Sim, aqui estou eu na manhã de quarta-feira tentando escolher uma roupa para por. Agora eu tenho que me encontrar com James para terminarmos a redação. Eu escolhi uma jeans skinny, uma blusa branca, uma jaqueta preta e uma bota preta, o inverno já estava chegando.

  - Bom dia, boneca de neve! – ele disse com um sorriso sacana maravilhoso

  - Bom dia! – plano A: vou evitar o James, assim ele não repara em nada – Trabalho?

  - Lils, não mereço nem um abraço? Eu sou um homem carente, sabia! – ele fez bico e eu o abracei, mas o maior esforço foi conseguir soltá-lo

  - Agora trabalho! – eu disse após soltá-lo e ele riu.

  Nós escrevemos 3 palavras e só pode ser visto o vulto do Sirius seguido pela Lene, que só parou para dar um sorriso malicioso, me fazendo revirar os olhos.

  Terminamos o parágrafo e o trabalho estava pronto.

  - E agora? – eu perguntei

  - O que você achou desse tema? – ele parecia verdadeiramente curioso, não estava perguntando só por perguntar.

  - Muito legal, eu acho... O que você está tramando, James?

  - Otimo! Eu tenho um livro que você talvez vá gostar. Você quer emprestado? – Ele me estendeu a mão

  - Sim! – eu peguei sua mão.

  Ele me levou para o dormitório masculino, que, para o quarto dos Marotos,  até que é bem organizado. Tirando as roupas jogadas pelo chão.

  - Até que é bem organizado! – eu pensei alto

  - É, hoje está bem arrumado. Só está dificil  de achar o livro.

  Eu me sentei na cama que supus ser dele a partir das informações adquiridas durante o meu período aleijado. É, é dele mesmo. Possui seu cheiro.

  Eu estava observando as fotos de sua mesa de cabeceira (tem uma de nós 6, no dia do lago) quando ele começou a cantar, bem baixinho, de um modo que eu não pude entender o que ele dizia

  - Canta mais alto? – eu pedi

  - Eu acho melhor não... – ele fez uma careta

  - Por favor? – eu pedi com cara de cachorro que caiu do caminhão de mudança em dia de chuva.

  - Está bem, só não deixe o Sirius te ver pedindo um favor. Essa é a carinha dele.

  Eu o encarei com uma cara “para-de-enrolar-e-canta-logo” e ele começou

  - Eu me sinto distante de você, eu sinto sua falta. Onde você está não consigo dormir, e nem consigo sonhar. Só consigo te imaginar. Eu te quero toda pra mim, você não sabe o quanto. O quanto que você faz falta pra mim. Só consigo te imaginar. Por que você não vem pra mim, e fala que me ama do jeito que eu sempre te amei. Por que você não vem pra mim, e fala  que me ama do jeito que eu sempre te amei...

  - Uau! Você já penslou em ser cantor? – eu me impressionei

  - Para falar a verdade sim, eu também toco violão. Mas prefiro ser auror. - ele se sentou na minha frente, de pernas cruzadas, assim como eu. Enquanto a conversa fluia, ele me olhava nos olhos. Mais uma de suas manias. Se for para conversar, tem que olhar nos olhos.

   - Lils, vamos descer, - ele disse após alguns minutos - os outros já devem ter comido.

  - Sim.

    Adeus ‘operação disfarçar’!

  Eu agarrei seu braço e nós saímos pelo corredor, conversando em meio a gargalhadas de comentários idiotas.

  Quando eu entrei no salão principal avistei 2 lugares vagos, na extrema ponta da mesa, e foi onde nos sentamos. Eu me servi e comecei a reparar em James, todo o dia era o mesmo café da manhã: uma torrada, um copo de suco, e uma maçã, que era comida a caminho da sala. Ele reparou que eu o observava e pela primeira vez eu não desviei os olhos, apenas sorri.

  Nós continuamos apenas conversando pelo olhar, e quando nos entendíamos, soltávamos uma risada. Tudo estava indo bem, até alguém nos atrapalhar. Uma menina, de saia curta e maquiagem forte.

  - Oi Jay-Jay! Posso me sentar? – ela perguntou fazendo um biquinho exagerado em seus lábios pintados de um vermelho forte

  - Não tem espaço! Desculpe – ele disse tentando ser educado

  - Não tem problema, eu arranjo! – e ela expremeu um sexto-anista sentado ao lado de James, o quase o empurrando para fora do banco, já que estava na ponta.

  - Vamos, James? – eu pedi e joguei uma maçã para ele, que a pegou com uma só mão, com seus reflexos de apanhador.

  - Não! – ela literalmente agarrou seu braço – Ele está comigo agora! Você já teve sua chance, Evans, e não a aceitou. Agora se já cansou de magoá-lo, deveria deixá-lo ao menos tentar conhecer outras garotas!

  - Mas Lily, eu tô... - ele olhou de mim para a garota com um olhar que gritava 'socorro'

  - Agora! – eu gritei com impaciência e raiva. Quem aquela garota pensa que é, para falar assim de mim? E o que é que James acha que estava fazendo, dando corda para a menina?

  - Até mais! – ele disse para a garota e se levantou. Tentou passar os braços sobre meus ombros, mas eu desviei e o deixei cair.

