A prometida do rei escrita por Vindalf


Capítulo 4
Capítulo 4




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Poucos dias depois, chegou outro convite do rei para uma reunião. Desta vez, seria uma programação dentro de Erebor, e Lady Dís assegurou que era muito fortuito, pois ninguém conhecia a montanha melhor do que o próprio Thorin. Lobélia ficou extremamente ansiosa e agitada: para ela, o anúncio oficial da corte e do noivado estava demorando demais. Bilbo fez o que pôde para diminuir suas expectativas. Eles iriam conhecer a Caverna das Estrelas, já que os níveis inferiores das minas eram considerados inseguros para mocinhas hobbit, especialmente a prometida do rei.

Os esforços de Bena com a espada renderam a ela muito tempo na companhia dos príncipes. Ela gostou disso, pois assim ela ficava longe do parapeito, onde ela poderia se encontrar com o rei e, provavelmente, humilhar-se ainda mais.

A excursão às cavernas começou bem cedo de manhã, e para alívio de Bena, o passeio incluiu Kíli e Fíli, além do sempre presente Dwalin. Todos estavam vestidos casualmente, e a animação era grande.

— Você vai adorar a caverna! — disse Kíli a ela, agitado.

— É mesmo muito bonita — acrescentou Fíli.

Rei Thorin segurava uma tocha para iluminar o caminho e garantiu:

— Já estamos quase lá.

Bena notou o caminho vazio. — O lugar está abandonado?

— Muito pelo contrário. Na verdade, fica muito concorrido durante o verão — disse o rei. — As famílias vêm aqui para recreação.

— É um lugar bem popular — disse Fíli.

Logo Bena descobriu por que era considerado tão bonito: havia tochas nas paredes da imensa caverna no interior da montanha, e a luz refletia centenas de pequenos pontos de luz, como se fosse um céu estrelado. Todos voltaram os olhos para cima, maravilhados. Até a tocha na mão do Rei Thorin ajudou a ampliar o efeito, para a surpresa de Bena.

— Isso é tão lindo... — ela sussurrou.

Como Lobélia, Bena não se cansava de erguer o olhar e fitar a miríade de pontos cintilantes, hipnotizada. Ela notou movimento no seu lado direito e viu Rei Thorin a olhar para ela, sorrindo diante de sua atitude embevecida. Bena corou e voltou a olhar para o teto da caverna, evitando o olhar majestoso.

— São diamantes? — indagou Lobélia.

— Não, é uma gema rara que só é encontrada nestas cavernas.

Bilbo disse:

— Aposto como as joias feitas delas valem uma fortuna.

O rei garantiu:

— Elas valem menos do que uma moeda de bronze.

Lobélia admirou-se:

— O quê? Como isso é possível?

— Esta pedra tem uma qualidade única: uma vez extraída do veio e trazida à luz, ela perde suas propriedades e torna-se uma rocha cinza opaca e comum. Não pode ser usada para confeccionar joias.

Bilbo estava abismado:

— É impressionante.

— Ninguém consegue explicar o motivo — disse Kíli. — É assim que as coisas são.

— Não é uma pena? — lamentou Lobélia. — Todas essas pedras belíssimas, e elas não servem para virar joias.

Bena retrucou:

— Acho adorável que elas não possam ser retiradas da pedra. Assim as pessoas são forçadas a vir até aqui e ver como podem ser muito mais bonitas em seu lugar natural. Como as flores. Não é?

Fíli repetiu:

— Flores? Não entendi.

Bena explicou:

— Quando éramos crianças, costumávamos colher flores do jardim do vizinho, ou até do nosso. Demorou até eu entender que as flores eram muito mais bonitas se ficassem no jardim ou em um canteiro, e não em um vaso. Acho que acontece algo parecido com esta gema.

Bilbo sorriu:

— É um modo muito interessante de ver o caso, minha querida.

Rei Thorin sorria, e Bena sentiu uma leveza no coração. Desta vez ela não faria papel de tola.

