isso signifique sempre um mar de rosas. Surpresas nos aguardam os próximos capítulos :D

 

            Agora um papo sério: Meus amores, para todas que comentam aqui no Nyah. Quero pedir um milhão de desculpas por não estar respondendo aos reviews. Eu ando extremamente cansada, e minha vida pessoal anda um turbilhão, ou seja, eu ando com pouquíssimo tempo, e nesse pouco que me resta escrevo para Waking Up e Kansas Revenge. Eu sempre os leio com a devida atenção que eles merecem e AGRADEÇO do fundo de meu coração o carinho que vocês têm pela história e por mim! Por favor, peço que não parem de comentar! Isso me motiva muitíssimo… a cada review novo eu pulo de felicidade. Não garanto que vá responder aos reviews passados, mas tentarei ao máximo responder os que virão daqui para frente!

 

            Então agora vocês estão liberadas para comentar e muito, quem é fantasma está convocado a aparecer!!! É bom saber que vocês estão aí e o que estão pensando! Fiquem bem e amo a todas!

 

Repetindo o ritual sagrado:

 

Kansas Revenge (Passa lá!)

http://fanfiction.nyah.com.br/historia/77845/Kansas_Revenge

 

Comunidade das minhas fics! (Entra aí!)

http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=98855211

 

Agora passo a palavra à nossa beta, Mari Hot

É com você Mari!

:D 

(***)

 

 

N/b: Ahhh que capítulo, Meu Deus! Nossa! Quaaaaanta coisa! A história ta ficando cada vez melhor né?! Tantos acontecimentos, tantas emoções! Choro de rir com a Alice! Deus! Quanta disposição essa baixinha tem! Mas sempre bem intencionada, querendo deixar todo mundo bem! Linda viu?!

To com uma peninhaaa da Rose! Tadinha...tão tensa essa fase dela! E o Emmet tooodo crianção sem perceber as coisas! Titia Esme surpreendendo e mostrando que não é uma samambaia de banheiro! Não aqui em WU! Hahahahahahahaha.

A Jane louca como sempre...querendo humilhar e maltratar todo mundo! Maaaas eu sei que oq é dela ta guardado! Quero ver essa menina se lascar, beeeeem lascada mesmo! Ela tem que pagar caro pelo o que ela fez pra todos!

O que me lembra do Jacob, da Amber...ahhh que fofo esses dois! A Docinha cada vez mais... doce! hahaha Toda fofa, sonhadora! Uma graça! E o Jacob... Bom... To começando a gostar desse menino! Tá tomando jeito! Criando juízo! Percebendo seu amor pela Amber! Isso ae Jacob! Deixa logo de ser ogro e vira homem! hahahaha Tadiiiiinho!

 

Maaaaas, não adianta! Pra mim não existe coisa mais linda e perfeita que o Ediota e a Monstrenga! Sabe aquela relação que vc quer ter uma igual? Que te faz perder os sentidos? Então, é a deles! Lindos, fofos, preocupados um com o outro e com as pessoas na volta deles... Nem tenho o que falar! Team Ediota e Mosntrenga seeeeempre!

Bom...é isso! Passou da hora da beta calar e boca!

Vamos esperar pelas próximas emoções e decisões!


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Notas finais do capítulo

Ahhhh!!!! comentem e até o próximo