Três Formas de Amar escrita por Mi Freire


Capítulo 8
Uma grande promessa.


Notas iniciais do capítulo

Tenho uma boa noticia: eu já terminei de escrever a historia inteira hoje de manhã. Esse com certeza foi meu tempo recorde. Agora só depende do incentivo de vocês :)



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Alguns dias depois descobri que eu não tinha me dado tão mal assim nas provas. Mas que também não tinha sido excelente. Apenas na média, como eu sempre fui.

Isso acabou me animando para pegar mais pesado nos treinos que enfim tinha ganhado um ritmo acelerado. No começo não foi nada fácil. Eu me cansava fácil e saia de lá toda dolorida. Mas conforme fui me adaptando as coisas começaram a melhorar. Exceto a minha relação com o professor. Ou devo dizer o inconveniente do meu vizinho?

Yuri continuava a me provocar me chamando de Japonesa por mais que eu o corrigisse e pedisse para ele parar. Ele simplesmente não me dava ouvidos. Helena tinha razão. Ele era ótimo como professor, mas um pouco abusado demais. Percebi que não era só comigo. Ele sempre inventava uma desculpa para tirar uma lasquinha de suas alunas.

Mas eu tinha a leve impressão de que comigo era pior. Ele pegava muito pesado comigo. Me fazia passar vergonha na frente de todo mundo, dizendo que eu estava fazendo errado e que precisava prestar mais atenção no que ele dizia. E depois, quando eu estava de saída e éramos os únicos na sala, ele tinha a cara de pau de dizer que era sua aluna mais esforçada e que a tinha evoluído muito mesmo em tão pouco tempo.

Eu queria confronta-lo. Perguntar se ele tinha algum tipo de problema mental. Mas eu nunca dizia. Apenas concordava e ia embora. Não queria dar motivos para ele tirar ainda mais sarro de mim. Porque já estava muito claro que ele não levava nada do que eu dizia a sério. Ele gostava de me provocar e me deixar brava. E eu não daria esse gostinho a ele.

Kevin e eu continuamos trocando mensagens constantemente durante todo o dia. Quando eu não estava ocupada com os treinos e ele com os ensaios. Mas fazia um bom tempo em que não nos víamos.

Lucas parecia ser o único satisfeito com isso. Ele ainda não aprovada a ideia de estarmos juntos. Na cabeça dele, o Kevin nunca seria bom o bastante para mim.

− Cheguei! – Anunciei assim que cheguei em casa após mais um treino. Era quarta-feira. Lucas estava de folga e quando entrei em casa eu o encontrei desenhando. – Faz tempo que não te vejo desenhar. O que deu em você?

− Não sei. – Ele sorriu sem tirar os olhos do papel. – De repente me senti inspirado.

− Talvez seja por algum motivo especial. Você tem alguma coisa que queira me contar? – Provoquei.

− Não, não tenho. – Ele ergueu os olhos cor de caramelo na minha direção e ajeitou os óculos no rosto de um jeito nerd e ao mesmo tempo sexy. – E você tem?

− Tenho sim! O Kevin vem me buscar hoje à noite para um encontro. Acho que ele tem algo importante a dizer.

Pela cara que o Lucas fez ele não gostou nada do que ouviu.

− Que bom para vocês. Estão se entendendo pelo visto.

− É verdade. Deseje sorte para mim.

− Ah, com certeza. – Disse ele cheio de sarcasmo, voltando a atenção para o seu papel e lápis.

Aquela tarde postei um vídeo novo no canal sobre a minha rotina noturna. As meninas tinham muito curiosidade de saber o que eu fazia antes de dormir: Basicamente eu trocava mensagens com o Kevin, comia alguma coisa, assistia TV com o Lucas, dava uma olhadinha rápida nas minhas redes sociais, colocava meu pijama, amarrava meus longos cabelos, tirava a maquiagem do rosto, de vez em quando passava uns creminhos de cuidados para a pele e ia dormir.

Não era nada interessante, mas elas tinham curiosidade.

As sete horas comecei a me arrumar para o meu encontro com o Kevin. Tomei um banho morno, coloquei minha saia floral de cintura alta, uma blusinha branca de alças e um blazer rosa bebê por cima. Para os pés sandálias cor creme com um salto razoavelmente alto.

Meus cabelos negros já eram ondulados, mas para reforças as ondas eu fiz babyliss. Adorava quando ele ficava com mais movimento. Parecia mais natural. A maquiagem era sempre a parte mais demorada. Eu queria caprichar!

− O que achou? – Vou até a sala onde o Lucas ainda está desenhando no sofá. Ele fez isso a tarde toda.

Ele tira os olhos do desenho por um momento e me olha rapidamente.

− Bonita. – Diz ele secamente, voltando a atenção para o papel.

Ele mal olhou pra mim!

Tento ignorar que talvez ele esteja com um pouquinho de ciúmes de mim, mas não quer dar o braço a torcer.

As nove em ponto Kevin me manda uma mensagem, dizendo que já está lá em baixo esperando por mim.

− Vou indo, Lucas.

− Ahãm. Ta bom.

Reviro meus olhos e saio. Ele realmente não está bem. Nem se quer veio com aquele papo chato de eu ligar caso alguma coisa acontecesse e quisesse ajuda.

Kevin está bonito com sua calça preta e camiseta também preta de botões. Nos pés ele usa botas escuras. Seus olhos azuis-acidentados parecem mais intensos que o normal e pela primeira vez ele não fede a cigarro.

Quebra qualquer clima romântico andar de moto usando uma saia ou um vestido. Parece que você se produziu tanto à toa, porque o vento passa a ser seu pior inimigo. Mesmo assim, tento não dar importância a isso. Porque não quero que nada estrague essa noite.