Ela não notou o brilho no olho do rei. Dwalin notou.

A segunda parte do passeio foi uma ida aos mercados. Fíli disse a Lobélia:

— Com o inverno chegando, os vendedores se preparam para deixar Erebor. Eles devem estar ansiosos para vender toda sua mercadoria.

Bena disse, animada:

— Então poderemos conseguir algumas ótimas barganhas!

Lobélia comentou:

— Da última vez que viemos ao mercado, você não estava tão ansiosa para olhar as barracas, prima.

— Você sabe que eu não acredito em ir às compras para encontrar coisas para levar. Vou comprar apenas coisas que preciso.

— E o que você poderia precisar?

— Um casaco mais quente, e talvez alguns novelos de lã para tricotar um xale.

O rei disse:

— Lamento que nossos invernos aqui no norte tenham sido tão duros na senhorita, Lady Verbena.

Kíli comentou:

— Lady Lobélia parece mais adaptada. Ela ficará bem vivendo na montanha.

Pela primeira vez, Bena viu um pequeno traço de desagrado na prima. Foi uma expressão rápida, e durou meros segundos. Bena estranhou, mas nada mencionou.

Fíli tinha razão: o mercado estava cheio de vendedores, e eles estavam bem ansiosos por fregueses. Havia até alguns mercadores da raça dos homens.

Bena pôde ouvir anões sussurrando sobre "a prometida do rei" e "a beldade hobbit que arrebatou o coração de Sua Majestade". Pela primeira vez, ela quase se sentiu em casa: aparentemente, fofoca era uma atividade tão apreciada em Erebor como era no Shire.

Os comerciantes de peles estavam mais que felizes em servir ao grupo do Rei Sob a Montanha. Enquanto Bena e Bilbo regateavam sobre os casacos (eles tiveram que procurar por tamanho de criança para caber em Bena), Lobélia se afastou rumo a barracas de sedas finas e outros tecidos requintados. E aí aconteceu.

Ouviu-se a risada alta de um homem, e Bena viu Dwalin sacando seus dois machados, Fíli tinha uma adaga para o homem e Lobélia estava atrás do príncipe, quase às lágrimas. Rei Thorin estava ao lado de Bilbo e correu até a confusão. Bena e Bilbo foram atrás dele.

A voz profunda de Thorin ecoou no mercado lotado. Ele soou furioso:

— Pelo amor de Durin, o que está acontecendo aqui?

Dwalin respondeu, deixando claro seu desprezo:

— Esses homens foram desrespeitosos para com sua prometida, meu rei.

Um dos homens perdeu toda cor em seu rosto, repetindo:

Rei?! Eu não sabia disso! Eu não tive inten-

O anão tatuado não se comoveu:

— Sabia que sua ofensa pode lhe custar uma sentença de morte?

Os homens ficaram ainda mais pálidos, e um deles tentou explicar:

— N-Nós não falamos por mal! Foi um comentário inocente!

Argh!

Sem pensar, Bena pisou no pé do homem com toda sua força, e ele gritou de dor. Então ela disse, sem a mínima sinceridade:

— Desculpe! Foi um pisão inocente. Eu não fiz por mal! — Alguns curiosos riram, mas Bena estava séria e virou-se para Lobélia: — Prima, você se machucou?

— Não, só meu orgulho — disse ela, abalada. — Mas Sr. Dwalin me protegeu. Muito obrigada, senhor.

O anão feroz curvou-se longamente para Lobélia, e depois se virou para perguntar ao rei:

— Quais são suas ordens, meu senhor?

Rei Thorin inalou profundamente, contrariado, e depois sua voz grave soou clara:

— Ordeno seu banimento de Erebor, para que ele aprenda a tratar senhoras com respeito.

Dwalin gritou:

— Você ouviu, seu verme! E fique feliz de estar saindo com sua cabeça sobre os ombros!

