A Escolhida escrita por Pharah


Capítulo 46
Quarenta e seis


Notas iniciais do capítulo

Não vou me prolongar com palavras aqui, deixei isso para a nota final. Aproveitem o último capítulo antes do epílogo. Obrigada a todos!



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Hyuuga Hinata

Era ascendente: dezesseis de junho de 1524, Quinta-feira.

Foram dias dolorosos para Sakura. Não que ela fosse uma pessoa fraca, muito pelo contrário, no entanto foram tantos costumes, culturas e observações tão sublimes sobre comportamento que a minha amiga quase se afogou em desespero. Mas, quando ela mais precisava de ajuda, ela teve. Sakura fez de tudo nos anos de guerra para merecer ser amada pelo povo, então qualquer gafe que ela fazia no início de seu treinamento para ser uma rainha foi relevado com sucesso. Sasuke, o rei, também ajudava como podia, pois ele mesmo teve certos problemas quando descobriu que seria o sucessor, depois que seu irmão faleceu. E, é claro, eu. Sou parte da família real do país do Arroz, afinal.

Portanto, quando o dia do casamento finalmente chega, Sakura já está preparada, e todos nós estamos orgulhosos dela. Do que ela se tornou, e do que ela ainda preserva de seus dias como uma camponesa. O amor pelo povo, a humildade e certa ousadia em lidar com problemas diferenciados.

— Estás linda, Sakura. — eu disse a ela, enquanto observo a futura rainha terminando de ser arrumada para o seu casório.

Ela sorri para mim. Um sorriso lindo, e cheio de energia. Mas, no fundo, eu sei que ela está um pouco apavorada também, porque sua vida está prestes a mudar para sempre, e mesmo que ela tenha escolhido isso não significa que será fácil ou sempre bons dias.

— Se eu ficasse feia com quase cinco horas de preparações eu juro que iria com um vestido de plebeia e cabelo desembaraçado.

Olho para Sakura, assustada, mas quando ela dá uma piscada marota em minha direção eu sei que está apenas brincando. Yuko, sua assistente, no entanto, não percebe a gozação.

— Senhorita Sakura! N-não podes fazer isso, principalmente em seu casamento com o Rei! Francamente… — ela suspira, nervosa. — Cabelo desembaraçado.

— É apenas uma brincadeira, Yuko.

A assistente olha para ela com seriedade.

— Por favor, não faça isso novamente. — Yuko abana o próprio rosto, tentando retirar qualquer resquício de desespero que uma simples brincadeira havia feito com ela.

Quando observo a assistente de minha amiga sempre nervosa, eu entendo as brincadeiras de Sakura. Ela precisa mesmo relaxar às vezes.

♦♦♦

.

.

— E é nesse exato momento, que eu, o líder religioso de Konoha, o país do fogo… — mas as palavras do líder religioso foram abafadas pelo ronco que Naruto solta ao meu lado.

Olho para o meu marido com desespero. Como ele poderia dormir no casamento do Rei? Ele gostaria de ter sua cabeça cortada? Por sorte que os dois são bons amigos.

— Naruto, acorde! — sussurro em seu ouvido.

O loiro abre os olhos assustado, e eu dou graças a Deus que ele não solta nenhum grito com uma frase aleatória como normalmente faz em suas sonecas diárias. Ele esfrega os olhos com os seus dedos, ainda sonolento, e volta a observar o casamento com tédio.

— Não consigo compreender a necessidade de uma cerimônia tão demorada.

— Os costumes religiosos de Konoha são restritos a essa forma. — eu digo mecanicamente.

Mas, de forma sincera, eu concordo com ele. O que, de certa forma, não faz diferença alguma. As pessoas gostam de cerimônias assim e elas aprendem com cada palavra dita pelo líder religioso, ainda que sejam iguais em todos os casamentos. Então, quem sou eu para contestar?

Passam alguns minutos até que Sakura aparece no evento. Ela anda em passos lentos e pequenos, com um sorriso encantador e um olhar digno de uma rainha. Sua postura é extremamente correta, e a elegância me assusta. Os treinamentos foram mesmo um sucesso. A cada passo que ela dá em direção a Sasuke, eu observo os seus olhos verdes faiscarem ainda mais de felicidade.