Kevin me leva a um lugar especial. Não é exatamente sofisticado, mas o clima é agradável. Ele reservou uma mesa perto das grandes janelas, o que é bom, pois a noite está abafada e o vento noturno dar uma certa refrescada.

As mesas são redondas, cobertas por toalhas brancas e limpas. No centro de cada mesa há velas para iluminar o ambiente escuro. De fundo toca uma música baixinha. Não sei se estou certa, mas deduzo que seja um rock clássico.

− Gostou? – Kevin sorri satisfeito consigo mesmo. Nossas mãos estão entrelaçadas por cima da mesa.

− É bonito aqui. – Digo, sorrindo de volta para ele. Olho em volta e vejo que não há quase ninguém além de nós. – Eu não conhecia esse lugar.

− É porque aqui é novo. Abriu faz só duas semanas. Foi uma recomendação de um amigo da banda.

Fizemos nossos pedidos e enquanto aguardávamos engatamos em uma conversa interessante. Pela primeira vez Kevin não falou tanto sobre a banda. Ele estava um pouquinho misterioso demais e tenso. Para minha surpresa, ele perguntou sobre como tinha sido a minha semana.

Apesar de não ter muito a dizer, fiquei contente por ele ter perguntado. Por ter se interessado.

Depois que nossos pedidos chegaram acompanhados de uma garrafa de vinho, nós paramos de conversar para saborear nossos pratos. A comida estava muito boa, devo admitir. Me surpreendi bastante ao final da noite.

− Vou ao banheiro. – Ele se levantou, passando as mãos na calça. Impressão minha ou ele estava nervoso? – Volto num segundo. Espere aqui.

Como Kevin estava demorando, resolvi abrir minha bolsinha de mãos e pegar meu celular.

Nenhuma mensagem do Lucas.

Estava começando a ficar preocupada.

Será que ele estava com raiva de mim por estar feliz vivendo a minha vida com o Kevin?

Não parece justo.

Ergui meus olhos assustadas quando ouvi o som de um violão muito próximo a mim. Era o Kevin tocando violão. Todos em volta olhavam para nós intrigados.

Kevin não cantava bem, mas ele tentou. Seu esforço foi o suficiente para me arrancar alguns sorrisos. Quando ele enfim parou de tocar, ele deixou o violão de lado, pegou a minha mão, me olhou nos olhos e disse:

− Manuela, será que você me daria a honra de poder namora-la outra vez?

Ai. Meu. Deus.

Sério isso?

− Mas é claro. – Eu me levantei para poder ficar na mesma altura que ele. E eu o abracei.

− Eu prometo não magoá-la outra vez. – Disse ele no meu ouvindo. Quando se afastou ele me beijou carinhosamente e todos começaram a bater palmas.

Parecia um sonho.

Terminamos a noite no flat dele. Eu estava tão exausta que acabei pegando no sono e acordei durante a madrugada. Precisava ir para casa. Amanhã eu tinha aula.

Kevin tentou me convencer do contrário. Disse que poderíamos ficar o dia inteiro ali deitados. A ideia era tentadora, mas eu não podia faltar nas aulas. Não quando eu não tinha notas lá muitos satisfatórias.

− Tudo bem então. – Disse ele, parecendo chateado por mais que eu tivesse explicado minha situação. – Ah, e não se esqueça: eu amo você.

Eu não pude dizer que o amava de volta. Ainda não tinha certeza se era aquilo que eu realmente sentia, apesar de não ter dúvidas de que gostava muito dele. Dei-lhe um último beijo e fui embora de uma vez por todas.

Era muito tarde e eu sabia o quanto era difícil encontrar um táxi àquela hora. Mas eu tinha um aplicativo no celular que me era muito útil nessas situações. O táxi apareceu em dez minutos e me levou de volta para casa em segurança.

Durante todo o trajeto eu fiquei pensando: Será que eu tinha feito uma decisão correta em aceitar o pedido de namoro do Kevin? Não queria que ele me magoasse de novo. Mas ele me fez uma promessa e eu estava disposta a lhe dar uma chance. Nem que fosse a última.

Às vezes eu gostava de correr alguns riscos.

Quando entrei no apartamento com as sandálias nas mãos para não fazer barulho, não encontrei nada além de uma imensa escuridão. Liguei a lanterna do celular para não sair por aí tropeçando nas coisas e não acordar o Lucas.

Fui até a cozinha beber água quando encontrei um bilhete grudado na geladeira. Era do Lucas.

“Caso você esteja com fome quando chegar, eu deixei alguns bolinhos de chuva para você dentro do forno. ”

Lucas era um fofo até mesmo quando estava chateado comigo e era por isso que eu o amava tanto. Porque não importava quantas decisões erradas eu tomaria na minha vida, pois ele sempre se importaria comigo. Eu não tinha dúvidas.

Mesmo sabendo que tinha que acordar dali algumas horas para ir a faculdade, eu tinha perdido totalmente o sono. Então fiquei na minha cama comendo os tais bolinhos que eu tanta amava cobertos de açúcar e só depois eu troque de roupas, tirei a maquiagem e prendi o cabelo.

A porta do quarto do Lucas estava aberta. Ele ainda dormia tranquilamente lá dentro. Não pude resistir ao impulso de entrar lá na pontinha dos pés e lhe dar um beijinho de boa noite que ele nem se quer percebeu. Nem se moveu.

− Eu amo você. – Sussurrei antes de sair dali.

− Eu também amo você, sua idiota. – Disse ele com a voz rouca quando eu já estava na porta.

Sorrindo feito uma boba eu voltei para o meu quarto, apaguei o abajur e fui dormir de uma vez por todas.


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Notas finais do capítulo

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