  - Não precisa ter ciúmes ruiva! Eu tenho olhos só para você! Aliás, eu ainda tava comendo! - ele disse quando já estávamos no Hall de Entrada

  - É, tava comendo sim. Tava comendo aquela garota com os olhos!

  Ele riu. Parou e segurou meu rosto entre suas mãos, me obrigando a olhar em seus olhos.

  - Lily Evans, quando você vai entender que eu te amo?

  - Ja-James, a aula – eu gaguejei, desconcertada

  - Claro. Vamos. – ele se afastou um pouco ao perceber que eu estava tensa. Eu peguei sua mão e entrelacei nossos dedos em um gesto silencioso que dizia 'está tudo bem'.

   Durante a aula de Defesa Contra as Artes das Trevas ele me ajudou, e muito; no Almoço me sentei ao lado de Sirius, passei um tempo observando seu sorriso e recebi olhares venenosos daquele ser que chamam de garotas comuns; na aula de Aritmancia, longe dele tentei prestar atenção na aula... funcionou no começo, porque depois, brisei a aula toda; em Poções, ah, Poções, eu nunca errei uma poção... até hoje, Sirius ficou rindo da minha cara - que estava laranja - e levou uma bronca de James, que me fez voltar ao normal.      

  No dormitorio feminino aqui estou, procurando conselhos de Marlene.

  - Lene, o que eu faço?

  - Se declara, eu garanto que você não vai levar um pé na bunda!

  - Eu já mencionei como suas palavras são carinhosas? – eu disse irônica – E como é que eu faço isso?

  - Inventa uma ronda extra essa noite, sei lá!

  - E não é que pode dar certo? Vejamos eu sou monitora-chefe e ele é monitor. Ou seja, ninguém ganha detenção. É. Eu gostei!

  - Yaaaay! – ela pulou e bateu palmas em uma atitude infantil – Agora vem se arrumar!

  - E como é possível ficar bonita nesse uniforme?

  Ela revirou os olhos, me puxou para o banheiro e me sentou em frente ao espelho

  - Você tem vinte minutos! – eu impus

  - Você ainda vai ter tempo de sobra! – e ela começou

  Após catorze minutos e trinta e oito segundos - é, eu contei - eu estava com o meu cabelo preso em um rabo lateral, meio bagunçado e com uma maquiagem quase imperceptível que dava mais vida ao meu rosto.

  - Agora vai com charme e chama ele. E nada de gaguejar! – ela me repreendeu e desceu na minha frente

   Lily você é poderosa e vai ficar com James Potter hoje. E vai conseguir segurar ele! Ah, e cala essa boca. Você é só mais uma ruiva baixinha apaixonada!

  Eu desci as escadas com as pernas bambeando um pouco.

  - Oi de novo! – eu sorri e sentei no braço da poltrona em que ele estava sentado, me olhando com cara de bobo por sinal

   Vai Lene!

    - Lily! – Remo me chacoalhou

  - O que foi? – eu quis saber

  - Nada, você só desligou por um minuto! – Lene respondeu com uma naturalidade que me fez perguntar se isso já é tão comum que ela se acostumou.

  - Hmmm... James, ronda! Vamos!

  - Mas hoje é dio dos... – eu olhei pra ele tentando dizer “vem” – Nosso dia de ronda! Boa Noite!

  - Boa noite – eu também disse e Lene murmurou um “boa sorte” que só eu pude ouvir

  Continuei andando até subirmos dois andares, no que James parou abrupto, me fazendo parar também. 

  - E...

  - Eu acho que te devo uma explicação, certo? Eu precisava falar com você em particular, por isso estamos... aqui...

  - Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou 

 - Não é nada disso – eu não consegui esconder um sorriso - Tem um menino...

  O brilho sempre presente em seus olhos se apagou, fazendo com que meu coração afundasse alguns metros e me obrigando a resistir ao impulso de gritar o que sentia. O que seria ruim. Ganhe uma declaração e leve uma detenção.

  - ... que, bom, ele virou um grande amigo meu. E quando eu estou com ele parece que tudo se encaixa, entende? Eu sei que isso pode parecer clichê, mas o sol brilha mais forte. Tudo ganha mais sentido, os aromas, os toques. Minhas pernas, eu tenho certeza que viraram gelatina, e meu coração é praticamente um beija-flor! E você, James, deveria entender isso melhor do que ninguém. Você é um menino apaixonado. Esse...garoto é... wow... eu nem sei o que dizer. Afinal, você é tudo que eu poderia querer James, e a verdade é que eu estou apaixonada por você.

  Ele pareceu demorar alguns segundos para assimilar o que tinha acontecido, e de repente seus lábios capturaram os meus, no início foi um beijo tímido. Eu envolvi meus braços em seu pescoço e ele automaticamente puxou minha cintura colando nossos corpos e o beijo se intensificou. Uma de suas mãos passeava pelas minhas costas, tentando encontrar uma brecha em minha camisa, e a outra forçava a minha nuca e prendia os meus cabelos. Com uma mão eu o puxava pela gravata, enquanto a outra se emaranhava nos fios de sua nuca.

  Nós nos separamos ofegantes e ambos sorrindo, ainda com as testas coladas esperamos nossos batimento cardíaco voltar ao normal.

  Quando finalmente pude olhar em seus olhos, o brilho habitual estava de volta, só que dessa vez, mais fortes. O meu sol.