Enquanto Dwalin tangia os homens assustados para fora, Bilbo virou-se para as primas e indagou:

— Meninas, vocês estão bem?

Kíli sugeriu:

— Talvez prefiram encurtar o passeio para se refazer do choque.

Bena se controlou para não fazer uma careta. Era o primeiro passeio com o rei e seus sobrinhos que ela estava gostando de verdade. Seria uma pena encurtá-lo! Parecia que ela não tinha sorte mesmo. Mas para sua surpresa, Lobélia respondeu:

— Não será preciso. Não quero estragar a diversão de ninguém. Podemos continuar, se todos estiverem de acordo.

Bilbo quis saber:

— Tem certeza, querida?

Lobélia estava olhando para Dwalin, que ainda expulsava os homens mas respondeu:

— Sim, está tudo bem. Por favor, vamos continuar.

Bena sorriu e virou-se, surpreendendo-se ao ver o rei olhando intensamente para ela. Ela corou e foi até o seu tio para continuar a busca por um casaco mais quente. Depois de ter chegado a um acordo com os comerciantes de peles, Bena viu uma barraca com ervas para chá. Seus olhos brilharam.

Chá era uma de suas paixões, e ela sentia muita falta, pois eles não tiveram chance de bebericar chá em Erebor. Ela foi à barraca, animada, e conversou com o vendedor, de olho numa mistura particular de ervas fortes, que levava também cardamomo e gengibre. Aquilo seria maravilhoso numa noite invernal!

A voz de Lobélia a interrompeu:

— Bena, por favor!

Ela pediu desculpas ao vendedor e foi até sua prima. Bilbo informou:

— Vamos fazer uma pausa e desfrutar elevensies. Gostaria de um doce folheado?

— Obrigada, tio, mas não estou com fome.

Fíli exclamou:

— Mahal seja louvado! É a primeira vez que ouço um hobbit dizer que não está com fome.

Bilbo parecia arrasado:

— Tentei criar Verbena o melhor que pude, mas ela pula refeições frequentemente. Muitas vezes fui acusado de não tomar conta dela apropriadamente. Viram como ela é magrinha?

— Não é sua culpa, titio – disse Bena, tentando reprimir memórias desagradáveis. — Você sempre diz que eu não sou uma hobbit comum.

— Tenho que admitir — retrucou Kíli — que é muito incomum, por tudo que sabemos sobre hobbits.

— E isso é muito saudável — comentou Thorin. — Diversidade cria tolerância e respeito.

Bena estava impressionada, porque ela sempre pensou que anões eram uma raça reclusa que desaprovava de outras raças. Ou talvez fossem apenas as crenças do Rei Thorin. Afinal, era ele que estava se casando com alguém de outra raça.

Na maior parte do tempo, ele a intrigava profundamente.

Demorou um pouco para terminar a hora do lanche. Depois dela, Bena voltou à barraca do vendedor de ervas, mas ele dissera ter acabado de vender aquele chá que ela gostara tanto. Ela ficou desapontada e teve que se contentar com um saquinho de ervas calmantes. Bilbo notou sua frustração. Bena não viu que o Rei Thorin também tinha notado.

Eles voltaram para a ala real, e Lobélia agradeceu timidamente:

— Obrigada, Majestade. Eu me diverti imensamente.

O rei assentiu majestosamente, garantindo:

— O prazer foi todo meu.

Bena sentiu-se confiante o suficiente para emendar:

— Obrigada por nos mostrar a caverna, Majestade. Ela é linda.

Lobélia acrescentou:

— E obrigada, Mestre Dwalin, por me defender.

O homem rude apenas assentiu, e Lobélia riu. Nessa hora, Bena percebeu a chegada de Balin, tentando ser o mais inconspícuo que podia. O rei curvou-se para as moças:

— Eu lamento, mas meu reino me aguarda. Podemos voltar a sair, quando possível?

Bilbo concordou, e então tudo parecia acertado.


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