Seus cabelos róseos estão presos em um coque bem elaborado pela equipe do Castelo de Konoha, e a presilha possui pedras esverdeadas, exatamente da tonalidade de seu cabelo. Algumas poucas mechas caem perto da sua bochecha, descendo como uma pequena e elegante cascata.

Fico surpresa com tamanha habilidade em andar com um kimono tão complexo. A vestimenta de Sakura é revestida por pequenos fios dourados que nada mais nada menos são banhados a ouro, tecidos pela melhor costureira do país. O emblema da família Uchiha é ostentado em suas costas, surgindo ao meio de pétalas de Sakura, em uma alusão à própria garota e ao fato de que ela estaria entrando no clã oficialmente apenas hoje. Seu kimono não é muito apertado nem muito largo, em uma escolha perfeita e que cai como uma luva em seu corpo.

Ouço em todos cantos comentários sobre a beleza de sua maquiagem que ressalta os seus olhos verdes e seus traços finos, da elaboração de seu coque e de seu Kimono majestoso, mas tudo que eu consigo observar em minha amiga é o quanto ela está feliz, apesar de todos os obstáculos que ela teve até chegar onde está. E é exatamente quando ela segura a mão de Sasuke, que a espera, que eu desabo em lágrimas. O sorriso e o brilho no seu olhar são maravilhosos. A felicidade de ambos é palpável. Consigo sentir o amor emanado por eles, ainda que seja algo abstrato.

Então, quando Sakura diz o famoso “eu aceito”, sou a primeira a jogar pétalas de Sakura no ar, finalizando o casamento como uma chuva de cerejeira, seguida por todos os outros convidados. A primeira pessoa que vai até eles, correndo desajeitadamente, é o próprio Itachi. Mas ninguém se importa com a sua falta de jeito, pois nesse momento, tudo que realmente é de relevância seria que a felicidade de ambos está agora selada em um matrimônio formal. 

— Parabéns pelo casamento, Rainha. — é o que eu digo quando consigo finalmente falar com a minha amiga.

— Obrigada. — ela responde de forma simples, mas ainda ostentando um sentimento forte de felicidade. — Estou a lhe dizer, Hinata, essas formalidades ainda serão o motivo da minha morte.

Dou uma risada com o drama da nova rainha. Sei que ela não pensa assim, mas entendo também o seu desespero em forma de drama. Nada é fácil para um membro da família real, principalmente de uma família rígida como a dos Uchiha. Os conselheiros irão pegar pesado com ela. Mas sei que Sakura passará por cima de qualquer adversidade, afinal, ela tem Sasuke ao seu lado.

E isso é tudo o que importa.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que o capítulo final era para ficar mais elaborado, com mais aparições, com mais detalhes, com mais... tudo. Sinto muito, de todo o coração. Foi o máximo que eu consegui escrever de SS depois de meses parada. Não foi de propósito. Quem geralmente lê as notas dos capítulos, sabe que no ano passado eu perdi o meu pai, em plena pandemia. Não foi covid, não foi nada que a gente poderia imaginar. E é horrível a sensação de perder o seu teto, o seu herói. Pouco tempo depois também perco a minha cachorrinha, de 15 anos, que tenho desde os 9, para uma infecção que só mostrou sintomas um dia antes dela falecer. Nem todo mundo é de ferro. Eu, particularmente, sou uma pessoa facilmente afetada pelo ambiente que eu estou. Se eu sentir tristeza, alguém sofrendo ou zombando de outra pessoa, eu fico afetada. Duas facadas como essas no coração não foi fácil de lidar, e ainda depois de seis meses eu afirmo que continua difícil. Eu não tinha obrigação de contar a vocês, mas sinto que eu deveria, visto que eu escrevo essa história desde 2015 e só vim terminá-la seis anos a frente. Queria que tivesse melhor, mas juro, foi o meu máximo.

AINDA VAI TER UM EPÍLOGO. Contando sobre Hanabi, e talvez eu faça um spin off da Ino, mas não tenho certeza. É tudo muito incerto, porque tanto a minha vontade de escrever, o meu tempo fora da faculdade e a inspiração dificilmente tem andado juntas.

Mas agradeço, no fundo do coração, de quem leu a história. Não é uma história perfeita, longe disso, mas foi feita com muito carinho e eu sei que sou orgulhosa dela, pois a escrevi por muito tempo e ela fez parte da minha vida por anos. Ela faz parte do meu crescimento como pessoa, ainda que não seja visto isso de forma visível.



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